Pov. Annabeth

Passei a noite sem sono, eu rolava pra um lado, rolava pro outro, mas nada do sono vim. Por voltas das quatro horas da manhã eu consegui cochilar. Não sonhei com nada, era tudo preto, até que o meu despertador tocou, levantei a mão pra desligar, tateei a escrivaninha tentando achar o botão pra desligar mas não estava conseguindo achar, peguei o despertador e taquei na parede.

Acho que quebrou, pensei.

Me levantei da cama e me arrastei pra dentro do banheiro, fiz a minha higiene depois de tomar um choque elétrico mais uma vez e escovei os dentes, peguei a minha toalha e me enrolei. Saí do banheiro e fui pra frente do meu closet, peguei uma blusa amarela qualquer e uma calça jeans preta, peguei um all star cano longo e penteei o cabelo, fiz um rabo de cavalo, depois peguei uma base pra tentar esconder as olheiras profundas que eu tinha, dei a ultima revisão na minha bolsa e sai do quarto.

Assim que cheguei à sala, meu pai foi me chamando pra dentro no carro, olhei pro relógio e vi que já estava tarde, sai correndo em direção ao carro do papai, ele me levou até a escola.

– Annabeth. – Disse Rachel assim que sai do carro.

– Oi Rachel. – Falei.

– Ah, só pra avisar que o professor de Física não veio, tempo livre hoje. – Ela sorriu.

– Obrigada por avisar.

– Vai ter uma nova seleção pra ser animadoras de torcida, vai querer participar?

Olhei pra ela com surpresa.

– Rachel, eu não danço nada.

– Não é verdade, você dança bem.

– Obrigada pelo elogio. – Disse de forma educada. – Mas acho que ser animadora de torcida não é pra mim.

Ela sorrio torto.

– Tudo bem, mas se mudar de ideia, me avise, ok?

– Ok.

Andei até a sala de aula, eu me sentei na quarta cadeira da primeira fileira, onde dava pra eu me encostar à parede, joguei as minhas coisas em cima da mesa e deitei sobre elas, fechei os olhos e quase dormi. Senti alguém me cutucando nas costas, revirei os olhos internamente, levantei a cabeça e dei de cara com uma garota.

Ela tinha olhos castanhos claros, quase mel, era alta, branca, cabelos cor de chocolate, ela vestia um vestido florido curto. Eu a conhecia de algum lugar, só não lembrava de onde.

– Não pode dormi em sala de aula, sabia? – Disse ela com uma voz irritante e um sorriso falso no rosto.

Reconheci a voz da garota, ela tinha interrompido o meu quase beijo com o Percy, e inexplicavelmente, uma raiva me subiu, respirei fundo uma vez tentando me controlar.

– Por acaso eu perguntei, querida? Até onde eu sei, o professor faltou e eu posso fazer o que eu bem quiser, inclusive dormi. – Falei ríspida.

A garota me olhou dos pés a cabeça, bufou e foi embora. Atrás de mim, Thalia começou a rir.

– Ui, não meta com a Annabeth. – Ela disse rindo.

– Quem é ela? – Perguntei.

– Ela? Ela é a Tracy, ex “namorada” do Percy, a garota que quer tirar Bianca, Rachel e Jully do time de lideres de torcida, a garota que nos odeia. – Disse ela dando os ombros.

– Uau. – Consegui dizer.

Thalia deslizou na cadeira, e colocou o fone de ouvido. Vi Percy entrar na sala e ir sentar na ultima fileira, assim que Tracy o viu, ela andou até a sua direção e chamou a sua atenção, tive a impressão de ver Percy revirar os olhos quando a garota sentou do seu lado.

Voltei a deitar em cima das minhas coisas, fechei os olhos e cochilei.

                                                                        ––––

Pulei da cadeira quando eu ouvi o professor de Química gritar na sala.

– BOM DIA TURMA! – Disse ele.

Até onde eu pude perceber, Thalia também estava dormindo, porque sua cara estava amassada e o seu delineador estava borrado.

Comecei a rir.

– Thalia, o teu delineador está borrado. – Avisei.

– Droga. – Ela pegou um espelho em sua bolsa e se olhou. – Eu deveria ter usado o delineador da Mary Kay. – Disse ela tentando limpar o borrado preto do rosto.

– Mary Kay? Você entende de maquiagem? – Eu disse surpresa.

– Claro né guria? Uso maquiagem pesada todo santo dia.

– Espera, todo santo dia?

– Sim.

Me virei pra prestar atenção na aula, de vez em quando eu via pelo canto do olho Percy bufar, Tracy ainda estava do seu lado. As aulas passaram como um borrão, o que é um milagre pra mim. Thalia puxou a minha blusa e me arrastou pra fora da sala, só tive tempo de jogar as coisas dentro da minha bolsa.

– Que foi? – Perguntei preocupada.

