"Alerta Constante!" Sue gritou na cara de Rachel em sua primeira sessão de treinamento físico. A morena, em posição de sentido, ficou tentada a dar um passo pra trás e fugir da saliva voando, mas conseguiu se controlar. "Você sabe o que isso significa?"

Elas estavam em uma clareira no meio de um bosque. Depois de deixar a morena para se trocar, Sue desceu as escadas e foi esperá-la na sala. As duas entraram no carro da treinadora e dirigiram em silêncio por 35 km, quando chegaram ao final de uma estradinha de terra desceram do veiculo e Rachel seguiu a mulher mais velha até a clareira.

Rachel olhou nervosamente." Nunca baixar minha guarda?"

Sue se aproximou alguns passos "Você está perguntando ou respondendo?"

"Respondendo" disse com um pouco mais de firmeza.

"Isso mesmo! Mantenha sempre sua guarda, qualquer um pode ser o inimigo. Seu melhor amigo pode te esfaquear pelas costas se você deixa-lo. Sabe como eu levei meu primeiro tiro?"

"Não, senhora."

"Foi durante a Invasão de Granada, em 1983. O combate em si durou pouco tempo, mas precisamos ficar até a retirada em dezembro do mesmo ano. Eu era um grande soldado."

Sue andava ao redor da clareira enquanto contava a história, parou um segundo e agachou-se pegando um galho grosso do chão, levantando-se fez um gesto para Rachel. "Quer saber quem atirou em mim?"

"Quem?"

Sue franziu o cenho e olhou sombriamente. "Minha amante fez isso depois de me dar um orgasmo, aparentemente eu dormi antes de retribuir o favor... Tudo é um pouco confuso nesse ponto." ela acrescentou, então suspirou. "Ah, Angelina, como eu sinto sua falta. Você era uma cadela louca, mas poderia acertar um alvo em movimento a 100 metros também."

Rachel tentou afastar-se de forma discreta, não era muito seguro ficar sozinha no meio da floresta com uma mulher mentalmente instável, mas Sue percebeu suas intenções e ela parou.

"Então, o que aprendemos?"

"Sempre manter a guarda, nunca dormir antes de retribuir um orgasmo e não se envolver com mulheres que podem acertar um alvo em movimento a 100m?" a morena perguntou esperando que fosse a resposta certa, pois foi tudo que ela conseguiu entender a partir do conto.

Sue balançou a cabeça. "Bem observado, mini Barbra." de repente, a treinadora atirou o galho contra Rachel. A morena conseguiu se esquivar no último segundo e assistiu o pedaço de madeira voando a milímetros de sua cabeça. "Bons reflexos. Você já pode relaxar agora." Rachel manteve-se em alerta, Sue aprovou. "Bom, muito bom. Acho que você não será uma perda de tempo tão grande quanto eu imaginava."

"Agora segure isto" disse dando um cantil para a morena. "e isso." entregou também uma bússola, um mapa e uma barra de cereais meio comida. "Você tem uma hora pra chegar a casa dos Lopez. Se demorar mais do que isso, amanhã repetiremos o desafio com o dobro da distância e em metade do tempo. Eu desejaria boa sorte, mas não acredito em falsidade. "a mulher virou-se e começou a se afastar.

Rachel não estava preocupada, ela lembrou o quão rápido conseguiu correr na noite passada, seria moleza.

Como se ouvisse os pensamentos da morena, Sue jogou por cima do ombro:" E nem pense em usar seu lobo, eu quero que você faça isso na forma humana."

"Mas, treinadora, a senhora está pedindo o impossível."

"Você acha que isso é difícil?" Sue perguntou olhando para ela "Tente levar uma vida onde seu último beijo foi com Will Schuester. Isso é difícil."

Rachel ficou confusa "Eu pensei que a senhora fosse lésbica."

"Sue Sylvester não gosta de rótulos. Eu sempre acreditei que a sexualidade é fluida." dizendo isso ela voltou a se afastar. "Você acabou de perder dois minutos com essa conversa!" gritou antes de sumir no bosque.

Rachel levou alguns minutos analisando o mapa, decidindo qual o melhor percurso a seguir, depois de definir o trajeto lançou-se para frente e iniciou a corrida.

