Pov. Annabeth

Meu estoque de livros que eu ainda não tinha lido tinha acabado, o que significa que eu teria que comprar mais.

Eu estava sentada em cima da minha cama criando coragem pra ir me arrumar, eu queria ir ao shopping. Depois de ficar vegetando na cama por mais dez minutos, resolvi ir tomar um banho quente. Me levantei da cama e fui direto pro banheiro, tirei a minha roupa e a joguei no cesto de roupa suja, liguei o chuveiro e fiquei olhando a água cair, depois entrei e tomei um belo banho, desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha, fui pra frente do espelho e fiquei me olhando, saí do banheiro e tremi de frio, estava frio lá fora, acho que ia começar a nevar.

Entrei no meu closet e peguei uma blusa de manga comprida, uma calça jeans, uma jaqueta preta e um coturno. Me vesti rapidamente, penteei o meu cabelo, o deixei solto, peguei um batom rosa claro e passei, olhei na minha caixinha de dinheiro e vi que tinha dinheiro suficiente pra comprar livros, peguei, coloquei dentro da minha bolsa e desci.

Meus irmãos estavam correndo em volta do sofá com uma carteira em mãos, tinha uma mulher gritando atrás dele.

–Benjamim, me dá isso! – Disse ela ainda correndo.

– Vem pegar! – Ele jogou a carteira pro Gary.

– Peguei! – Disse ele balançando a carteira pra cima.

Gary passou por mim correndo, só tive tempo de puxar a carteira da mãos dele.

– Parem vocês dois! – Disse autoritária.

A mulher me olhou e depois sorriu.

– É a irmã deles?

– Sim, e você...?

– Sou Sadie, a nova babá.

– Ah sim, tenho dó de você. – Sorri.

– Não se preocupe, já trabalhei com mais danados... – Ela passou a mãos no cabelo para ajeita-los.

– Tome, a sua carteira. – Estendi.

– Obrigada. – Ela pegou e colocou no bolso.

– Vou da uma saída, acho que não demoro.

– Ok.

Fui pra frente de casa, olhei de relance pra casa dos Jackson e vi que o carro de Percy não estava lá.

Virei o rosto pra rua e vi que ia passando um taxi, o chamei, ele parou e eu entrei.

– Pro shopping, por favor.

– Qual?

– Tanto faz. – Dei os ombros.

O motorista dirigiu rápido até o Shopping, assim que chegamos, paguei a corrida e saí do carro, entrei e fiquei procurando uma livraria, mas vi o Mc Donald’s  e uma vontade súbita de tomar milk shake tomou conta de mim, andei até lá e entrei na fila, senti o  bolso da minha calça vibrar, meu celular estava tocando.

Olhei pra tela e sorri.

– Acho que alguém está esquecendo de seus antigos amigos. – Disse Piper.

– Ninguém mais diz “oi” nessa vida? – Perguntei.

– Foda-se o “oi”

– Grossa! – Disse.

– E aí maninha, tudo bem?

– Tudo, e por aí?

Chegou a minha vez na fila.

– O que vai querer? – O atendente de perguntou.

– Um milk shake por favor. – Disse.

– Eu quero milk shake... – Disse Piper.

– Que sabor? – Perguntou o homem.

– Ovomaltine.

– Eu quero milk shake de Ovomaltine...

– Cale a boca, Pipes. – Disse rindo.

Dei o dinheiro ao homem e fui ao outro lado pegar o meu milk shake.

– E aí gatinha, como foi o baile? – Perguntou ela.

– Foi legal...

– Fiquei sabendo, foi fofo da parte de Mark ir te ver, anw. – Disse ela com a voz um pouco melosa.

–Como ficou sabendo disso?

– Ele me contou, ué.

– Ah.

– E o seu vizinho, o Peter?

– Percy. – Corrigi.

– Tanto faz.

– Você acredita que ele me beijou a força hoje?

– Sério?

– Sério.

– E aí? Vocês ficaram se agarrando calientemente?

– Claro que não! – Acho que disse isso alto demais, pois umas pessoas ficaram me olhando como se eu fosse louca. – Eu fiquei com tanto nojo dele que mordi a boca dele e ainda dei um tapa.

– Ai Annabeth, você não sabe nem aproveitar. – Disse ela com muxoxo.

– Tu é louca? Eu tenho o Mark, não seria certo eu ficar beijando qualquer um por aí.

– Mas e daí? Você tem que aproveitar. Você está namorando com ele? Não, então não existe problema nem um de ficar com outro. – Ela disse como se fosse tudo fácil demais.

Fiquei pensando, por parte ela estava certa.

