Pov. Piper

Mas um dia sem Annabeth, não sei como eu estava aguentando isso. Eu e Annabeth éramos amigas desde os sete anos, fazíamos praticamente tudo juntas, éramos o que se dizia “Best Friends Forever”. Que gay!

– Qual é a aula de agora? – Perguntou Tyson sentando atrás de mim.

– Química. – Respondi.

– Argh!

Tyson odiava a nossa professora, ele dizia que ela era uma mistura de Cão Infernal e uma Fúria.

Mark chegou em sala de aula, revirei os olhos, eu estava com nojo dele. Como ele foi capaz de fazer isso?

– Por favor, não sente do meu lado. – Rezei baixinho.

Mas de nada adiantou, ele me viu e veio sorrindo alegremente em minha direção.

– Posso sentar aqui?

Cara de pau!

– Não. – Respondi.

Ele deu os ombros, jogou a bolsa em cima da mesa e sentou.

– Falei que não, tu é surdo? – Falei com raiva.

– Foda-se.

Revirei os olhos e cai de bruços em cima da mesa, era muito azar pra uma pessoa só. Primeiro a Annabeth vai embora, agora o Mark quer dá uma de mocinho pra cima de mim.

– Olha Pipes... – Ele começou.

– Não me chama de Pipes. – Interrompi.

– Piper, me desculpa?

Olhei incrédula pra ele.

– Não, o que você fez não foi certo cara, não foi! – Disse um pouco mais alto. – Você traiu a Annabeth, você está machucando alguém que te ama, não vê?

– Piper, eu não sei o que deu em mim. – Ele disse tentando se defender.

– Eu sei! Você está mostrando que é um fraco, que não consegue resolver os próprios problemas e fica pegando qualquer uma pra tentar esquecer isso. – Disparei – Mas olha Mark, se você pensa que vai ficar com a Annabeth, e fizer dela o seu brinquedinho, você está muito enganado.

– Você acha que é fácil ter um irmão preso por tráfico de drogas e aguentar o seus pais enlouquecendo em casa? – Ele disse gritando. – Entenda o meu lado também Piper, a Lisa só me chamou pra sair porque eu estava muito mal, e sem querer acabamos nos beijando, pensa que eu não me sinto culpado?

– Agora você é a vitima da historia? E aquela ameaça que você me fez? Acha que eu vou esquecer?

– Aquele não era eu, Piper!

– Era quem então? Porque eu vi você beijando aquela vadia! – Agora a coisa estava séria.

Mark abaixou a cabeça e colocou a mão no rosto.

– O que está acontecendo com você Mark? Às vezes você age como se fosse um cretino. – Eu disse um pouco mais baixo.

– Eu queria tanto poder te contar Piper...

– Conte! – pedi.

– É vergonhoso.

Eu não tinha prestado atenção, mas eu e Mark estávamos brigando tão alto que toda a sala parou pra ouvir, inclusive a professora.

– Mark e Piper, pra diretoria. – A professora disse autoritária. – Agora!

Me levantei e peguei as minhas coisas e sai da sala. O que era tão vergonhoso a ponto de Mark mudar drasticamente?

Pov. Annabeth

A primeira aula do dia era de Biologia e seria no laboratório. Eu tinha ido ao meu armário pegar o meu jaleco e os materiais que iriamos precisar usar. Assim que fechei a porta do meu armário, dei de cara com um par de olhos verdes me encarrando, tomei um susto tão grande que deixei as minhas coisas cair no chão.

Percy riu tão alto que acabou chamando mais atenção do que chamava diariamente.

– Você deveria ver a sua cara! – Disse ele ainda rindo.

– Não tem graça, Percy. – Eu disse pegando as minhas coisas.

– Calma Annabeth. – Agora ele estava me ajudando a recolher o material. – Menina, você está pálida!

Senti os olhos de Percy em mim, e comedi um erro grave de olhar pra ele, ficamos nos fitando por um tempo até que percebi que os nossos rostos estavam próximos, desviei o olhar pro jaleco, mas o olhar de Percy tinha ficado gravado em minha mente. De repente eu senti uma mão puxando o meu rosto, e Percy acabou me beijando. O beijo não foi longo, pois logo Percy recuou e saiu correndo com as minhas coisas.

Pov. Percy

Agora eu estava realmente morto, beijei Annabeth uma segunda vez. Entrei correndo no laboratório de Biologia, joguei as coisas de Annabeth em cima da Thalia e me escondi entre Nico e Grover.

– Eu sou um homem morto! – Eu disse.

– Que foi cara? – Perguntou Nico.

– Eu beijei Annabeth cara, agora eu to lascado. – Eu disse.

Nico riu tão alto que a professora lançou um olhar maligno digno de um Oscar. Annabeth entrou na sala, ela correu os olhos até pararem em mim, ela andou em minha direção e o meu sangue gelou, mas por pura sorte, Thalia a puxou e ela acabou caindo na cadeira, ela se sentou e olhou pra trás. Annabeth me lançava um olhar mortífero.

– Posso dizer uma coisa no vocabulário popular? – Disse Nico.

– Fale.

– Você está realmente fudido cara. – Ele disse segurando o riso.

Empurrei o Nico da cadeira e ele foi com tudo ao chão.

Pov. Annabeth

Eu estava com três sentimentos misturados: Raiva, nojo e surpresa. Será que a mordia e o beijo não tinha sido um aviso suficiente? Percy não tinha amor dela vida, isso estava comprovado.

Thalia me olhava de um jeito esquisito e engraçado ao mesmo tempo.

– O que aconteceu pro Percy chegar correndo feito louco na sala e jogar as suas coisas em cima de mim? – Perguntou.

– Ele me beijou de novo. – Eu disse olhando pro quadro, e por uma razão muito estranha, eu acabei corando.

– Esse garoto é louco, é. – Disse ela balançando a cabeça e se jogando pra trás.

– Ele não tem amor pela vida? – Perguntei.

– Parece que não.

– Ele faz isso com todas?

– Não. – Thalia olhou pra mim. – Ele age de um jeito estranho quando está do seu lado, isso não é normal.

E como sempre, acabei corando.

Pov. Piper

Quem disse que eu e o Mark fomos pra diretoria? Nada disso, ficamos mofando no refeitório, nem um dos dois estava a fim de levar uma suspenção de três dias da escola.

– Mark, o que está acontecendo com a nossa amizade? – Perguntei sentando-me na mesa dele. – A gente sempre foi tão amigos, desde os sete anos, porque essa briga toda?

– Talvez seja porque a Annabeth não esteja aqui, ela sempre manteve o equilíbrio entre a gente.

Sorri lembrando de como Annabeth nos separava quando estávamos brigando.

– Talvez essa seja uma parte do problema, mas e a outra?

– Que outra? – Disse ele confuso.

– Você mudou, Mark.

– Pessoas mudam.

– Geralmente são pra melhor. – Rebati

– Não quero que você saiba.

Legal, agora ele estava me confundindo.

– Saber de quê?

– Você não quer saber a verdade.

– Eu quero sim.

– A verdade é cruel, é dura e machuca. – Disse ele olhando o vazio.

Revirei os olhos, ele não ia me contar a verdade.