Seus pés impulsionavam contra o chão áspero, habilidosamente deslizando entre pedras e galhos secos. Ela se forçou para frente, mais forte, mais rápido. O cabelo preso em um rabo de cavalo balançando furiosamente às suas costas. Ela venceria Sue em seu próprio jogo, não só porque Rachel Berry é muito competitiva, mas porque ela queria o respeito da treinadora.

Suas pernas adquiriram um ritmo constante antes de chegar ao primeiro quilômetro. Gotas de suor escorriam da testa para as bochechas, e o vento frio picava um pouco a pele do rosto, mas Rachel não se importava, era quase prazeroso, a fazia sentir viva.

A morena já ultrapassara mais da metade do trajeto, mas o tempo corria implacável. Olhando para o relógio de pulso restava-lhe 25 minutos. Seus pulmões ardiam e os pés estavam doendo, cada passo contra a terra endurecida lançava pontadas de dor em suas pernas, mas em nenhum momento ela se permitiu abrandar o ritmo.

Ela finalmente avistou a casa. Sue estava parada na soleira da porta, Noah espiando para fora por cima do ombro da treinadora. Só faltavam alguns metros quando a morena ouviu Sue iniciando uma contagem regressiva. Dez, nove, oito... Só mais alguns passos. Sete, seis, cinco... Quase lá... Quatro, três, dois... Ela passou pela porta quase levando Sue no processo.

"Parece que terei de encontrar outra forma de te torturar amanhã."

Antes que tivesse a chance de responder, Rachel se viu presa em um abraço de urso. Fios de cabelos loiros cobrindo toda a sua visão. Não era preciso muito pra adivinhar de quem se tratava. "Britt... eu não... consigo... respirar."

"Então não gaste oxigênio precioso." Santana provocou, mas fez Brittany soltar a morena.

Rachel dobrou-se apoiando as mãos nos joelhos, respirando com dificuldade. Quinn se aproximou entregando-lhe uma garrafa de água. A loira a olhava, preocupada. "Você está bem?"

"Vou viver" respondeu ofegante, depois de tomar alguns goles desesperados e jogar um pouco de água sobre a cabeça e pescoço.

"Eu sabia que você ia conseguir princesa." Noah sorriu orgulhoso.

Santana empurrou o judeu "Corta o papo-furado e pague, Pucket."

Rachel se sobressaltou. "Vocês fizeram uma aposta sobre isso?"

"Não se sinta especial, Berry. Pucket e eu apostamos sobre qualquer coisa."

"Espera!" a morena percebeu uma coisa "Você apostou contra mim traidor?"

"Desculpe, princesa. Mas 35 km no primeiro dia... era insano."

"Certo, agora estou sentindo todo o amor brojudeu do qual você sempre fala." replicou sarcástica.

"Não seja assim." Puck pediu. "Eu aprendi minha lição: Nunca aposte contra um judeu quente." recitou com uma expressão séria. Tirando 20US$ do bolso, aproximou-se de Santana. "O que você acha de receber outro tipo de pagamento por essa aposta? falou balançando as sobrancelhas."

"Deixe-me pensar" a latina fingiu considerar por dois segundos. "Não!" arrancou o dinheiro das mãos dele e saiu puxando Brittany para o quarto.

* * *

Rachel entrou debaixo do chuveiro. Ela deu um suspiro de contentamento sentindo a água caindo, relaxando seus músculos. A morena fechou os olhos repassando os eventos dos últimos três dias. Parecia surreal como sua vida mudara em tão pouco tempo, inclusive na escola as transformações eram radicais. Ela suspirou, esperando que hoje não fosse tão cansativo quanto ontem.

Rachel ainda não podia acreditar na quantidade de atletas e lideres de torcida que vieram demonstrar seu respeito pelo novo alfa. Durante os rituais a Alfa estava tão envolvida pela atmosfera de magia que não reconheceu quem eles eram.

Enquanto lavava os cabelos, a mente de Rachel foi puxada para um evento especifico do dia anterior.

Flashback

De pé na frente de seu armário, Rachel viu Finn se aproximando de Quinn. A morena apanhou a mochila que havia jogado no chão enquanto pegava seus livros e caminhou em direção aos dois. Ela chegou bem a tempo de ouvir o garoto perguntar:

"Quer sair comigo no sábado à noite?"

Rachel revirou os olhos. "Olá, Finnepto! Procurando por novas maneiras de se humilhar, eu vejo." saudou apoiando-se de forma casual no armário entre os dois.

