Companheiro (a) escrita por Chase_Aphrodite, RaeRae


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

N/RaeRae: Galera, obrigada por todos os reviews. Lemos todos e agradecemos o carinho, assim que possível responderemos.
Bem, não vou mais atrasar vocês. Boa leitura.



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Rachel

— Como ela não sabia o que somos? Isso é impossível. Só pode ser algum tipo de conluio. — Rachel mal ouvia o que o tal Michel dizia. Ela ainda estava estarrecida com o que tinha presenciado.


— Pela sua incapacidade de falar no momento, acho que é bem óbvio que a garota não fazia ideia do que estava acontecendo, Michel — Russel impediu o homem de continuar. Ele conhecia a paranóia de Michel, e sabia que logo este partiria para ideias malucas de conspiração.


— Russel tem razão — Ramon Lopez interveio. — Acho que deveríamos dar um tempo a ela para absorver tudo, depois podemos investigar essa história a fundo.


— Mas nós não temos tempo, amanhã é a primeira lua cheia do mês. Precisamos explicar-lhe o que vai acontecer ou ela vai se amedrontar.


— Ela ficará assustada de qualquer jeito. Nós soubemos o que somos a vida toda, a garota acabou de descobrir e já terá que passar pela transformação. — Russel argumentou. Isso acordou Rachel de seu transe.


— Transformação? Você quer dizer que eu vou me... Que eu vou virar uma dessas coisas? — as pessoas na sala ficaram incomodadas pelo modo com a cantora falou “coisas”, mas tentaram relevar. Eles sabiam que a garota precisava de tempo pra assimilar toda a informação recebida. Russel assentiu. — Acho que eu vou vomitar. — a cantora anunciou.


— Por favor, não no meu tapete persa. — uma senhora de cabelos negros pediu. Ela tinha um corpo atlético e era muito bonita. — Como eu sei que você gosta de apresentações, permita-me dizer que eu sou Indira, mãe de Santana e Helena. — a mulher falou dando um sorriso amigável.


— Prazer, Rachel Berry.


— Sim, eu sei — a mulher brincou. — Rachel, por que você não sobe e deita um pouco? Você é bem vinda pra ficar no quarto onde acordou, tenho certeza que Helena não vai se importar — Irina ofereceu. Rachel pensou ter ouvido um rosnado vindo de Russel, mas não deu muita atenção. Até que se lembrou o que ele é e ficou nervosa. — Estou certa Helena? — Indira perguntou à filha.


— Sim, mamãe. — Helena respondeu. — Rachel, você pode ficar o tempo que quiser.


— Obrigada, mas vou declinar — ela precisava de um pouco de ar fresco. — Eu estou indo embora.


— Você não pode sair — Russel declarou. Vendo o olhar indignado no rosto da morena ele se adiantou a completar antes que ela começasse a protestar. — Como já dissemos, amanhã é noite de lua cheia e será sua primeira transformação. Você precisa ficar pra que possamos explicar o que vai acontecer. Mas acho justo o que Ramon disse.Você precisa de um pouco de espaço pra assimilar tudo. Suba e descanse um pouco, mais tarde terminaremos essa conversa.


Em outro momento Rachel teria discutido se alguém tentasse dizer a ela o que fazer. Mas agora ela estava cansada, o ombro ainda doía, e a cabeça estava confusa com todos os acontecimentos do dia. Por isso aceitou a “sugestão” sem discutir. Subiu as escadas e estava entrando no quarto de Helena quando a porta em frente abriu e Santana a chamou.


— Ei Berry, por que você não vem ficar com a gente? — a latina perguntou. Rachel se animou com o pensamento de ficar um pouco com Quinn, mas lembrou-se que a loira provavelmente não compartilharia o entusiasmo, por isso decidiu não impor sua presença.


— Acho melhor não Santana, eu tenho muita coisa pra pensar.


— Cinco cabeças pensam melhor que uma. — a latina argumentou.


— Cinco? Mas...


— Olá minha quente princesa judia — Puck saudou por cima do ombro de Santana. — Britt me chamou e disse o que estava acontecendo. Parece que você finalmente pode entrar pro clube — o judeu completou sorrindo.


