Kiss The Rain escrita por Jujuvia


Capítulo 19
Dê-me o descanso, Madeleyne


Notas iniciais do capítulo

Hallo meus leitores, desculpem-me pela demora... Que tal vocês entenderem um pouquinho sobre o "carma" da Madeleyne.. Entendam o motivo pelo qual as pessoas simplesmente morrem perto dela.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/181322/chapter/19

Madeleyne’s POV

Já nem era mais possível sentir meus movimentos, parecia estar em modo automático, o coração falhava algumas batidas e o ar parecia mais difícil de se conseguir, as lágrimas de medo e pânico molhavam meu rosto enquanto a voz debochada e cínica de Richard aproximava-se cada vez mais, chegando mais perto e mais perto, fazendo com que inúmeros pensamentos assustadores se formassem em minha mente confusa.

Ele parecia um bondoso senhor, com seus quarenta e cinco anos de idade, sempre bem vestido, o sorriso encantador nunca fugia de seu rosto, agora eu podia ver o quão falso era aquele maldito sorriso, os óculos arredondados e estreitos ficavam sempre pendurados por cima de seu jaleco branco, tinha poucos cabelos grisalhos que ficavam bem fixos em um penteado feito com gel, ele possuía um infame cheiro de bebida barata e cigarros de menta.Mas ainda assim pareciam um bondoso senhor, com seus quarenta e cinco anos de idade, sempre bem vestido e com um desprezível e falso sorriso encantador.

- Madeleyne, eu só quero conversar.. Se não sua querida avó não poderá ver o sol nascer novamente. – Uma risada cínica e cruel se revelou a poucos metros de mim, o que poderia fazer, estava escondida em um quarto vazio, iria esperar até que ele seguisse pelo final do corredor e subisse as escadas que levariam até o terceiro andar do hospital, logo correria até a recepção e chamaria a polícia, a grande porta de ferro não deveria ser tão pesada, estava apenas presa por uma trava, não haviam chaves nas portas dos andares, seria simples.

Escorei-me na porta do quarto enquanto arfava silenciosamente, um arrepio assombroso subia e descia pela minha espinha enquanto o som dos passos de Richard aproximava-se da porta do quarto, parou por um instante e observou o lugar escuro através da grande janela de vidro do corredor.

Virou as costas e o som dos passos começou a se afastar, esperei até que sumissem completamente e girei lentamente a maçaneta da porta, a abri rapidamente e corri pelo corredor sem olhar para trás, as paredes frias e claras daquele lugar pareciam estreitar-se cada vez mais, novamente o ar fugia-me dos pulmões e uma dor aguda machucava meu peito, estava em frente ao quarto de Josefine, não podia ir até a recepção e deixá-la tão perto daquele canalha, ele teria tempo o suficiente para fazer qualquer coisa com ela até que  polícia chegasse.

Abri a porta e rapidamente adentrei no quarto, pela rápida observação que fiz notei que estava tudo bem, Josefine apenas dormia serenamente, sem nem ao menos fazer ideia do que acontecia.

- Jose, por favor acorda. – Toquei o ombro de Josefine e logo um par de olhos verdes surgiu em meio ao quarto iluminado apenas pela fresta da porta.

- Madeleyne, o que houve, está tarde ou... Ou eu que dormi demais? – Josefine sentou-se sobre a cama e esfregou os braços devido ao frio, colocou os óculos que estavam sobre a mesinha ao lado da cama e me observou com calma.

- Precisamos sair daqui, o doutor Richard...

- O doutor Richard acaba de chegar, tão óbvio que você correria para cá, feito uma coelhinha assustada. – A voz medonha e vil daquele crápula fez com que meu coração parasse no mesmo instante, virei a cabeça lentamente e o fitei enquanto um sorriso malicioso se apossava de seus lábios.Num impulso pulou por cima de mim, senti uma dor forte e latejante na nuca e costas, gemi com dor enquanto tentava afastar Richard, empurrava-o com as duas mãos mas nem parecia fazer diferença para ele, que inclinou-se e segurou meu pescoço com força, agora mesmo era impossível de conseguir o ar necessário para os meus pulmões.