Finn a olhou confuso por um momento, ele ainda não havia se acostumado com a nova imagem. Ela parecia tão diferente naquelas roupas e com a nova a atitude "Uhm... Oi, Rachel!" ele hesitou. "Você é a Rachel, certo?"

"Sim, Finn." a morena suspirou frustrada. "Já é a terceira vez que você me pergunta isso, e nós ainda nem tivemos o primeiro tempo."

"Certo, desculpe. ele parecia envergonhado."

"Será que você pode sair?" Quinn perguntou irritada. Rachel a olhou como se acabasse de perceber sua presença ali. "Finn e eu estamos no meio de uma conversa particular."

"Mesmo? Porque só o que eu vejo é o corpo maciço de um ogro escondendo você do restante do mundo."

"Ei!" o quarterback protestou. "Isso não é verdade!" ele percebeu que Rachel acabara de ofendê-lo, ele só não sabia exatamente como.

"Você entendeu o que eu falei?"

"É claro" afirmou. A Alfa levantou uma sobrancelha insolente, desafiando-o a explicar. "Bem, não... Mas, o que isso importa?" cedeu irritado.

A morena deu-lhe um sorriso de escárnio. "Você não vai chutar uma cadeira, não é?"

Finn estava pensando em fazer exatamente isso, mas ele não queria parecer um idiota, então apenas coçou a cabeça e olhou confuso para Quinn.

"Sério Quinn, por que você perde seu tempo com esse cara?"

O QB não conseguiu se controlar, ele deu um soco no armário mais próximo, fazendo o som reverberar pelo corredor. "Você não sabe nada sobre Quinn e eu. Eu a amo."

"E ainda assim tentou traí-la quando vocês namoraram no primeiro ano." a morena apontou tão casualmente quanto se estivesse falando sobre o clima.

Uma pequena multidão formava-se em volta dos três, ninguém queria perder nem um pedaço suculento do que seria a fofoca do momento. O quarterback, a capitã das líderes de torcida e a garota que veio da base hierárquica escolar e se tornou de um dia pro outro tão popular quanto os outros dois, envolvidos em um triângulo amoroso. Isso seria épico.

Ele encolheu os ombros, desviando o olhar. "Eu não sei do que você está falando."

"Não se faça de bobo, é redundante."

"E-eu... ela está mentindo, Quinn." gaguejou nervoso.

Nunca insulte um lobo. Eles não recebem calmamente uma ofensa, e costumam demonstrar isso te privando de um membro do corpo, se você tiver sorte.

Rachel olhou-o perigosamente por um momento. "Não, não estou. É muita coragem sua acusar-me de algo assim." ela tomou algumas respirações. "No entanto, devo dizer que tentar é a palavra-chave no meio disso tudo. Ele realmente não terminou o serviço. "Ela participou a Quinn. O QB relaxou imediatamente." E Finn, eu gostaria de oferecer o meu apoio. Muitos garotos sofrem com problemas de ejaculação precoce, não há porque se envergonhar."

O corpo do jogador tremia de raiva. Ele pairou sombriamente sobre Rachel, deveria ser ameaçador, mas ele era tão grande e desengonçado que só tornava a coisa toda ainda mais ridícula do que já era.

"Isso deveria assustar-me?" a morena perguntou tranquila. "porque você está falhando miseravelmente."

"Se você fosse um cara, nós estaríamos levando isso lá pra fora." Finn respirou fundo e tomou alguns passos de distância. "Mas eu não bato em garotas."

"Eu também não, só que no seu caso eu faria uma exceção."

"Quinn e eu pertencemos juntos."

Rachel deu um sorriso zombeteiro. "O que há com você e achar que essa é a resposta pra tudo?"

"Então, Quinn, a que horas posso passar pra te buscar? ele ignorou a morena."

Quinn abriu a boca para responder, mas uma voz gélida, quase cortante, interrompeu qualquer declaração que a loira pretendesse fazer.

"Ela não vai sair com você." Rachel afirmou, emanando um brilho perigoso pela segunda vez naquela conversa. A morena podia sentir uma força querendo explodir de dentro de si. Ela nunca havia sentido tanta raiva em sua vida. Mais tarde a intensidade de suas emoções iria assustá-la, mas agora a Alfa precisava manter sua concentração em impedir-se de rasgar a garganta do idiota que tentava roubar o que é seu.

