~Gerard POV’s On~

07:00h.

– Filho!! Acorde, assim vai se atrasar!!! – Minha mãe gritou batendo na porta do quarto e me fazendo acordar.

– To indo mãe... – Levantei.

Tinha só mais 25 minutos. Tomar banho? Nem pensar. Aí sim chegaria só no dia seguinte.

Tirei o pijama de qualquer jeito, jogando-o em algum canto do quarto, coloquei o uniforme ridículo que me deixava gordo também de qualquer jeito, peguei a mochila, que ficara no mesmo canto em que a deixei ontem e um caderno de desenhos.

Abri a porta e minha mãe, que não tinha saído dali me abraçou forte.

– Bom dia querido! – Sorri – Seu pai já está no carro te esperando. – Mas este se desfez por completo.

– Own... Mãe, porque você não me leva hoje? Por favor...!

– Agora não querido... Vai logo.

– Me busca pelo menos?

– Ah sim! Era sobre isso que ia te falar!

– Não vai dar não é? – Abaixei a cabeça desfazendo o abraço.

– Vou ter que fazer hora-extra no supermercado, então você vai embora com o Frank tá bom?

– Sim! – A abracei de novo.

– Bom... Agora vai logo pro carro! – Riu - Escola... lembra??

– Ah é... Tchau mãe! – Dei um beijo estalado em sua bochecha e saí correndo até o carro, onde meu pai... Me esperava.

– Bom dia querido! – Deu o mesmo sorriso malicioso de antes.

– Oi. – Falei desviando o olhar e batendo forte o porta.

– Nossa Gerard, vai fechar pra sempre? – Brincou.

– Dá pra ir logo pra escola, vou chegar atrasado. – Cruzei os braços.

– Que humor hein querido... – Ligou o carro e foi à escola sem dizer uma palavra.

Eu apenas abri o vidro da janela e fiquei observando o caminho todo enquanto o vento passava pelo meu rosto, rezando para que meu pai continuasse quieto. Logo fechei os olhos e acabei pegando no sono.

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– Gerard...? Chegamos... – Meu pai me acordou.

Olhei para o lado e ele estava ao meu lado, no banco de trás, abraçando minha cintura e sussurrando em meu ouvido.

Tentei sair mais ele era muito mais forte.

– M-me solta... Todo mundo vai... vai ver!

– Calma querido, só vim te acordar... Já está atrasado sabia? E além do mais, com certeza não tem ninguém aqui vendo isso! – Apontou para a janela aberta. Estávamos em uma rua um pouco antes do colégio. Era bem fechada e não se via nada do outro lado.

Consegui sair e abri a porta do carro rápido, mas quando ia correr meu pai me puxou.

– Hey! – Colou seu rosto em mim – Vai sair sem dar “Tchau” pro pai aqui?

– N-n-não...

– Ótimo. – Colou seus lábios nos meus. Não podia tentar sair, não podia tentar me soltar, senão era capaz de ser pior, então, fiz como sempre e o deixei fazer o que queria... – Agora pegue sua mochila e Boa Aula!

– T-t-t-tá... – Saí correndo sem olhar para trás.

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Cheguei no colégio ofegante, sendo quase barrado pelos inspetores, mas por sorte consegui escapar e fui para a sala rápido.

“Ótimo. Perdi a aula de Matemática... Frank ia me ajudar com a matéria.” Resmunguei abrindo o armário antes de entrar.

Olhei para o fundo da sala e encontrei Ray, Bob, Simon e Frank com sua mochila na minha carteira.

– Guardei seu lugar... Sabia que viria...! – Sorriu e tirou a mochila da carteira.

Eu sentava na última carteira, no canto do fundão. Frank na minha frente; ao meu lado Ray, à sua frente Bob e ao lado Simon.

– O-obrigado. – Sentei.

– Posso saber qual foi o motivo do atraso? – O professor foi até meu lugar.

Todos os alunos me encaravam, alguns já riam e cochichavam alguma coisa de mim.

– M-me desculpe. Acordei mais t-tarde... – Abaixei a cabeça.

– Não tem despertador não? – Professor irritante.

– Na verdade... Não. – Corei. Ele me encarou incrédulo.

– Então trate de arrumar um, Senhor Way.

– Mas...

– Sem “Mas”, Way!

