Companheiro (a) escrita por Chase_Aphrodite, RaeRae


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Esse é um dos meus capítulos favoritos até agora, nele há um pouco de tudo. Espero que vocês também gostem.
Divirtam-se!



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E a morena não aguentava mais isso. As emoções conflitantes. As expectativas e cobranças. Todas essas pessoas entrando tão de repente e de forma tão intensa em sua vida. O lobo... Deus! O lobo. E como ele parecia ter cada vez mais influência em seu comportamento. Rachel Berry não era o tipo de pessoa que precisava respirar fundo e contar até dez para se impedir de rasgar a garganta de outro ser humano. Rachel Berry era alguém doce e gentil, que amava musicais e considerava Barbra a maior cantora de todos os tempos. Rachel estava se transformando em alguém que ela não queria ser, em alguém que alguns meses atrás ela teria parado no corredor e palestrado sobre como essa pessoa tinha muito potencial e precisava acerta sua vida. Rachel Berry estava deixando de ser Rachel Berry e isso precisava parar. Tudo precisava parar.


Rachel soltou um suspiro cansado.


"A lua está bonita hoje não é?"


Rachel pulou de susto ao ver Brittany sentada no chão à sua frente olhando sonhadora para lua.


"Brittany! Que susto me deu!"


A loira sorriu triste para sua Alfa.


"Eu sei como se sente, Rae. Como se não fosse você mesma, certo? Eu senti o mesmo quando comecei a entender a importância de minhas visões."


"Brittany como..."


"Você quer saber a minha história?" a morena assentiu "Está bem. Mas, saiba que não é exatamente feliz. Exceto... Bem, apenas porque foi assim que conheci Santana e Quinn."


Brittany sorriu afundando em suas lembranças. Por mais nova que fosse, ainda lembrava-se daquele dia muito bem.



Flashback On:


A pequena Santana Lopez corria pela parte aberta da floresta. Ria internamente se afastando o mais rápido que conseguia. Finalmente havia conseguido escapar de Helena e poderia ir aos balanços e o escorrega na pequena campina mais a frente.

Brittany ria sozinha enquanto descia pelo escorrega. Sua Oma, finalmente a tinha trazido para aquela cidadezinha. Até seus três anos e quatro meses, morou em outra cidade pequena junto com seu tio.

"Sr. Porco," Brittany falou com seu amigo imaginário "vamos nos balanços?"

"Olha, que esquisita! Ela fala sozinha!" um menino gordinho exclamou.

"Eu não falo sozinha!" Brittany rebateu. "Sr. Porco é meu amigo!"

Os outros dois meninos riram junto com o gordinho. Querendo impressionar seus amigos, ele agarrou um galho ali perto e jogou na menina loirinha.

"É melhor fugir estranha!" disse agarrando uma pedrinha.

O galho bateu nas mãos da pequena Brittany. A pequena virou-se assustada e começou a correr o máximo que podia. Os três meninos, Adam Azimio, Finn Hudson, e Sebastian Smythe correram atrás dela jogando galhos e pedrinhas.

"Nós estamos te alcançando garota estúpida!" um deles gritou.

Brittany acelerou o passo o máximo que pode, mas ainda não tinha tanta confiança, caindo várias vezes, e arranhando seus joelhinhos, mãos e bochechas. Acabou trombando com uma pequena latina, mas logo levantou-se e continuar a correr.

Santana sentiu seu pequeno coração falhar ao encontrar com os olhos azuis da menina a sua frente. Mas, uma raiva incontrolável lhe subiu quando viu os machucados e a garota correndo para longe com medo.

Brittany se viu diante de um abismo enorme (bem, na verdade, era apenas um buraco razoavelmente fundo, mas, para seu tamanho era um abismo sem fim).

"Como o Simba" Brittany murmurou para si mesma antes de deslizar para dentro do buraco. Mas, uma pedra do tamanho de seus punhos bateu em sua testa logo acima da sobrancelha direita.

A latina corria atrás da menina com os meninos logo atrás. Girando encarou os meninos com ódio.

"Escutem aqui!" ela gritou. "Se vocês a seguirem de novo, eu vou mostrar como funciona as coisas em Lima Heightes. Ou pior! Eu vou chamar a Helena!"

Os meninos olharam em pânico. A irmã mais velha de Santana sabia dar medo. E era super protetora com a irmã pequena.

Vendo os meninos saírem correndo, Santana deu um sorrisinho convencido e correu até o buraco e viu a menina loira encolhida lá.

"Olá!" ela chamou. A loirinha olhou para ela e sorriu vendo os carinhosos olhos castanhos.

"Oi!" então sorrindo ainda mais completou. "Seus olhos parecem de um cachorrinho! Eu gosto!"

Santana dobrou seu sorriso e respondeu. "Seus olhos parecem com o céu. É bonito. Quer ajuda para sair dai?"

Brittany assentiu e estendeu a mão para Santana que a agarrou e a puxou para fora. As crianças sorriram uma para outra.

"Oh Díos Mio!" Santana falou. "Você tá sagrando!"

Brittany se assustou. "Eu vou morrer!"

"Pera! Eu vou chamar a minha irmã. Vem comigo."

As duas meninas saíram pela floresta chamando Helena.

"Santana!" a menina de sete anos exclamou vendo as crianças se aproximando. "Onde você... Oh! Sua amiguinha está sagrando! Vamos, meu papi é médico."

As três meninas foram em direção a casa dos Lopez, mas Brittany e Santana iam atrás de mãos dadas.

O pai de Santana deu dois pontos na testa de Brittany e deixou as meninas irem brincar.

"Nossa!" Brittany exclamou depois de um tempo encarando o nada. "O biscoito de geleia de morango e pasta de amendoim que sua mãe comprou parece muito gostoso!"

Santana a olhou sem entender, mas continuaram brincando. Passaram-se dez minutos quando a Sra. Lopez apareceu no quintal.