– Nada, só queria sair o mais rápido da sala. – Disse ela dando ombros.

Andamos até o refeitório onde Bianca, Jully, Rachel, Nico e Grover estavam sentando, fomos até a mesa e sentamos.

– Não vão pegar o lanche? – Perguntou Nico.

Deitei em cima da mesa e fechei os olhos.

– To com preguiça de enfrentar aquela fila. – Disse.

– Toma, pega essa maçã então. – Disse Jully estendendo uma maçã pra mim.

– Obrigada. – Me levantei e peguei a maçã.

Jully me fitou, fiquei meio constrangida, Percy chegou a nossa mesa, puxou uma cadeira e sentou do lado de Nico.

– Você está com olheiras, Annabeth. – Ela reparou. – O que fez ontem?

Percy pegou uma pera de Grover e mordeu.

– Ela ficou conversando com um “amiguinho” dela. – Ele disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

– Hum, conversando é? – Perguntou Grover com um sorriso malicioso no rosto.

– Cala essa boca, Percy! – Disparei.

Me levantei da mesa e sai andando, senti três pessoas me seguindo.

– Qual é Annabeth, vai disser que você não estava conversando com o seu amiguinho Mark? – Disse ele sarcástico.

– Eu estava conversando sim, apenas conversando. – Eu disse ainda andando.

– Nossa, até eu queria uma conversa dessas. – Ele disse rindo.

Parei de andar e me virei para encara-lo, vi Thalia e Nico seguindo Percy.

 – Você é um idiota Percy. – Eu disse jogando a maçã na cabeça dele.

– Ai. – Ele reclamou. – Bruta!

– Retardado. – Retrucou ele. 

– Irritante.

– Nerd.

– Eu tenho ódio de você. – Disse eu me aproximando dele.

– Jura? – Disse ele sarcástico. – Pois eu sinto o mesmo. – Agora ele estava bem próximo de mim.

Senti uma raiva absurda me invadindo, mas cometi o erro de olhar em seus olhos, eles estavam com um verde intenso.

Eu deveria dizer algo, mas esqueci, pensei.

Senti Percy me olhar também, mas ele fez uma coisa que eu não esperava, ele me beijou. Sua mão veio de encontro a minha nuca, eu estava tão assustada e confusa que não reagir, apenas deixei ele me beijar, sua língua pediu passagem e eu me dei conta que eu estava em meio a uma briga com ele. Mordi a sua boca e ele logo me soltou. Fiquei com tanto nojo de tê-lo deixado me beijar que dei uma tapa bem estalado em seu rosto, e ele gritou de dor.

– Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai. – Ele disse colocando a mão no rosto.

Nico e Thalia começaram a rir loucamente.

– Se lascou Percy! – Disse Nico aos risos.

Eu estava tão transtornada que fui embora dando passos pesados, e dessa vez, ninguém me seguiu.

Pov. Percy

Eu estava destinado a esquecer Annabeth, não que eu estivesse apaixonado por ela, mas eu não ia ficar chorando sem motivos algum por uma garota que ama outro.

Você vai pegar todas Percy, todas. Eu disse a mim mesmo.

– Duvido que Annabeth queira falar com você agora, Manolo. – Disse Thalia.

Ela e Nico ainda estavam rindo do fora que eu tinha levado de Annabeth, na verdade nem eu sei porque eu tinha beijado aquela garota, ela era irritante, nerd, e não fazia o meu tipo.

– Vocês não vão parar? – Perguntei.

– Não!  – Disseram os dois em tom uniforme.

Revirei os olhos, peguei a minha bolsa e sai andando, vi Tracy conversando com as suas amigas perto de seu armário, rezei pra que ela não me seguisse, mas de nada adiantou.

– Percy! – Disse ela atrás de mim.

– Oi Tracy. – Disse sem emoção.

– Vai fazer algo hoje? – Agora ela já estava do meu lado.

– Não.

– Que bom, vamos tomar um sorvete de tarde?

Parei e encarrei a garota, eu não queria papo com Tracy, afinal, ela só queria popularidade, por isso corria atrás de mim.

– Ta legal, te pego as quarto.

Eu ia passar à tarde em casa, e não queria ver Annabeth e nem ficar pensando nela, Tracy não poderia ser a companhia ideal, mas era ia me distrair por um tempo.

Ela sorriu e beijou o meu rosto, só assim ela percebeu a marca de um tapa em meu rosto.

– O que foi isso?

– Nada.

– Isso é um tapa? – Perguntou ela passando a mão em meu rosto.

– É.

– Oh meu Deus, quem fez isso? – Disse ela próximo ao meu rosto.

Fiquei calado, até que ela me deu um beijo no canto da boca.

– Espero que melhore logo. – Disse sorrindo

Tracy saiu rebolando pra longe de mim, revirei os olhos e fui pra sala de aula.