(...)

– Humpf. Odeio esses filmes românticos que acabam tudo a mil maravilhas! – Justin revirou os olhos, roubando uma colherada do meu sorvete.

– Queria o que? Que acabasse com um final ruim, é? – eu ri fraco, enquanto o empurrava de leve.

– Tinha que ser algo realista! Nada acontece assim na vida real... – ele fez uma careta interrogativa. – É meio... Sem graça. – colocou a língua pra fora e eu me permiti rir abertamente enquanto o via comentar em como o filme era totalmente irreal.

Bom, pra explicar, era um sábado à tarde. Sem compromissos, sem gente chata pra encher o saco, sem te nada pra fazer. Justin não estava com sua namorada por perto e eu estava sozinha em casa. Então, ele veio até a minha humilde residência e colocamos um filme da mamãe aí e ficamos assistindo enquanto eu comia um pote inteiro de sorvete – nem sou gulosa -, claro que Justin roubava uma colher ou outra do meu doce.

Ele ainda comentava o quanto filmes românticos poderiam ser irreais. Às vezes acho que possa ser verdade.

Essa semana foi bem corrida para ambos. Amanhã tinha um grande compromisso que eu, infelizmente ou não, teria que acompanhá-lo. Ele estava dando graças a Deus por ter tido o dia de folga hoje. E eu também.

– Justin, chega de reclamar do filme, menino! – gritei enquanto sem querer deixava a colher em minhas mãos escapar e ela voava para sua cara.

Dei uma gargalhada histérica totalmente alta. Justin estava com a cara toda suja de sorvete, enquanto passava a língua pelos lábios com a intenção de tirar o sorvete do rosto. Puxei a colher que estava no seu colo e coloquei dentro do pote novamente.

Justin me olhava com uma cara emburrada. Eu ainda ria descontroladamente da sua cara toda lambuzada e as pontinhas dos fios de cabelo da sua franja pingavam de sorvete.

– Isso foi hilário! – apontei pro seu rosto. Justin revirou os olhos e deu um sorriso malicioso em seguida. – Desculpas? – fiz biquinho, tentando prender o riso.

– Vai ter troco! – Justin me fez algumas cócegas, enquanto eu me contorcia e deitava no sofá de tanto rir.

Dei alguns tapas em Justin e ele segurou meus pulsos e ficou por cima de mim. Meu riso foi cessando aos poucos. Fitei seu rosto, com um sorriso malicioso estampado. Ele me fitava por cima, parecia analisar onde um borrão de sorvete ficaria mais bonitinho em meu rosto.

– Estamos quites? – mordi os lábios. Esperando que ele dissesse um sim e saísse de cima de mim logo após.

– Ainda não, espertinha. – ele me deu língua, enquanto pegava o pote de sorvete.

Ele tentou fazer uma risada maléfica e engasgou. Aquilo me fez gargalhar mais ainda.

Fechei os olhos e alguns segundos depois senti meu rosto ficar mais gelado. Quando os abri, tentei dar uma olhada, mas, bom, pelo dedo sujo de sorvete de Justin, percebi que ele havia sujado minha bochecha toda de sorvete. Passou o dedo sujo pelo meu nariz, me deixando com um borrão de sorvete na bochecha e no nariz.

– Idiota! – bati no seu braço, rindo um pouco. Não consegui ficar séria ou me fingir de brava.

– Agora... Bom, estamos quase quites! – ele inclinou, deixando seu rosto próximo do meu.

Seu sorriso travesso me deixou com medo e eu pisquei diversas vezes para constatar se ele estava mesmo tão perto assim.

– O que esta pensando dessa vez, Bieber? – disse num sussurro, depois de algum tempo em silencio.

– Em como você fica engraçada com esse sorvete na cara. – ele deu uma gargalhada totalmente gostosa.

– Pode tratar de limpar meu rosto, Justin Drew. – arqueei uma das sobrancelhas, com um sorriso brincalhão.

– Mandona. – ele riu, enquanto se aproximava um pouquinho mais.

Fechei os olhos sentindo Justin... Bom... Parecia lamber a minha bochecha, onde estava o sorvete.

– Eca! – resmunguei, rindo fraco.

Ele mordeu minha bochecha e depois beijou a ponta de meu nariz, onde também tinha sorvete. Ótimo. Agora eu estava com sorvete e baba de Justin pelo meu rosto. Ri alto daquilo e pensei em como nós poderíamos ser tão infantis!

– Isso é nojento! – murmurei, enquanto ele limpava o seu rosto inutilmente com as costas das mãos.

– Nojento é a minha cara cheia de sorvete de chocolate. – ele fez careta, de novo. – Eu nem gosto de chocolate. – fez beicinho.

– Ahhh, ficou bonitinho assim. – ri, enquanto bagunçava o seu cabelo e, sem querer –ou quase isso- deixava mais um pouco de sorvete de chocolate grudados em seus fios de cabelo.