"Meninas! Vejam o que eu comprei! Biscoito de geleia de morango com pasta de amendoim!"

Santana a olhou surpresa.

"Você é incrível BrittBritt!" falou. "Mamãe! A Brittany sabia o que você ia comprar."

A loira assentiu.

"Foi estranho. Eu vi exatamente o que aconteceu agora. Mas tinha umas ondinhas brancas nas laterais."

Indira arregalou os olhos.

"Esperem aqui meninas."

A Lopez entrou na casa e pediu para que as Anciãs examinassem a pequena Brittany.

Victoria Fabray havia acabado de entrar na casa trazendo consigo a pequena Quinn.

"Vá brincar querida." ela disse sorrindo. "Mas, não suje seu vestido novo."

A pequena Fabray assentiu e dirigiu-se para o quintal.

"Tana?" Quinn chamou se aproximando das meninas. "Oi!"

Brittany sorriu e acenou.

"Oi Quinn!" Santana cumprimentou, e acrescentou "BrittBritt, essa é a Quinn! Ela é a Brittany."

Quinn juntou-se a brincadeira e as três meninas riam perseguindo umas as outras. Elas deitaram na grama olhando as nuvens.

"LUCY QUINN!" Quinn levantou-se vendo sua avó a olhando brava. "Seu vestido! Quantas vezes eu já disse para não deitar na grama! Isso não é comportamento de uma dama!"

Quinn levantou-se olhando para baixo.

"Desculpe, vovó." murmurou.

Victoria revirou os olhos e chamou Brittany. As outras anciãs reuniram-se ao redor da neta de Sophie Pierce. Minutos depois a pequena sorria sem entender nada e Rosalinda e Sophie pareciam surpresas. Mas, Victoria mantinha um sorriso maior ainda.

"Ela foi abençoada com o dom de observar o futuro."

Todos sorriram à pequena Brittany. Que sorria de volta sem entender o que se passava.

Flashback Off


Rachel ouviu toda a estória em silêncio.


Brittany olhou para a Alfa e sorriu.


"Agora vamos lá, já anoiteceu e está chegando a melhor parte."


"O que vai acontecer agora?"


"Bem, quando saí os meninos estavam começando a preparar a fogueira. Nós todos pegamos pratos e sentamos em volta dela. E os mais velhos contam lendas, e os amigos falam histórias embaraçosas, e..."


Rachel sorriu ouvindo as divagações de Brittany. Parecia divertido. Parecia família.


Demorou um pouco, família era um conceito com o qual Rachel não estava acostumada, mas ela estava começando a entender. Essas pessoas, a sua alcatéia, precisavam dela.


Rachel precisou de um minuto para deixar suas paredes caírem, ela passou um minuto assistindo um futuro que ela havia planejado desaparecer. Uma lágrima solitária rolou em seu rosto, demonstrando seu luto pelo futuro que se foi. Mas agora ela tinha um novo, agora ela tinha pessoas para cuidar e Rachel Berry não foge de suas responsabilidades. Ela estava com medo, é claro que estava, mas ela sabia que haveria aliados para ajudar.


Brittany limpou a lágrima no rosto da Alfa, e a olhou oferecendo um sorriso.


"Você está pronta?" a loira perguntou.


Rachel sentiu que ela estava perguntando mais do que sobre ir para a fogueira. E não hesitou em responder:


"Sim"

* * *


Rachel e Brittany se serviram e caminharam para a fogueira. Elas trocaram um olhar alarmado quando ouviram quatro vozes exaltadas.


De um lado, Santana e Quinn discutiam. Alguns lugares mais para a esquerda, Rosalinda e Victória também estavam em uma argumentação exasperada.


"O que está acontecendo?" Rachel perguntou, sentando entre Oma e Helena.


"Bem, até onde eu entendi, Abuela acha que Victória espalhou o boato de que ela usa recheio de lata em sua famosa torta de amora, o que fez abuela ser desclassificada do concurso Anual de Tortas de Lima Ohio." Helena respondeu.


Rachel não sabia se estava mais confusa pelo motivo da briga ou por haver um concurso anual de tortas.


A Alfa virou-se para onde Quinn e Santana discutiam.


"E elas duas?"


"Santana teve um surto repentino de crescimento em sua parte frontal superior, como você deve ter percebido."


Rachel queria negar, mas de fato ela tinha. A morena assentiu.


Helena continuou:


"Isso acontece às vezes com mulheres-lobo. Mas no caso da minha irmã estava começando a chamar atenção, então Quinn sugeriu que Santana dissesse que fez uma plástica para aumentá-los. Algumas cheerios ouviram e... bem, o resto você já deve saber."


Mais uma vez Rachel assentiu. Foi a fofoca do momento durante três dias. Contudo, na quinta feira uma garota foi vista no armário do zelador com um professor, e Santana era noticia velha.


"Você está sendo irracional!" Victória disparou para Abuela.


Rachel mudou sua atenção para as duas.


"Você está velha."


"Como isso é uma resposta?"


"Pode não ser uma resposta, mas é um fato."


As duas soltaram um "Umpf" irritado e viraram de costas para outra, cruzando os braços.


Quase em seguida, Quinn falou:


"Eu já disse que foi sem querer."


"Eu não me importo." Santana respondeu.


As duas soltaram um "Umpf" irritado e viraram de costas para outra, cruzando os braços.


Oma começou a sorrir ao lado de Rachel. A Alfa olhou para ela, também com um sorriso divertido.


"Elas são sempre assim?"


"Desde que me lembro. E eu tenho uma memória muito boa." a avó de Britt respondeu, fazendo uma expressão pensativa "Acho que essa amizade estranha está no sangue."


Rachel se viu assentindo mais uma vez e começou a comer, ouvindo Helena e Oma contando outras brigas hilárias que aconteceram ao longo dos anos.


