– Tem alguém tocando a campainha Jess!

– Jura Liz? Achei que tinha ficado surda – gritei de volta.

A situação era a seguinte: Meus pais haviam me deixado sozinha em casa e pretendiam demorar, por isso, a Liz veio para cá e ficamos grudadas na frente do computador o tempo todo, mas senti fome como sempre e desci para pegar alguma coisa que satisfaria meu estomago enquanto ela ficava lá no meu computador bancando a autora do “The Angel from your nightmare” um dos Tumblrs mais famosos da internet – orgulho! Ele é meu. Mas antes que eu terminasse meu sanduíche de pasta de amendoim e pão integral – foram às únicas coisas que achei – alguém tocou a campainha.

Bom, fui abri a porta ainda com duas mordidas de sanduíche na mão.

– Oi Jess – a minha sorte, ou azar, foi que eu estava terminando de mastigar um pedaço, então, ao invés de ficar boquiaberta, fiquei apenas de olhos arregalados pela minha perplexidade até engolir – Podemos entrar?

– Ãr... claro, entrem – respondi assim que voltei a mim.

Fechei a porta depois que eles entraram.

– Fiquem a vontade – apontei para a sala de visitas que ficava a esquerda deles que entravam, do outro lado era a cozinha – Liz! – fui até o pé da escada e gritei – Desce aqui, temos visitas que você vai adorar! – mordi o pedaço do sanduíche esquecido numa das minhas mãos.

– Espera! Estou trolando com um garoto aqui!

– “Trolando”? Você está a tempo demais nesse computador! Desce logo e para de zoar com os meus seguidores!

– Espera aí!

– Agora! – gritei mais alto, depois pus na boca o último pedaço do sanduíche e fui para a sala.

– Quanto amor – o Justin falou.

Justin? Que Justin? Simplesmente, Justin Bieber, o cantor que a minha melhor amiga simplesmente era fascinada e que eu nem imaginava que o Chris conhecia. Sim, o outro garoto era o Chris.

– Depois de um tempo você se acostuma – disse ainda um pouco perplexa.

– E como se acostuma! Depois de um tempo, é você os alvos dos elogios – o Chris comentou e depois riu.

– Do jeito que o Chris fala que você é, não duvido.

– De que jeito o Sr. Beadles fala que eu sou? – ouvi passos descendo as escadas. Na verdade eu já tinha os ouvido antes e imaginei que fosse a Liz, mas de repente pararam e só voltaram quando terminei de falar.

– Eu achei que estava louca! – virei e a vi vindo na minha direção gesticulando e olhando para os ares – Achei que tinha ouvido a voz do meu bebê Bieber – de imediato apertei os lábios firmes para não ri, mas não deu para segurar a gargalhada quando ela, já do meu lado, abaixou os olhos e viu seu adorável ídolo teen sentado no meu sofá depois de dizer “meu bebê Bieber” e ficou com a cara de: “Por favor, diga que é um sonho, me belisque, faça qualquer coisa! Mas não me faça crer que disse isso na frente de Justin Bieber”

Mergulhei no sofá com a cara enfiada no assento acolchoado, abafando a minha risada incontrolavelmente alta e escandalosa. Não consegui evitar, o Chris também não, o pouco que consegui vê-lo, ainda rindo, ele estava quase do mesmo jeito que eu, pareceu ter caído no sofá também enterrando a cara. Depois de uns 15 – talvez mais ou menos, não tenho uma boa noção de tempo – minutos rindo, nos acalmamos e eu enxuguei as lágrimas escorridas no meu rosto de tanto que eu ri.

O Chris e eu nos sentamos, respirando fundo e olhando um para a cara do outro soltando curtas risadas.

– Bom, Chris, é melhor você fazer as devidas apresentações já que o amigo é seu.

– Certo. Justin essa é a Jessica – ele assentiu sorrindo para mim e eu fiz o mesmo também sorrindo – e essa é a Liz, sua mamãe, bebê Bieber! – como sempre o Chris não perdeu a oportunidade de zoar.

Voltamos a gargalhar, mas o Justin continuava controlando a risada apenas de cabeça para cima e a Liz de olhos arregalados e as bochechas em um vermelho da cor do cabelo.

Depois de algum tempo – menor do que de antes – paramos de rir mesmo, definitivamente – pelo menos sobre esse assunto.

– Poxa Chris, dá próxima avisa que trará visita me arrumaria melhor e evitaria que me vissem assim – o “assim” eu me referia a uma blusa preta que meio colada com um generoso decote em U e um short com estampas havaianas meio verde, azul e branco que ficava um pouco curto em mim, quando eu sentava então! Bom, típico para ficar em casa e não para receber visitas ilustres.

– Você disse que ela é do Brasil né? – o Justin falava, pensando que era baixo, no ouvido do Chris, mas eu escutei. O Beadles assentiu. – Estou ainda mais ansioso para ir ao Brasil então – ele falou mais alto e ponto as mãos atrás da cabeça depois de ter encarado bem as minhas coxas e eu ter puxado a primeira almofada do sofá e por no colo.

– É realmente bom Chris que você avisasse – a Liz disse parecendo ter se recuperado da vergonha, ou não.

– Ué, mas você disse que elas não se importariam se você viesse sem aviso. – o Justin perguntou a ele.

– E não nos importamos – a Liz respondeu e o Justin me pareceu não entender.

– O Chris já é de casa, apesar de ter vindo aqui só uma vez.

– E o seu pai não ter largado os olhos de cima de mim – rimos.

– Pois então! Ele é como a Liz, vem quando quer, entra quando quer, sem nem prévio aviso. Já é de casa!

– Falando nos seus pais Jess, eles estão aí? Está o maior silêncio.

– Não, eles saíram, não sei para onde ou porque, só sei que vão demorar.

– Oba, o dia inteiro a casa para nós!? – Chris.

– Era para termos “medo” disso? – a Liz perguntou com a testa franzida.

– Quem sabe?

Talvez poderíamos ter levado isso a sério se não tivéssemos começado a rir depois.