— Noah? O que você está fazendo aqui? — Rachel perguntou, então deu-se conta do que a presença dele ali significava. — Espera, quer dizer que você é um... Você-sabe-o-quê? — Puck assentiu. — É por isso que você sumia por três noites todo mês? — ele aquiesceu de novo. — Graças a Deus! Eu achei que você tinha entrado em algum tipo de seita que mata animais indefesos em troca de mulheres e ereções — Rachel declarou. A morena pensou que precisava riscar da agenda o plano de seguir Noah e descobrir o que ele estava aprontando durante aquelas noites.


— Isso seria legal — Puck disse e as duas garotas arquearam a sobrancelha pra ele. O judeu tentou se explicar. — Não a parte de matar animais, mas a parte de estar numa seita. — as sobrancelhas continuaram levantadas. — Eu poderia usar aquelas roupas com capuz legais e nós teríamos um aperto de mão secreto. Sem falar, que um deus que consegue mulheres e garante ereções, seria da hora. Não que o Puckssauro precise disso, ele sempre sobe...


— Tudo bem Noah, eu vou te parar aí. — Rachel interrompeu.


— É, não tenta explicar, você só tá se complicando.


— Tanto faz. Princesa, você vai entrar, né? — Noah perguntou mudando de assunto e fazendo um olhar pidão.


— Sim, mas eu realmente não me sinto com vontade de falar no momento.


Oh,dios! Se salva uma alma no purgatório. — a latina debochou.


— Se for pra você me importunar, Santana, eu realmente prefiro não.


— Tudo bem, Berry. Prometo que vou tentar me controlar, mas isso não quer dizer que eu não posso dar uma escorregadela. Vem, entra — acrescentou escancarando a porta.


Rachel entrou e viu Brittany fazendo-se confortável na cama. O quarto de Santana tinha paredes de cores fortes e alguns prêmios Cheerios. Havia também muitas fotos dela e Brittany, além de algumas com Quinn e Puck. A única parte que destoava era uma prateleira cheia de patos de pelúcia e alguns livros de historinhas infantis. Mas Rachel estava disposta a apostar sua coleção de CDs da Barbra Streisand que aquilo era obra de certa loirinha.


Quinn entrou no quarto enxugando os cabelos e nem reconheceu a presença de Rachel. A morena ficou com o olhar vidrado na loira de cabelos molhados. Quinn trajava short curto preto e uma blusa de alcinha azul. A loira pegou alguma coisa na cômoda de Santana, depois voltou para o banheiro e fechou a porta.


— Wow Berry, você vai ter que limpar essa poça de baba do chão do meu quarto — Santana provocou rindo junto com Puck. Pega de surpresa, a cantora realmente olhou pra baixo procurando a tal poça, o que fez Santana e Puck rir ainda mais.


— Poça? Onde, Santy? Eu tenho que ter cuidado pra não molhar os pés. Se eu pegar um resfriado treinadora Sylvester vai me fazer pagar suicídios.


— Vem cá que eu cuido de você Britt-Britt — Santana falou se sentando na cama e abraçou a loira.


— E eu ajudo. Eu nunca vou esquecer aquela vez que cuidamos uns dos outros — Puck falou mexendo as sobrancelhas.


— Calado, Puckerman. Isso nunca vai acontecer de novo. — a latina disse lançando olhares afiados ao garoto de moicano.


— Tudo bem senhoras, eu me contento em apenas assistir.


— Você vai assistir meu pé na sua bunda se não ficar quieto agora mesmo.


— Eu acho melhor fazer o que ela diz. Você sabe como a Santana fica antes da lua cheia. — Quinn disse saindo do banheiro.


— Loira, você fica sexy com esse cabelo úmido — Puck percebeu o olhar irritado no rosto de Rachel. — Foi mal, princesa. Eu não quis mexer com a sua garota.


— Eu não sou a garota dela — Quinn declarou em tom frio, provocando um clima de constrangimento. Rachel fez uma pequena careta sentindo seu ombro latejar de dor.


— Rachel, por que você está usando a camisa da Lena? — Brittany perguntou alheia ao que acontecia no quarto — Vocês estão juntas? Por que Santy e eu sempre vestimos as roupas uma da outra.


— Lena é apelido de Helena, certo? — Britt assentiu. — Eu acordei no quarto dela e não estava vestindo...


— Então vocês estão mesmo juntas. Eu também sempre acordo nua na cama da Santy.


