Pov. Annabeth

– Welcome to the jungle, baby! – Disse ele colocando o braço em volta do meu ombro.

Eu havia pedido para que Percy nunca mais encostasse um dedo em mim, mas acho que ele não fez por mal.

Depois de caminhar por um quilometro e meio selva a dentro, acabamos chegando em uma praia. A areia era branca e estava morna, as ondas do mar caiam na margem de modo convidativo. A água era de um verde-mar lindo, igual aos olhos de Percy.

O sol estava se pondo, logo parei de caminhar, apenas observei. O por do sol sempre me acalmava, pra mim era como se fosse o encontro do sol e da lua. Uma brisa leve de alga salgada bateu em meu rosto, apenas sorrir.

Olhei para Percy, que ainda estava ao meu lado, ele tinha uma expressão boba no rosto.

Estalei os dedos na frente de seu rosto, pra poder chamar a sua atenção.

– Hein? – Disse ele saindo de seus pensamentos.

– No que você estava pensando?

– Hummmm... – Ele disse passando a mão em seu cabelo, mostrando os seus braços musculosos. – Nada. – Concluiu.

– Aham, to sabendo... – Disse em tom de duvida.

Ri baixo e andei para perto do grupo.

Despachei a bolsa ao lado deThalia, que olhou pra mim e sorriu.

– Vejo que você já se acertou com o Percy. – Comentou.

–É... Digamos que sim.

– Eu não entendo vocês dois! – Ela disse voltando-se para a sua bolsa.

Dei uma risada baixa e voltei a olhar o horizonte. O sol ainda estava se pondo, olhei para esquerda e vi uma parede de rochas, onde dava uma vista ainda mais linda do horizonte, peguei um livro de arquitetura de dentro da minha bolsa e caminhei a fim de ver os últimos raios de sol.

Subi pelas pedras, me arranhei algumas vezes, mas graças a escaladas que eu fazia com o meu pai, eu consegui chegar em cima. Caminhei com cuidado até a ponta e se sentei, fiquei olhando os últimos raios até que alguém sentou do meu lado.

– Servida? – Disse Percy estendendo para mim um pacote de batatas Rufles.

Peguei o pacote e o abri.

– Obrigada. – Agradeci.

– Você não tem esse problema de ter carboidratos, calorias etc.?

– Não mesmo! Não sou regida pela ditadura da magreza.

Ele riu baixo.

– Você não existe.

– Claro que existo, não está me vendo? – Disse rindo.

– Essa foi péssima, Annie.

– Eu sei. – Disse dando um soco leve em seu ombro.

Voltei a olhar o horizonte e o sol já tinha se posto quase todo.

– Você fica linda aos últimos raios de sol. – Disse Percy baixo.

Olhei para ele pelo canto do olho e vi que ele estava olhando para o saco de batatas.

Ele devia estar absorto em seus pensamentos.

– Eu acho melhor nós descemos. – Ele disse levantando-se.

– Acabei de subir. – Reclamei.

– Sim, eu sei. Mas se não descemos agora, vai ser difícil quando escurecer totalmente.

Hesitei, mas me levantei e acompanhei Percy na descida.

Digamos que a descida não foi nada fácil, quase não tinha onde se apoiar, e eu ia praticamente agarrada ao pescoço de Percy, pois toda vez que eu pisava em falso, ele me puxava pela blusa e eu segurava o seu pescoço.

Pisamos na areia, tirei o meu tênis do pé e enterrei o meu pé na areia.

– Quer nadar? – Perguntou ele.

– Ah não, não.

Eu disse andando na sua frente.

Olhei para trás e vi que Percy estava parado de braços cruzados sorrindo para mim.

– Vou te dar 3 segundos pra correr. – Ele gritou.

Comecei a correr o mais rápido que podia, Percy começou a me seguir também, joguei meu tênis pra perto de uma das barracas e gritei:

– Por favor Percy, não faz isso!

Correr sem se alongar não me faz bem, porque eu comecei a ficar ofegante e diminuir o passo. Percy apareceu na minha frente um pouco ofegante também.

– Já está cansada, sabidinha? – Debochou.

– Pelo o que eu estou vendo, você também está. – Retruquei.

– Não tanto pra te carregar pra dentro da água.

Percy se agachou e me colocou em seu ombro.

– MEEEE LAAAARGA SEU CABEÇA DE ALGA! – Disse esperneando.