Gustav’s POV

Era apenas uma questão de tempo até encontrar Madeleyne e Richard, só conseguia ouvir o som dos meus passos, da minha respiração e das gotas de sangue que caíam lentamente da minha mão. Meu coração se apertava a cada segundo que passava, tinha medo do que encontraria atrás de uma daquelas portas e se talvez Madeleyne estivesse machucada, eu jamais me perdoaria por tê-la deixado sozinha.
Subi alguns degraus e me deparei com a figura pálida e assustada de Josefine, ela não disse nada, apenas apontou para a porta do quarto logo a sua frente, ela escorou-se na parede e deslizou, até sentar-se no chão e encolher-se atemorizada.Abri a porta com força e num impulso joguei-me contra o homem de cabelos grisalhos, que caiu para o lado, inanimado e sem vida.

- Gustav... – A voz falha e amedrontada de Madeleyne acalmou qualquer tensão dentro de mim, os olhos esverdeados brilhavam com as insistentes lágrimas que se formavam e logo escorriam por seu rosto.

- O que houve, ele... morreu? – Madeleyne levantou-se e caminhou até a porta do quarto, saiu sem dizer nada. Fitei o corpo jogado no chão, os olhos abertos e vazios olhavam para o nada, havia sangue em suas narinas. Caminhei até o corredor e encontrei Josefine e Madeleyne abraçadas, choravam silenciosamente, me sentia um completo intruso naquele momento.

***

- Senhorita Klaus, beba um pouco de água. – Disse uma jovem enfermeira, entregando um copo com água para Madeleyne.

- Então Madeleyne, posso chamá-la assim? – Madeleyne esfregou os olhos, limpando as pequenas lágrimas enquanto balançava a cabeça positivamente.

- Vou te contar um pouco sobre o homem que te atacou hoje, ok?! Richard perdeu a mulher e as duas filhas num acidente quando voltavam do cinema, desde então começou a sofrer de sérios e graves problemas psicológicos, dizia que sua família ainda deveria estar viva, que qualquer um deveria ter ido no lugar das três jovens. – Dizia o policial ao lado de Madeleyne e Gustav.

- Mas então por que deixaram que ele continuasse a ser médico? – Perguntou Gustav, abraçando Madeleyne enquanto afagava os ondulados fios castanhos.

- Segundo o psiquiatra dele, Richard já havia superado a perda da família, mas pelo visto na mente dele qualquer jovem, assim como Madeleyne, merecia estar morta e não as filhas e mulher dele. Aqui há uma foto delas, estava no bolso dele. – O policial entregou um envelope para Gustav e virou as costas, sumindo no meio das viaturas policiais.

- Kirsten, Elise e Mellanie, estes eram os nomes delas. – Disse Gustav, observando o verso da foto, onde haviam pequenas letras tremidas.

- Mas então, por que ele morreu assim... sem motivo nenhum? – Madeleyne esfregou as mãos enquanto escondia o rosto no casaco de Gustav.

- Não sei, talvez problemas mentais...

- “Eu já estou indo minhas paixões, os remédios que me curam, serão os mesmo que me levarão até vocês” – Disse uma jovem que aparentava ter no mínimo oito anos, parecia-se com uma das garotinhas da foto. Ela trajava um vestido branco repleto de pequenos laços vermelhos, tinha delicados cabelos loiros e bochechas rosadas.

- Como se chama? – Perguntou Madeleyne, olhando para o nada, fazendo com que Gustav a olhasse de forma preocupada.

- Ele dizia isso toda vez que rezava, que logo viria comigo, com Elise e com a mamãe. – A garotinha segurou a mão de Madeleyne, abriu um sorriso tímido, deixando os desalinhados dentinhos infantis à mostra.

- Então quer dizer que ele tomava remédios não é? Você deve ser a Mellanie, é um prazer conhecê-la. Diga ao seu pai que agora ele pode descansar e que eu fico feliz de tê-lo ajudado. – Gustav respirava pesadamente, observando Madeleyne falar com o nada, o jeito como a jovem de cabelos ondulados falava, parecia haver mesmo alguém à sua frente.

- Sim eu digo, obrigado por trazer meu papai para mim. – A garotinha derramou pequenas lágrimas sobre os joelhos de Madeleyne, sorriu radiante e lentamente começou a evaporar-se, sumindo naquela noite fria.

- Até o outro lado, Mellanie... – Madeleyne sussurrou, olhando para o céu estrelado e sorrindo.

- Madeleyne, com quem estava falando? – Perguntou Gustav, fitando a jovem seriamente.

- Com uma garotinha, mas ela já foi... Foi pra bem longe, com toda sua família. – Madeleyne olhou despreocupadamente para Gustav, como se o loiro é que estivesse louco e tivesse imaginado tudo.