— Não, Britt, eu só estava nua da cintura pra cima e...


— Vocês só deram um amasso. Isso também é legal, às vezes...


— Não é nada disso — Rachel disse se exasperando — Eu acordei sem blusa, mas não foi porque estávamos ficando. — ela fez uma pausa e depois continuou confusa — Na verdade, eu não sei por que estava seminua.


— Papi precisou corta a blusa pra cuidar do seu ombro — Santana disse.


— Ah, isso explica. — agora que Rachel parou pra pensar a resposta era bastante óbvia. — Ele é um médico licenciado? — acrescentou preocupada em ter sido tratada por alguém despreparado.


— Sim, Berry — Santana respondeu revirando os olhos.


— Ok. Continuando o que eu dizia, eu acordei nua, da cintura pra cima, e Helena fez o favor de me emprestar essa camisa.


— Sim, porque ela é tão prestativa. — Quinn comentou debochada.


— O que você quis dizer com isso Fabray? — Santana perguntou olhando duro para a loira.


— O que eu disse.


— Bom. Porque ela realmente é.


— Então você não está com a Lena? — Rachel negou com a cabeça. — é uma pena, ela é quente.


— Será que eu posso fazer algumas perguntas? Vocês parecem saber o que está acontecendo melhor do que eu. — Rachel perguntou ignorando o último comentário da loira.


— É pra isso que estamos aqui, princesa — Noah declarou. O olhar de Rachel caiu em Quinn e rapidamente voltou a Noah. — Todos nós. — o judeu completou.


— Há quanto tempo vocês sabem que são...


— Lobisomens? O primeiro passo é admitir Berry. Vamos lá, repita comigo: Eu. Sou. Uma mulher-lobo. — vendo que a cantora não dizia nada a latina continuou. — É sério, Berry. Vamos lá...


— Seja agradável, Santy. — Brittany repreendeu a companheira com uma expressão séria, o que fez Santana sorrir e se aconchegar ainda mais na loira. — Respondendo a sua pergunta Rachel, nós sempre soubemos. Nossas famílias também são, é hereditário.


— Está vendo só? Tudo isso é um grande engano. Meus pais não são lobos, eu acho... Não, se eles fossem teriam me dito — pelo menos Rachel queria muito acreditar nisso.


— E sua mãe biológica? Se seus pais não carregam o gene, tem de ser ela.


— Mas meus pais fizeram um mapeamento genético antes de selecionar a candidata ideal.


— Nossa condição não pode ser identificada através de exames humanos.


— Como vocês têm tanta certeza que eu sou um dos seus? — a morena perguntou curiosa.


— Em primeiro lugar, há o cheiro. E o seu é muito forte.


— Bem, eu tive que correr, entrei em uma briga e sangrei. É de se esperar que eu não esteja cheirando muito bem. — Santana revirou os olhos.


— Não estamos falando disso, Berry, sim do seu odor natural. É bastante característico agora que você está perto de mudar.


— Eu não sinto nada de diferente.


— É porque você não tem o equipamento — Puck falou e as quatro meninas no quarto o encararam. — o olfato — o judeu explicou


— Talvez eu só tenha passado muito tempo perto de quem está exalando esse cheiro. — Rachel tentava achar uma explicação lógica pra tudo isso. Ela não acreditava que ela era... Aquilo.


— Mesmo que você tivesse feito sexo com ele, ou ela, — Santana acrescentou olhando pra Quinn. — a noite toda, não estaria cheirando assim. Além disso, há outras provas.


— Como o quê? — a cantora quis saber.


— Você não percebeu a velocidade com a qual se moveu hoje mais cedo? E o que você me diz de ter enfrentado quatro lobos e ainda estar viva? — Santana questionou.


— A adrenalina opera milagres. — Rachel respondeu se agarrando a qualquer coisa.


— Você pode negar o quanto quiser Berry, mas no fundo você sabe que é verdade.


— A Santana tem razão, princesa. E eu aposto que nos últimos dias você teve febre, seus olhos ficaram sensíveis à luz e você sentiu dores no corpo inteiro, estou certo? — Noah perguntou


— Foi só uma virose. Eu procurei um médico e ele me garantiu...