– Arrrgh! Meu cabelo não, Joanne! É golpe baixo! – ele rangeu os dentes parecendo bravo, mas, riu em seguida.

– Ah, é? Vai fazer o que? – franzi a testa.

– Bobona. – ele acariciou minha bochecha limpa com o polegar.

Eu fiquei meio distraída com aquele gesto bobo e tão... Fofinho. E com aquele sorriso e os lindos olhos castanhos e... Droga! O que... -

Empurrei Justin o fazendo cair no chão, enquanto eu me levantava e via minha blusa rosa clara, agora com um enorme borrão de sorvete de chocolate. Eu olhei pra ele incrédula, enquanto o via se contorcer de rir.

– ISSO SIM FOI GOLPE BAIXO! – praticamente berrei.

– Você é tão inocente Joanne. – ele mordeu os lábios, enquanto tentava cessar os risos.

– CORRA, SEU IMPRESTAVEL. – berrei, semicerrando os olhos.

Justin saiu correndo escada a cima, enquanto eu corria o mais rápido que podia atrás dele.

Corremos em círculos pelo corredor, até que ele entrou em um quarto –meu quarto- pulou na cama, enquanto eu tentava puxar seu pé inutilmente. Até consegui, mas, ele caiu sentado e logo se levantou saindo correndo porta a fora, antes de eu fazer alguma coisa.

Cansei de correr atrás dele e simplesmente fiquei parada no meio do meu quarto de braços cruzados.

Garoto idiota!

– O que foi, Joanne? –Justin apareceu na porta do meu quarto.

Continuava com o sorriso travesso, as pontas dos fios de cabelo sujas de sorvete e o rosto todo melecado.

– Você é tão infantil... – eu acabei rindo.

– Olha quem fala! Você que atacou a colher em mim! – ele fiz biquinho, como se fosse a vitima da historia.

– Olha meu estado! – apontei pra minha blusa que estava praticamente ensopada de sorvete.

– Ah... Ta linda, Jo. – ele riu meio irônico e eu lhe dei língua.

– Melhor tomarmos um banho. – ri, apontando pra porta que dava pro banheiro.

Entramos no banheiro e nos olhamos no espelho. Justin ficou fazendo caretas atrás de mim e mexendo no seu cabelo, dizendo que eu o tinha deixado totalmente... Melecado. E demoraria um século para arrumá-lo.

Ótimo, eu teria que ajudar o metidinho com o cabelo. Esse menino tem uma coisa com esse seu cabelo!

– Entra aí. – o empurrei box a dentro.

Justin me olhou meio surpreso e com um sorriso maroto.

O garoto tirava a blusa, fitando só de bermudas ali. Resolvi ignorar, enquanto já ia saindo do banheiro.

– Vem cá, baixinhaaa. – ele me puxou pra dentro, junto de si.

Parece que esqueceu da minha blusa suja e acabou se melecando de sorvete, eu ri alto.

– Tonto. – bati no seu braço.

Liguei o registro, deixando a água quente do chuveiro cair sobre nós dois. Fui perceber que meu cabelo estava com sorvete também.

Fiquei fitando Justin por um tempo. Ele tinha os olhos levemente fechados, enquanto água escorria por si. Seu cabelo molhado o deixava um pouco sexy, com a bermuda caindo deixando a mostra sua boxer azul clara. Seus músculos pareciam estar ganhando forma e eu... Fiquei com os olhos prensados naquele seu abdômen definido!

– Pensando no que, gatinha? – Perguntou Justin, e então percebi que ele já estava de olhos abertos, me fitando com um sorriso no canto dos lábios.

– Nada de mais. – dei de ombros.

Justin riu, baixando seu olhar pro meu corpo. Me fitei, e vi que minha blusa estava um pouco transparente.

Tentei respirar fundo e não ligar praquilo. Apenas bati no braço de Justin, que riu abobalhado.

– Vem cá. Vou ajudar com o cabelo. – me aproximei dele e peguei um shampoo que estava pela prateleira de vidro.

Despejei um pouco no seu cabelo e comecei a massageá-lo, tentando tirar o sorvete. Senti que ele segurava minha cintura, enquanto estava com a cabeça abaixada, já que Justin era mais alto que eu. Suspirei, antes que acabasse pirando.

Calma... Somos... Só... Amigos.

Eu ri, em meio daquilo. Era engraçado me ver em uma cena daquela com Justin. Ajudei-o a enxugar seu cabelo e em minutos, seu rosto parecia bem mais limpo, assim como seus fios quase-loiros.

Justin sorriu de leve, e passou o dedo polegar pela minha bochecha, limpando o resto de sorvete que ainda tinha melecado nela. Eu ri fraco, aquilo fazia certar cócegas e borboletas voarem pelo meu estomago. Suspirei, engolindo em seco.

