Companheiro (a) escrita por Chase_Aphrodite, RaeRae


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

N/Chase_Aphrodite: Heeey, guys! Preciso dizer, andei lendo os comentários. Tenho o péssimo hábito de não responde-los, mas saibam que eu leio todos! Então, não odeiem tanto a Quinn! Esse capitulo foi meio que para mostrar o ponto de vista dela de tudo isso! Sabe, ela tem seus motivos... E tem umas três pessoas aí que estão piorando a situação. Mas, eu preciso dizer. Tem uma leitora que já tá sacando tudo. Não vou dizer quem é. Mas... As pistas estão aí.
Até segunda que vem!
Beijos!



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Quinn nunca se sentira tão perdida e sem esperança quanto depois de ouvir as palavras de Rachel. A loira procurou o único lugar onde foi ensinada a encontrar um pouco de paz.

Ela estava sentada em um dos bancos, traçando distraidamente as bordas do livro desgastado em suas mãos. Quinn ainda se lembrava de quando o ganhara de seu pai. De como Russel a segurou nos braços e disse que era ali que ela deveria buscar quando precisasse de respostas. E Quinn seguiu seu conselho. Todas as vezes que ela precisava de uma lanterna para iluminar seu caminho, ela viria até esta capela e abriria esse livro. Mas agora a loira já não estava certa se este era o lugar para procurar. As mesmas palavras nas folhas surradas que sempre lhe trouxeram ajuda, agora só pareciam aumentar suas dúvidas e inseguranças.

Quinn levantou a cabeça, olhando para uma das imagens da capela, Jesus na crucificação. Ela pegou atenção aos detalhes da imagem. A coroa de espinhos, os pregos nos pés e mãos, as gotas de sangue que manchavam várias partes de seu corpo. Ele havia se sacrificado para que todos fossem salvos. Tantas tentações foram colocadas em seu caminho, e apesar de todo o sofrimento que sabia estaria em sua jornada antes de finalmente alcançar a paz, ele ainda fez o certo, ele ainda cumpriu com o que o Pai esperava dele. Quinn se viu perguntando se Rachel era sua provação. Se o que ela precisava sacrificar eram os sentimentos pela morena. Sim, Quinn já podia admitir possuir sentimos por Rachel, o que ela não podia, no entanto, era alcançar a coragem para dar nome a esses sentimentos.

A loira fechou os olhos, orando para receber um sinal divino. Esperando encontrar a ajuda que tanto procurava, abriu a bíblia. Ela leu a primeira passagem onde seus olhos pousaram. Seu coração se partiu vendo as palavras revelando-se a sua frente.

"Se um homem se deitar com outro homem, como se fosse com mulher, ambos terão praticado abominação; certamente serão mortos; o seu sangue será sobre ele" Levítico 20,13.

Abominação.

Essa palavra ressoava na mente de Quinn. A loira fechou os olhos, lágrimas começaram a descer por suas bochechas. Esse era o sinal que ela esperava? Ela quase quebrou ao ler outra passagem:

"As suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario." Romanos 1,26-27


Relações naturais.

Sam era o natural? Então por que quando o loiro a beijou ela não sentiu a mente sendo anulada do corpo, a necessidade do toque e a sensação de plenitude que a tomou quando Rachel a tocou?

"São repletos de toda espécie de malícia, perversidade, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade. São difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, altivos, inventores de maldades, rebeldes contra os pais. São insensatos, desleais, sem coração, sem misericórdia. Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam, como também aplaudem os que as cometem." Romanos 1,29-32.

Quinn sentia-se tão perdida. Sua fé estava sendo arrancada e pisoteada, seu mundo caia aos pedaços ao seu redor. Ela foi uma boa filha, uma boa aluna, uma boa irmã. Por que ela deveria ser castigada por algo que estava fora de seu controle?

Passos familiares ecoaram pelo corredor, Quinn não encontrou forças em si para tentar se recompor. Ela esperou, sentindo a figurar deslizar para o banco ao seu lado.

"I Pedro: capítulo quatro, versículo oito." Russel instruiu com uma voz forte. Seu olhar preso no altar a sua frente, nunca buscando os olhos de Quinn.

Ela abriu novamente a bíblia, dessa vez procurando a página indicada.

"Acima de tudo, cultivai, com todo o ardor, o amor mútuo, porque o amor cobre uma multidão de pecados."


Ela leu com uma voz tremula. Quando terminou, a loira olhou para cima, tentando encontrar os olhos do pai e descobrir por que ele estava lhe dizendo isso.

"I João: capítulo quatro, versículo dezoito" Russel indicou novamente. Quinn sabia de cor a passagem, mas preferiu buscar no livro sagrado. Ela bebeu em cada uma das palavras:

"No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor."


"Amor nunca falha, Quinn." O patriarca Fabray declarou.

"Como o senhor sabia que eu estaria aqui?" ela perguntou depois de alguns segundos. E pela primeira vez desde que os dois se sentaram ali, Russel olhou diretamente para a filha.

"Você sempre vem aqui. É o seu porto-seguro." ele disse simples. "Quando sua mãe ficou internada, Irina me informou que você não saiu daqui até receber a noticia de que ela estava bem, e isso depois de passar duas horas agradecendo pela graça alcançada" o rosto de Russel estava contemplativo. "Mas tenho a impressão que dessa vez este lugar não ofereceu a paz que você almejava. Estou certo?" Quinn assentiu tristemente. "Talvez você não esteja olhando pelo angulo correto."

"O que o senhor quer dizer?"

"A bíblia foi muitas vezes interpretada de forma equivocada, ou utilizada maldosamente por fanáticos religiosos empunhados de valores morais distorcidos" ele falou. "A sua fé é uma das suas maiores forças, Quinn. Mas você não pode permitir que ela te cegue. Se há uma mensagem que Jesus tentou deixar para a humanidade é que Deus é amor." ele olhou para a filha. "Amor é amor em todas as suas formas, Quinn. Seja no da mãe pelo filho, entre irmãos, entre amigos, ou pessoas do mesmo sexo." Russel fez uma pausa. "Mas você já sabe disso. Suas melhores são Santana e Brittany. O que aquelas duas possuem é algo milagroso de ver. Então, você quer me dizer o que realmente está te impedindo de ser feliz?"