— Médicos humanos são idiotas, ainda mais quando se trata de lobos. — Santana cortou impaciente. Essa negação toda já estava dando nos nervos da latina. Ela se levantou da cama e se aproximou da cantora. — Vamos lá, Berry. E o que você me diz sobre sua ligação com Quinn?


— O-o quê que tem a Quinn? — o quarto ficou em silêncio. Santana resolveu tomar nas mãos a tarefa de fazer Rachel admitir a verdade.


— Você sabe. Aposto que no cheiro dela você sentiu diferença. E como você sabia que ela estava em perigo?


— Eu disse a vocês uma vez, eu sou meio psíquica.


— E o cheiro?


— Bem, ela pode estar usando um perfume novo? — a cantora perguntou incerta. Ela queria continuar negando, mas tinha que admitir que as coisas que eles falavam faziam sentido.


— Ai, ai, ai, Berry. Chega, eu desisto. — Santana falou voltando a sentar na cama com Brittany.


— Acalme-se Santy, a reação da Rachel é normal. Lembre-se que isso tudo é novo pra ela. — Brittany falou abraçando a companheira.


— Ok. Vamos dizer que eu acredito no que vocês disseram...


— Enfim o progresso. — Santana cortou.


— Não interrompa Santy — Brittany pediu.


— E agora, o que acontece? No que isso vai mudar a minha vida, além é claro, de me transformar em um bicho peludo. — Rachel continuou, ignorando a interrupção.


— É realmente muito legal princesa. Você vai ficar mais forte e mais ágil. E os seus sentidos serão mais aguçados.


— Imagino que essas são as coisas boas, e as ruins?


— Realmente não há muitas. Você só precisa manter o segredo e contribuir de alguma forma com a alcatéia. Não precisa ser dinheiro. Santana e eu damos aulas de luta para os pequenos, Brittany ensina dança e Quinn dá aulas de culinária.


— Eu poderia ensinar canto. — Rachel sugeriu começando a se empolgar. Realmente agora que explicavam, não parecia tão ruim. A morena percebeu que eles tinham um espírito de união muito forte. Talvez agora ela pudesse ter uma família e amigos de verdade. Ela tinha o Noah antes, mas sempre achou que ele escondia algo, o que acabou comprovando. Agora que não havia mais esse segredo, Rachel sentiu que eles iriam crescer mais perto.


— Tanto faz. — Santana falou, mas no fundo ela ficou feliz de ver que Rachel começou a gostar da idéia.


— E quanto à transformação? Já deu pra perceber que, contrariando o senso comum, ela não ocorre apenas na lua cheia.


— Não, essa história é invenção do cinema. Nós podemos mudar quando quisermos, por vezes até quando não queremos. — Noah falou assumindo um tom sério pouco característico nele. — É preciso aprender a dominar seu lobo, às vezes ele vai querer sair e tomar conta de tudo. — Rachel estava desconfiada que nem tudo seriam flores. — Mas não se estressa princesa. Nós vamos te ajudar.


— As únicas noites em que você tem de se transformar, são as de lua cheia. — Santana interrompeu o momento bromance judeu e voltou aos negócios. — Mas só a primeira vez ocorre obrigatoriamente à meia-noite. Depois disso você escolhe a hora de mudar, desde que faça isso em algum momento da noite.


— Ah, ainda bem. Já estava ficando preocupada. Porque quando eu estiver na Broadway ainda poderia estar em uma peça a esse horário — os outros quatro na sala trocaram um olhar preocupado e Rachel notou. — Por que esses olhares? — Puck ia negar, mas a morena cortou. — Nem tente Noah. Eu já disse que sou meio psíquica. Qual o problema de falar sobre a Broadway? Não existe alcatéia em Nova York? Todos os lobos do mundo estão em Lima?


— É claro que existe alcatéia em Nova York. Lima é só um pequeno pedaço do nosso mundo — Santana disse.


— Então qual o problema? Os lobos não podem deixar sua alcatéia original?


— Podem. — Puckerman respondeu devagar.


— Então eu não vejo o porquê dessas caras. Ah, já entendi. Vocês estão com medo de que quando eu me tornar uma estrela eu vá esquecê-los, não é? Não se preocupem, não vou deixar o sucesso subir na minha cabeça.


— Princesa, nós temos que te contar uma coisa.


