UMA SEMANA DEPOIS...

Hoje faz exatamente nove dias que estou “trancafiada” nesse hospital.

Eu já me sinto muito bem; os meus hematomas já estão se cicatrizando; o meu olho já está aberto... Eu só não entendo porque eu ainda estou aqui e porque o doutor não me dá alta de uma vez.

Eu ainda não me vi no espelho; ainda não tive coragem para tal ato...

– Eu não aguento mais ficar nesse lugar! – Reclamo para o doutor que está checando a minha pressão arterial. – Me dá alta! Por favor!

– Senhorita Kirsten...

– Kate! – O corrijo.

– Senhorita Kate, você tem que ter paciência!

– É o que eu mais tenho!

– Humm... Sua pressão está boa! – Comentou tirando o aparelho de pressão do meu braço.

– E então...

– E então é que eu só vou te dar alta quando você estiver 100% boa! – Anotou algo em sua prancheta.

– Mas eu ESTOU 100% boa!

– Não, não está!

– Estou sim! – Teimo.

– Não está; você sequer se lembra das pessoas que te agrediram!

– Mas isso não quer dizer nada!

– No meu ponto de vista médico, sim!

Bufei.

– Por agora é só... – Andou até a porta. - Boa noite Kirsten!

– É Kate!

Ele sorriu e saiu do quarto.

– Mas que saco! – Digo brava.

– Kate, tem certeza que você não se lembra de quem te agrediu aquele dia? – Pergunta Tom.

– Tenho! Eu já falei para vocês!

– Eu acho que você está mentindo! – Diz Brenda. – Eu te conheço bem, e sei quando você está mentindo!

– Eu não estou mentindo! – Menti. – Aff...

– Então você precisa se lembrar! – Diz Bill.

– Se não, não vai ganhar alta! – Completa Georg.

– Mas, eu não consigo se lembrar! – Falo tentando parecer convincente.

– Você precisa! – Diz Gustav.

– Ain – suspiro. – Eu odeio esse lugar! – Faço bico. – O que seria de mim sem vocês cinco?!

– NADA! – Bill, Brenda, Gustav, Georg e Tom falaram em uníssono.

(...)

CINCO DIAS DEPOIS...

– Kirsten, tenho uma ótima notícia para te dar! – Diz o doutor assim que entrou no quarto.

– É Kate! – Digo.

– Porque você não gosta do nome Kirsten?!

– Porque eu acho feio ué!

– Eu acho mais bonito que Kate!

– Mas eu não então... – O doutor revirou os olhos rindo.

– Bem, KATE... Tenho uma ótima notícia para te dar!

– Então dê logo!

– Hoje mesmo você pode ir para a casa! – Fala.

– Sério?! – Pergunto.

– Seriíssimo!

– Oh meus Deus! – Quase grito. – Vou sair desse lugar! – Comemoro.

– Graças a Deus! – Bill também comemora.

– Você está em ótimo estado físico, e mental apesar de não lembrar de algumas coisas... – Riu. - Então não vejo o porquê de ficar mais tempo aqui!

– Aleluia! – Ri.

(...)

– Demorou em! – Falo para Brenda que acabara de entrar no quarto com as minhas peças de roupa.

– É que o trânsito está um caos hoje!

– Me dá isso aqui! – Puxei a sacola da mão dela e fui correndo para o pequeno banheiro do quarto.

ALGUNS MINUTOS DEPOIS...

Assim que o carro estacionou a nossa frente, pude ver em relance o meu reflexo pelo vidro do mesmo. Logo abri a porta adentrando o carro.

(...)

– Finalmente! – Disse entrando em casa.

Fui correndo para o meu cômodo preferido: meu quarto. Se joguei na cama.

– Como é bom estar aqui! – Disse acariciando os meus travesseiros.

Fui para o meu banheiro e tudo estava como eu havia deixado naquela noite.

Dei uma volta e parei de frente para o espelho.

Observei o meu reflexo escuro por causa do enorme óculos que eu usava. Respirei fundo e fui lentamente tirando o óculos.

– Até que não estou feia! – Digo rindo sozinha olhando o meu reflexo nitidamente no espelho.

– Eu te disse Kate! – Bill me abraçou por trás. – Eu disse que você está linda, está exatamente como estava antes do ocorrido!

– Pior que estou! – Ri.

Bill beijou o meu cabelo.

– Estou completamente curada! – Me virei e o beijei.

(...)

James, e a sua bondade interminável, decidiram me dar mais três semanas de folga. :)

(...)

DUAS SEMANAS DEPOIS...

Eu estou com um mau pressentimento depois da ligação do Bill.

“(...)

~ Kate, eu cheguei a uma conclusão, e preciso que você a confirme urgentemente!

~ Que conclusão Bill?! Do que você está falando?!

~ Das pessoas que te agrediram!

~ Bill, esqueça essa história!

~ Não Kate! Não vou esquecer! Eu preciso que você confirme a minha conclusão!

~ Mas, qual conclusão foi essa?

~ Não dá para eu falar por telefone!

(...)”

Daqui a pouquíssimos minutos Bill chegará aqui. E essa é a única vez que eu estou temendo uma visita dele, isso é estranho. Tomara que eu esteja enganada com os meus pressentimentos.

Brenda estava pronta para sair com mais um paquera dela quando Bill me ligou; ai ela desmarcou o encontro para ficar comigo, compartilhando essa enorme ansiedade.

(...)