E pela primeira vez em... sempre, Rachel estava realmente feliz.


* * *


Rachel estava em sua moto, mochila nas costas, a caminho da casa Lopez. Apesar dos pedidos de Irina, a morena decidiu não passar a noite depois que o churrasco terminou. Ela precisava ir para casa e pensar sobre algumas coisas. E foi o que Rachel fez, ela pensou e repensou e destrinchou cada acontecimento até sentir que havia analisado tudo. E quando um novo dia começou, uma nova Rachel Berry nasceu. Foi-se a futura estrela da Broadway, e em seu lugar surgiu a Rachel Berry Alfa Verdadeiro da Alcatéia de Lima Ohio.


Ela estacionou e desceu da moto, correu até o quarto onde ficava quando estava por lá, deixou suas coisas, e foi direto ao encontro de Sue.


A treinadora, surpreendentemente, havia decidido deixar a sessão de hoje para começar mais tarde. Ela viu algo diferente nos olhos de Rachel quando foi comunicar que o treino não estaria suspenso só porque era a primeira noite de lua cheia do mês. Lobos costumam agir... diferente durante esses dias, seus hormônios parecem entrar em combustão, como Rachel havia aprendido nos últimos meses. A morena passava esses três dias fazendo todo tipo de exercício físico ao seu alcance, já que o modo mais eficaz de saciar a adrenalina (sexo, segundo Santana, Brittany e Noah) não era uma opção que ela estava disposta a explorar no momento. Então o treino com Sue hoje era bem vindo.


Passados dez minutos, Rachel começou a ficar realmente nervosa. Ela estava em pé no mesmo lugar a todo esse tempo e Sue ainda não havia dado qualquer indicação de que pretendia começar.


“Finalmente!” Sue disse.


Rachel olhou por cima do ombro tentando identificar o que havia provocado a reação da treinadora, mas a única coisa que viu foi Helena se aproximando.


"Desculpe pelo atraso. Papi pediu par-"


"Como se eu me importasse." a treinadora interrompeu "Tome posição e vamos começar de uma vez."


Helena assentiu e se colocou na frente de Rachel.


A Alfa olhou entre as duas, confusa "Desculpe, mas o que está acontecendo aqui?"


"Não é obvio?" Sue perguntou pouco impressionada "Vocês terão uma luta."


"O quê?"


"Uma luta, competição entre duas pessoas..."


Rachel revirou os olhos "Eu sei o que é uma luta."


"Então por que está me fazendo perder tempo explicando?"


"Mas por que ela? Sem ofensa, Helena."


"Nenhuma ofensa tomada." a latina garantiu "E respondendo a sua pergunta, acho que foi por processo de exclusão. Puck seria fácil demais."


"Ei!" o judeu protestou do lugar onde estava em pé, assistindo tudo com Brittany, Santana e, inacreditavelmente, Quinn.


Ninguém nunca havia visto Santana Lopez acordada antes do meio-dia num sábado, mas como Brittany havia pedido para ver o treino, a latina acabou concordando. Puck estava lá para dar apoio a Rachel. Ele ainda tentava recuperar pontos depois de ter apostado contra a morena na corrida do primeiro treino. E Quinn... ela defendeu firmemente que estava ali por insistência de Brittany, mas a verdade é que estava curiosa para ver Rachel em ação, a loirinha só serviu como desculpa.


Helena continuou após a interrupção de Puck "Quinn e Santana... Bem, nem Sylvester seria tão cruel para fazer isso com você." nenhuma das duas perdeu o sorriso de Sue desafiando essa declaração, Helena preferiu continuar rápido. "E Brittany... Olha só." a latina virou-se para onde a loira estava com os outros "Ei, Britt! Mostre-nos a sua melhor posição de luta." a loira assumiu uma postura de boxeador e tentou fazer uma careta ameaçadora, mas só conseguiu uma carinha fofa. "Você conseguiria bater naquilo?"


Rachel negou com a cabeça, sorrindo quando viu Santana não se controlar e abraçar a companheira. Seu sorriso murchou quando olhou para Quinn e percebeu que nunca teria aquilo.


Notando a mudança na expressão da morena e a direção de seu olhar, Helena tentou fazer uma brincadeira e chamar a atenção dela "Sem falar, que minha irmã arrancaria sua cabeça se você a machucasse."


"Bom ponto." Rachel concordou, voltando sua atenção à latina mais velha. "E, veja pelo lado bom, eu posso tratar você depois de te dar uma surra."


"Nos seus sonhos."


"Malditos adolescentes!" Sue vociferou "Sinto que meu QI caiu dois pontos só de ouvi vocês duas falando. Comessem a luta!" aqui ela concentrou-se em Rachel "Não mude. Vamos colocar o que você aprendeu em prática, assim eu posso identificar melhor onde seus golpes precisam ser corrigidos."


* * *


Elas se estudavam mantendo uma distância razoável, nenhuma das duas querendo subestimar a adversária. Estranhamente, Rachel pegou-se pensando qual seria a trilha sonora adequada para este momento. Uma letra surgiu em sua cabeça quase que imediatamente.


You know, I was-I was wondering, you know

Sabe, eu estive me perguntando, sabe

If-If she could keep on

Se ela poderia continuar

Because the force has got a lot of power

Porque a força é muito poderosa

And it makes me feel like a...

E me dá vontade de...

It, it makes me feel like...

Me dá vontade de...

Lovely

Encantador

Is the feeling now

É este sentimento

Fever

Febre

Temperatures rising now

A temperatura está subindo

As duas já lutavam por quase uma hora, e a morena sentia-se seriamente cansada, Helena era muito rápida.