— Fique quieto, Puck. Isso não cabe a nós.


— Ela é minha amiga, Santana. E ela merece saber.


— Do que vocês estão falando?


— Princesa, há algumas coisas que você precisa saber — Puck disse sério.


— Estou ouvindo — Rachel falou.


— A alcatéia possui uma hierarquia e esta se estabelece de acordo com o grau de dominância que os lobos possuem. — Puck começou a explicação. — No degrau mais baixo, estão os lobos ômegas. Depois vêm os lobos médios. Em seguida os alfas, esses já são bem dominantes. E no lugar mais elevado vem o Alfa Verdadeiro — isso atiçou algo na memória de Rachel, mas ela não conseguia lembrar o que era. — o Alfa Verdadeiro só nasce uma vez a cada 50 anos.


— Porque quanto mais dominante o lobo, mais territorial e mais propenso à violência ele também será. — Santana percebeu que se não podia impedir Puck, seria melhor ajudá-lo. — E se houvesse dois Alfas Verdadeiros na mesma alcatéia, com a mesma faixa de idade, eles acabariam se matando.


— Quando um lobo Alfa V. surge, e isso ocorre por volta dos seus15 anos, o Alfa Verdadeiro anterior já está “velho”. — Puck faz as aspas em velho com as mãos.


— Nós envelhecemos um pouco mais lentamente que os humanos, nada que desperte muita atenção, mas o suficiente pra que um lobo de 65 anos ainda consiga comandar e proteger sua alcatéia. — Brittany explicou.


— O Alfa anterior passa a treinar o novo Alfa V. — Puck continuou — E quando este estiver em condições de assumir, o Alfa Verdadeiro anterior torna-se seu principal conselheiro nos primeiros anos de liderança.


— Se o Alfa Verdadeiro morre antes de surgir seu substituto, a alcatéia forma um conselho pra assumir suas responsabilidades até a chegada do próximo — Santana acrescentou. — E quando o Alfa V. aparecer é designado um lobo para treiná-lo. Durante os primeiros anos de comando desse novo Alfa, o conselho é mantido e o lobo escolhido a treiná-lo torna-se o líder do conselho. Eles só cuidam de questões menores, a menos que sua ajuda seja solicitada pelo Alfa Verdadeiro.


— Essa história toda é muito interessante, mas o que eu tenho a ver com isso? — Rachel perguntou já imaginado onde isso ia dar.


— Você é o Alfa Verdadeiro, Rachel. — Santana declarou se preparando para a explosão que certamente viria da diva. Mas Rachel só ficou parada, olhando taciturna pra parede. Depois de um longo tempo Puck optou por quebrar o silêncio.


— Princesa, fala alguma coisa. — Noah pediu, preocupado com a falta de reação da irmã judia.


— O que isso significa? — Rachel perguntou numa voz calma. Calma demais.


— Você ouviu alguma coisa do que nós dissemos? — a latina perguntou exasperada. A apatia de Rachel a estava assustando.


— Santana, agora não é o momento pra dar uma de vadia. Eu perguntei: O que. Isso. Significa? — os quatro sentiram o poder por trás das palavras da morena.


— Que você precisa ficar aqui pra liderar a alcatéia. — Noah foi o único com coragem pra responder.


— Que eu não posso ir pra Nova York realizar meu sonho na Broadway. — a morena disse.


— Sim — não foi uma pergunta, mas Santana sentiu a necessidade de responder.


— Eu lutei contra quatro lobos completos ainda em minha forma humana. Imagino que isso não seja algo habitual, certo? — eles não entenderam de onde veio à mudança súbita de assunto. Eles esperavam que Rachel começasse a pirar, mas aqui está ela, saindo com essa pergunta sabe-se lá de onde.


— Certo. — Brittany respondeu cautelosa. — Santana perguntou sobre isso ao Papi Lopez. Ele ficou muito surpreso e explicou o que aconteceu.


— Reza uma antiga lenda — a latina começou a repetir as palavras do pai. — que quando um lobo poderoso se encontra dominado por uma emoção muito forte...


— Como medo, fúria ou dor — acrescentou Brittany.


—... E está impossibilitado, por qualquer motivo que seja, de se transformar, ele pode alcançar a “ascensão”. O que quer dizer, que ele alcança um estagio intermediário entre a forma humana e a lupina.