As feições de Finn endureceram. Um observador mais perspicaz teria notado a óbvia batalha interna pela qual Rachel estava passando, infelizmente esse não era o caso do quarterback. Ele voltou a se aproximar da morena, tornando a distância entre os dois quase inexistente. Eu perguntei a Quinn, não você.

O lobo de Rachel uivava batendo contra as grades mentais que o prendiam.

Quinn decidiu que essa seria uma boa hora para intervir. Ela assistiu o autocontrole de Rachel vacilar, os punhos cerrados que a morena mantinha ao lado do corpo era um indicio claro de que ela estava tendo dificuldade em dominar seu lobo. A loira não queria arriscar que a Alfa acabasse arrancando a cabeça do infeliz ali no meio do corredor.

Quinn bateu a porta do armário violentamente, chamando a atenção dos dois. "Eu posso falar por mim mesma." informou a Rachel e saiu andando irritada.

Rachel viu a loira se afastar. Aproveitando-se do fato de que Quinn já não poderia ver o que ela estava fazendo, a morena se inclinou para frente. Olhando diretamente para o quarterback, ela passou o dedo indicador no pescoço e usou a boca para formar as palavras: "Você está morto", sem produzir qualquer som.

Finn engoliu em seco, empalidecendo visivelmente com a ameaça.

Flashback off

A morena fechou o chuveiro e saiu, sentindo-se bem melhor para enfrentar mais um dia de escola.

* * *

Rachel estava na arquibancada assistindo as cheerios. Ela esperava o treino terminar na esperança de poder conversar com Quinn. A Alfa queria pedir desculpas pelo seu comportamento do dia anterior. Ela realmente não tinha nenhum direito de ditar o que a loira poderia ou não fazer, afinal elas não estavam juntas, para sua infelicidade.

Ela observava o treino, fascinada. As meninas tinham um preparo físico de dar inveja a qualquer maratonista, e a sincronia com a qual realizavam seus movimentos nos números de dança... Se eles pudessem executar assim no Glee Club, Vocal Adrenaline não teria a menor chance. Talvez no fim das contas Sue tivesse razão. Talvez o Sr. Schue não tenham a capacidade de liderar um grupo vencedor. Mas qualquer linha de pensamento que a morena pudesse ter começado, ela perdeu. Seu cérebro virou mingau quando as cheerios viraram de costas e fizeram um movimento de inclinação. Os olhos de Rachel escureceram imediatamente assistindo Quinn naquela posição.

"Vocês poderiam ser mais horríveis?" Sue gritou no megafone. "Eu deveria ir ao asilo local e recrutar alguns velhos, eles fariam um trabalho melhor. Cinco minutos. Meu cérebro precisa de um tempo para se recuperar dessa atrocidade."

As cheerios relaxaram. Elas sabiam que esse era o jeito Sue de dizer que tudo estava indo bem. Quando a treinadora realmente não aprovava, pelo menos uma das garotas tinha um colapso nervoso. Fracas.

Quinn virou-se e encontrou Rachel olhando para ela. A possessividade e a luxúria nos olhos da morena enviaram uma onde de calor para o local entre as pernas da loira. Ela viu Rachel dando um sorriso presunçoso, quase como se soubesse o efeito que estava provocando ou pudesse cheirar sua excitação. A Alfa não poderia fazer isso, poderia? Quinn desviou o olhar, constrangida.

"Eu conheço aquele olhar" Santana falou se aproximando da loira.

"Do que você está falando?"

"Rachel."  Brittany respondeu pela companheira.

Santana assentiu. "Ela tem aquele olhar único que te permite saber que Rachel Berry quer alguma coisa e fará qualquer coisa para obtê-lo, até mesmo enviar uma garota inocente a uma casa de crack."

Quinn tremeu na declaração da amiga.

As três assistiram uma das líderes de torcida se aproximando de Rachel. Suas posturas endureceram imediatamente. O histórico da morena com o esquadrão não era dos melhores. Uma onde de culpa varreu Quinn sabendo que ela era a principal responsável por isso. Mas esse sentimento foi sobrepujado pela vontade de proteger a companheira. Quando ela percebeu, já estava se movendo em direção as duas. Santana e Brittany trocaram um olhar e seguiram sua capitã.

