Desde que cheguei às coisas não têm sido muito animadoras, minha casa está uma zona e eu estou me sentindo sozinho, posso estar exagerando, mas não conheço ninguém em Atlanta além do meu primo, Nate, mas não demorei muito para descobri que ele era um estúpido. Sabe aquele tipo de garoto popular que dá em cima de todas as garotas e zoa com qualquer um que não se parece com ele? Pois então, era ele mesmo. Tanto amor próprio chegava a me dar nojo, se achava o supremo rei da escola e de qualquer lugar que ia.

Em três dias de aula e eu já queria arranjar amigos para ficar longe dele, mas não queria parecer desesperado, apesar de estar.

Não acredito que um idiota como esse é da minha família. Qualquer coisa, negarei até a morte que ele é meu primo, não temos nada haver, nem os nossos sobrenomes são os mesmos! Pelo menos uma coisa boa tinha que acontecer comigo nesse lugar. Ele Sidle, eu Beadles, semelhantes, mas não igual, apenas com o final semelhante! Isso. Isso.

– Carne nova no pedaço Nate! – um dos amigos dele falou assim que viu uma garota atravessar o pátio da escola

Eu não sabia o nome desse “amigo”, sei lá, acho que ele era ala do time de basquete, algo assim, outra coisa que ferrou comigo! Eu tinha até esperanças de entrar para o time de basquete – apesar de ser um pouco baixinho – quando meus pais me disseram que o Nate era o cestinha do time, capitão e bla, bla, bla, mas aí descubro que meu primo é um idiota. Desisto! Realmente desisto!

– Até que enfim alguém gostosa nessa escola. – eu realmente precisava ouvir isso? – Mas vou deixar para o meu primo aqui? – Quem?

– Quem?

– Você cara! Deu sorte que teu primo é “o cara” – super modesto também – garotas, festas, tudo o que você quiser! O que me diz?

– Dispenso – voltei a encarar o celular.

Ele tirou o braço do meu ombro e voltou a ficar como louco só porque a menina olhou para ele, jogando “charme” para o time de basquete que estava junto comigo – ou melhor, eu junto com o time.

Estava ocupado demais para prestar atenção em idiotices como essa.

Jess:

Eu não podia está conversando com você.

Chris:

Por quê?

Jess:

Estou na escola menino e aqui é proibido celular!

Chris:

Na minha escola também, mas, por favor, não faça logoff! Meu primo é um idiota, não sei se aguento muito tempo.

Jess:

Haha. Se você está dizendo que ele é tão ruim assim, quem sou eu para duvidar?

Chris:

Bahaha

Jess:

Chris, espera um pouco. Vou até o outro pátio procura a Liz.

Chris:

Volta logo!?

Jess:

Quanto desespero.

Chris:

Pois então. Volta?

Jess:

Haha. Já volto, é rápido.

Suspirei alto. A Jessica de repente é de extrema importância para mim, talvez exagerei no “extrema importância”, mas sei lá, gosto dela, muito. Ela é diferente das garotas como aquela loira que ainda jogava charme para os tarados ao meu lado, ela me fazia rir mesmo que fosse “virtualmente”. Ás vezes queria que ela estivesse comigo, mas – outro suspiro alto.

– Olha lá! A analfabeta! Cadê a amiguinha estranha de cabelo colorido? – levantei os olhos e vi uma garota meio loira estranhamente conhecida por mim dando meia volta – Qual é Jessica! Volta aqui gatinha! – o Nate falava na voz mais zombadeira e desprezível possível.

A garota não deu confiança e continuou andando até sumir de vista. Mas eu não sosseguei, a conhecia de algum lugar e tinha certeza disso, agora precisava saber de onde.

Levantei em um impulso e andei apressado pelo pátio. Assim que virei e entrei no outro pátio, vi a mesma garota de cabelo castanho loiro, parada.

– Com licença? – ela se virou.

– Ei! Você é o garoto do skate!

– Isso! Então é daí que te conheço! Claro! Como poderia me esquecer!

– Me pergunto o mesmo! Até agora não sei como sou capaz de passar o dia inteiro com alguém e nem ao menos saber o nome – rimos.

– Claro, acabamos esquecendo a formalidade! Prazer, sou Christian Beadles – o sorriso dela desapareceu na hora, ela me encarava boquiaberta e surpresa demais para dizer alguma coisa.

– Me faz um favor – ela disse calma – olha no seu celular e me diz se tem uma mensagem dizendo “voltei, ainda está aí?” – ela fez uma entonação diferente e eu ri daquilo, mas ela me olhava tão estranho que minha risada não durou muito.

Fiz o que ela disse, olhei no celular e realmente tinha uma mensagem na Jess dizendo “Voltei, ainda está aí?”.

Espera, o Nate a chamou de Jessica.

A olhei surpreso, talvez boquiaberto como ela me olhava segundos antes.

– Prazer, sou Jessica Ashmore.