Ela olhou para Russel, os olhos avelã grandes e vulneráveis, o lábio inferior tremia levemente, ela o prendeu entre os dentes. "Eu tenho medo, papai."

"Eu sei, querida."

"Não, não sabe!" Quinn explodiu. "Eu tenho medo de ir para o inferno. Eu tenho medo de como as pessoas vão reagir e o que elas vão pensar de mim. Eu tenho medo de decepcioná-lo. Mas acima de tudo, eu tenho medo que ela me odeie!" Quinn quebrou em lágrimas.

Russel queria desesperadamente abraçar a filha, mas antes ele precisava lhe dizer uma coisa. "Olhe para mim, querida." pediu, levantando seu queixo com as pontas dos dedos. "Eu não vou mentir pra você, nem tudo será fácil. Você vai cruzar com alguns ignorantes pelo caminho e eles tentarão derruba-la. Mas uma coisa eu posso te garantir, você nunca vai me decepcionar por ser você mesma, Quinn." ela olhou para o pai um pouco insegura. "Eu sei que não fui sempre o mais tolerante ou carinhoso, mas eu mudei, filha. Eu quero estar aqui para você. Eu vou estar aqui para você, do seu lado, em cada passo do caminho, seja qual for o  que você decidir seguir."

"Obrigada."

"Sempre, meu anjo." os dois ficaram em silencio por algum tempo, cada um absorvendo de seu próprio modo o que havia sido dito. "Quinn?"

"Sim?"

"Por que você disse que teme que ela te odeie?"

"O senhor sabe qual foi à primeira coisa que Rachel disse depois de Santana e Noah explicarem o que é um Alfa Verdadeiro e algumas de suas obrigações?

"Não."

"Eu não posso ir pra New York realizar meu sonho na Broadway." – Quinn recitou, a loira lembrava-se com exatidão de cada palavra, elas assombraram muitas de suas noites. "Ela sempre vai nos ver como aqueles que a impediram de seguir seus sonhos. Ela sempre vai me ver dessa forma."

"Quinn..." Russel tentou intervir, agora ele finalmente entendia de onde vinha o temor da filha. O problema de Quinn nunca foi aceitar Rachel, o problema era que a loira não acreditava que a Alfa poderia ser feliz ao seu lado. Quinn não queria ser a culpada pela sua infelicidade.

"Não, papai!" ela estava chorando livremente agora. "Essa é a verdade. Ela não percebe isso agora, no fundo Rachel ainda tem esperanças de encontrar uma forma de se livrar de tudo. E quando ela perceber que não há como fugir, ela vai ressentir-se de nós, papai. Ela vai ressentir-se de mim!" Quinn gritou, quebrada. Russel abraçou a filha e deixou-a chorar em seus braços. Ele podia sentir as lágrimas encharcando sua camisa. O velho coração do senhor Fabray apertava vendo a filha nesse estado. Não era assim que as coisas deviam ser. Sua menina devia estar feliz. Quinn já passara por tantas coisas, ela merecia seu final feliz. E Russel iria garantir que ela o recebesse, ou iria morrer lutando.

Quinn continuou. "Eu não quero fazer parte disso, eu não quero que ela me veja como a carcereira que guarda as portas de sua prisão. Eu sempre soube que Rachel Berry faria grandes coisas, eu sempre soube que um dia ela sairia daqui e teria seu nome brilhando nos letreiros de Nova York. E, honestamente, eu sempre tive sentimentos que não conseguia explicar por ela, mas eu não me deixava pensar sobre isso. Eu me agarrei à ideia de que um dia meu companheiro apareceria e eu não pensaria mais nela. O que eu não contava era com a vida me pregando tal peça. Minha companheira não é outra senão a própria Rachel Berry. E agora tudo que eu sempre temi está se tornando realidade."

Russel deixou a filha desabafar e chorar. Eventualmente Quinn acalmou-se um pouco, e ele teve a chance de falar. "Eu acho que você está subestimando seu valor para Rachel. Talvez você devesse deixa-la tomar suas próprias decisões, porque ao que me parece Quinn, o maior sonho dela é estar com você."

A loira buscou os olhos do pai e só encontrou sinceridade na sua forma mais crua, não tinha como não acreditar nele. Por um momento, ela teve esperança. Mas então Quinn se lembrou de seu último encontro com Rachel, seu animo murchou. Ela se sentia exausta. A gangorra emocional onde a loira foi jogada durante todo o dia estava finalmente cobrando seu preço sobre Quinn. "Eu não acho que ela se sinta dessa forma mais, papai." a loira disse derrotada. "Eu estraguei tudo."

"Então conserte de volta. Fabrays não fogem da luta."

"E se não for o suficiente?"

"E se for? Você só vai saber se tentar" Russel se levantou. "Cantares de Salomão: capítulo oito, versículo seis."

"Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, com veementes labaredas."


Quinn leu em voz alta. Ela viu isto como um conselho. Não seria fácil retomar o terreno, ela estava entrando em um campo de batalha e haveria pelo menos um grande competidor do outro lado. Quinn gostava de Helena, ela realmente fazia, mas ninguém ficaria entre ela e Rachel. A loira estava indo pegar de volta o que lhe pertencia.

Russel já passava pelos bancos quando olhou sobre o ombro e sorriu para sua filha mais nova.

"Uma última Quinn. Procure no livro dos Apóstolos. O discurso de Cristo sobre o Amor."

A loira virou as páginas e sorriu aos versículos antes de levantar-se e caminhar para fora da Igreja. Uma suave brisa do sul entrou na pela janela e mexeu nas paginas da Bíblia antes do padre Matheus entrar deixando na mesma citação de Russel.