– Mas o Percy é um cara insuportável, idiota, cretino. – Disparei.

– E como você o descreveu pra mim, ele também é gostoso e lindo.

– Também. – Disse. – Mas ficar beijando outro cara que não seja Mark é estranho... – De repente fica tudo silencioso. – Piper? Ainda está aí?

Eu estava passando por umas vitrines de roupas, eram todas muito bonitas e caras.

– Ah, me desculpe Annabeth... – Disse ela. – Eu vi uma coisa e acabei me distraindo. – Tive a impressão de ela está controlando a voz.

– O que você viu?

– Nada! – Disse ela rápido.

– Tem certeza?

– Sim! Absoluta.

– Tudo bem... – Disse ainda com receio. – Eu estou no Shopping, quero comprar livros, tem alguma dica?

Piper lia livros de vez em quando comigo, ela sempre me avisava quando livros legais eram lançados.

– O povo está falando muito sobre aquele livro, Jogos Vorazes... Acho que você deveria ler.

– Boa ideia, ouvi algumas pessoas comentando também. – Concordei.

– Annie eu vou ter que desligar depois eu te ligo, ta bem?

– Tudo bem então, até mais. – Me despedir.

– Até.

Fiquei andando sem rumo pelo Shopping até encontrar uma livraria, entrei lá e comecei a procurar os livros que eu queria. Acabei encontrando o livro Jogos Vorazes 1, peguei e fui atrás de livros que falavam sobre mitologia grega.

Acabei esbarrando com alguém quando saia da sessão de Literatura Americana.

– Ai meus deuses, me desculpe! – Disse pegando os livros que eu deixara cair.

– Sua estúpida! Preste atenção por onde anda.

Levantei os olhos pra ver quem era a pessoa mal educada, e quando a vi, me levantei rapidamente e sorri.

– Quer saber, retiro as minhas desculpas.

– Tinha que ser você mesmo, olha o que você fez, sujou o meu vestido de sorvete! – Disse Tracy limpando o vestido com um lenço de papel.

Olhei pro lado e vi Percy indo pro lado de Tracy.

– O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntei pra ninguém.

– Eu vim trazer Tracy pra tomar um sorvete. – Percy  me respondeu.

– Percy, tem uma sorveteria perto de onde nós moramos, porque não levou esse amor de pessoa pra tomar sorvete lá? – Disse com certo sarcasmo na voz.

– Ela queria vim pro Shopping.

Revirei os olhos.

– Argh, você manchou o meu vestido! – Disse ela gritando.

– O que está acontecendo aqui? – Perguntou um funcionário da livraria.

– Essa lesada derrubou sorvete em mim! – Disse Tracy apontando o dedo pra mim.

Juro que eu tive vontade de pegar aquele dedo e quebra-lo.

– Eu? – Disse incrédula. – Eu estava passando e ela tropeçou em mim. – Me defendi.

Agora o funcionário olhar pra mim e pra Tracy, e pela cara que estava fazendo, ele ia expulsar eu e ela da loja, então eu fiz uma coisa que eu e Piper vivíamos fazendo quando estávamos pra ser expulsar de algo.

Sorri pro funcionário e comecei a enrolar uma mecha de cabelo no meu dedo, fazendo uma cara um pouco sexy.

– Eu só queria comprar um livros, moço. – Eu disse com uma voz de desculpa.

O homem ficou me olhando por um tempo, e eu sorri pra ele. Ele virou pra Tracy, e apontou pra saída da loja.

– Saia! – Ordenou ele.

Tracy me olhou furiosa, bateu os pés e foi marchando pra fora da loja. Percy ficou me olhando com um cara de quem estava confuso e impressionado ao mesmo tempo. Sorri pra ele e me dirigir ao caixa.

Pov. Piper

Tive que desligar o celular, ou eu ia acabar contando pra Annabeth o que eu tinha visto. Peguei uma sandália e sai do meu quarto, desci as escadas e sai correndo pra fora de casa.

– Pra onde você vai, Pipes? – Perguntou o meu pai quando eu fechava a porta.

Vi um menino loiro sentado no banco da praça que ficava em frente de casa, ele estava acompanhado de uma garota que eu, possamos dizer, odiava.

– Cretino! – Gritei pro menino assim que a menina saiu do seu lado.

Ele tomou um susto, pois quase caiu do banco.

– Piper! – Disse ele se levantando rapidamente. – O que você faz aqui?

– O que eu faço aqui? Eu vi você beijando a Lisa!

– Ai meu Deus! – Disse ele me olhando apreensivo.