Rachel acertou um chute bem colocado no abdômen da latina, fazendo-a tropeçar alguns passos pra trás. Aproveitando-se da ligeira vantagem, tentou acertar um direto no queixo da adversária. Mas Helena foi mais ágil, esquivando-se agarrou a morena pelo braço e o torceu para trás, mantendo-o desconfortavelmente preso atrás das costas da alfa, em seguida passou o braço livre em volta do pescoço esguio da morena.


"Você é boa," Helena sussurrou, seus lábios roçando levemente a pele de Rachel. "mas eu ainda posso chutar sua bunda." A latina sorriu, sentindo a outra tremer contra seu corpo.


Get closer (closer now)

Chegue mais perto (Mais perto, agora)

To my body now

Do meu corpo agora

Just love me

Apenas me ame

Until you don't know how

Até você não saber mais como

Keep on with the force don't stop

Continue com força, não pare

Don't stop until you get enough

Só pare quando se satisfizer

Keep on with the force don't stop

Continue com força, não pare

Don't stop until you get enough

Só pare quando se satisfizer


Com a mão livre, Rachel agarrou o braço que Helena mantinha em volta do seu pescoço e virou a menina, derrubando-a de costas no chão. A queda pegou Helena desprevenida e ela deixou Rachel escapar. A morena se esquivou quando a outra tentou agarra-la novamente, mudando de posição conseguiu imobilizar a latina no chão. Seus rostos ficaram separados por poucos centímetros. Helena fechou a distância restante, fazendo suas bocas se encontrarem. Rachel não expressou reação no começo, ela ficou parada enquanto Helena sugava seu lábio inferior, mas quando a latina pediu passagem com a língua entre os lábios, seu corpo despertou e ela passou a corresponder.

Keep on with the force don't stop

Continue com força, não pare

Don't stop until you get enough

Só pare quando se satisfizer

Keep on with the force don't stop

Continue com força, não pare

Don't stop until you get enough

Só pare quando se satisfizer

Touch me

Me toque

And I feel on fire

E eu pego fogo

Ain't nothing

Não há nada

Like a love desire, ooh

Como o desejo de amar, (ooh)

Rachel estava pronta para aprofundar o beijo quando Helena a surpreendeu e inverteu suas posições, conseguindo rodar a Alfa no solo até que ela estava com os dois braços presos atrás das costas.


I'm melting (I'm melting)

Eu estou derretendo (Eu estou derretendo)

Like hot candle wax

Como cera de vela quente

Sensation (oh sensation)

A sensação (oh sensação)

Lovely where we're at, ooh

É ótima aqui, ooh

"Você não deve deixar nada te distrair" a voz da latina era triunfante, mas levemente ofegante.


Rachel soltou um rosnado abafado "Ok, você ganhou." admitiu relutante, um beicinho formando-se em seus lábios.


Helena sorriu "Sem ressentimentos, babe. No amor e na guerra vale tudo." acrescentou em tom de flerte.


"E em qual dos dois o que aconteceu aqui se encaixa?"


"Por que escolher apenas um se juntos eles são muito mais divertidos?"


"Procurem um quarto e saiam da minha frente! Graças a vocês eu preciso lavar minhas retinas e agendar uma lobotomia!" Sue gritou interrompendo o momento que as duas compartilhavam.


Helena saiu de cima de Rachel e ofereceu a mão para ajudá-la a levantar. Pelo canto do olho Rachel viu Quinn se afastando irritada. "Eu nunca posso ganhar com essa garota", a morena pensou derrotada.


"Lopez, parabéns. Usar seus atributos físicos explorando a mente pervertida de seus adversários é sempre uma boa jogada, mesmo que isso te faça parecer uma prostituta."


Helena deu de ombros, não parecendo nem um pouco afetada pelo comentário de Sue.


"E você mini-Barbra, que decepção. Achei que tivesse te treinado melhor."

* * *

Quinn


Depois de chegar a um acordo consigo mesma e decidir lutar por sua companheira, Quinn tentou pensar em alguns planos para conquistar a morena, a escolha obvia seria cantar algo durante Glee, mas essa ideia estava tão batida. Desse jeito a loira com certeza perderia pontos em originalidade. Ela precisava pensar em algo melhor. A canção poderia entrar depois, como um complemento, Rachel certamente ficaria feliz em receber uma serenata.


Quinn decidiu que enquanto não tinha uma ideia brilhante para varrer Rachel Berry de seus pés e deixa-la completamente apaixonada, estar perto da morena e demonstrar apoio seria um bom ponto de partida. Foi por isso que a loira concordou com o pedido de Britt para assistir o treino de Rachel hoje. Ela queria se aproximar.


Passos de bebê Quinn disse a si mesma antes de seguir Brittany para fora do quarto.

Duas horas depois


Quinn sabia que não tinha o direito de ficar chateada. Ela foi a única a empurrar Rachel para os braços de Helena. Mas isso não fazia doer menos. Não era apenas o lado físico da relação Pezberry que incomoda Quinn (mesmo que certamente o faça). O que mais machucava era ver a cumplicidade e confiança que as duas pareciam estar desenvolvendo, ver como Rachel ficava à vontade ao lado de Helena, como Helena parecia mais feliz e relaxada do que já esteve em muito tempo, ver como a latina estava disposta a cuidar e proteger Rachel, mesmo contra Quinn. E essa era outra coisa que machucava Quinn, saber que alguém tinha a necessidade de proteger Rachel dela. E o pior é que a loira nem mesmo poderia discutir essa lógica, não depois do modo como ela perseguiu e torturou Rachel desde que as duas se conheceram, ou depois de toda dor que suas rejeições causaram a Alfa durante os últimos meses. Então Quinn realmente sabia que ela não tinha direito de ficar chateada. Mas desde quando sentimentos são racionais?