"E Cristo disse procure o Amor. Nele está suas respostas e nele esta toda salvação. O amor ao Meu Pai, aos nossos pais, a nossos irmãos e irmãs, a nossos amigos, e a nossos amantes, sejam estes homens ou mulheres. Porque o amor não é errado, não é pecaminoso. Ele possui as sete virtudes, e os sete pecados. É guloso, pois jamais se cansa da presença do amado. É a temperança, pois o Adeus torna o Olá mais prazeroso. É preguiçoso, pois os dias alongam-se para que não haja falta de tempo a dedicar. É ativo, pois não tem um momento desperdiçado. Tem luxúria, porque com os olhos do Amor aquilo que já era bonito, atiça todos os sentidos. É casto, por ter a adoração e a reverencia em torno e apreciar a voz e a beleza dos olhos. É invejoso, pois inveja a própria luz do Sol que acaricia o rosto. É caridoso, pois a felicidade do outro se sobrepõem a própria felicidade. É irado, pois a raiva contra aqueles que prejudicam e ferem que se tornou mais importante que tua própria vida. É paciente, pois os hábitos que normalmente te irritariam tornam-se adoráveis a teus olhos. É avarento, pois se toma todo o tempo e pensamento com imagens e lembranças de outra pessoa. É generoso, pois, aceita esse domínio satisfeito, e tem os minutos roubados sempre desejando mais. É vaidoso, e torna-te vaidoso, porque nunca bastará, e sente-te que nunca estará belo o bastante para acompanhar aquele que se tornou teu sol. É humilde, pois aceita caprichos, mimos e mordomias. Ah, quão contraditório e belo é o Amor. Seja animal ou humano. Pois se meu Pai, o Senhor, colocou este sentimento que só pode ser guiado pela Loucura, nada a não ser permitir-se ser guiado, poderá fazer. – E quando Cristo terminou seu discurso Lucas sorriu a sua esposa. E sabia em seu íntimo que Cristo referia-se a história de seu antepassado Rei Davi e Jonatã. Mas, o Amor guiado pela Loucura, traça os caminhos pela terra. E Lucas sorriu e foi-se para casa guiado pelos dois espíritos que tomavam a forma de sua mulher."

* * *

Helena estava esparramada na cama rodeada de livros enquanto Rachel estava sentada no chão cercada de partitura.

"O que acha de Don’t Rain On My Parade", música da Barbra Streisand do musical Funny Girl?

A latina suspirou.

"É a New York Arts Dramatics Academy, acho que precisa sair de sua zona de conforto, Rae. O que acha de Cirurgia Geral - A recuperação através da medicina de ervas para minha tese para Princeton?"

"Hum... Não sei, talvez algo mais humano? Você gosta de lidar com crianças, Helena."

As duas suspiraram e continuaram procurando. Helena deu uma espiada nas partituras de Rachel. Ela ia incentivar a morena a ser feliz. Ela também estava de saco cheio de fazer o que todos esperam. Então que seja, ela e Rachel iriam tentar fazer o que as deixava felizes.

"Memory, do Cats? Já foi interpretada por tantos artistas importantes..."

"Ambicioso, mas ainda não... Tente sair da Barbra Streisand. Eu sei que é sua artista favorita, mas ela É sua própria zona de conforto. Tente sair dela Rach. Apêndice - O porquê infecciona, e se há diferença na saúde das pessoas que não o operam?"

"Acho que irá atrair mais Harvard do que Princeton. Talvez Yale..."

"Eu sei, eu sei. Mas eu não sei Rach... Harvard, Yale, Darmounth, Syracusa, NYU... Eu acho que Princeton é a melhor para mim."

Rachel sorriu para a latina.

"Eu sei, Lena... Acho que poderia ser..."

De repente, Rachel pulou ficando de pé dando seu maior sorriso.

"It’s All Coming Back To Me Now! Celine Dion! Morro dos Ventos Uivantes! É essa!"

"Oncologia Pediátrica e Doutores da Alegria - Quanto um médico acessível altera a recuperação!" Helena disse em contra partida.

Rachel riu antes de se jogar em Helena, lhe beijando com paixão. A latina abraçou Rachel puxando-a mais para o meio da cama deixando os vários e pesados livros caírem no chão. A Alfa envolveu a cintura de Helena, enquanto a latina espalmou os travesseiros tentando manter-se levantada.

Elas se separaram ofegantes, mas sorrindo.

"E o que significa essa pesquisa?" Rachel perguntou segurando o riso.

"Significa, que talvez um doutor acessível, que explica as crianças o que está acontecendo e lhes dê esperança, e brinque com elas e lhes dedique mais tempo, a recuperação pode ser acelerada ou a progressão da doença mais lenta."

Rachel sorriu para Helena.

"Essas crianças teriam sorte em serem tratadas por você."

A latina sorriu corando.

"E a sua música..."

"Ah! É sobre o Morro dos Ventos Uivantes. Bem... A história do livro você conhece né?" Helena assentiu. "Bem... E como se Catherine Earnshaw cantasse para Heathcliff sobre seu reencontro.  Na vida pós-morte. E ela contando o que ela sentiu com a ida dele. Mas, quando eles se tocavam, e abraçavam-se daquele jeito, ela sentia como se tudo voltasse para ela. Ela pedia perdão pelos erros dela, e dizia que perdoava os erros deles. E que os dois se perdoavam. Por que... Heathcliff era tudo para Catherine Earnshaw. E agora... Ele estava voltando para ela."

Helena sorriu para Rachel e lhe deu um casto beijinho.

"Só de você descrever a música para mim, eu me sinto emocionada."

Rachel sorriu a abraçando.

* * *

Vinte minutos depois, as duas se encontravam novamente no carro da latina, indo em direção à casa da Rachel.

"O churrasco está marcado para as 17h." Helena disse enquanto sentia Rachel brincar com alguns fios de seu cabelo. "Não vai ser nada demais, algo bem casual. Vista algo que seja confortável."

Rachel riu perto do ouvido de Helena.

"Seus pais adoram a casa cheia não é?"

Helena sorriu um pouco para Rachel.

"Meu pai dizia que o sonho dele era ver uma mesa com quarenta lugares cheia."

Rachel a olhou surpresa.

"Mas..."