Percy ria com gosto, e quando mais eu batia nele, mas ele fazia menção de me derrubar no chão.

E então...

Cata-puuuuuuuuuuum!

Eu e Percy caímos na água gelada. Dei impulso pra cima e emergi ao lado de Percy.

– Desgraçado! – Disse jogando água em seu rosto.

– Qual é, Annabeth? A água está boa, nem vem. – Disse ele passando a mão no rosto.

– Tem razão, a água está muito boa. – Disse olhando para ele.

Acho que ele entendeu a frase em duplo sentido, porque ele levantou a sobrancelha de modo malicioso e sorriu para mim.

– Quer dizer... A água está em uma temperatura boa, não ta gelada.. – Senti as minhas bochechas arderem, e sabia muito que eu estava ficando igual ao um tomate. – Ai Percy...!

Ele começou a ri bem alto. Mergulhei na água até ficar sem ar, depois voltei para cima onde Percy estava se aguentando para não rir.

– Vou sair.

Comecei a sair da água, e novamente Percy me seguiu. Um vento atravessou as árvores e bateu em minha roupa gelada, estremeci.

Cheguei perto de Nico e Ian que estavam acendendo a fogueira.

– Onde eu me troco? – Perguntei quando Rachel apareceu carregando mais lenha.

– Dentro da barraca. – Respondeu.

– Cuidado pra não esquecer a calcinha dentro da barraca do Percy, ele é um ninfomaníaco. – Disse Ian rindo.

Cruzei os braços ao redor do meu corpo e abaixei a cabeça para que ninguém soubesse que eu estava corando novamente.

– Coitada da Annabeth gente. – Disse Bianca rindo baixo. – Se troca na minha barraca, ok?

Assenti lentamente, fui até a minha bolsa que estava ao lado da barraca que devia ser a de Percy, peguei um short e uma blusa e fui pra dentro da barraca de Bianca.

Me troquei rapidamente, e quando sai, Nico e Ian já tinham conseguido acender a fogueira e todos já estavam sentados em volta.

– Pensei que vocês não se sentavam em volta da fogueira. – Comentei quando cheguei perto.

– Estamos querendo fazer uma boa impressão. – Disse Nico. – Está funcionando?

– Claro, está sim. – Disse rindo.

Percy se afastou pro lado de modo que sobrasse lugar pra mim sentar. Agradeci com um sorriso e sentei-me.

– Ok, agora vamos estragar o filme de todo mundo? – Disse Thalia.

– Não! – Disse Nico e Percy juntos.

– Ah, poxa... – Disse ela com um biquinho no rosto. – Vocês dois são o que mais tem histórias interessantes...

– Sério? Conta pelo menos uma. – Disse.

– Tudo bem. – Ela disse esfregando a mão uma na outra de modo que ela parecesse maligna. – Vocês sabiam que o Percy e o Nico queriam ser índios? – Ela perguntou.

Cai na risada junto com Ian, Bianca, Grover e Rachel.

– Ta falando sério?

– Estou, eles corriam pelados pela casa quando tomavam banho e diziam “Índios não se vestem, eles andam pelados!”

Eu continuava rindo sem parar, dava pra imaginar Nico e Percy pequeninos correndo pela casa pelados?

Olhe para Percy e Nico e os mesmos estavam bruscamente corados.

Grover se dobrava de tanto rir, Ian e Rachel já estavam chorando.

Minha barriga estava doendo. E aos poucos, paramos.

– Beleza, já contaram uma coisa humilhante nossa, agora vamos cantar?

– Vamos, mas tem violão?

– Trouxe o teu violão, Nico? – Perguntou Percy.

– Trouxe.

Nico se levantou e foi até a sua barraca onde voltou com um violão preto.

Ele entregou a Percy, que o posicionou e falou:

– A Annabeth vai cantar comigo.

– Eu? Porque eu? – Indaguei.

– Porque você parece ter uma voz bonita.

Revirei os olhos.

– E se você estiver errado?

– Vamos tirar a prova então.

Percy começou a dedilhar uma melodia lenta. Mas reconheci a musica.

I Won’t Give Up, do Jason Mraz.

Sorri para ele.

When I look into you eyes

It’s like watching the night sky

Or a beautiful sunrise

Theres so much they hold

And just like them old stars

I see that you’ve come so far

To be right where you are

How old is your soul?

