Eu não sei o que está acontecendo. Apenas sei que quando abri meus olhos eu estava acorrentado. Correntes negras prendiam meus pulsos. Não, essas correntes estavam me prendendo, estavam amarrados em meu corpo, minhas pernas. Em todo o meu corpo.

Embaixo de mim, água. Não, uma água vermelha. Isso não é água. É puro sangue.

O lugar está totalmente escuro, não posso enxergar muito, eu posso ver apenas um portão à minha frente, onde eu posso escutar choros e gemidos, também escuto gritos de milhares de pessoas.

Eu fechei meus olhos, suspirei.

–É isso, eu morri. Este é o inferno.

De repente uma voz à minha frente me diz:

–Não, ainda não é o inferno.

Eu levantei minha cabeça. De repente chamas surgiram perto do portão, a única coisa que eu podia ver ali além do sangue e das correntes.

–Essas correntes negras, você pode enxergá-las não é?

–De que isso te importa?

–Sim, você pode.

–É, e não sei como também. Eu até consigo sentir, mais eu não sei se poderia ver nessa escuridão.

–Você pode vê-las, é isso que eu quero saber. Já que você pode, eu não devo te dar explicações.

Eu olhei para baixo. Mão começaram a sair desse sangue. Mãos humanas, mãos de esqueletos, mãos com a pele saindo, eu podia ver seus ossos, sua carne. E antes de chegarem perto de mim, elas pegaram fogo e afundaram.

–Você percebe quem eu sou?-A ''coisa'' me perguntou com uma voz demoniaca.

–Um filho da puta.-Eu respondi sem voltar meus olhos para ele, ainda olhando para o sangue.

Eu voltei meu olhar para ele, pude ver, agora claramente sua pele vermelha. Não, aquilo eram pelos. Ele tinha três olhos vermelhos que brilhavam na escuridão. Uma grande bola de fogo se acendeu acima de nós.

Ele começou a rosnar. Eu resolvi entrar na brincadeira rosnando mais alto. Ele rugiu. Seu rugido atingiu diretamente minha alma, fazendo-me gelar.

Eu senti meu coração parar por 3 segundos.

Olhando bem para ele, eu percebi dois chifres saindo de sua testa.

–''Inveja, tu conhece ele?''-Eu pensei, esperando que Inveja pudesse me ajudar.

Não obtive respostas.

–Bem, então...-ele começou a falar.-...Quatro de meus filhos fugiram. Quero que você os busque.

–Eu não vou fazer nada por você seu lazarento estranho!-Eu gritei tentando demonstrar confiança. Mesmo sentindo o maior medo que já senti.

–Eu posso farejar seu medo, você não passa de um verme se comparado à mim. mais já que você realmente não percebeu quem eu sou. Eu sou...-Na hora em que ele iria se apresentar, uma luz surgiu entre nós dois. Essa luz se tonrou um redemoinho brilhante, e desse redemoinho uma voz que parecia um trovão disse:

–Cale a boca, ele não é seu. Volte a usá-lo, e eu voltarei.

Assim que a voz terminou, um brilho cegante surgiu, e então eu acordei com o Trovão me empurrando frenéticamente.

Mais isso não foi um sonho, seja lá quem... ou o que for, se utilizou da hora em que eu estava mais indefeso para se comunicar comigo.

–Hei, Wind o que você vai fazer hoje?

–Vou procurar uma instituição focada em estudar medicina, pra mim ver se acho uma maneira do meu irmão voltar a andar. Aliás, que dia é hoje?

–15 de Março.

Eu pulei da cama e fui me arrumar. Em 2 minutos eu estava pronto, peguei as sacolas de dinheiro, dei para o Trovão e disse:

–Hoje é aniversário do meu irmãozinho. Faça tudo o que ele quiser, eu vou dar duro pra arranjar uma maneira de fazer ele voltar a andar. Depois de amanhã, se estiver tudo certo, vamos voltar para casa.

–E o monte Onasai?

–Era mentira, só pra podermos ficar aqui mais um tempo. Agora vai.

Eu acordei meu irmão, dei os parabéns a ele, ajudei ele a se arrumar. Entreguei o dinheiro para o Trovão e corri para a faculdade de medicina mais próxima.

====================================================

Uma nota básica: a fic é minha, eu boto até internet em 1782 se eu quiser.

hah