"Minha abuela, ele, e mamãe. Eu, meu companheiro, ou companheira, e três netinhos por minha parte. Santana e Brittany com seis netos, já que ele simplesmente ama a ideia de Brittany com seis patinhos. Quinn, e seu companheiro com dois filhos, já que ele sabe que ela não vai querer mais que isso. Oma, e os pais de Brittany. Os pais de meu parceiro ou parceira. Sra. Fabray, os pais do companheiro de Quinn. Russel e Judy. Puck e sua companheira, e seus cinco filhos. A Frannie, que você ainda não conhece. É a irmã mais velha da Quinn, agora ela mora em Illinois com o companheiro. O companheiro da Frannie, o Charles e o futuro filho ou filha deles."

Rachel gargalhou. Imaginava Santana com seis mini Brittanys. Isso sim seria hilário. Mas, uma vozinha no fundo de sua mente perguntava:

"Naquele sonho ficaria ao lado de Helena e seus três filhos ou de Quinn e seus dois filhos?"


* * *

Rachel fechou o closet e caminhou para frente do espelho. Ela segurava a blusa que vestiria para o churrasco de hoje, era amarela e havia uma enorme coruja negra na frente.

"Você não pode usar isso." Puck falou parado na porta do quarto da morena. Ele veio busca-la para irem juntos para a festança na casa dos Lopez. "É horrível. Além disso, parece que os olhos dessa coisa estão me seguindo."

Rachel revirou os olhos. "Depois dizem que eu sou rainha do drama."

"Estou falando sério, Rae. Essa blusa é uma atrocidade."

"A Helena disse que seria casual, que eu só preciso vestir algo que me deixe confortável, e essa blusa faz o trabalho, então é com ela que eu vou.

"Ok, me escute um momento." Puck pediu. Ele apontou para a roupa que Rachel havia escolhido. "Essa blusa diz: Eu sou uma judia quente, inteligente e solitária... eu sou bonita, mas provavelmente vou pra casa assistir filmes preto e branco, porque tenho uma vida sexual inexistente e pareço uma personagem de terror trash."

Rachel passou alguns segundo apenas olhando para ele. "Noah?"

"Uhm?"

"Seu gay está mostrando."

"Ei!"  o judeu protestou. "O Puckster não é gay."

"Mas as suas melhores amigas são. Você é uma espécie de gay por associação."

"Não mesmo, Jewbabe."

"De qualquer forma, eu não acho que uma camisa pode dizer tudo isso."

"Você precisa confiar no Puckssauro quando se trata desses assuntos, ok? Eu sei tudo sobre atrair as senhoras."

Rachel deu de ombros. "Tanto faz."

"Então você vai vestir o que eu escolher?"

"Sim."

Noah foi até o closet e voltou trazendo uma blusa negra com um decote não muito revelador, ele não queria empurrar demais a morena.

Rachel pegou-a das mãos dele e vestiu-se rapidamente. "Satisfeito?"

"Hot." ele aprovou. "Você vai ser como um imã de garotas, nós totalmente deveríamos fazer uma dupla. O que você acha de: Puckzilla e Rachssauro?"

Rachel olhou pra ele com uma expressão vazia.

"Tudo bem, tudo bem... Pode ser Rachssauro e Puckzilla, eu não me importo."

"Não."

"Vamos lá Rae, o que tem de mais? Não é como se você estivesse saindo com alguém. Você teria me contado se fosse o caso, certo?" ele fez uma expressão desinteressada. Mas a judia podia ver por trás de sua fachada

"Noah, há quanto tempo nós nos conhecemos?"

"Desde os seis anos. Eu te vi na sinagoga e ofereci deixar você tocar no moicano do Puckssauro em troca de olhar debaixo da sua saia. Você me deu um soco."

"Foi um soco muito bom para uma garota de seis anos."

"É verdade." Puck admitiu, assumindo uma expressão nostálgica. "Você se lembra de quando nós costumávamos jogar balões de água nos casais na praça?"

"Você quer dizer, quando você costumava jogar balões de água nos casais na praça."

"E parece que foi ontem que eu botei fogo no cabelo do Jewfro."

"Isso porque foi ontem." Rachel apontou. Ela viu como o judeu estava sorrindo para a lembrança. Ela nunca admitiria, mas foi engraçado ver Jacob correndo desesperado com os cabelos em chamas. Rachel só esperava que sua obsessão por ela não aumentasse depois de tê-lo salvado. "De qualquer maneira, o ponto é que nós nos conhecemos há muito tempo e você nunca aprendeu a ser sutil." ele apenas continuou olhando para ela, Rachel suspiro. "Tudo bem, Noah, eu vou perguntar com todas as letras: o que você sabe?"

"Eu posso ter visto certa latina mais velha te pegando na escola hoje."

"E?"

"E posso ter ouvido da Brittany, que escutou de Santana, que ouviu de Abuela, que bisbilhotou uma conversa entre o Sr. e a Sra. Lopez, que estavam falando que Helena contou para Irina... e Irina parecia realmente feliz com essa noticia, que você e Helena se beijaram."

"Isso é uma Alcateia ou uma rede de fofocas?" Rachel parecia levemente irritada.

"Há uma diferença?" o judeu perguntou tentando fazer graça. Rachel lançou a ele um olhar assassino, e ele levantou as mãos em rendição. "Não mate o mensageiro."

Ela suspirou, acalmando-se.

"E então, é verdade?" Puck perguntou ansioso. Ela assentiu. "O que está acontecendo entre vocês duas?"

"Eu não sei, Noah. É tudo muito novo ainda. Eu não poderia explicar mesmo se quisesse."

"Eu entendo. Mas se ela te magoar... Bem, eu não posso fazer nada com ela porque a Santana me rasgaria, e não seria legal deixar as senhoras sem o Puckzilla. Mas eu provavelmente vou gritar muito com ela, ou algo assim..." ele fez uma expressão pensativa "Talvez eu mande várias solicitações de aplicativos para ela no facebook."

"Obrigada."

"É pra isso que estou aqui, Jewbabe." ele afirmou enquanto a observava pentear os cabelos na frente do espelho. "Rach?"

"Sim?"

"Essa calça deixa sua bunda tão boa."

A judia se aproximou sem dizer nada. Ela olhava para um ponto fixo na parede. "Noah, o que é aquilo?" quando o judeu se virou para ver do que ela estava falando, Rachel aproveitou pra lhe dar um tapa na nuca.

"Ouch!" ele coçou a cabeça.

Rachel gargalhava.