As três levaram um susto quando se aproximaram e viram as duas sorrindo com intimidade. Esqueça o zelo. Quinn estava furiosa, e Rachel não estava muito atrás em sua lista de culpados, só ficando atrás de certa cheerio ruiva.

"O que está havendo aqui?"

Rachel notou o tom da loira e tentou se explicar "Oi, Quinn! Nós esta-"

"Volte para a formação." Quinn ordenou à cheerio, cortando o que a morena pretendia dizer.

"Sue nos deu cinco minutos."

"Não importa. Estou adicionando algumas voltas em torno do campo pra você." Agora. acrescentou vendo que a garota não se movia.

"Quinn, isso não é..." Rachel começou.

"O quê?" a loira cortou-a de novo. "Você também vai se meter nas cheerios? Há alguma coisa que não queira tirar de mim?"

A Alfa a olhou, ferida. "Desculpe se te incomodo tanto. Só fiquei porque queria pedir desculpas pelo que aconteceu ontem com Finn."

"Eu..." Quinn ficou sem saber o que dizer.

Tracy só acompanhava a troca, curiosa. Até que ela viu a dor nos olhos de Rachel. A ruiva sempre foi uma natural em defender sua família, mesmo a família escolhida pelo companheirismo em vez de laços sanguíneos. Mais de uma vez ela quase ignorou os pedidos de Rachel em fingir que não se conheciam na escola. A morena não queria puxa-la para baixo na escala social. Depois de várias conversas e de Rachel tê-la lembrado muitas vezes que cheerios era sua melhor chance de conseguir uma bolsa, ela acabou se deixando convencer. Porém, isso era antes. Apesar de tudo que a morena passara, Tracy nunca havia visto tanta dor em seus olhos. Esse era um novo nível de tortura. Dessa vez a ruiva não iria ficar calada.

"Uau, Fabray! Talvez seus pais devessem considerar colocar uma focinheira mais apertada em sua cadelinha."

"Sua..." Quinn rosnou.

"E sobre o que Rach disse," com essa frase Tracy chamou a atenção da Trindade Profana. "ela não estava mentindo. Eu vi Finn no vestiário com uma das cheerios veteranas. Mas ele acabou antes mesmo que a garota pudesse toca-lo. Foi meio patético. Ele também tentou dar em cima de mim, mas por que eu olharia para aquele idiota se havia uma morena quente na minha cama?" ela pontuou piscando para Rachel

O ar tornou-se espesso quando as três tomaram ciência das implicações por trás de suas palavras. Não ajudou que Rachel tenha corado e desviado o olhar.

Por quase um minuto, ninguém disse nada. Quinn e Tracy encaravam-se como duas predadoras lutando por território. Brittany recuou para mais perto da companheira. Santana passou seus braços protetoramente em volta da cintura da loira, os olhos movendo-se lentamente entre Tracy e Quinn, e, finalmente, descansando em Rachel. A morena devolveu o olhar e elas trocaram uma mensagem silenciosa. As duas não sabiam o que iria acontecer a seguir, mas elas cuidariam pra que ninguém se machucasse, pelo menos fisicamente.

"O que você disse?" Quinn finalmente quebrou o silêncio.

"Que é verdade que o seu ex te traiu."

"Não era sobre isso e você sabe muito bem."

"Sei?" a ruiva perguntou fazendo-se de desentendida. "Não vejo por que qualquer outro pedaço de informação do meu discurso te interessaria, quer dizer, por que seria da sua conta que Rachel e eu temos uma história?" um sorriso presunçoso aparecia em seus lábios. "Acho melhor começar aquelas voltas." ela deu um beijo na bochecha de Rachel antes de virar-se e sair, acrescentando um balanço a mais nos quadris, todos sabendo a atenção de quem querendo chamar. Mas a Alfa não tirou os olhos da companheira.

"Quinn, eu..."

"O quê, RuPaul?" a loira perguntou venenosa. Sua loba rugiu em seus pensamentos, lembrando-lhe que Rachel era a sua companheira destinada. "Estou plenamente ciente disso, agora me deixe em paz", Quinn a desafiou, antes de voltar-se para a morena "Você quer nos contar como eu estava certa sobre o pedaço extra que esconde embaixo dessas calças?"