— Ele possuirá força, agilidade e instintos lobos, e raciocínio e aparência humana — Brittany explicou.


— Eu nunca ouvi falar sobre isso — Puck disse impressionado.


— Não é uma história muito conhecida, mas você sabe o quanto o Papi ama pesquisar essas coisas.


— Por que eles atacaram Quinn? — Rachel perguntou cortando a conversa dos dois.


— Nós ainda não temos certeza.


— Mas há teorias. — não foi uma pergunta.


— Sim.


— Conte-me sobre elas.


— Na verdade só conseguimos pensar em uma — Santana falou. — Como em qualquer espécie, existem homens-lobos maus, eles costumam promover ataque a lobos e humanos sem nenhuma razão especifica.


— Então Quinn só estava no lugar errado e na hora errada?


— É o que achamos — disse a latina.


— O que é esse Ritual de Legitimação e Juramento de Lealdade? — Rachel fez outra pergunta. Ela queria saber tudo de uma vez. Ela achava que seria melhor assim, como um Band-Aid que você arranca rápido.


— Nós nunca presenciamos um, mas todos conhecem a teoria — Santana respondeu. — Basicamente, nos reunimos e aguardamos sua chegada. Você estará em uma cerimônia sozinha com as Anciãs, não sabemos o que elas farão. As Anciãs são as mulheres mais velhas da alcatéia - elas lideram e passam o conhecimento as gerações de novos Lobos. O Alfa V. anterior e o seu pai viriam te flanqueando enquanto você passa no meio da alcatéia, mas como nenhum de seus pais é lobo e o Alfa Anterior morreu, será apenas o Líder do Conselho.


— Depois você ficará na Pedra Sagrada — Brittany falou. —Ela possui inscrições que dizem às virtudes que todo Alfa deve ter. Nós ainda estaremos na forma humana esperando sua transformação.


— Que ocorrerá exatamente a meia-noite — Puck diz.


— Quando você se transformar, voltará pelo corredor e assumiremos nossa forma lupina. Um a um iremos, com o rabo entre as pernas, orelhas baixas e focinho ao chão, nos apresentar a sua frente... — Santana continuou até ser interrompida por Brittany.


— Essa é uma posição de muita vulnerabilidade para um lobo. — a loira falou. Santana assentiu, depois voltou à explicação — Ficamos assim até que você nos permita sair. Depois disso voltamos a nossa forma humana


— Um juramento de lobo não pode ser quebrado levianamente — Brittany diz, séria.


— E por último há a caçada da noite, onde você escolhe uma fêmea pra correr ao seu lado. — Santana finalizou.


— E depois de tudo isso eu estarei presa a vocês pra sempre. — Rachel declara.


— Não. Esse ritual serve para criar um laço entre Alfa e Alcatéia — Santana respondeu. A latina não gostou das palavras que Rachel escolheu.


— Através dele, a alcatéia fortalece o seu Alfa e consequentemente é fortalecida. Também cria um vinculo psíquico entre Alfa e alcatéia. — Brittany continuou a explicação. — Você poderá enviar e receber mensagens, mas não ler nossos pensamentos privados.


— E se você der uma ordem direta usando o seu poder de Alfa, nós seremos obrigados a cumprir. — Noah acrescenta. — Isso meio que já acontece agora. Mas se alguém com muita força de vontade...


— E ele quer dizer muita força de vontade mesmo. — Santana falou, lembrando-se de como se sentiu ao receber uma ordem direta da cantora.


—... Tentar resistir ao seu comando, há uma possibilidade mínima de que consiga.


— O laço também permitirá que você perceba o nosso grau de lealdade — Brittany disse. — Não é matemática exata, eu não sei bem como isso funciona pra ser sincera, contudo sei que diminui em muito as chances de traição. Mas não as torna impossíveis.


— Como aprendemos alguns anos atrás — Santana comentou com uma voz dura.


— Com o Alfa anterior, certo? — Rachel perguntou e a latina confirmou com um aceno de cabeça. — Se eu passar por esse ritual eu ainda não estarei aceitando a responsabilidade de Alfa?


— Não — Santana respondeu. Rachel assentiu, depois ficou introspectiva por um tempo.


