And All Things Will End escrita por Saáh


Capítulo 17
Capítulo 16 - O passado


Notas iniciais do capítulo

E ai cambada, tudo certinho?
Chegamos a um dos capítulo mais importantes e mais aguardados da fic (estou surtando aaaaaahhh)rs
Quase chorei escrevendo o final do capítulo...
Enfim, agora eu que irei aguardar ansiosamente a opinião de vocês nos reviews. Digam se amaram, odiaram, se surpreenderam ou já esperavam isso.
Espero corresponder as expectativas de vocês :)
E só pra não haver confusão, as partes que estão em itálico são flashbacks.
Boa leitura a todos!
Beijoos



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"Bem, você provavelmente deve se perguntar o que aconteceu no passado, então, acho que chegou a hora de contar a verdade." Matt ainda mexia no meu cabelo e não me atrevi a olhar para o seu rosto. (...)

(...)Não iria esconder mais nada do Matt. Respirei fundo e comecei a falar.

"Acho que primeiro tenho que te explicar como era a relação dos meus pais. Como eu disse uma vez, meu pai não era uma pessoa muito presente, mas porque minha mãe não deixava. Eles casaram muito cedo e um pouco depois eu nasci fazendo com que tudo se complicasse ainda mais. Meu pai, ou Nick como minha mãe sempre o chamava, tinha problemas com bebidas e drogas. Em certos momentos, Joe e Liss me lembram os dois na verdade. Eles também brigavam e quase sempre Nick batia na minha mãe. A diferença era que ele fazia isso na minha frente sempre dizendo que eu deveria ver para aprender a não ser uma vadia como ela. Eu era muito pequena e não entendia direito porque ele fazia isso mas sempre ficava gritando para que parasse, o que fazia com que ele batesse mais ainda nela. Até que em uma das brigas, quando eu tinha 5 anos, minha mãe já estava quase desacordada e ele continuava batendo nela. Não suportei ver aquela cena e entrei na frente."

 *

Mamãe estava com os olhos quase fechando e eu via mais marcas se formando por seu corpo. Não conseguia mais, mamãe não merecia isso. Parei na sua frente para protegê-la e papai acertou um tapa na minha cara. Aquilo doeu, era a primeira vez que ele me batia.

"Sua pirralha, tá querendo fazer o que agora hein? Não basta ficar ai gritando? Quer se oferecer para apanhar no lugar da sua mãe?"

"Deixa ela em paz Nick!" Mamãe disse tentando se levantar mais ele segurou meu braço apertado fazendo com que eu começasse a chorar.

"Isso. Chora. Faz bem. O papai gosta de você filhinha. Só não quero que se torne alguém como a sua mãe."

"Mas ela não faz nada pra você tratá-la assim papai!"

"Não? Ela me nega amor, carinho. Diz que eu não mereço isso. E se eu procuro alguma prostituta por ai depois ainda reclama." Eu não entendia o que ele estava querendo dizer. "Você ama o papai né filhinha?" Ele me olhava com aqueles olhos vermelhos e eu sentia cheiro de álcool pela sua boca.

"Eu amo a mamãe. De você eu tenho MEDO!" Ele começou a apertar meu braço mais forte e meu grito ecoou pela casa quando escutamos um estralo. Papai me soltou e saiu correndo.

*

"Foi nesse dia que conhecemos o Dr. Tyler. Meu braço estava quebrado e minha mãe... você já deve imaginar. Ela fez uma denúncia contra Nick mas ele não chegou a ser preso. Quando voltamos para casa, Nick apareceu de novo mas meu avô o expulsou e ele quase foi linchado por toda a vizinhança. Passei anos sem ver ele novamente e só depois descobri que durante todo esse tempo, Nick ficava mandando cartas para minha mãe dizendo como eu estava crescendo e ficando bonita, pra que ela tomasse cuidado, que ele sempre estaria vigiando..."

Parei de falar tentando regularizar minha respiração. Matt se mexeu um pouco e acabei ficando deitada na cama com ele do meu lado me olhando enquanto passava a mão pelo meu rosto. Em seu olhar encontrei preocupação e compaixão.

"Não imaginava que você tivesse passado por tudo isso tão nova."

"Quase ninguém imagina mesmo. Não gosto de ficar contando."

"Mesmo assim. Você não merecia nada disso." Dei um sorriso meio triste para ele.