Rachel se sentiu esvaziar. Ela estava tão cansada dos rechaços da loira. "Por que às vezes você age como se gostasse de mim e, em seguida, me trata de forma tão desprezível?" sussurrou com a energia que lhe restava.

"O segundo deles é por causa do primeiro." Quinn sussurrou.

A resposta veio tão fraca que a Alfa não teve certeza se ouvira direito.

A loira virou as costas, afastando-se das arquibancadas. Santana e Brittany a seguiram de perto. A Fabray parou e cruzou os braços observando Tracy correr.

"Ora Quinn, você sabe que ela está mentindo." Santana disse tocando de leve o braço da loira.

"Ela só faz isso para te provocar." Britt falou mexendo no rabo de cavalo de Quinn. "Você sabe que..."

"Ela disse a verdade." Quinn interrompeu. "Eu sei. Sinto isso."

"Quinn..." as duas amigas falaram em uníssono.

Quer saber? os olhos lacrimejantes de Quinn continuavam seguindo Tracy pela quadra. Eu não dou a mínima.

* * *

Lima, 03 de fevereiro de 2011.

Querido diário,

As últimas semanas tem sido agridoces. Veja que atrevimento, diário, Will Schuester parece feliz. Desde que rejeitaram minha petição para que seus coletes horrendos fossem abolidos do vestuário da escola, aquele homenzinho tem andado por aí com ar de superioridade. Mas não se preocupe, diário, Sue Sylvester sempre tem um plano de contingência. O Queixo-de-bunda ainda não sabe, mas eu enviei um email ao Greenpeace alertando sobre os efeitos nocivos da quantidade de gel que ele utiliza em seu ninho de ratos, caridosamente apelidado de cabelos, ao nosso planeta. Espero, para qualquer dia das próximas semanas, chegar à escola e ser saudada por um grupo de hippongas portadores de uma infeliz alergia a sabão fazendo um protesto, revelando a verdadeira face daquele sabotador invejoso que rouba o orçamento das minhas cheerios. Finalmente a justiça será feita, diário.

Há algo mais que gostaria de compartilhar antes de ir. Nosso pequeno Projeto Alfa vem evoluído bem. Rachel Berry tem um potencial que eu não vejo desde que a pequena Sue recebeu seu treinamento. Vou dizer-lhe, diário, ela se destaca como uma candidata brilhante a continuar o meu legado. Sim, aquele pequeno anão cantante lembra uma jovem Sue Sylvester, e acredite diário, um elogio não pode ficar maior que isso.

Bem, devo dizer adeus por agora. O treino cheerio começa em 15 minutos e sinto que hoje vou bater meu próprio recorde de Mais pessoas enviadas pra casa chorando em um dia. Até a próxima!

* * *

Rachel e Sue encontravam-se todos os dias úteis das quatro às seis da manhã, e sábados e domingos das cinco as nove. Buscando extrair o máximo da Alfa, Sue a colocava em situações cada vez mais desafiadoras. Haveria dias em que a treinadora proporia provas físicas impossíveis, Rachel lembrava com saudade do primeiro treino.

Durante os finais de semana, elas revezariam alguns estilos de artes marciais. As favoritas de Sue eram: o Muay Thai, uma antiga forma de autodefesa desenvolvida nos campos de guerra da antiga Tailândia. Essa arte marcial envolve pouquíssimas técnicas de agarrões, sua ênfase está nos chutes que podem quebrar ossos, poderosos socos, joelhadas atordoantes e cotoveladas. E o Krav Maga, o sistema mais testado em batalhas de autodefesa e combates mão-a-mão que existe hoje no mundo. O principio do sistema foca nas reações naturais do corpo quando ameaçado ou atacado por um agressor ou agressores, armados ou desarmados. Uma sessão típica de Krav Magá combina treino aeróbico com técnicas de autodefesa. Ênfase é colocada na velocidade, resistência, força, precisão e coordenação. Sue observava o desenvolvimento da técnica de Rachel e, ocasionalmente, corrigia suas posições de luta.

Não foi até o final do primeiro mês de práticas que Sue permitiu a Rachel se metamorfosear. A treinadora sempre dizia que um humano fraco faria um lobo incapaz, por isso era preciso fortalecer seu corpo humano antes de começar a treinar o lobo.

Após os primeiros dias, não era incomum que alguns membros da Alcatéia viessem assistir às sessões, especialmente nos fins de semana.