— Então, o que vocês estão dizendo é que — a morena voltou a falar. — há um monte de pessoas, que eu não conheço, que vão poder me mandar pensamentos quando quiserem, que eu serei responsável pela segurança e bem estar deles, que eu terei de desistir dos meus sonhos e que vai haver gente tentando me trair e me matar?


— Quando você fala assim... — Santana começou.


— Não, obrigada — Rachel a interrompeu. — a oferta é tentadora, mas eu vou ter que declinar.


— Você não pode dizer não. — Quinn declarou. Decidindo finalmente participar da conversa.


— Pois então escute: não, não, não, não...


— PARE DE SER INFANTIL! — a loira gritou. De certa forma, Rachel negar ficar em Lima a irritou.


— PARE DE SER EGOÍSTA! — a morena respondeu.


— O que você disse? — a loira perguntou com raiva.


— O que você ouviu. — a cantora confirmou e continuou. — Desde que eu entrei aqui, essa é a primeira vez que você me dirige a palavra. E só está mesmo fazendo isso porque eu não estou de acordo com o que você quer. Você consegue imaginar como tudo isso é assustador pra mim? — Rachel perguntou se enfurecendo, mas não esperou por uma resposta. — Vocês sabem o que são desde que nasceram, mas eu cresci num mundo onde tudo isso é material pra Hollywood. Eu estou com medo, eu não tenho idéia do que vai acontecer comigo. E pra piorar, eu agora tenho esses sentimentos, ou melhor, essas reações a você, a pessoa que me atormenta desde que nos conhecemos — Rachel se acalmou um pouco e prosseguiu. — O único momento em que me sinto um pouquinho melhor é quando olho pra você, Quinn. Mas essa sensação passa logo em seguida, quando vejo o olhar de desprezo em seu rosto. Então me desculpe, mas eu acho que tenho todo direito de ser infantil quando eu descubro de uma hora pra outra que minha vida inteira vai mudar. E você? Qual a sua desculpa pra estar sendo uma cadela fria e egoísta? — silêncio. — Eis o que pensei — foi a última coisa que a morena disse antes de deixar o quarto.


Quinn sentiu a necessidade de se apoiar em algo. Repentinamente se sentia fraca. Sua boca estava seca e se sentia exausta. Mas, ver Rachel saindo assim despertou algo na loira que lhe deu forças para segui-la e dizer tudo o que precisava. — Ah não, você não vai partir assim. — a loira falou saindo pela porta.


— Espera Quinn. Não vai fazer nenhuma besteira. — Santana pediu. Mas a loira não a ouviu e seguiu Rachel quando a morena entrou no quarto de Helena.


— Vai embora, Quinn. Eu quero ficar sozinha. — Rachel falou quando percebeu a loira entrando.


— Você não pode me dizer aquelas coisas e depois me deixar falando sozinha.


— Pois bem, o que você tem pra me dizer que justifique o seu comportamento.


— Eu não tenho que me justificar pra você.


— Concordo. Agora que chegamos a um acordo, você pode me deixar sozinha?


— A sua vida não é a única a ser afetada por tudo isso. — Quinn começou. Rachel revirou os olhos. — Você acha que nós queremos o nosso futuro nas mãos de alguém que só pensa em musicais e garotos.


— Meus interesses não são tão limitados, Quinn — Rachel disse colocando a mão no peito em falsa ofensa. — Eu também penso em garotas.


— Oh, perdoe-me pelo erro terrível. Essa informação realmente faz uma grande diferença pra demonstrar o seu despreparo — a loira respondeu sarcástica.


— Então me permita tornar as coisas mais fáceis pra vocês recusando o cargo.


— Não funciona assim. Você não pode recusar. Você nasceu com uma missão, Rachel. Você precisa cumprir com suas obrigações.



— Minha única obrigação é com o meu talento e meus futuros fãs.


— Pare de ser infantil, isso não vai acontecer.



— Você espera que eu desista de tudo o que eu quis a minha vida inteira só porque você diz que eu tenho?


— Sonhos mudam Rachel. Acredite em mim quando eu digo que não gosto de tudo isso tanto quanto você, mas é assim que as coisas têm que ser.


— Você sabe Quinn, eu ouço você reclamar, mas a única pessoa aqui que está perdendo tudo sou eu.


— Você não tem idéia do que está falando.