Quando olho em seus olhos

É como assistir o céu noturno

Ou um belo amanhecer

Eles carregam tanta coisa

E como as estrelas antigas

Vejo que você evoluiu muito

Para chegar aonde está

Qual a idade da sua alma?

Percy olhou pra mim e abriu um sorriso grande.

– Sua parte.

I won’t give up on us

Even if the skies get rough

I’m giving you all my love

I’m still looking up

Eu não vou desistir de nós

Mesmo se os céus ficarem difíceis

Estou te dando todo o meu amor

Ainda olho para cima

And when you’re needing your space

To do some navigating

I’ll be here patiently waiting

To see what you find

E quando precisar de espaço

Para navegar um pouco

Eu estarei aqui pacientemente esperando

Para ver o que vai encontrar

Todos se balançavam de uma maneira sincronizada, menos Thalia, que revirava os olhos e fingia menção de vomitar.

Percy me acompanhou:

Cause even the stars they burn

Some even fall to the earth

We got a lot to learn

God knows we’re worthy

No I won’t give up

Porque até as estrelas queimam

Algumas até mesmo caem sobre a Terra

Temos muito o que aprender

Deus sabe que somos dignos

Não, não desistirei

I don’t wanna be someone who walks

away so easily

I’m here to stay and make the difference

that I can make

Our differences they do a lot yeah we got

a lot at stake

And in the end, you’re still my friend at

least we didn’t tend

For us to work we didn’t break, we didn’t

burn

We had to learn how to bend without the

world caving in

I had to learn what I got, and what I’m not

And who I am

Eu não quero se alguém que vai se embora

tão facilmente

Estou aqui para ficar e fazer a diferença

que eu posso fazer

Nossas diferenças fazem muito para nos

ensinar como usar

As ferramentas, as habilidades que temos

sim que temos muita coisa em jogo

E no fim, você ainda é minha amiga, pelo

menos não fomos tendenciosos

Para funcionarmos, não quebramos, não

queimamos

Tivemos de aprender sem deixar o

mundo ceder à pressão

Tive que aprender o que tenho e o que

não sou

E o que sou

I won’t give up on us

Even if the skies get rough

I’m giving you all my love

I’m still looking up

Eu não vou desistir de nós

Mesmo se os céus ficarem difíceis

Estou te dando todo o meu amor

Ainda olho para cima

So easy is our life

What’s mine is yours and yours mine

Hardly do we ever find

We’d rather be king

Tão fácil é a nossa vida

O que é meu é seu e o que é seu é meu

Dificilmente vamos sempre encontrar

Nós preferimos ser gentis

I won’t give up on us

Even I the skies get dark

I’m healing this broken heart

And I know I’m worthy

Eu não vou desistir de nós

Mesmo se os céus fiquem escuros

Eu estou curando esse coração partido

E eu sei que sou digno

I won’t give up on us

God knows I’m tough, I am love

We got a lot to learn

God knows we’re worthy

Eu não vou desistir de nós

Deus sabe que eu sou durão, eu sou amor

Temos muito o que aprender

Deus sabe que somos fortes

No I won’t give up on us

God knows I’ve had enough

We got a lot to learn

And we’re, and we’re worthy

Eu não vou desistir de nós

Deus sabe que eu já tive o suficiente

Temos muito a aprender

E nós, e nós somos dignos

No I won’t give up

No I won’t give up

Não, eu não vou desistir

Não, eu não vou desistir

Assim que terminamos de cantar, Percy descansou os braços sobre o violão e eu me espreguicei.

Todos aplaudiram, sorri timidamente.

– Eu disse, sua voz é bonita. – Disse Percy.

Mostrei a língua para ele.

– Argh, essa melosidade toda está me dando nos nervos, vou pra minha barraca.

Thalia se levantou e foi para sua barraca, fechou o zíper e ficou lá, fazendo sabe lá o que.

– Thalia dorme sozinha na barraca? – Perguntei pra ninguém.

– Dorme, mas não é uma boa idéia dormir com ela. – Respondeu Bianca.

– Porque?

– Digamos que ela é bem... Espaçosa, se assim eu posso dizer.

– Ah, entendi.

– Pois é.

Todos os casais se levantaram e foram pras suas barracas.

– Eu vou dormir, estou cansada, e aposto que o meu bebê também. – Disse Bianca passando a mão na barriga.

