Havia se passado um mês, apenas um único mês desde que estou com o Chris, se for contar desde quando eu o conheço, não há nem dois meses que começamos a conversar pela internet.

Ele trouxe uma reviravolta na minha vida, ela virou de cabeça para baixo ficando uma bagunça total e de certa forma eu gosto disso, mas vamos dizer que eu tenho um certo receio sobre “mudanças” seja de qual tipo elas forem.

A situação era a seguinte: de “nada” nos tornamos “tudo”, o fato do primo do cara mais popular da escola estar andando com as meninas mais excluídas de todo o “sistema social” estabelecido lá, fez com que a nossos nomes fossem falado aos montes. De repente viramos populares, ou, quase isso. Então os verdadeiros populares se sentiram ameaçados – penso – pela ascensão dos “ninguéns” e começaram a se meter entre nós, tentando afastar não só o Chris da gente, mas também a Liz e eu, só que nada estava adiantando e tudo ficou ainda mais de pernas para o ar quando o astro teen Justin Bieber escreveu na descrição de uma foto onde estavam ele, Chris, Liz e eu – não necessariamente nessa ordem – na piscina da casa dele: “É sempre bom fazer novos amigos”.

Antes de qualquer coisa é melhor eu explicar sobre essa festa na piscina. Foi o seguinte: o Justin tinha apenas o final de semana para descansar, mas pelo que entendi, ele não é do tipo de garoto que fica em casa de cara para cima, então, antes de sair da minha casa, chamou a Liz e eu para ir à casa dele e tomar banho de piscina. A Liz ficou toda animada, claro, e eu disse que falaria com os meus pais, mas provavelmente iria sim, ele ficou animado e disse para eu ir depois foi embora. Ok, quando meus pais chegaram eu os perguntei se podia ir a casa do Justin, e logo disse que o Chris e a Liz iriam, eles perguntaram que Justin, e eu respondi “Justin Bieber”, depois disso eles riram da minha cara e só não deveriam estar pensando em me internar num hospício, porque, eu nunca fui desse tipo de sonhar acordada com meus ídolos e muito menos, ter Justin Bieber como meu ídolo. Mas mesmo assim não acreditaram em mim. Enquanto eles se olhavam e pensavam “será que ela enlouqueceu?”, a Liz chegou e perguntou toda empolgadinha se eu iria à casa do Justin, eu olhei para os meus pais e disse que estava esperando uma resposta. Ela se virou para os meus pais e pediu para que eles deixassem e que seria muito divertido, então logo o Sr. e a Sra. Ashmore deixaram, provavelmente pensaram que eu iria para a casa da Liz e imaginaria que estávamos na casa do famoso em questão como eu fazia quando tinha 7anos de idade junto com as minhas “amigas” do Brasil. Mas eu não tinha mais 7anos, não estava no Brasil, a Liz não é uma amiga do Brasil e Justin Bieber realmente curtiu a gente – e ainda mais a Liz.

A garota ficou tão empolgada que até dormiu lá em casa, bom, dormir tecnicamente dizendo, já que ficou a maior parte da noite acordada graças a ansiedade. No outro dia eu arrumei uma bolsa pequena, apenas para o celular, as chaves e uma roupa extra – nunca se sabe – e nós fomos para a humilde casa do Bieber, que de humilde mesmo não havia nada. Ficamos na piscina a maior parte do tempo, eu tirei apenas a blusa, permanecendo de short – curto, mas ainda sim de short – porque tive vergonha, já a Liz nunca gostou muito de sol e de piscina, o contrario de mim que estava acostumada com isso – o Brasil é sempre quente – e só não entrei realmente por vergonha. Os meninos logo arrancaram a camisa e eu fiquei me perguntando como eu não tinha notado o tanquinho do Chris antes, o do Justin eu já tinha visto em alguma foto que circulava pela internet, mas o do Chris era incomparável com o dele.

E foi nesse momento, antes deles se jogarem na água, que tiramos a foto, eu apenas de short, os dois de bermuda e a Liz, única completamente vestida com um short de pano e uma blusa branca fresca e larga.

Depois eles se jogaram na água, brincaram feito idiotas, nós tomamos coisas, falamos coisas, o Justin e a Liz fizeram coisas – bom, ele logo de cara se mostrou interessado e ela que não iria recusar um pedido de ficar com o amor da vida dela que nunca a tinha visto antes – e depois eu agradeci por ter levado uma roupa extra e ter convencido a minha amiga de levar também. Sim, eles nos jogaram na piscina, mas foi tudo extremamente bom, sem duvida o melhor dia da minha vida.

Agora voltando ao assunto principal, não sei se foi bom ou ruim essa amizade, mas que a escola inteira virou uma loucura por causa disso, não é mentira. Loucura como? Bom, vamos dizer que as coisas pioraram e muito.

