Can I go out and kill tonight?
I feel, I feel like taking a life.

Rippin Kittin - Miss Kittin

- Cuidado! – Sean quase caiu. – Zoey, controle-se!

- Eu não quero me controlar. Por que voltamos para casa? Eu quero a festa. – Zoey cantarolava, tentando dançar e caindo nos braços de Sean, que tentava carregá-la para o quarto.

- Shane, pare de rir e venha ajudar. – Sean exigiu.

- É seu problema, cara. Por mim, deixávamos ela dormir aí no chão da entrada.

- Posso concordar com a idéia? – Lara pediu, nervosa. – Não estou afim de dividir o quarto com ela.

- Não vou dormir no chão! – Zoey protestou, ouvindo partes da conversa. – Shane...

- Faça-a calar a boca. – Shane pediu a Sean, sem nos deixar ouvir o que Zoey tentou dizer.

Eu os assistia sem demonstrar emoção alguma. Zoey havia bebido e estava fora de si. Sean, sóbrio, tentava ajudá-la, e Shane, também bêbado (não tanto quanto Zoey), fazia piadas para irritá-los. Lara, como sempre, estava aflita.

É, eu sei, eu também me pergunto o tempo inteiro como diabos minha equipe é a melhor da CEAA.

 Com dificuldade, Sean conseguiu levar Zoey para o quarto e a deixou lá. Quando voltou, forçou Shane a ir dormir e, depois, desceu com lençóis e cobertores.

- Eu não vou dormir naquele quarto. Shane fala dormindo. – Ele se explicou.

- Posso dormir na sala também? – Lara pediu. Sean pareceu ficar sem jeito. Olhei para ele, incrédula.

- Durma no meu quarto se quiser. – Falei com Lara. – Eu durmo aqui embaixo.

Sean não escondeu a expressão de alívio que, para a sorte dele, Lara não notou. Ela estava ocupada demais me olhando incredulamente. Aparentemente, uma boa ação não condizia comigo.

Lara subiu e foi para meu quarto, enquanto Sean e eu carregávamos dois colchões para a sala. Tomei banho primeiro e vesti um pijama qualquer, depois desci com uma calça jeans e uma camiseta nos braços. Eu sempre era a primeira a acordar, e não pretendia entrar no meu quarto enquanto Lara estivesse dormindo, portanto tinha que separar minha roupa.

Ela não demorou a ir se deitar, então fiquei sozinha com Sean na sala. Antes que pense que eu estava estragando a chance de minha amiga de ficar sozinha com o garoto que ela queria, entenda que Sean não queria ficar sozinho com ela.

- Não acredito nisso. – Falei, com ele, depois que me certifiquei de que todos estavam em seus devidos quartos. – Você realmente não queria dormir no mesmo cômodo que ela? O que pensa que iria acontecer? Ela não pensou em nada além de dormir.

- Eu não quero que ela pense que eu não a respeito. – Ele se explicou. – E eu sei que ela não vai pensar nada sobre nós dois.

- Eu devo tomar isso como um elogio, insulto ou ignorar?

- Arya, você é minha amiga desde que entrei naquela Central. Eu vi todas as Aryas que você já foi. Carinhosa, tímida, apaixonada, medrosa, fria... Se fosse para ficarmos juntos, eu já teria tentado alguma coisa. – Ele sentou. – Você é minha melhor amiga, e eu sei que nada disso chega nem perto de tocar seu coração agora, mas ninguém nos vê juntos. Fale a verdade, ficaria comigo?

Fiz uma careta, mas como era escuro, ele não pôde ver.

- Não. – Admiti.

- Exatamente. Não, não estava a insultando.

- Não precisava tentar ajudar minha auto-estima. – Comentei. – Não sou insegura. Foi só uma pergunta de brincadeira. – Eu ri. – Sério, Sean, acho que Lara espera que você tome atitude. E ela não vai esperar para sempre.

Não falei mais nada, deitei-me e fechei os olhos. Ele entendeu o recado e, em questão de minutos, estava dormindo.

Tive que esperar até uma da manhã para me levantar e trocar de roupa. Saí da casa sem fazer barulho e, uma vez na rua, chamei Ashley.

- O que foi? – Ela estranhou. Era raro eu chamá-la de madrugada.

- Preciso que investigue todos da Central. O que Sean falou me deixou preocupada. – Admiti. – Não tive tempo para falar com você antes, mas eles chegaram perto demais de seu irmão. Precisamos de um segundo plano de fuga e eu preciso estar preparada para o caso de ter que interferir e ajudá-lo. A Central não pode saber que eu sou a traidora.

- Por que isso agora?

- Porque não acho que Sean esteja certo. Acho que suspeitam dele. – Contei, e Ashley ficou tensa. – Na noite em que ajudamos Cale a fugir, Gideon tentou ligar para ele, e ele não atendeu. Infelizmente, eu disse a todos que estaria na sua casa, arrumando suas coisas para doar para alguma caridade, então não pude ser o álibi dele. Ele disse que esteve na praia comigo. Gideon nunca contou a ninguém porque eu pedi. Eu disse que sabia que não era Sean, e ele acreditou em mim, mas...

- Mas você acha que ele nunca deixou de suspeitar e, agora, depois de matarem aquele garoto por acidente...

- Ele ficou sem escolha. – Conclui. – Ashley, se eu estiver certa, não é só Cale quem está em perigo. Enviar a mim e Sean para a missão? Eles vão testar Sean. Se ele for considerado o traidor, eu terei que eliminar os dois. Não vou fazer isso.

Ashley desapareceu. Eu sabia que ela foi investigar, seguir cada membro da Central até descobrir tudo o que eles sabiam. Suspirei e sentei-me, encostando-me na porta. Não estava com sono, tampouco estava bêbada. Eu estava entediada e, mais do que isso, elétrica.

Queria ação. Queria sair, caçar alguém ou alguma coisa.

Em um impulso, eu estava seguindo pela rua, procurando por ladrões, seqüestradores ou qualquer coisa do gênero. Eu não era do tipo benfeitora, mas pegar alguém me faria relaxar. Havia muito tempo desde minha ultima missão, e eu não gostava das regras da missão atual. Fazer amizade e matar? Demoraria demais.

Por isso, quando ouvi uma garota gritar, sorri e corri para ajudar.

Eu nem imaginava que estava prestes a mergulhar mais fundo no que seria um pesadelo inacabável.