- Não se preocupe, eu estou bem, só preciso dormir um pouco, cuide bem desse machucado na sua mão e obrigado por me ajudar, mesmo que pra isso tivesse que quebrar uma grande janela. – Madeleyne sorriu e levantou-se do banco onde estivera sentada, caminhou até Josefine e a abraçou.

Gustav olhava perdidamente para a jovem, sem entender o que havia acontecido, não fazia nem dois minutos que Madeleyne falava sozinha, dizia o nome de uma das filhas de Richard e logo depois despediu-se do nada, pronunciou palavras ao vento, como se estivesse louca.

***

- Madeleyne, quer chá? – Perguntou Josefine, sentando-se em sua poltrona como de costume, suspirou ao olhar em volta e ver sua casa novamente, era bom voltar para seu lar.

- Vovó, a senhora não estava doente não é? Mentiu por que sabia que alguém precisava de mim. – Disse Madeleyne, fechando seu livro e olhando fixamente para Josefine.

- Sim, aquele homem estava apenas se envenenando com todos aqueles remédios, aquilo nunca o mataria, ele precisava de você, precisava rever a família dele. – Disse Josefine, soprando o chá quente dentro da pequena xícara de porcelana branca.

- Entendo... Sabia que eu consegui ver a filha mais nova dele, a Mellanie.. – Disse Madeleyne, espreguiçando-se manhosa no sofá.

- Isto é sinal de que seu dom aumentou, em breve será capaz de visitar o outro lado e até ver sua mãe.

- Vamos ter que nos mudar, Gustav me viu conversando com a garotinha, com certeza irá me fazer muitas perguntas. – Disse Madeleyne, olhando distraidamente para a lareira.

- É uma pena, gosto da Alemanha, mas o que acha de Londres? Seu avô me disse que há muitas pessoas por lá que dizem ver fantasmas.

- Acho que será bom, gosto do clima de Londres, mas falando nisso, como ele está? – Perguntou Madeleyne.

- Robert disse que o outro lado é bom, todos sorriem e são felizes, de fato a morte é melhor que a vida, não importa o que faz aqui nesse mundo, a morte sempre será melhor que qualquer riqueza. – Disse Josefine, levantando-se da poltrona e caminhando até as escadas.

- Não demore muito aqui em baixo, falar com almas gasta muito da sua energia, uma pena que sua mãe não foi capaz de continuar com esse dom depois do que aconteceu.

- Ela sofreu muito quando meu pai morreu, não queria que um dia isso me afetasse também. Uma pena mesmo é que nunca poderei me apegar em alguém, essa coisa de ter que me mudar todos os anos. – Disse Madeleyne, levantando-se do sofá e caminhando para perto de Josefine.

- Acalme-se querida, você terá a sua hora de encontrar alguém, precisa de uma filha para continuar trazendo a morte para esse mundo.- Falando assim parece até que faço uma coisa horrível. – Madeleyne esfregou as mãos e caminhou lentamente pelo corredor.

- Parece não é? Mas você não é má minha querida, você é apenas a ligação entre o desespero mundano e o descanso do outro lado.

- Eu sei disso vovó, mas é estranho saber que eu tenho o dom de tirar a vida das pessoas.

- Madeleyne, quero que me escute com clareza... Você não é capaz de tirar a vida de qualquer pessoa, apenas daquelas que não conseguem ver alegria em viver, que não encontram um motivo para isso. Se a pessoa desejar do fundo de sua alma que quer partir para o outro lado, então você se torna o elo entre a vida e a morte, mas se ela é feliz do jeito que está, se sente prazer em viver, então você é apenas uma garota comum, como qualquer outra.

- Tudo bem, agora está tudo mais claro para mim, obrigado.. – Madeleyne deu um beijo na bochecha de Josefine e caminhou até seu quarto.

- Você terá que fazer uma difícil escolha, por favor minha querida, não cometa os mesmos erros que eu e sua mãe. – Josefine sussurrou para si mesma enquanto abria a porta do quarto e observava o corredor vazio atrás de si.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pois é.. tenso '-'
Talvez a Madeleyne seja um anjo da morte ou coisa do tipo não é ?!.. Basta apenas acompanhar a história e descobrir XD
Até o próximo capítulo..
E NÃO SE ESQUEÇAM DE VOTAR NO TOKIO HOTEL PARA O MTV MUSICAL MARCH MADNESS 2012 >> http://www.mtv.com/content/news/2012/musical_march_madness_2012/matches/mmm_2012_rnd1_mtch19.jhtml



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Kiss The Rain" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.