As outras garotas começaram a dar em cima do Chris, não sei dizer se foi uma medida desesperada de tentar afastar ele da gente – afinal ele é realmente bonito –, mas posso garantir que isso não me agradava em nada, se alguma delas tirasse o Chris de mim era melhor encomendar caixão e vela preta.

– E aí? Qual é a do convitinho?

– É apenas uma festa idiota sábado à noite.

– Festa de quem?

– Acho que o nome dela é peixe...

– Peixe? – ri.

– É o sobrenome dela me lembra peixe.

– É uma garota né? – o Chris assentiu.

– Kelly Fisher.

– Isso! Essa mesma.

– Então não deve ser idiota, as festas da Srta. Fisher são as mais importantes da escola. Seu priminho mesmo adora.

– Não me lembra do Nate! Aquele eu deserdo! – ri.

– Você vai à festa?

– Não.

– Ué? Por que não? Fazer companhia para o seu primo oras!

– Primeiro que companhia é uma coisa que não falta para ele, segundo que a gente combinou de ir para casa da Liz fazer bagunça já que os pais dela não estão em casa.

– Vai deixar de ir à festa da Kelly por causa da gente?

– Claro! Vocês são as minhas amigas não são? Sem contar que aquele jeito da Kelly me dá náuseas.

– Fala que é repugnante e que dá nojo logo, é mais fácil! – ele riu.

– Oi Chris – uma garota com um uniforme do time de líder de torcida que mais pareceu sair do clipe “The Best Damn Thing” da Avril Lavigne, chegou se jogando para cima dele. Quem dera se, pelo menos, ela fosse a única.

Logo em seguida chegaram mais, depois de segundos já eram cinco cheeleadears em cima dele.

– Chris? – ele me olhou.

– Não liga para ela – a loira que chegou primeiro disse.

– Ela não é nada – a loira que chegou por último completou.

– Chris! – o repreendi.

– Sai daqui garota – a ruiva que chegou terceiro me expulsou.

– Chris... – eu sentia que iria chorar, como assim ele via do jeito que as garotas me travam e não fazia nada? Só ficava me olhando com aquela cara de assustado, mas custava sair dali do meio, ou dizer alguma coisa para me ajudar?

– Vai embora, vai! – a primeira loira falou mais uma vez.

E assim fiz, me virei e saí dali, depois me virava com o Chris, mas preferia dar as costas do que deixar que elas me vissem chorando.

– Jess! – agora ele aprendeu a falar?

Continuei andando.

– Jess! Jess! Espera – ele me alcançou e segurou meu braço.

– Que foi? Tem cinco cheeleaders lá te esperando! – disse ríspida.

– Eu não me importo com elas! Qual é?

– Eu que te pergunto Christian! Elas me expulsaram dali e você não fez nada!

– E você desistiu.

– Olha para mim idiota! Você nem desconfia por que eu virei às costas?

– Você está cho...

– Gênio.

– Que foi Jess? – ele segurou meu braço de novo quando tentei me afastar.

– Eu sabia que isso iria acontecer, das outras vezes você não demorava para se afastar delas e voltar a ficar perto de mim, mas agora... sabia que você não iria resistir.

– Jess...

– Me solta Chris.

– Mas...

– Me solta! – gritei de um jeito mandão, já irritada.

– Quer saber Jessica? – ela me soltou e começou a gritar de novo – Eu realmente não me importo com aquelas garotas que só sabem bancar as vadias sem amor próprio! Eu não me importo que você é a garota excluída e que todos inclusive o estúpido do meu primo zoam, sabe por que? Porque eu gosto de você! Gosto mesmo! Talvez, quem sabe eu não posso dizer que te amo!? E você não sabe o quanto eu fiquei feliz no dia que conversamos pelo “The...umblr”, muito menos a sensação que eu tive assim que descobri que éramos da mesma escola! Parecia que o meu coração sairia pela boca... Parece bem bobo um garoto dizer isso, mas sei lá, você me deixa assim, com tantas incertezas, sendo que a única certeza viva em mim é que eu quero você. E sabe, eu gosto disso.

Eu estava pasma, não sei, meu coração batia forte e como ele mesmo disse, parecia que sairia pela boca, eu não esperava e nem a escola toda que nos encarava agora.

– Eu? Por que eu? – pergunta idiota! Sem noção, mas meu cérebro andava devagar.

– Você é especial para mim.

– Mas eu sou... – parecia que a minha mente não queria aceitar o fato.

– Linda. Mas você é linda.

– Ok, agora, diga isso para eles – acenei com a cabeça para a platéia atrás dele. Ele olhou de canto de olho depois voltou a atenção para mim.

– Mas eu não me importo com eles – ele segurou meu rosto com as mãos aproximando do dele – eu me importo com você.