A loira achou verdadeiramente difícil não pular em cima de Helena e mostrar-lhe porque não se deve tocar no que pertence a uma Fabray. Não era a primeira vez que a latina fazia isso. Na verdade, ver a latina e Rachel se beijando estava se tornando algo perturbadoramente regular. Quinn só não estava pirando completamente, porque Santana lhe disse que as duas (Rachel e Helena) não estão em um relacionamento sério (ainda), mas elas parecem estar se encaminhando nessa direção.


Quinn suspirou. Depois de ver o beijo no meio do treino, a loira saiu pisando duro e veio sentar-se no balanço do quintal dos Lopez. Ela não sabe quanto tempo ficou ali, mas não deve ter sido muito, ninguém veio chama-la para o almoço.


"Oi"


Quinn levantou a cabeça lentamente. Ela estava tão perdida em seus pensamentos que não percebeu a aproximação de Rachel.


"O que você está fazendo aqui?"


"Falando com você." a morena disse confusa "Você está bem?"


"Porque eu não estaria?" Quinn pediu mais rudemente do que pretendia, e se arrependeu quando viu o flash de dor nos olhos de Rachel.


"Não há necessidade de ser tão seca, Quinn. Eu só estava verificando se você está bem."


Rachel virou-se para ir embora.


"Por que você se importa?" a loira perguntou num sussurro fraco.


Rachel parou sua saída.


"Eu sempre vou me importa com você." respondeu sem olhar para trás "Mesmo que cada pensamento racional na minha cabeça diga que eu não deveria."


As palavras de Rachel provocaram uma mistura de sentimentos estranhos em Quinn. Ela se viu feliz por saber que ainda tinha importância para morena, e triste por Rachel não achar que isso era uma coisa boa.


"Rachel?" Quinn chamou. A morena continuou de costas "Você pode olhar para mim?"


A Alfa tomou uma respiração profunda, e lentamente virou-se para encarar a loira.


Quinn a olhou nos olhos, ela tentou transmitir tudo que estava sentido através daquele olhar. Arrependimento, esperança, dor. Mas, duas palavras ainda precisavam ser ditas, elas estavam apenas esperando o momento certo para sair. E quando Quinn viu o olhar de Rachel vacilar e a vulnerabilidade que a morena tentou esconder sem sucesso, ela soube que esse era o momento.


"Sinto muito."


A loira depositou tanta verdade quanto pode naquelas palavras, sua voz saiu rouca devido aos sentimentos que vinham atados a ela. E Rachel soube, ela conseguiu captar. As duas sabiam que Quinn estava se desculpando por mais do que ter sido rude agora. Ela estava dizendo que lamentava por tudo.


"Eu sei."


"Você me perdoa?" a loira perguntou. Ela não tinha o direito de pedir isso. Mas ela só não pode se impedir, o remorso a estava matando.


"Eu fiz isso muito antes de você pensar em pedir."


Quinn olhou pra baixo, envergonhada "Você é boa demais para o seu próprio bem."


"Não. Eu apenas tenho uma crença muito forte em segundas chances." Rachel respondeu "Além do mais, guardar magoa prejudica mais quem a sente do que a pessoa a quem é destinada."


Quinn balançou a cabeça "Você está certa, suponho."


"Eu não estou sempre?!" a morena disse séria, mas Quinn viu a luz brincalhona em seus olhos.


A loira rolou os olhos "Você não poderia perder a chance de si elogiar, né?!"


"Eu não estava me elogiando, Quinn." Rachel respondeu com falsa indignação "Eu sou apenas muito boa em falar sobre meus talentos. E estar sempre certa é um dom que pouquíssimos tem."


"Deus! Você não pode parar?" a loira perguntou sorrindo.


"Acho que nenhuma de nós é muito boa quando se trata de autocontrole. Eu não consigo parar de falar e você não coseguia parar de me secar durante o jogo."


As bochechas de Quinn escureceram, ela estava ficando vermelha. A loira desviou os olhos, sem graça. Rachel sorriu alto vendo o feito que suas provações estavam tendo sobre a menina.


"Eu não fiz tal coisa." Quinn defendeu debilmente.


"Por favor, Quinn. Seus olhos não conseguiam se desviar do meu abdômen. Aposto que você até deu nome para os gominhos nele." a morena brincou.


Quinn fez um som de engasgo surpreso. Pode ser que ela tenha batizado dois deles, mas só os seus favoritos, e Rachel nunca podia saber disso.


"Você nem mesmo está tentando negar." Rachel apontou, observando a garota com cuidado.


"O absurdo é tão grande que não merece uma resposta."


"Que tal um acordo? Eu deixo você tocar, se me disser o nome de pelo menos um deles."


Tocar?


A loba rugiu na mente de Quinn. Ela totalmente queria por a mão naqueles... Espera! No que ela estava pensando?! Rachel não podia saber disso.


Ah, mas ela já sabe, lembra? a parte pervertida da mente de Quinn argumentou E talvez...


"Poxa, Quinn!" o protesto de Rachel interrompeu os pensamentos impróprios da loira "eu estava só brincando. Você não precisava me ignorar."


Quinn olhou confusa para a Alfa. Rachel havia dito algo?


A morena rolou os olhos.


"Agora vamos. Santana me pediu para vir buscar você. O almoço já vai ser servido."


"Argh!" Quinn exclamou com desgosto. "Não me fale em Santana. Ela e Britt ficam insuportáveis durante a lua cheia."


"Talvez elas devessem ter alguma concorrência." Rachel falou sorrindo sugestivamente.


Quinn piscou aturdida. Rachel havia apenas sugerido... A morena tinha...


Não. Quinn deve ter entendido errado.


A loira limpou a garanta tentando recuperar a compostura. O calor que de repente surgiu entre suas pernas tornava um pouquinho difícil manter uma conversa normal. Pelo visto, Rachel seria uma provocação nesses três dias.


"E então, você está animada para a caçada de hoje?" Quinn perguntou a primeira coisa que veio a cabeça, tentando mudar de assunto.


