Minha mente parecia não querer aceitar. Acreditar. Em que tão esplendida obra-prima existisse!

                Não há palavra que defina o “ser” que estava a minha frente. Sim, um ser. Não poderia ser definido como um objeto inanimado, ele emanava vida. Podia ter anjos pintados por toda a sua extensão como em um quadro pintado, minimamente detalhado, mas não poderia ser definido como tal.

                Era somente um monte de madeira entalhada e pintada pelas mãos de um gênio como Leonardo Da Vinci e Michelangelo, mas não havia nenhum contexto religioso em seus traços. Os anjos, não eram uma proteção ou índice de sua superioridade, eram parte do instrumento.

                 Meus olhos não me obedeciam, não conseguia deslocá-los para onde quer que fosse, haviam sido pregados com uma paixão intocável pelo ser.

                Minha mente não conseguia distinguir o porquê de um simples piano de cauda ser tão assombrosamente fabuloso.

                Apesar de tão estrondosa forma o banco era tão normal e sem graça que não parecia fazer parte do conjunto.