– Fazia tempo que não tinha uma tarde como essa. – Justin sorriu maroto, dando de ombros.

– Tãããão infantis. – eu acabei murmurando, enquanto ria.

– Nem tanto, vai. – ele riu, erguendo os ombros.

Eu ri junto, acompanhando aquela gargalhada maravilhosa dele.

Não sei como foi, mas, segundos depois, Justin estava prensando seus lábios nos meus, me dando alguns selinhos, que eu mal pude raciocinar direito. Fechei os olhos... Aquilo... Não... Não era certo! Caralho, Joanne! Acorda menina.

Bom, eu não acordei.

Justin mordeu meu lábio inferior, o puxando em seguida e voltou, me dando outro selinho. O que esse garoto queria? Ele passou a língua por entre meus lábios, mas, apenas voltou a me dar outro selinho. Sem nenhum beijo longo ou algo assim.

Ele passou a beijar meu pescoço, trilhando uma linha fervente e que estava me deixando louca. Ele mordiscava meu pescoço de leve, enquanto eu dava alguns suspiros. Pude sentir minhas costas baterem na parede. Justin levantou o rosto, fitando meus olhos. Meus dedos estavam entrelaçados no seu cabelo. Ficamos nos fitando por alguns minutos, ou talvez apenas segundos, que parecera uma eternidade. Talvez um estivesse tentando ler nos olhos dos outros se aquilo seria certo ou não.

Seus lábios pressionaram nos meus mais uma vez, fazendo uma corrente elétrica percorrer pelo meu corpo enquanto sua língua pedia passagem.

– JOANNE! JO! – ouvi alguém gritar meu nome.

Como reflexo, empurrei Justin, se afastando antes mesmo que pudéssemos continuar o tal beijo.

Justin me fitou mordendo os lábios.

Eu saí do box e peguei uma tolha, ouvindo alguém gritar meu nome mais uma vez. Justin ficou lá, embaixo da água me fitando como se não entendesse merda nenhuma.

Meu irmão Tyler logo apareceu no meu quarto, me encontrando no banheiro, enrolada em uma toalha e um Justin sorrindo travesso atrás de mim.

– Ahn... Legal... Aconteceu o que por aqui? – Tyler cruzou os braços.

Ele não era exatamente um irmão protetor e essa coisa toda. Até porque, ele era mais novo. Mas, andou me enchendo o saco a respeito de Justin a um bom tempo. E cá estávamos nós, no banheiro, molhados... Arrgh! O que Tyler poderia pensar de mim?

– Nada demais, Ty. – ergui os ombros. – Nos lambuzamos de sorvete. –fiz beicinho e acabei rindo.

(...)

Depois de já secos e de roupas trocadas, fomos até a cozinha preparar algo pra comer. Eu me sentei em cima do balcão, enquanto via Justin tentar fazer um macarrão.

A verdade era que Justin era totalmente um desastre na cozinha. Tyler, meu irmão, estava na sala jogando algum vídeo game e Justin já estava quase indo lá jogar com ele. Quase.

– Não vai me ajudar com a comida não, princesinha? – Justin fez aquela carinha de cachorro abandonado.

– Não! Mostre que você é homem e faça um macarrão pra comermos que eu to com fome. – eu ri, enquanto fitava minhas unhas de esmaltes descascados.

Justin bufou e se virou novamente pro fogão, jogando quase o saquinho inteiro de macarrão dentro da panela com água quente. Eu ri alto, quando ele praticamente se queimou ao encostar sem querer na panela.

Fiquei pensando um pouco no acontecido mais cedo – há uns minutos atrás -, droga... Eu me deixara levar novamente. Selena iria querer me matar se soubesse de cada coisa. E o pior, eu até que tinha virado amiga da garota. Ashley e ela me ligaram há uns dias, perguntaram se eu queria sair na semana que vem. Disse que iria ver se estava sem compromissos.

Com que cara ia olhá-la?

Bom, dane-se isso agora.

– No que pensa, gatinha? – perguntou risonho, enquanto praticamente se apoiava a minha frente, nas minhas pernas.

– Em como você é horrível como cozinheiro. – fiz careta, enquanto bagunçava seu cabelo mal penteado.

– Ah... Mas, tenho outros dons. – ele deu um sorriso malicioso e eu revirei os olhos.

– Que tipo de dons? – falei com uma voz inocente e ele gargalhou.

Tentou se aproximar do meu ouvido para sussurrar.

– Quer que eu te mostre? – me fez arrepiar com o seu sussurro.

Eu ri fraco.

– Você. Não. Presta. – bati fraco no seu ombro.

Ele mordeu meu queixo, me fazendo rir.

– Sua namorada não vai gostar nada, Bieber. – ouvi a voz de Tyler por trás do meu ombro. Ele não estava nada sério, estava falando em tom brincalhão e Justin apenas riu.