"Eu não acredito que você caiu nessa" ela disse quando conseguiu se acalmar o suficiente.

"Você vai pagar por isso" Noah prometeu sorrindo malicioso.

"É mesmo?" a judia não o estava levando a sério. "Como?"

Puck não deu tempo para morena registrar o que estava acontecendo, em um movimento rápido ele a jogou na cama e começou a fazer cócegas nela. Não era justo, ele conhecia todos os seus pontos fracos.

"Pare, pare Noah! Eu não aguento mais!" ela implorou depois de alguns minutos sem conseguir se livrar do judeu, sua barriga já começava a doer de tanto dar risada.

"Não até eu ouvi você responder: quem é o judeu mais quente de Lima?"

"Você. É você. Agora pare!"

Mas ele continuou atacando.

"Ainda não. Agora diga: O Puckssauro é o máximo" Rachel negou com a cabeça e ele intensificou as cócegas. "Diga!"

"Tudo bem, tudo bem... O Puc-Puckssauro é o máximo. Você é o máximo!" ela cedeu com lágrimas escorrendo nos olhos de tanto gargalhar.

"É isso aí, babe!" Noah finalmente a soltou, e correu para fora do quarto e da casa. Ele sabia que assim que Rachel se recuperasse iria querer vingança.

A judia esperou um pouco até conseguir se acalmar e levantou da cama. Ela pegou sua jaqueta favorita e deslizou para dentro dela, aproveitando a sensação familiar, era como uma segunda pele. Ela olhou para o relógio e desceu para encontrar Puck na caminhonete dele. Sua vingança teria que ficar para outro dia, agora Helena a esperava, e Rachel sempre gostou de ser pontual.

* * *

Puck estacionou a caminhonete e os dois judeus seguiram direto para onde estava sendo realizada a festa. Assim que pisou no quintal, Rachel viu o Dr. Lopez.

Ramon usava um avental dizendo 'Beije o cozinheiro' perto da churrasqueira. Ele e Russel discutiam qual a melhor maneira de assar a carne.

"Eles sempre fazem isso." Puck participou à judia. "Até que Abuela se cansa e diz aos dois o que fazer."

Tão logo Noah acabou de falar, Rosalinda se aproximou dos dois homens e começou a gritar em espanhol. Eles olharam para baixo, como dois garotinhos pegos fazendo algo errado, e balançaram a cabeça afirmativamente pro que quer que a senhora tenha dito antes de sair pisando duro. Rachel sorriu para a cena.

A Alfa deu uma olhada ao redor do local e para as pessoas se divertindo. Rachel ainda se surpreendia com quão grande era a Alcateia. Mas hoje tudo parecia ainda maior, pois não apenas os lobos estavam presentes, mas todos os humanos de Lima que sabiam sobre o segredo.

É preciso obter uma ordem especial para contar a humanos sobre a existência dos lobos. E essa permissão só é dada em situações realmente extraordinárias, como, por exemplo, quando um lobo descobre que seu companheiro é humano. Foi o que aconteceu com a mãe de Kurt.

Emile tinha acabado de chegar à cidade para passar as férias de verão com os tios, quando ela esbarrou com o jovem Burt Hummel no estacionamento do supermercado. Imediatamente ela soube que havia encontrado seu companheiro. Tão logo recebeu a permissão, ela começou a corteja seu humano. Em dois meses, Burt ouvia tudo sobre os homens-lobos e sua sociedade. Os dois foram felizes, a chegada de seu filho foi motivo de grande festa.

Mas aquela época também foi marcada por grandes desgraças. As pessoas viviam aterrorizadas pelos 'Almas Perdidas'. O número de humanos e lobos desaparecidos crescia a cada dia, isso quando os AP não decidiam passar uma mensagem e jogavam os corpos completamente retalhados em locais públicos. Foi uma época muito difícil de manter o segredo. Vivia-se em total clima de guerra.

Infelizmente, Emile foi uma das que caíram na "Batalha dos Alfas" que também vitimou o antigo Alfa V. de Lima e o líder dos "Almas Perdidas". Depois da morte de sua esposa, a única coisa a manter Burt vivo foi o amor pelo seu filho.

Em casos de acasalamentos entre lobos e humanos, apenas os lobos necessariamente sofrem a dor física se mantidos afastados por muito tempo ou morrem se seu par falecer. Mas os humanos também são profundamente afetados, e na grande maioria dos casos não vivem por muito tempo depois de perder seu companheiro. Burt foi uma das raras exceções, e ninguém dúvida que sua força vinha de Kurt. Ele viveu para cuidar do filho.

Kurt cresceu cercado pela Alcateia, mas desde muito novo ele sabia que era diferente, e isso não se tratava apenas de sua sexualidade. Ele nunca possuiu nenhuma das habilidades que as outras crianças apresentavam. Seu condicionamento físico era débil. As estratégias e técnicas de luta simplesmente não entravam em sua cabeça. E ele não podia manter uma corrida longa nem para salvar sua vida. Quando o garoto alcançou 15 anos sem passar pela transformação, finalmente veio à confirmação. Ele era um Squib, um dos excepcionais casos de descendentes de lobos que não carregavam o gene. Poderia ter sido uma época realmente difícil, mas seu pai, como sempre, foi uma fortaleza.  A Alcateia também foi grande, demonstrando em todas as ocasiões possíveis que ele continuava sendo um de seus filhos amados.

Entre os machos, a transformação pode ocorrer até os 15 anos. Entre as fêmeas, já ouve raríssimos casos de ocorrer aos 17.

Rachel deu um pequeno aceno de reconhecimento a Kurt quando o viu. Ele falava com uma das garotas da Alcateia. O rapaz devolveu o gesto com um sorriso e depois voltou para a sua conversa.

"Aonde você vai, Rach?" Noah perguntou quando percebeu que a morena virava-se para o lado contrario ao que ele ia.

"Helena me mandou uma mensagem pedindo para encontra-la."

"Oh, então não deixe sua garota esperando!" Puck a beijou na bochecha e praticamente a empurrou para ir atrás da latina.

Rachel seguiu para a porta dos fundos buscando o caminho mais rápido para a cozinha, onde a mensagem disse que Helena estaria.