– Mas só cheguei atrasado pouquíssimas vezes! – Protestei.

– Eu disse sem “Mas”!

Eu não tinha um despertador! Na verdade, não tinha muita coisa, só o necessário mesmo.

Minha mãe trabalhava duro para nos sustentar, fazia hora-extra no mercado sempre que podia, sem contar meu pai que trabalhava como advogado, mas ultimamente nada estava dando certo para ele... E Mikey passava o dia com minha vó, não falava muito com ele; não sei... Ele tinha 7 anos e adorava me irritar, mas quando estávamos de bem com a vida, por assim dizer, era tudo bem mesmo. Tia Linda sabia muito bem desses problemas, por isso muitas vezes ia embora com ela, ficava lá, passava noites lá e ela sempre procurava nos ajudar.

– Mas eu só-

– Quer ir para a diretoria mocinho?

– Não...

– Então fique quieto agora e preste atenção na aula! Entendido?

– ... Tá. – Resmunguei.

E ele voltou a passar a matéria.

Frank e eu não trocamos uma palavra, mas era só pelo medo de levar uma bronca do professor, que nos odiava desde que ficamos amigos, até que o sinal da próxima aula tocou.

– Nossa... Odeio esse tal de Kurt! Que professor idiota! – Frank começou a reclamar.

– Calma... Você sabe que ele não gosta da gente. – Ri.

– É... Mais ele não deixa de ser chato. – Cruzou os braços.

– Ei Frank, hoje o ensaio vai ser na casa de quem? – Simon virou-se para nós.

– Ahn... Não sei, ninguém combinou nada ontem... Pode continuar sendo na minha casa mesmo, minha mãe não se importa!

– Ótimo, tudo resolvido então. 14:00h mais ou menos vocês a gente vai pra lá, pode ser? – Bob virou também e assentimos com a cabeça.

Todos eles voltaram aos lugares, cada um fazendo uma coisa diferente esperando a professora chegar.

Frank estava com a cabeça abaixada, parecia dormindo.

– Ahn... Frank?

– ...Sim...? – Ufa... Tava acordado.

– Só pra avisar que vou embora com você hoje... – Corei.

Odiava atrapalhar as pessoas... Mas ele não se irritava. Incrível!

– Legal... – Continuou do mesmo jeito, sem nenhuma expressão, nenhum movimento.

– Tá... Tá tudo bem? – Me inclinei na carteira, apoiando a cabeça em seu ombro.

– Olha, só to cansado... Por favor...

– Desculpe... – Me sentei e logo a outra aula começou. Mais uma vez não trocamos uma palavra se quer.

~Frank POV’s On~

Cara, mais que porcaria que eu fiz!

Com certeza Gerard agora vai pensar que eu estou bravo com ele... Droga!

Ah... Tudo bem, ele sabe que eu fico esquisito quando estou com sono.

E afinal, não posso dizer pra ele porque estou assim... Posso?

“Awn, me desculpe Gee, fiquei assim porque estava pensando em um jeito de te dizer que Te Amo!”

Não daria muito certo não é?

– Er... Gee?

– Sim? – Virou-se pra mim animado, me fazendo rir – O-o que foi?

– Me desculpe. Só to cansado...

– Ah, tudo bem, sei que você fica assim! – Sorriu.

– SENHOR IERO E SENHOR WAY, POSSO SABER O MOTIVO DA CONVERSA? – A professora gritou olhando para nós.

Gerard estava na mesma posição de antes, inclinado à mim, com a cabeça em meu ombro, e eu um pouco mais para trás quando ela nos chamou.

– Descul- - Gerard ia falar.

– SE QUEREM NAMORAR, POR FAVOR, VÃO PARA FORA DE SALA! – Ela continuou, fazendo todos na sala rirem,

Mas me deixando vermelho.

MUITO.

MUITO.

MUITO VERMELHO.

Abaixei a cabeça e senti Gerard indo para trás também; do jeito que ele é, era capaz de sair correndo chorando para o banheiro a qualquer momento.

– JÁ PARARAM? – Continuamos quietos – BOM MESMO. Agora crianças, voltando à matéria...

Ouvi Gerard choramingando baixinho atrás de mim.

– Hey Gee... Tá tudo bem... – Falei fingindo prestar atenção na aula.

– N-n-não tá!