– Eu vou contar pra Annabeth, ela não merece sofrer por você Mark, não merece. – Eu disse me virando.

Ele segurou o meu pulso com força.

– Você não vai contar. – Mark disse.

– Vou sim, agora largue o meu pulso. – Disse com raiva.

– Se você contar, Annabeth vai sofrer, ela vai chorar horrores. – Ele disse.

– Mas ela tem que saber a verdade.

– Que tipo de amiga você é? – Ele disse ríspido.

– O tipo de amiga que contar a verdade. – Disse.

– Piper, pensa só: Assim que Annabeth souber que eu beijei a Lisa ela vai ficar chorando, e provavelmente ela vai entrar em depressão, você quer isso pra sua amiga, Piper?

Fiquei pensando por um momento, e por mais que não quisesse admitir, ele estava certo. Annabeth ia entrar em depressão.

Bufei.

– Não. – Respondi.

Ele sorrio vitorioso.

– Boa garota. – Disse ele passando a mão em minha cabeça.

– NÃO TOQUE EM MIM, SEU CRETINO, IDIOTA, NOJENTO! – Gritei.

Nessa hora, Jason chegou perto de mim correndo.

– O que houve? – Ele disse se pondo entre eu e Mark.

– Nada! – Eu disse olhando furiosa pra Mark. – Vamos embora daqui Jason. – Eu disse puxando a mão dele.

Saímos andando pra frente de casa, mas parei e virei pra trás a tempo de ver Mark.

– Você não era assim Mark, não era, cadê o Mark legal que eu e a Annabeth conhecemos, hein? – Eu disse.

Ele sorriu pra mim e se virou.

Continuei andando com Jason até a frente de casa, sentamos na calçada.

– O que houve? – Ele perguntou passando a mão em meu cabelo.

– A gente fala sobre isso depois, ok? Ok.

Pov. Percy

Depois que eu sair da livraria, fiquei andando o Shopping inteiro atrás de Tracy, que saíra furiosa da loja. Eu ainda estava pensando no jeito que ela tinha falado com o funcionário, sorri pro nada, aquela menina sempre me surpreendia.

Peguei o meu celular pra ligar pra Tracy, mas lembrei que tinha excluído o numero dela.

Andei até o estacionamento, procurei pelo o meu carro e assim que o achei, entrei, liguei e dei a ré, sai do Shopping, quando passei pela frente do Shopping e vi Annabeth esperando um taxi passar, ela estava nervosa, digo isso porque ela torcia os dedos e tinha a testa franzida.

– Aposto que não sabe o endereço da sua casa. – Eu disse abaixando o vidro do carro.

Ela bufou e virou o rosto.

– O que você quer, Percy?

– Nada.

– Então vai embora. – Ela disse.

– Qual é Annabeth, entra aí. – Pedi.

– Pra você me beijar de novo? Não, obrigada.

– Prometo que não vou fazer isso.

Ela hesitou por um tempo, até que deu a volta no carro e entrou.

– A não ser que você queira. – Completei.

Ela riu.

– Nem tente, Percy. –  Ela colocou o cinto e olhou pra frente. – Vamos?

– Vamos. – Respondi.

Dirigir até a casa dela, e em todo o trajeto, houve um silêncio, um silêncio desconfortável, até que eu perguntei:

– Quais livros você comprou?

– Jogos Vorazes e um sobre mitologia grega. – Ela respondeu.

– Que bom.

Mais silêncio, de vez em quando eu via Annabeth me olhar com o canto do olho. As vezes eu mordia o meu beiço inferior, ainda estava doendo com a mordida que ela tinha me dado, e ela pareceu perceber isso, pois perguntou:

– Ainda está doendo?

– E muito, você é má, sabia?

– Isso é pra você aprender a nunca mais me beijar a força.

– Um tapa na cara seria o suficiente. – Eu disse.

– Desculpe se eu mordi muito forte.

– Dá outro beijo que passa. – Disse sorrindo malicioso.

– Há há há há, nem a pau! – Ela disse rindo.

– Tudo bem então. – Disse rindo. – Entregue.

– Obrigada pela carona.

– De nada, mas da próxima vez, anota o seu endereço.

Ela bateu o meu ombro de leve.

– Até amanhã, Cabeça de Alga.

– Até amanhã sabidinha. – Eu disse olhando pra ela.

Ela saiu do carro e foi andando devagar pra dentro da sua casa, eu percebi que os movimentos dela não era brusco, mas sim suave, lindo, sorri que nem bobo. Dirigir até a minha casa e estacionei o carro na garagem, sai e fui pra dentro de casa, me joguei em cima do sofá e passei o resto do dia mofando.