"Claro. Uma boa caça é sempre revigorante. Não importa o quanto a presa seja difícil, eu sempre consigo o que quero." a morena falou olhando para Quinn de um jeito que deixava claro que ela não estava falando de coelhos e cervos.


Quinn mais uma vez se viu sem palavras.


"Vamos, Q, você vai precisar de muita energia para hoje à noite." a alfa piscou para a loira, antes de entrar na casa.


Sim, definitivamente Rachel Berry seria uma provocação.

* * *

A caçada de hoje seria diferente, haveria uma disputa. Cinco bolsas de couro foram escondidas vários dias atrás por Ramon, Russel, Abuela, Sr. Doninha e Alastor (um dos membros do conselho), eles seriam os juízes da competição. Cada uma das bolsas continha pedaços de carne e em uma delas também havia um cordão de ouro com um pingente em forma de lua cheia, oferecido por Russel. Quem encontrasse a bolsa com o colar seria o vencedor. Assim o ganhador teria provado que, além de um bom instinto e ótimo domínio sobre seus sentidos, era dotado da sorte que acompanha todos os campeões. Ninguém estava realmente ali pelo prêmio, a caçada era tudo o que importava e a glória que viria com a vitória.


Já estavam todos amontoados na área de partida. Os cinco juízes tomaram a frente e Russel começou a explicar as regras.


"Como vocês sabem, foram escondidas cinco bolsas dentro do perímetro da nossa área de caça. Os limites da área estão demarcados por bandeiras vermelhas. Aqueles que conseguirem encontrar uma bolsa têm permissão para abri-la, se o colar estiver dentro vocês devem voltar para o local da partida. Durante o caminho outros lobos podem tentar roubar o colar, mas é terminantemente proibido derramar sangue. Haverá olheiros espalhados por todos os lugares, se alguém quebrar essa regra estará imediatamente eliminado. Quando o vencedor chegar aqui com o colar em segurança um sinalizador vermelho será disparado anunciando que a competição acabou." ele fez uma pausa esperando se alguém teria alguma pergunta. Não era o caso "Agora que as regras estão claras, que os jogos comecem!" Russel declarou animado, e fez sinal para um rapaz moreno que levava uma pistola na mão.


O garoto apontou para o céu disparando um rojão verde.


Pessoas começaram a explodir em lobos por todos os lados, e Rachel não perdeu tempo em segui-los. A morena olhou para frente e viu Noah começar a correr, ela virou-se para o caminho oposto e fez o mesmo. "Boa sorte, Jewbro!" enviou o pensamento ao judeu.


"Boa sorte, Jewbabe!" veio como resposta.


Rachel já estava correndo por algum tempo, mas ainda não havia conseguido farejar nada. Ela acelerou tentando cobrir um maior terreno. Mas, de repente, sentiu uma coceira estranha no estômago e parou em sua trilha, tinha alguma coisa errada. Ela tentou fareja o ar, mas não havia nada que não devesse estar ali.


Um lobo castanho escuro veio correndo em sua direção, com um castanho-claro um trote atrás. Santana e Brittany. Rachel fez sinal para Santana parar, mas a latina rejeitou o pedido dando uma espécie de latido de zombaria e passou correndo pela Alfa. Brittany, no entanto, parou imediatamente.


Santana deu mais três trotes e, do nada, se viu suspensa. Uma rede surgiu do chão a mantendo presa no ar.


Rachel sorriu vendo a loba se debatendo. Santana havia ficado de cabeça pra baixo e o focinho estava preso em uma das aberturas da rede, tornando impossível rasga-la. A Alfa começou a latir risadas. Depois de alguns segundos, Brittany não conseguiu se controlar e juntou-se as gargalhadas.


"Até tu, Britt?" Santana perguntou soltando um bufo de frustração "Ok, agora que vocês tiveram sua diversão, vão me tirar daqui?" a latina estava ficando realmente irritada. Ela não acreditava que havia caído em uma dessas armadilhas idiotas que são espalhadas durante a caçada.


"Espere só um momento." Rachel disse sorrindo maliciosamente, ela queria tentar uma coisa. A Alfa se concentrou bem na imagem de Santana e depois tentou passar o que estava vendo para toda a alcateia, não apenas palavras, mas a imagem completa, como um vídeo. Pelos uivos divertidos que foram ouvidos alguns segundos depois, ela sabia que havia sido bem sucedida.


"Perra!" Santana vociferou em espanhol "Yo no creo qu..."


Rachel escutava apenas com meia atenção o que a latina dizia, ela agora podia sentir um cheiro de carne por perto, a armadilha onde Santana caiu deve ter liberado uma das bolsas.


A Alfa farejou por alguns metros, tomando cuidado pra não cair em uma segunda armadilha. "Aqui", ela pensou e começou a escavar. Lá estava, uma bolsa marrom. Ela a pegou com os dentes, usando as patas e os dentes começou a rasgar. O cheiro de carne estragada era um pouco enjoativo, mas ela viu um brilho dourado, depois de mexer um pouco mais ela conseguiu, ali estava o colar. Rachel o pegou na boca e fez o caminho de volta para onde as duas estavam.


"Você encontrou?" Brittany perguntou. Rachel assentiu "Então volte para o lugar da partida. Deixa que eu liberto a Santy"


Rachel acenou novamente, virou-se e começou a correr.


* * *


Russel e Abuela ficaram no ponto de partida/chegada esperando o vencedor, os outros olheiros e juízes estavam espalhados pelo terreno garantindo que tudo estava saindo de acordo com as regras.


"Você acha que ainda vai demorar muito?" Rosalinda perguntou entediada.


"Quem sabe?" ele falou dando de ombros. Ele foi o único a esconder a bolsa com o colar. Toda vez que pensava na armadilha que havia colocado, Russel se via sorrindo como um garotinho, e agora não era diferente, ele levava um sorriso travesso nos lábios.