Na primeira vez que Rachel mudou havia algumas crianças presentes. A morena teve receio de que sua forma as assustasse, mas quando procurou em seus olhos só encontrou admiração. Depois do treino alguns se aventuraram a chegar mais perto. O lobo negro deu um sorriso cheio de dentes que fez os menos destemidos afastarem-se, mas um menino loiro continuou a aproximação até que seus pequenos dedos se viam acariciando os pelos negros. Os olhos de lobo ficaram particularmente presos nos do garoto. Vendo como seus carinhos ficavam cada vez mais ousados, Rachel não resistiu e colocou uma lambida começando na linha do maxilar indo até o final da testa. O garotinho fez um som de engasgo surpreso e deu um tapa repreensivo no focinho do animal. O lobo latiu uma risada. De repente, seu sorriso tornou-se malicioso. Usando o focinho para empurrar o garoto no chão, começou a colocar lambidas em qualquer lugar onde sua língua alcançasse. O loirinho tentava lutar, mas não tinha a menor chance.

Enquanto se debatia ele olhou para o lado "Irmã, me ajude, me ajude" gritava entre gargalhadas e lambidas.

Rachel sentiu os passos de certa bailarina se aproximando, antes que a loira pudesse chegar a ela, a loba a abordou no chão e a lambia também.

"Não, Rae!" Brittany pedia sorrindo, tentando escapar da língua molhada. Santana se juntou ao momento lúdico e sem sucesso tentou empurrar a loba de cima de sua companheira.

"Vamos, nós temos que salvar a minha irmã!" o garoto gritou liderando as outras crianças para unir forças com Santana e salvar a loirinha do lobo mau.

Sentindo as mãos pequenas sobre si, Rachel deixou-se puxar para fora. As crianças a cercaram, tentavam pular sobre suas costas e puxa-la para baixo. Depois de alguns minutos ela fingiu cair sob sua força. Eles fizeram um montinho de corpos sobre ela, só começando a se levantar quando Brittany e Santana se aproximaram. Mas ainda mantinham as mãos segurando o lobo no chão.

"Má. Menina má, Rae" Britt repreendeu. Rachel tentou dar um olhar arrependido, e pareceu funcionar. A loirinha abandonou o ar severo e se jogou em cima do lobo, gargalhando. Rachel nunca percebeu a dona de olhos castanhos avelã que a observava de longe com um sorriso doce nos lábios.

* * *

Lima, 25 de março de 2011.

Querido diário,

Como eu havia previsto, os hippongas montaram um protesto na porta da escola. Você precisava ter visto a cara do Schuester, parecia que alguém tinha informado a ele que Steve Perry morreu. Mas não se preocupe, diário, eu tenho tudo gravado em vídeo para assistir de novo e de novo. Ameaçar os membros do AV além de divertido é muito produtivo.

Observando minhas cheerios nos treinos, eu quase poderia dizer que estou animada para o próximo campeonato, mas Sue Sylvester jamais seria tocada por uma emoção tão mundana. Foi duro, diário, mas eu consegui colocar meu pequeno exército de clones acéfalos em forma para ganhar mais um troféu descomunalmente grande. Sem mim aquelas garotas pareceriam um bando de babuínos imitadores girando e se contorcendo. Seria divertido assistir tamanha humilhação coletiva em público, mas elas estão associadas a mim e Sue Sylvester não pode passar ridículo.

Nos últimos dois meses, Mckinley High tem passado por transformações interessantes. Tenho que confessar, diário, eu não havia considerado os possíveis desdobramentos da nova Alfa V. ter pertencido ao maior grupo de perdedores da escola. Veja só, diário, ela e seu pequeno grupo de seguidores autointitulado Esterco-ow, ou seria Nercow? Não importa. Eles têm provocado uma verdadeira revolução nesses corredores. É claro que sempre há aqueles seres insignificantes que não podem se obrigar a mudanças mesmo que sejam favoráveis a eles, mas há quem esteja aderindo e isso causou uma divisão na escola. Nada disso tem afetado meu poder de assustar as massas ou a capacidade das minhas cheerios de ganhar mais um campeonato nacional, então não vou interferir por enquanto. Além do mais, diário, o banho de sangue entre o pequeno hobbit de jardim e minha cheerio capitã tem sido divertido. O melhor é ver como Quinn se esforça para derrotar mini-Barbra em cada pequena coisa e a garota consegue devolver em mesma medida sem nem perceber. Estou ansiosa pra ver quando Quinn vai finalmente quebrar e perder o controle. Sinto que esse dia não tarda em chegar, diário. É sempre impagável ver uma das damas de gelo Fabray chegar ao ponto de ruptura. Esperemos, diário. Esperemos, porque isso ainda nos trará muito entretenimento.