– Tudo bem, vai lá.

– Huh? Bebê? – Perguntou Percy confuso.

– Sim, Percy, eu estou grávida.

– Nico sabe?

– Sim.

Ela sorriu e voltou-se para entrar na barraca.

– Eu não falei? Já vai rolar sexo nas barracas! – Gritou Thalia.

– Cala a boca Thalia! – Gritou Rachel e Jully ao mesmo tempo.

Eu ri baixo e Percy me acompanhou.

Me virei para o mar, e Percy também. Ele chegou mais perto de mim.

– Não está cansada?

– Um pouco. – Disse. – Mas não estou afim de ir dormir.

– Entendi...

Ficamos observando as ondas caírem na areia por um longo tempo, e até que estava agradável.

– Você ainda sente falta de Los Angeles? – Perguntou ele depois de um tempo.

– Um pouco, já me acostumei com San Francisco.

– E os seus amigos, ainda sente falta?

– Sinto... E muita. – Eu disse olhando-o.

– Quem eram eles? Além do Mark, é claro.

– Piper, Tyson e o Jason.

– Jason? – Ele levantou uma sobrancelha. – É o nome do irmão da Thalia que mora com o pai. Qual o sobrenome desse seu amigo?

– Grace. Jason Grace. – Respondi.

Só aí que eu me dei conta, Thalia e Jason tinham o mesmo sobrenome.

– Ele é o irmão da Thalia.

– É verdade, mas porque eles moram separados?

– Os pais dela, Zeus Ollimpius e Hera Ollimpius se separaram depois de ela descobri que o marido a traía, ela não agüentou e pediu o divórcio. Aí foram pra justiça pra lutar pela guardas das crianças, acabou que Jason foi com o pai e Thalia ficou com a mãe.

– E porque Thalia odeia tanto a mãe dela?

– Porque depois da separação, a mãe dela se tornou muito amarga, sabe?

– Entendo, isso é triste.

– É, e o pai é praticamente famoso, ele é dono de uma universidade para jogadores de basquete.

– E você quer ir para essa universidade?

– Não, basquete pra mim é tudo, mas não quero ir pra uma universidade. O sonho do meu pai é que eu vá, mas ele me apóia em qualquer decisão que eu tome. Então eu não preciso ir necessariamente pra essa faculdade, quero cursar outra coisa, tipo medicina.

– E seu pai te apóia na decisão de namorar com Tracy? – Perguntei involuntariamente.

Ele me olhou cético, depois suspirou.

– Meus pais não gostam de Tracy, nunca gostaram.

Abri um sorriso torto, depois fitei o mar novamente.

Percy se levantou do meu lado e se espreguiçou .

– Eu vou deitar, você vem?

O encarei com a sobrancelha levantada.

– Eu tenho medo de você, Percy.

– De mim? Porque?

– Sei lá, vai que você me alicia no meio na noite...

– Eu não sou tão cretino assim, Annie. – Ele disse parecendo ofendido.

– Aham, to sabendo, Percy.

Ele sorriu.

Me levantei e fui com ele pra barraca. Entrei primeiro, me sentei de um lado e depois ele entrou, sentando-se do outro.

Percy acolchoou o travesseiro dele e depois o meu.

– Deita. – Pediu.

Relutante, deitei ao seu lado.

Logo ele deitou, mas virado para mim.

Tinha uma lanterna iluminando o rosto dele. Seus olhos verdes brilhavam e ele tinha um pequeno sorriso no rosto.

Me virei de costas para ele, depois senti uma mão quente em minha cintura.

– Calma, eu não vou fazer nada.

Relaxei um pouco.

– O que acontece, se você terminar com a Tracy? – Perguntei com os olhos fechados.

Ele aproximou o seu corpo do meu, dividindo o mesmo cobertor comigo.

– Como assim?

– Ela viu o nosso beijo, certo?

– Humrum.

– O que acontece, se você terminar com ela e ela pensar que foi por mim?

– Ela vai te fazer sofrer, e muito.

Suspirei de tristeza.

Percy ainda estava com a mão em minha cintura, só que agora fazia pequenos círculos que me causavam arrepios. Eu sentia a sua respiração quente contra o meu pescoço.

Antes de cair na subconsciência totalmente, ouvi Percy dizer:

– Acho que estou apaixonado por você.