Abuela percebeu.


"O que você fez?" ela perguntou, não com severidade, mas cumplicidade. Ela também havia colocado boas armadilhas em vários caminhos.


O sorriso de Russel ficou ainda maior.


"Você verá quando tivermos que soltar os que caírem."


Pouco depois, ele ouviu um uivo divertido. "Parece que alguém já encontrou um dos apanhados." Russel pensou. Não muito tempo passou até que uma imagem surgiu em sua mente. Não era um pensamento dele, alguém o havia plantado ali, mas quem? Isso exigia um nível de concentração incrível. Rachel.


Mais latidos e uivos risonhos foram ouvidos estalando de todo o terreno. Contudo, Russel e Abuela não estavam sorrindo. Eles trocaram um olhar e acenaram em entendimento um para o outro. Nem um pensamento precisou ser troca. Eles estavam surpresos pela mostra de grande poder que Rachel acabou de dar. E eles concordavam que precisariam manter os olhos sobre a Alfa. Tanto poder costuma causar inveja.


* * *


A maioria da alcateia não parou para pensar no que aquela imagem significava, eles só estavam tendo um bom momento rindo às custas de Santana. Mas outros tinham olhares alarmados. Alguns estavam agradavelmente impressionados, felizes por sua Alfa ser tão forte. Outros ficaram cautelosos.


Sr. Doninha trocou um olhar com o homem-lobo parado a sua frente. "Ela está ficando mais forte." ele disse levemente assustado.


"Eu sei."


"Você prometeu destruí-la, mas eu não estou vendo nenhum resultado até agora." Sr. Doninha acusou (o outro homem deu um rosnado ameaçador), e ele deu alguns passos para trás, assombrado "Desculpe, eu não devia..."


"Isso. Você não devia." o homem o cortou "Porque você não é nada, não é ninguém para contestar minhas ações. Eu sou o líder dos Almas Perdidas. Eu estou unindo-os e fortalecendo novamente. E eu não pensaria duas vezes antes de matar um inútil como você."


"De-desculpe." Sr. Doninha pediu gaguejando "É que desde o ataque à garota Fabray, dois meses atrás, nada tem sido feito. Não que eu esteja questionando seus métodos." ele acrescentou rapidamente "Eu só quero saber o que tem acontecido para saber como ajudar."


"Apenas cumpra com as ordens que já lhe foram dadas!" O homem-lobo rosnou "Você está tendo progresso em convencer os conselheiros que a alcateia não precisa de um Alfa Verdadeiro?"


"O poder é uma droga que vicia rapidamente. Eles sabem que assim que a garota assumir, o conselho estará desfeito e Russel será o único com alguma influência, então eu tenho conseguido recrutar alguns. Mas a maioria ainda é muito leal as tradições. E eu não posso atacar abertamente. Se descobrissem o que estou tentando fazer, eu seria morto por traição."


"Malditos velhotes e suas tradições!" o outro homem vociferou "Talvez nós devêssemos abrir vagas para conselheiros mais jovens. A maioria aqui cresceu sem saber o que é ter o um Alfa Verdadeiro, seu senso de lealdade não seria tão grande."


"É uma ideia."


"Sim. Vou pensar um pouco mais sobre isso. Agora eu tenho que ir. Não quero que ninguém me veja por aqui."


* * *


Rachel corria a toda velocidade. De repente, um lobo cinza apareceu bem a sua frente, tentando bloquear o caminho. Mas em vez de parar, a Alfa continuou acelerando. Ela viu o outro lobo fechar os olhos, se preparando para o contato. Contudo, Rachel tinha planos diferentes. Ela pegou um último impulso e saltou por cima do lobo. Depois de pousar suavemente no chão, ela deu uma espiada para trás. O lobo cinza a olhava com um misto de espanto e irritação, ela deu uma piscadela pra ele e continuou correndo.


Rachel chegou a campo aberto onde viu abuela e Russel esperando. Ela só precisava passar a linha imaginária, alguns passos a frente dos dois, e seria a vencedora. Mas algo no ar, algo desconhecido e ao mesmo tempo familiar, chamou sua atenção. Rachel parou.


Russel e Abuela assistiam curiosos a Alfa.


Ela mudou sua vista para alguns metros ao lado dos dois.


Uma loba castanho-escuro, quase negra, surgiu caminhando lentamente, olhando Rachel diretamente nos olhos a cada passo. A loba parecia... emocionada e orgulhosa. Grossas lágrimas surgiam nas bordas de seus olhos.


Rachel não percebeu que deixou o colar cair de seus dentes, ela deu um passo inconsciente para a loba recém-chegada. Sua atenção estava completamente presa nela, tanto que a Alfa não viu o lobo cor de areia saltando na desconhecida.


A loba castanho-escuro também estava presa no momento. Mas, felizmente, conseguiu se desviar do ataque no último segundo.


O lobo cor de areia se preparou para outra investida, estava totalmente concentrado na castanho-escuro. Mas um rosnado alto e ameaçador chamou sua atenção, ele buscou a origem do som e estremeceu quando seus olhos caíram no local. Rachel o olhava com uma fúria assassina. Sam sentiu seu rabo entrando entre suas pernas. Ele não queria demonstrar medo. Mas não conseguiu dominar seu corpo.


Rachel cheirou o medo que exalava do lobo areia. E deu um sorriso diabólico. Mas não se engane, ela não estava mais calma. Ter conhecimento da reação que podia causar, mandou uma corrida de adrenalina em suas veias. Ela sentia seu corpo esquentando e a necessidade de uma boa briga aumentando em seu interior. O lobo saiu do seu controle assim que percebeu que Sam podia ter machucado a desconhecida. Rachel não sabia por que se importava tanto com a loba, mas ela se importava.