"Mas essa não foi a pior parte." Matt levantou uma sobrancelha e eu respirei fundo voltando a falar. "Os anos foram passando e tive que crescer muito rápido. Conseguimos viver bem apesar de sempre ver aquela sombra triste no olhar da minha mãe. Quando estava com 11 anos tudo começou a piorar. Eu ainda podia ser uma menina mas meu corpo já estava começando a se desenvolver, e com isso, comecei a ter alguns rolos com meninos. Minha mãe se tornou paranoica mas eu não entendia porque. Depois, meu avô me explicou que não tinha nada haver com os meninos. Nick tinha passado mais de um ano sem mandar nada para ela, até que ele me viu, e enviou inúmeras cartas dizendo coisas obscenas e ameaças. Ela tinha medo que ele me encontrasse e com isso me proibiu de sair de casa, entre outras coisas. Mas eu não me importava com isso e vivia quebrando as regras dela como todo adolescente. Até que um dia, quando chegava escondida em casa já de madrugada, Nick estava me esperando. E foi ai que a tragédia aconteceu."

Virei a esquina rezando para que não encontrasse minha mãe acordada. Provavelmente ouviria um sermão daqueles de novo! Tinha acabado de destrancar o portão quando percebi uma sombra atrás de mim. Virei e fiquei paralisada com a pessoa que vi.

"Sentiu saudades do papai?" Nick sorriu e apontou uma arma no meu rumo. "Vamos, entra em casa logo." Não me mexi e ele parou a arma na minha cabeça. Estava morrendo de medo e temia pelo que ele iria fazer com a minha mãe. Não queria vê-lo machucando ela de novo.

Assim que passamos pela porta da sala minha mãe apareceu.

"Clary quantas vezes vou ter que falar pra..." Ela parou de andar assim que nos viu.

"Elisabeth. Quanto tempo."

"Nick. O que você quer?" Ele começou a rir.

"Bem, vamos ver. São muitas as coisas que quero. Que tal começar com passando um tempo com a minha família?"

Nick me empurrou e fez sinal para que eu sentasse no chão da sala, perto de uma mesa de ferro. Ele amarrou minhas mãos com uma corda e voltou para onde minha mãe estava parada.

"Agora meu amor, porque você não prepara alguma coisa pro seu marido comer? Sabe, estou com saudades da sua comida." Nick disse enquanto passava a arma pelos cabelos dela. Tentei soltar minhas mãos mas não tive muito sucesso.

Os dois foram para a cozinha e continuei tentando desamarrar minhas mãos. Precisávamos de ajuda! Meus pulsos já estavam vermelhos quando percebi que a corda tinha ficado um pouco mais larga. Justamente nessa hora os dois voltaram mas Nick não percebeu nada.

Ele sentou no sofá com minha mãe do lado. Ligou a TV e ficou comendo um prato de comida que ela havia preparado.

"Me diz se não somos uma família bonita e feliz! Mas então, me atualizem. O que perdi enquanto estive fora?" Ele falava naturalmente como se nunca tivesse acontecido nada.

Quando ele dirigia alguma pergunta para mim, respondia com frases curtas. Estava conseguindo deixar a corda um pouco mais larga a cada minuto.

"Elisabeth querida, leve este prato até a cozinha por favor." Quando minha mãe não se mexeu, ele pegou a arma novamente e apontou para mim. Ela levantou e foi até a cozinha me olhando preocupada. Vi medo também em seu rosto.

Assim que ela saiu, Nick sentou ao meu lado no chão.

"Mas então Clary, você está se tornando uma garota muito bonita sabia?" Ele começou a passar a mão na minha coxa e aquilo me assustou. Tentei me afastar mas ele se aproximou mais ainda.

"Nick..."

"Eu sou seu pai Clary, apesar de que ache que você não pensa assim."

"Um pai de verdade não faria o que você fez comigo e com a minha mãe." Vi raiva passar por seu rosto e ele levantou o braço e antes que um tapa acertasse meu rosto, vi minha mãe parada atrás dele com um facão na mão.

"Não rele mais um dedo imundo em cima dela!"

Ele virou com um olhar divertido no rosto. "E o que você vai fazer a respeito disso? Me acertar com essa faca?"

Quando vi os dois já estavam no chão brigando. Nick era claramente mais forte que ela e conseguiu arrancar a faca da sua mão. Eles continuaram brigando até que minha mãe não tinha mais forças para continuar lutando contra ele. Eles estavam no chão, perto da parede.