Nesses dois meses, a Alfa ficou bastante familiarizada com a casa e conseguia se mover com facilidade. Ela estendeu sua mão para a maçaneta, mas antes que pudesse toca-la, a porta foi aberta. Irina olhava para a Alfa com um sorriso adulador.

"Olá, Rachel!" cumprimentou. "É sempre bom vê-la por aqui."

"Bom dia, Irina!" ela respondeu. A Sr. Lopez havia insistido que Rachel a tratasse pelo primeiro nome. Ela dizia que qualquer coisa diferente disso fazia sentir-se velha. No entanto, quando Puck tentou chama-la da mesma maneira, Irina enviou um brilho de morte que deu pesadelos ao garoto por semanas.

"Irina!" Abuela repreendeu chegando até as duas. "Pare de bajular a Alfa e venha me ajudar a verificar os convidados. Você não vê que não é atrás dessa Lopez velha e acabada que ela está?" Rosalinda perguntou à nora, antes de virar-se para Rachel. "Entre, querida. Helena foi até o quarto trocar de blusa. Houve um pequeno acidente com uma jarra de suco. Mas ela deve estar de volta em um instante."

"Ela está bem?"

"Sim. Não foi nada de mais." Abuela garantiu. "Agora se você nos der licença, precisamos atender o restante dos convidados."

"Claro."

"Vamos, Irina!" chamou saindo para o quintal. A mulher parecia relutante, mas acabou seguindo a sogra.

Assim que Rachel entrou na cozinha, Tia Maria veio cumprimenta-la. A Alfa havia rapidamente entendido o porquê de Noah gostar tanto de seus bolinhos. Tia tinha uma mão dos deuses para a culinária, e ela sabia disso. Estava sempre tentando engordar a todos. Não importa o quanto Rachel comia, a cada vez que a senhora a encontrava, o que acontecia quase todos os dias, iria insistir que a morena estava pele e osso.

Tia Maria tomou o rosto de Rachel entre as mãos grossas e começou o discurso de sempre.

"Você tem se alimentado direito? Eu acho que você está muito magrinha. Uma Alfa precisa ter carne no corpo para se sustentar, se não como vai proteger a sua Alcateia?" ela não parava tempo o suficiente para deixar a morena responder. "Sue não tem pegado pesado demais com você, certo? Aquela mulher é insana. E eu sei que ela pode ser assustadora por vezes, mas você tem que pará-la quando ela passar dos limites..."

"Tia! Deixe-a respirar, por favor!" Helena pediu adentrando a cozinha. "Hey, babe!" a latina cumprimentou Rachel com um beijo suave nos lábios. A alfa corou um pouco diante do sorriso que Maria dava as duas. Mas tentou disfarça puxando Helena pela cintura e escondendo seu rosto no pescoço da latina. O cheiro de Helena ser tão bom era um bônus bem vindo.

"Berry! Mantenha suas mãos onde possamos ver. Eu não quero presenciar o ritual de acasalamento dos hobbits."

Rachel se afastou um pouco de Helena para cumprimentar Santana, ainda com as mãos na cintura da latina mais velha. Mas antes que a Alfa pudesse dizer qualquer coisa, ela se viu presa em outros daqueles abraços quebra-costela.

"Olá para você também Britt!" disse sorrindo quando a loirinha finalmente a soltou.

Brittany não falou nada, apenas ficou olhando-a de um jeito engraçado.

"Está tudo bem, Britt?" a morena perguntou um pouco desconfortável com a mirada intensa.

"Rae, que nariz grande você tem!" a loira falou impressionada. Rachel ficou sem graça, não sabendo bem como responder. Mas Brittany ainda não havia acabado. "Eu gosto. Dá personalidade ao seu rosto."

"Obrigada?" a Alfa perguntou ainda incerta.

A loira a brindou com um sorriso reconfortante. "Está tudo bem, Rae. Santana me disse o que você faz para as velhinhas. Eu não estou aqui para te julgar. Só tome cuida com a minha avó. Eu tenho medo que ela possa te machucar."

Santana não se aguentou e começou a sorrir alto. Helena jogou um pano de prato que estava sobre o balcão na irmã, mostrando seu apoio a Rachel.

"Ei, S! Onde você est..." Quinn gritou entrando na cozinha, mas parou assim que viu Rachel e como a morena estava próxima de Helena.

Percebendo a direção dos olhares da loira, e como a sua presença parecia deixar Rachel nervosa, Helena colou seu corpo ainda mais ao da morena e esfregou círculos suaves em suas costas. A Alfa relaxou instantaneamente no toque da latina e deu a ela um sorriso agradecido.

"Desculpe, eu estou atrapalhando alguma coisa?" Quinn perguntou. O clima no ambiente ficou relativamente pesado e as garotas se olhavam sem saber o que dizer. Incrivelmente, foi Rachel quem respondeu a pergunta da loira.

"Não." disse num tom amigável. "Santana só estava mostrando suas novas técnicas de insulto e Helena defendeu a minha honra. O que, aliás, eu achei realmente adorável." ela agregou, sorrindo novamente para a latina.

"Espera! A Santy fez o quê?" Britt questionou confusa.

Santana olhou levemente assustada e buscou o rosto de Rachel pedindo ajuda. Ela havia prometido a Brittany que não iria mais pegar no pé da morena, não só porque era a nova Alfa, mas porque Britt queria ser sua amiga. Contudo, os insultos faziam parte da natureza de Santana, era a sua forma de demonstrar carinho ou ódio ou tédio ou raiva ou... Vocês entenderam o espírito.

"Não é nada, Britt." Rachel garantiu. "Foi só uma expressão."

"Oh, ok!"

"Rae!" Puck chamou chegando à cozinha. "Nós estamos indo jogar Football. Você quer entrar?"

Antes que a morena pudesse responder, Quinn fez isso por ela. "Você está bêbado, drogado ou o quê? Ela não vai jogar esse esporte de bárbaros. Sério, Puck, o que você andou fumando?" Quinn estava furiosa. E Noah a olhava completamente aterrorizado.