* * *


Quinn estava absolutamente frustrada. Ela não conseguira nada. Ela havia seguido uma trilha com o cheiro de Ramon, mas quando chegou ao final só encontrou um bilhete pregado numa arvore dizendo que a bolsa não estava ali "Muito engraçadinho Dr. Lopez!" a loira pensou exasperada. Sua irritação só aumentou quando ela quase caiu em um buraco, a armadilha estava muito bem escondida, se ela não tivesse conseguido dar aquele último salto...


Quinn ainda estava se recuperando do susto quando sentiu Rachel. As emoções da Alfa pareciam estar rodeando-a. Ansiedade e medo, e, em seguida, alivio. Mas esse último não durou muito. Logo veio a raiva. Uma fúria cega, tão forte que Quinn se sentiu cambalear, novamente quase caindo no buraco. Ela conseguiu se afastar em segurança. Mas sua loba não estava gostando, havia alguma coisa muito errada, ela precisava encontrar Rachel.


* * *


Sam deu um grunhindo de advertência. Rachel o cercava lentamente. Ele rosnou e rosnou. Mas Rachel sorriu, ainda aquele sorriso mal-intencionado.


"Como é o ditado?" ela pensou "Ah, sim, cão que ladra não morde."


O loiro continuou grunhindo e grunhindo, mas Rachel o encarava com uma tranquilidade absoluta. A calma da Alfa era muito aterrorizante. A intensidade em seu olhar deixava claro que quando ela decidisse atacar Sam estaria perdido.


O ataque foi veloz e silencioso.


Rachel foi tão rápida, tão rápida. Sam tentou retroceder, mas não era ágil o bastante. Um uivo de dor encheu a noite, o som de garras rasgando a pele e osso sendo quebrado foi tudo que se pode ouvir durante aqueles segundos.


* * *

Quinn nunca havia visto Rachel assim. Não havia racionalidade ou nenhum tipo de consciência humana em seu olhar. Naquele momento ela era o lobo e o lobo era ela. E Quinn temeu. Quando retomasse o controle de si mesma, Rachel jamais se perdoaria se ela matasse uma pessoa. Isso a quebraria sem chance de reparo. Foi pela morena que Quinn interviu. Ela sabia que estava colocando a própria vida em risco, pelo estado em que Rachel estava Quinn não sabia se a morena a reconheceria, mesmo sendo sua companheira.


A Alfa tomou um passo de distância do lobo ferido e sangrando no chão, ela ainda não havia acabado. Parecia que ela estava mostrando que poderia mata-lo agora se quisesse, e Deus, pelo brilho em seus olhos, ela queria.


Russel deu um passo para perto da Alfa.


"Controle-se, Rachel!" pediu.


A Alfa balançou a cabeça com força. Ela encarou Russel nos olhos e rosnou. Ele empalideceu e retrocedeu vários passos.


Quinn caminhou e parou bem a frente de Rachel, ficando entre a Alfa e Sam. Ela buscou os olhos da companheira "Você precisa se acalmar. Essa não é você. Você não quer fazer isso."


Quinn tremeu por um momento, porque certamente quem estava olhando de volta para ela era o lobo, não Rachel, seus olhos brilhavam com ferocidade. A loira tentou abrir uma conexão mental entre elas, mas Rachel continuava a empurra-la para fora. "Por favor!" ela pediu com desespero. E se aproximou mais da morena, deixando seu focinho roçar contra o pescoço da Alfa. Isso fez o truque. Nem Rachel, nem o lobo poderiam resistir aqueles olhos e aquela voz. Quinn era a maior, talvez a única, fraqueza de ambos.


* * *


A loba desconhecida estava a salvo. E Quinn estava aqui, bem a sua frente. Rachel deixou que o perfume da loira a mantivesse afastada da necessidade de sangue. Quinn mantinha-se esfregando seu focinho contra o pescoço de Rachel, ela sabia que estava conseguindo acalmar a morena. Gradualmente, a Alfa se abrandou contra a loira.


* * *

Toda a alcateia estava ali agora. Eles haviam sentido algo diferente, como se sua Alfa estivesse chamando por eles, então vieram ao seu encontro.


Vendo que a situação estava sob controle, todos começaram a voltar à forma humana, inclusive Rachel. A morena se sentiu bastante consciente quando percebeu que estava nua. Ela rapidamente buscou sua roupa e voltou para o meio da clareira, tentando ignorar Sam, encarando a loba desconhecida (a única que mantinha a forma lupina).


Sentido todos os olhos sobre si, ela começou a metamorfose. O lobo castanho-escuro deu lugar a uma mulher morena, estranhamente familiar.


"Quem é você?" Rachel perguntou a ela.


Oma se aproximou da mulher e lhe entregou uma manta. Ela se cobriu.


"Meu nome é Shelby." a desconhecida respondeu olhando nos olhos da Alfa "E eu sou sua mãe."


Rachel passou um minuto apenas absorvendo o significado daquelas palavras. Quinn estava ao seu lado, segurando sua mão. Quando a morena finalmente se recuperou do choque e estava pronta para dizer algo, outra pessoa tomou a frente e disparou:


"Prendam-na!" Sr. Doninha comandou.


Rachel o olhou sem entender nada. Dois homens se aproximaram de Shelby e a seguraram fortemente pelos braços. Ela não tentou lutar, apenas olhou para Rachel, um pedido de desculpas silencioso nos olhos.


Com um sorriso satisfeito, Sr. Doninha deu dois passos em direção a mulher. Essa situação seria perfeita para os seus planos "Você está detida pelas leis do 5º Decreto, estabelecido na Convenção de 92 em Atlanta e assinado pelos três Alfas Verdadeiros Supremos, que determina ser um crime hediondo abandonar uma criança-lobo sem instrução."



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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Bem, galera, nós vamos passar um mês sem atualizar a fic, desculpem... Brincadeira! Nos vemos segunda!