— É mesmo? Então esclareça pra mim.


— Você destruiu os meus sonhos, Rachel. — Quinn acusou. — Há muito tempo uma previsão disse que o próximo Alfa Verdadeiro seria meu companheiro. Eu me preparei à vida toda pra quando ele aparecesse. Eu fiz de tudo pra ser a melhor loba, a melhor filha, a melhor esposa e agora você aparece e nada do que planejei vai se realizar.


— Deixa ver se eu entendi — Rachel falou devagar. — Eu sou sua companheira, certo?


— Sim.


— Isso quer dizer que nós deveríamos ser um casal?


— Não, eu...


— Esqueça por um momento que eu sou eu. Se eu fosse à pessoa que você tanto esperou. Nós seriamos destinadas uma a outra?


— Sim.


— Então sua vida está destruída por que eu sou sua companheira? — Rachel perguntou numa voz cortante.


— S-sim. — Quinn gaguejou. Ela ficou com medo quando percebeu a fúria nos olhos de Rachel.


— Desculpe-me por existir Quinn, ou será que eu deveria me desculpar apenas por ser uma garota? — Rachel manteve a voz fria, seu ombro começou a doer ainda mais forte, e era notável que o curativo começara a se avermelhar como se a hemorragia estivesse voltando com força. — Não importa. Você não precisa se preocupar, querida, porque eu não quero você...


Quinn respirou fundo. Sentia sua garganta fechar. Era a mesma sensação de quando Frannie foi para faculdade. Mas, mil vezes pior. Ela se sentia sozinha, como se as lágrimas queimassem seus olhos e os soluços subissem sua garganta.


— Rachel, pare. Você não sabe o que está dizendo. — Puck tentou interferir.


— Ah, eu sei, Puckerman. Eu sei muito bem. — Ela assegurou ao amigo. Puck percebeu que nesse momento ele não falava com Rachel Berry, mas sim com um lobo que teve o orgulho ferido pela própria companheira. E lobos quando feridos costumam atacar como se não houvesse amanhã. Isso preocupou o judeu. Rachel continuou: — Eu não iria querer a rainha de gelo aqui — apontou pra Quinn. — nem se ela fosse a última mulher na face da terra. Eu gosto das minhas mulheres de sangue quente, não blocos de gelo sem expressão.


Quinn usou toda sua concentração para não desabar ali mesmo. Seu corpo estava agora dolorido como se tivesse levado uma surra.


— Rachel, chega! — Puck gritou.


— Por quê? Por que todo mundo tem o direito de me machucar e exigir coisas de mim, mas eu não posso dizer o que eu sinto?


— Porque essa não é você. E isso não é como você se sente. — Puck disse se aproximando na cantora. Rachel viu a preocupação legítima nos olhos do garoto. A exaustão a alcançou.


— Eu tô cansada, Noah. — a morena disse se apoiando no amigo.


— Eu sei princesa.


— Quinn, eu... — Rachel estava arrependida do que havia dito. Ela queria concertar as coisas com a loira. Mais do que isso, ela precisava concertar as coisas com a loira.


— Guarde pra você, eu não me importo. — Quinn interrompeu o pedido de desculpas e saiu do quarto no melhor estilo HBIC, mas quando virou as costas as lágrimas queimaram nas bochechas do rosto angelical.


Rachel sentiu suas pernas fraquejarem. Como se seus joelhos não aguentassem mais carregar aquele corpo.


— Você vai ter que me ajudar a resolver isso. — Rachel disse a Noah apoiando a cabeça em seu peito.


— Eu já imaginava. — ele respondeu levando-a até a cama — Deite-se. Nos vemos quando você acordar.


— Você vai dormir aqui? — ela perguntou já meio dormindo.


— Tá brincando? Eu tenho um quarto com o meu nome nele na casa Lopez. – Rachel riu de leve antes de adormecer.


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Notas finais do capítulo

N/RaeRae: Já tô até com vergonha de me desculpar por fazer vocês esperarem, mas dessa vez parecia que os deuses conspiravam pra que esse capitulo demorasse tanto a ser publicado. Ele já estava escrito mesmo antes de postarmos o cap. anterior, mas uma sucessão de fatos atrasaram a publicação.
Mais uma vez, desculpem a demora.
Feliz Carnaval!!!