Tão divertido quanto era ver Quinn assustando o garoto, Rachel sentiu pena do seu Jewbro e decidiu salvá-lo. "Está tudo bem, Quinn. Nós sempre jogamos. Na verdade, fazíamos isso mesmo antes da coisa de lobisomem." Quinn mudou seu olhar para a Alfa, pela expressão no rosto da loira, Rachel percebeu que havia dito a cosia errada.

"Você fazia o quê?" Quinn perguntou com a expressão gélida que lhe rendeu o titulo de Ice Queen. Seu tom era cortante.

"E-eu..."

"Pare de gaguejar!" ela ordenou. "Você está tentando dizer-me que vem se colocando em perigo há tempos? Desde quando isso vem acontecendo?"

"Quinn, eu não..."

"Hey Q, B, S!" Sue cumprimentou as três cheerios. Ela virou-se para falar com Rachel, mas quando olhou para onde a morena estava anteriormente só havia um espaço vazio. Sue sorriu com aprovação para as técnicas de evasão da Alfa. Quinn, no entanto, não ficou tão bem impressionada.

Sim, Rachel havia fugido. Mas você também faria se fosse o alvo da raiva de Lucy Quinn Fabray. Então, você pode realmente culpa-la?

A raiva da loira só aumento depois da fuga. Ela perseguiu para fora da cozinha e chegou ao quintal onde os meninos se preparavam para começar o jogo. Quinn se encostou contra uma árvore para assistir, não havia nada que ela pudesse fazer para impedir. Se algum desses trogloditas machucasse a sua... Rachel, a loira se asseguraria que o infeliz nunca mais poderia usar as pernas ou qualquer coisa abaixo da linha da cintura novamente.

Os lábios de Quinn secaram quando Rachel tirou a jaqueta. A blusa que levava por baixo deixava à mostra um pedaço do abdômen tonificado da morena. Esqueça a secura. A loira agora estava com água na boca. Ela se imaginou indo até lá e deixando seus dedos percorrerem os... Oh, meu Deus! Havia gominhos!

* * *

Noah e Rachel seguiram até o grupo de rapazes, que pareciam estar dividindo os times.

"Rae, você vai jogar?" Mike perguntou quando a morena se aproximou.

"Cara, não fala besteira! Ela é uma garota." Karofsky interrompeu. Noah e Mike trocaram um olhar e caíram na gargalhada.

"Cara, você é o único que está falando besteira. Você ainda não viu minha Jewbabe em ação, ela é muito rápida. Com ela no nosso time, nós vamos chutar a sua bunda."

"Quem disse que ela vai ficar no seu time?" Dave perguntou.

"Você não estava dizendo que ela é só uma garota há um minuto?"

"Bem, mas se ela é tão boa quanto você diz, eu certamente vou querê-la no meu time."

Nos meses desde que se descobriu uma mulher-lobo, Rachel teve muitas surpresas, uma dela foi David Karofsky. O jogador que sempre foi um dos seus maiores carrascos na escola mostrou-se alguém realmente doce, depois que você tem a chance de conhecê-lo.

Rachel possuía algumas teorias sobre o que motivava Dave a se comportar de forma por vezes tão desprezível. Mas ela não tinha tanta intimidade com o garoto, e não sabia se ele ficaria à vontade para falar sobre isso com ela.

"Há lugar para mais um?"

Rachel ouviu a pergunta e virou-se a tempo de ver Sam se aproximando. Ele usava camisa e jeans negros. O loiro tinha um ar perigoso que a Alfa nunca havia notado antes. Ele levava um sorriso malicioso nos lábios, seus olhos estavam escondidos por óculos aviador escuro.

"Claro. Agora fica certinho, sete para cada lado." um dos garotos respondeu.

O time de Rachel era formado por Noah, Mike, Dave (que insistiu em ficar em seu time para proteger seu traseiro judeu arrogante, palavras dele", Caleb, Shane e Marc, um garoto muito alto e desengonçado que lembrava Finn.

O jogo começou e logo o outro time percebeu que Noah estava certo, Rachel era um Halfback muito impressionante. Depois de um ótimo passe do judeu, ela recebeu a bola e correu. Dave ao seu lado bloqueando os adversários. Rachel esquivou-se de um último jogador e marcou o primeiro touchdown.

A morena jogou a bola no chão como os jogadores profissionais costumam fazer, e começou uma dancinha. Alguém gritou "MONTINHO" e seus colegas de time pularam em cima dela rindo e gritando. Assim que eles saíram, várias garotas correram para verificar Rachel.

"Você está bem, Rae?"

"Esses brutamontes te machucaram?"

"Acho que você precisa de uma massagem, vamos procurar um quarto."

Perguntas e comentários como esses pareciam vir de todos os lugares. A morena estava atordoada. Até que Noah sentiu pena e veio auxiliar a judia.

"Tudo bem senhoras, depois Puckzilla e Rachssauro irão cuidar de vocês. Mas agora nós precisamos voltar para o jogo." ele praticamente teve que arrancar a morena do meio das garotas.

Quando ela voltou pro meio do "campo" ainda deu tempo de enviar um sorriso para Helena que estava assistindo a tudo com uma expressão divertida.

"Eu vou ganhar esse jogo para você, babe!" gritou para a latina.

"Tudo bem, Romeu, volte para o jogo!" um dos garotos gritou e todos que assistiam a cena caíram na gargalhada.

* * *

Olhos castanhos observavam atentos cada um dos movimentos de Rachel. Quando a morena chegou em segurança no final do campo improvisado, Quinn soltou a respiração que não sabia que estava segurando. Brittany dava pulinhos do seu lado direito. E Santana tentou disfarçar, mas deu um soco de comemoração no ar pelo touchdown da morena.

O inicio de um sorriso surgiu no canto dos lábios da loira vendo Rachel fazer aquela dancinha adoravelmente idiota. Mas desapareceu rapidamente. Aqueles abutres indo pra cima de sua companheira... Quinn teve de se controlar para não ir até lá e arrancar cada uma delas pelos cabelos.

Rachel prometendo ganhar o jogo para Helena matou de vez o humor da loira.

* * *

O outro time formou sua linha de ataque. Sam conseguiu enganar a marcação de Mike e deu um passe perfeito para um dos caras de seu deu time empatar a partida.