* * *

Brittany serviu-se com calma enquanto conversava com Santana, mas quando virou-se para o refeitório o sorriso inocente desapareceu. Havia separação de dois grupos. De um lado, as Cheerios e os jogadores, e ao fundo deste lado os perdedores que haviam aceitado essa forma de funcionamento. Todos concentrados ao redor de Quinn. Do outro lado, uma série de garotos e garotas usando uma corrente de couro falso ao redor do pulso com uma pequena estrela dourada. Os denominados Strelow's liderados por Rachel.

"San..." Brittany gemeu. "A Rachel ainda é a nossa Alfa, certo?"

"Sim Britt-Britt, mas Quinn é a nossa melhor amiga."

Brittany concordou e sentou-se ao lado de Santana junto a mesa de Quinn. Ela sentia falta de Puck, Rachel, Mike e tantos outros que estava do outro lado do refeitório.

"Hey Britt!" As Cheerios riram suaves. "O que você acha? Estávamos pensando em mostrar aquelas traidoras." apontou para as outras torcedoras ao lado de Rachel "que elas devem ser fieis a sua capitã. O que nos diz?"

Brittany suspirou e fingiu-se interessada.

"Eu odeio esse tesão reprimido entre Q. e Rachel." pensou enviado-o para Santana que quase riu estrondosamente.

* * *

Era final de tarde e Rachel e Russel conversavam seguindo o rio.

"Você precisa estar atenta a tudo..." a voz de Russel era escutada abafada por Rachel que observava a Unholy Trinity mais a frente rindo e conversando.

Brett, o irmão mais novo da Brittany andava a frente saltando de pedra em pedra. Parando em uma maior, ele virou-se para o grupo.

"OLHE PARA MIM, BRITTANY!" gritou. "SOU O SUPER... AHHH!"

Na hora de fazer a pose o menino escorregou caindo no rio. Ali, a correnteza já era mais forte e ele começou a ser carregado enquanto se debatia.

"BRITT!" ele afundou um pouco antes de voltar. "SANTANA!" Mais uma vez ficando mais tempo. "RACHEL!!!"

A Alfa virou-se e subiu nas pedras tentando ficar o mais próximo dele antes de se transformar.

"TENTE MANTER-SE NA SUPERFICIE!" gritou.

Quinn observava Rachel e Brett. Aquela voz, não era o tom normal mandão da morena. Aquele era o tom de ordem de um Alfa Verdadeiro.

Rachel preparou-se para transformar-se quando um lobo quase do seu tamanho, cor de areia mergulhou na água agarrando o pequeno loiro e saindo para a outra margem.

"BRETT!" Brittany gritou desesperada. O pequeno loiro foi carregado sobre o rio por um rapaz forte, loiro com lábios grossos usando apenas uma bermuda preta.

"Olá!" cumprimentou animado. "Mais cuidado na próxima vez amiguinho." disse bagunçando o cabelo de Brett. "Eu sou Sam Evans! Oel Ngati kame*! Eu gostaria de falar com o Alfa de vocês. Vim do Kansas recentemente e quero fazer um pequeno tratado para minha estadia aqui. E..." Ele parou por um minuto olhando para Quinn que ajudava Brett a se secar. Uma leve brisa passou entre os cabelos da Fabray, e Rachel sentiu-se cada vez menos feliz com a presença do rapaz. "E quem sabe, eu possa até mesmo entrar na Alcateia..."

Ele deu um sorriso sedutor para Quinn que lhe devolveu um sorriso tímido colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

Rachel estava realmente começando a odiar esse cara.

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* Oel Ngati kame, saudação na língua Navi, a língua do mundo de Avatar, significa Eu vejo você com o sentido de Eu o saúdo, ou Eu saúdo o deus que há em você.

Referencias sobre artes marciais: http://www.artesmarciaismilenares.com/