"Agora Elisabeth querida, diga adeus a sua filhinha." E com isso ele enfiou a faca no peito dela. Comecei a gritar enquanto via os olhos dela me encarando e a faca sendo lançada repetidas vezes pelo seu corpo. A mesa não se mexia e no puro desespero acabei conseguindo libertar minhas mãos. Corri até aonde eles estavam e me joguei em cima do corpo da minha mãe com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Mas logo que fiz isso, senti uma dor nas minhas costas. Escutei o barulho da faca caindo e Nick puxou meu ombros para que eu ficasse de frente para ele.

"Clary, porque você fez isso? Não era para ter acertado você!" disse irritado. Ele levantou pegando a faca em uma mão, segurando meu braço com a outra e saiu me arrastando pelo chão até a mesa. Dessa vez ele me deixou deitada e amarrou minhas mãos com os braços acima da minha cabeça. Ele sentou em cima da minha barriga e colocou a mesma faca em meu pescoço.

"Agora, vamos a mais um porque de estar aqui. Você me dará o que sua mãe me negou por anos." E com isso ele se abaixou e esmagou sua boca na minha. Sentia o gosto de álcool e drogas em sua boca mas não acreditava que ele realmente estava fazendo isso. Não conseguia pensar direito. Queria ir até minha mãe, ela precisava de mim! Quando comecei a protestar ele apertou mais a lâmina em meu pescoço e disse para que eu ficasse quietinha para ser melhor para todos.

Com isso ele tirou minhas roupas e começou a passar os lábios e as mãos por todo o meu corpo. Depois de um tempo, ele retirou suas próprias roupas também e antes que eu pudesse piscar os olhos senti seu membro me penetrando. Um grito de dor escapou pelos meus lábios e isso pareceu excitá-lo ainda mais. As lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto ele aumentava cada vez mais o ritmo e colocava mais força em seus movimentos. Uma de suas mãos estavam em meus seios e a outra ainda segurava a faca em meu pescoço me ameaçando e mandando que eu gemesse e dissesse seu nome.

*

  "E assim foi pelo resto da noite." Parei enquanto Matt secava as minhas lágrimas. Vi raiva em seu rosto e ficamos ali nos olhando por alguns segundos. Ele se aproximou e meu deu um selinho. Me senti um pouco aliviada com isso.

"Clary... eu nem sei o que te dizer. Perguntei brincando sobre isso ontem mas nem imaginava que..." Coloquei um dedo sobre seus lábios.

"Não precisa dizer nada Matt." Ele segurou minha mão dando um beijo em cima dela.

"Mesmo assim, não é algo que um pai deva fazer."

"Não é. Mas ainda não acabei de contar tudo. Foi nesse dia que meus pais morreram."

*

Nick desamarrou minhas mãos com um sorriso nos lábios e sentou em uma cadeira ascendendo um cigarro. Peguei um lençol que estava perto do sofá, enrolei ele no meu corpo e me arrastei até minha mãe. Passei a mão por seus olhos que ainda estavam abertos e os fechei. Deitei ao seu lado e encostei minha cabeça em seu peito, como sempre fazia, mas dessa vez não escutei seu coração batendo. Não tinha mais lágrimas para derramar. Sentia dor por todo meu corpo, principalmente nas minhas costas, mas ainda assim, meu coração era o que mais doía. Não conseguia acreditar em tudo o que tinha acabado de acontecer. Passei minhas mãos por seus braços frios e os segurei ainda deitada em seu peito.

"Não me abandone mamãe, por favor. Você é tudo o que eu tenho!" Eu apertava os braços dela mas não havia nenhum movimento. Nenhum som. Nada. Só o silêncio da morte.

"Você ainda tem a mim. Seremos muito felizes juntos." Nick disse e eu o vi levantando da cadeira e indo procurar alguma coisa em um armário. Raiva brotou dentro de mim. Ele era o responsável por todo esse inferno e iria pagar por isso!

Me arrastei pelo chão de novo e levantei quando tinha o que precisava nas mãos. Nick virou quando percebeu que eu estava parada atrás dele e com toda a força que me restava enfiei a faca em seu peito. Ele arregalou os olhos enquanto eu me afastava e acabei caindo no chão de novo, derrubando algumas coisas que estavam em cima da mesa. 

Nick arrancou a faca de seu peito e veio andando em minha direção.

"CLARY!" Ele gritou e minhas mãos esbarraram em algo que eu tinha derrubado. Automaticamente segurei a arma e comecei a atirar nele relembrando tudo o que havia feito na minha mãe.

"E foi assim que matei meu pai."


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