– Não liga pro que essas pessoas falam... Esquece isso! – Tentava animá-lo de qualquer jeito.

É óbvio de que aquilo era humilhante... Mas só queria que ele parasse de dar tanta atenção ao que os outros dizem... É muito difícil, nem eu consigo sempre...

Nossa.

Será que está tão na cara que eu amo o Gee?

E é ainda por minha culpa que ele está chorando agora... Droga de novo!

– M-melhor calarmos a boca n-né? Senão vai acontecer d-de novo... – Encarou os pés.

– É... Pode deixar que não vai acontecer de novo! Vou ficar quietinho até o recreio! – Graças a Deus! Fiz Gerard sorrir!

E assim ficamos até que este tocasse.

~Frank POV’s Off~

– RECREIOOOO!!! – a multidão de alunos gritava e saía correndo pelos corredores, descendo e subindo escadas até o pátio. Em outra parte, a grande fila que nunca fora respeitada na cantina só aumentava.

Ao lado desta ficava um tipo de arquibancada de madeira.

Na frente, várias mesas de quatro lugares azuis escura preenchiam a cantina.

– Quem vai comprar nossos lanches hoje? – Ray começou – Eu não!

– Eu não! – Frank.

– Nem eu! – Bob.

– Nem pensar. – Simon.

– Affe... Que ótimos amigos eu tenho...

– Quer que eu vá ent- - Frank tentou...

– NADA DISSO! ELE NÃO FALOU NADA, AGORA COMPRA O LANCHE! – Bob protestou, rindo.

– Tudo bem, deixa só eu anotar os pedidos. – Brincou – O brioche de sempre né?

– Fazer o que? É o menos pior do lixo que vendem aqui. – Simon falou olhando para o nada.

Sendo empurrado por garotos de quase o dobro de sua altura ou até menores, conseguiu chegar são e salvo ao balcão da cantina.

– O que você quer? – A moça que apesar de ter uns 20 anos era menor que ele falou antipática.

– 5 brioches de pizza e 5 caixinhas de suco de uva, por favor.

– Tá – Entregou 5 fichinhas de cada, cada uma com o desenho do salgado e do suco e seu devido nome ao lado. Agora teria que ir até o outro lado do balcão pegar as coisas.

– Aqui as fichas. – Entregou tudo na mão do primeiro cara que apareceu.

– Os brioches são de...?

– Pizza.

– Os sucos...?

– Uva.

– Okay, espere um pouco.

– Tá.

Minutos depois o homem voltou com tudo.

– V-valeu... – Gerard saiu cambaleando, com um brioche em cima do outro em uma mão e os sucos empilhados na outra.

Enquanto o garoto se aproximava do grupo, era recebido por risos dos amigos, menos, claro, Frank Iero, o qual só encarava com cara de ódio.

– Eeei, tudo bem Fran! Só perdi a aposta – Gerard falou distribuindo o lanche para cada um.

– Humpf...

– Nossa! Meu brioche tá frio! Eca! – Ray tacou o lanche no lixo.

– Se ferrou e... AH! Esse brioche tá petrificado Santo Deus! – Bob se levantou e foi até o lixo, que ficava perto de seus lugares na arquibancada junto com Ray para jogar o brioche fora também.

– Tadinhos... Só se ferram, ainda não se acostumaram com a comida de prisão dessa escola – Simon comentou.

– Uhum. – Frank concordou de boca cheia – Hey Gee, não vai comer nada não?

– Hmm... Não, não estou com fome... ALGUÉM AÍ QUER MEU LANCHE?

–Depende, se não estiver frio...

– Ou petrificado...

– Não não... Ele tá bom! Podem dividir aí. – Entregou-o para os dois garotos.

– AAAAAWWWWW YYEEEEEEEAAAAAAAAAAAHH SABOR DOS DEUSES!! – Ray gritou, sendo acompanhado por Bob.

– Bipolares. – Simon.

– Cara... Gerard, vai por mim, se continuar assim você ainda vai passar mal! Passa o recreio todo só desenhando!

– Tá tudo legal Fran... Já disse isso umas mil vezes!

– Okay então...

O recreio já ia acabar, depois era só esperar as próximas 3 aulas e ir para casa, provavelmente Gerard ensaiaria com Frank, mas Só Com Ele.

E rezaria para que o dia não acabasse e não tivesse que ir embora com seu pai.