Eles estavam jogando por quase uma hora. A partida era muito equilibrada, cada hora um dos times tomava a frente. As meninas escondiam os rostos nas mãos quando havia impactos mais violentos. Os pais gritavam sobre como eles eram muito melhores em seu tempo. As mães eram as únicas que não pareciam estar muito atentas ao jogo. Elas estavam mais afastadas, rindo e conversando. Como boa parte do esquadrão cheerio era da Alcateia, depois de alguns minutos elas começaram a fazer formações e torcidas como se estivessem em um jogo de verdade, mas tão logo isso começou, terminou. Sue gritou e ameaçou que se continuassem com isso, Ramon iria ganhar muita carne de segunda para o churrasco.

Os "jogadores" começaram a ficar um pouco cansados e decidiram que esse seria o último ataque. O time de Sam estava com a bola e o jogo permanecia empatado. Eles voltaram para a formação. O loiro fez um passe realmente bom, mas o receptor deixou a bola cair. Rachel pegou-a rapidamente e desviou do primeiro marcador. Ela viu Puck livre a frente e lançou a bola para o judeu. Tão logo a bola deixou sua mão, Rachel sentiu seu corpo sendo atingido por uma força nauseante. Ela havia percebido alguém se aproximando, mas sabia que daria tempo de fazer o lançamento, e isso era apenas uma brincadeira, ninguém estava marcando tão forte. Mas essa pessoa fez. Pelo clarão de cabelos loiros que a morena havia notado antes de ser atingida, ela sabia que era Sam.

Rachel viu o corpo do garoto sendo arrancado de cima dela e jogado para longe por Dave.

"Você está bem?" ele perguntou preocupado.

"Sim" respondeu. Dave ofereceu a mão e ela aceitou. Quando ele a puxou para cima, Rachel viu o inicio de confusão se formando.

Noah partiu para cima de Sam dando um soco nele, o loiro revidou e o judeu tropeçou alguns passos. Sam se lançou sobre ele, mas Puck conseguiu desviar. Eles já se preparavam pra investir novamente um contra o outro, quando uma voz ordenou:

"Parem!"

Os dois ficaram estáticos em seus lugares.

Rachel olhava realmente furiosa. Poder puro fluiu da ordem da Alfa. Um brilho opressor parecia emanar dela a cada passo que dava para mais perto dos dois. Fazendo não só eles, mas todos que estavam por perto se encolher, como se houvesse uma força empurrando-os para baixo. Mesmo Sam parecia ter dificuldade em resistir ao poder dela, e ele nem mesmo era um membro da Alcateia. Ele não lhe devia fidelidade ou obediência, mas o loiro estava achando realmente difícil se mover. Sam viu que Noah continuava olhando-o com raiva.

"Covarde!" o judeu acusou soltando um pequeno rosnado.

Sam fez um movimento em direção a ele, mas a voz o parou novamente.

"Eu não faria isso se fosse você."

O loiro virou-se para Rachel e viu como ela o olhava com um olhar realmente perigoso. Ele sentiu uma onda de medo lava-lo, mas tentou assumir uma postura desafiadora. Rachel mal reconheceu seu esforço.

"Eu realmente não faria isso se fosse você." A Alfa repetiu calmamente para o garoto. "Porque se você tocar no meu irmão, eu terei que te machucar. E por machucar, eu quero dizer acabar com sua capacidade de andar, falar ou procriar. Estamos claros?" a gravidade que marca as palavras da morena tornava cada silaba tremendamente assustadora.

"Você entendeu?" ela insistiu na pergunta. Sam acenou.

Helena deu um passo em direção a Rachel, mas Quinn chegou primeiro.

A loira colocou a mão sobre o ombro da morena e sussurrou: "Está tudo bem, acabou agora. Vamos todos voltar à festa." a última parte ela falou um pouco mais alto. Se dirigindo a todos. Esse era o sinal claro para que cada um voltasse a cuidar de sua própria vida.

Quando viu que todos estavam se movendo, Quinn tentou segurar a mão da Alfa, mas Rachel se afastou e começou a caminhar para longe. A loira sentiu uma pontada de dor no coração depois da rejeição.

Rachel seguiu para a garagem e ficou encostada contra o carro de Noah. Ela havia esquecido que veio de carona e não poderia ir embora sem o judeu. Ela estava ali, quase tremendo de raiva por um momento, antes de se acalmar. Seu lobo insistia que ela voltasse e acabasse com Sam. O que o loiro fez foi obviamente desleal, e depois ainda teve coragem de atacar seu Jewbro... Apenas se afastando para Rachel impedir-se de matar o Ken. E seu lobo que já não estava feliz com essa decisão, ficou ainda mais incomodado por Rachel ter rejeitado o toque de Quinn. Ele estava fumegando em seu interior.

E a morena não aguentava mais isso. As emoções conflitantes. As expectativas e cobranças. Todas essas pessoas entrando tão de repente e de forma tão intensa em sua vida. O lobo... Deus! O lobo. E como ele parecia ter cada vez mais influência em seu comportamento. Rachel Berry não era o tipo de pessoa que precisava respirar fundo e contar até dez para se impedir de rasgar a garganta de outro ser humano. Rachel Berry era alguém doce e gentil, que amava musicais e considerava Barbra a maior cantora de todos os tempos. Rachel estava se transformando em alguém que ela não queria ser, em alguém que alguns meses atrás ela teria parado no corredor e palestrado sobre como essa pessoa tinha muito potencial e precisava acerta sua vida. Rachel Berry estava deixando de ser Rachel Berry e isso precisava parar. Tudo precisava parar.


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Notas finais do capítulo

N/RaeRae: A Chase falou na n/a acima, e eu reforço agora. Desculpem não estarmos respondendo aos reviews. Nós lemos todos e ficamos muito felizes com eles. Nesse fds vou tentar responder pelo menos os do cap. 10. Então não parem de comentar, ok?
Ah, uma parte da cena na igreja teve influencia de uma fic Faberry que aborda esse tema religião. Eu tentei encontra-la pra colocar aqui como referencia, mas não consegui (sou um lixo pra decorar nomes). Se alguém achar que conhece, diga nos comentários, ok?
Até segunda!