Capítulo 2 – My New Reality: Parte II

Corri para dentro de casa em um estado de grande euforia, ansioso para que todos soubessem da novidade que mudaria minha vida. Mas a minha vontade não foi realizada, já que de repente cai no chão e não senti mais minhas pernas. Senti uma forte dor nos olhos, uma sensação como se eles estivessem sendo queimados. Nunca senti algo tão medonho, era uma dor lancinante. Dei um grito de pura agonia, começando a me debater no chão. A última coisa de que me lembro era de ver todos os Cullens virem desesperados em minha direção e de minha mente mergulhar em uma profunda escuridão.

[...]

Estava começando a recobrar minha consciência. Depois que apaguei, não me lembro de mais nada. A única coisa que me lembrava era das expressões desesperadas de meus familiares ao me verem com a tamanha dor. Nunca os tinha visto daquele jeito, pensei preocupado. O estranho, era que esse pensamento dominava toda minha mente e não apenas uma parte dela. Comecei a perceber também que aquela velha sensação de uma brasa quente em minha garganta havia sumido completamente. Fiz força para lembrar o que havia acontecido quando estava inconsciente, mas parei bruscamente quando percebi que o mundo estava estranhamente silencioso. Aquele velho burburinho de vozes em minha mente também havia sumido completamente. Será que eu estava sozinho? Não, eu não poderia estar já que agora eu começava a escutar algumas vozes...

“Edward, Edward meu filho por favor acorde” suplicava Esme enquanto soluçava em um choro sem lágrimas.

“Calma mãe, vai ficar tudo bem” Jasper tentava reconforta-la.

“Ficar calma como Jasper? Quantas vezes você viu um vampiro desmaiado? Isso não é normal!” Ela falava cada vez mais desesperada.

“Amor, realmente isso é desconhecido para nós, mas tenha fé, Edward vai ficar bem.” – falou Carlisle.

“Estranho...”- sussurrou Alice, falando consigo mesma.

“Estranho o que Allie? – perguntou Rosalie.

“Eu não prever que isso iria acontecer” – murmurou decepcionada.

“Você acha que está perdendo seu dom?” perguntou Rosalie com o tom especulativo.

“Claro que ela não está perdendo Rosalie, nenhum vampiro perde seu dom” – intrometeu-se Jasper.

“E quem diria que um vampiro desmaiaria Jasper? Se aconteceu de Edward ficar inconsciente, mesmo sendo um vampiro, por que Alice não perderia seu dom? Já foi mais que provado que nada é impossível”

“ É diferente” – afirmou Jasper

“Diferente por que? Alice também previu Edward e Bella juntos e...” – no momento em que ela pronunciou o nome de Bella, uma sensação eletrizante passou por meu corpo, como se fosse uma carga elétrica. Essa sensação fez com que eu recuperasse parte das minhas forças e apertei minhas mãos em punho.

“Edward meu filho? Você acordou? “ – Carlisle perguntou.

“Sim”- balbuciei tão baixo, que eu mesmo quase não consegui escutar. Não abri os olhos.

“Graças a Deus!” – falou Esme aliviada, vindo em seguida me dar um beijo no rosto.

“Lembra o que aconteceu?” – perguntou Emmet

Balancei a cabeça negativamente

“Abra os olhos meu filho”- pediu Esme.

Fiz força, os abrindo vagorosamente.

“OMG!” – exclamou Alice, como se não acreditasse no que visse.

Todos olhavam para mim com os olhos quase saltando das órbitas, as expressões de pura surpresa. Aquilo já estava me constrangendo. O que estava acontecendo afinal?

“ O que foi?”- perguntei.

“Seus... seus olhos”- Rosalie falou quase sufocando.

“O que tem meus olhos?”

“Estão...verdes” – falou com uma incredulidade evidente em sua voz.

“O QUÊ?” – perguntei completamente surpreso.

“É isso mesmo Edward, Rosalie não está enganada” – murmurou Alice ainda completamente chocada.

“Mas como?” – perguntou Esme.

“Não sei” – murmurei confuso.

“Não sei o que está acontecendo, mas tem uma coisa que está me intrigando” – falou Carlisle franzindo o cenho.

“O que?” – Esme perguntou.

“Ele está com os olhos exatamente na mesma tonalidade de quando era humano” – explicou Carlisle. A palavra “humano” causou um impulso em meu cérebro, como se me lembrasse algo. Então aos poucos, comecei a recordar o que havia acontecido...

“Como você sabe , um vampiro não sofre mutações e quando sofre elas são permanentes. A vampira Elena amou de verdade esse humano, porém não pôde viver esse amor por causa da sua condição vampiresca. Pensando nisso ela criou um feitiço que seria destinado a vampiros ou vampiras que se apaixonassem verdadeiramente como ela se apaixonou. Para evitar que outros vampiros sofressem como ela , ela criou um feitiço que fazia esse vampiro se tornar humano novamente. Porem isso só acontece uma vez a cada século já que vampiros não costumam se apaixonar por humanos”

Se tornar humano novamente. Então era isso que estava acontecendo afinal. Eu havia me tornado humano. Por isso que só conseguia pensar uma coisa de cada vez, por isso que não sentia mais sede, por isso que o mundo estava silencioso, de um modo ainda estranho para mim. Comecei a perceber outras coisas aos poucos. Antes, quando os outros estavam conversando, eu tive que me esforçar para ouvi-los e agora quando acordei senti que minha visão já não era tão aguçada quanto antes. Coloquei rapidamente minha mão em meu peito e fiquei completamente fascinado ao constatar que minha loucura havia se confirmado. Meu coração estava batendo novamente. Depois de mais de 80 anos com um coração morto, gelado e parado, eu tinha pela segunda vez um coração em meu peito. Senti uma coisa gelada e molhada escorrendo por meu rosto. Coloquei minha mão no rosto para ver o que era. Não, não pode... não pode ser... Coloquei minha mão em minha boca e fiquei embasbacado ao perceber que aquela coisa molhada tinha o mesmo gosto da lágrima de Bella que um dia eu provei. Mais e mais lágrimas de felicidade deslizaram por meu rosto. Só sai de meu momento quando ouvi seis arquejos distintos. Olhei para eles e a incredulidade estava completamente estampada em seus rostos.

“ Edward, pelo o amor de Deus meu filho... Será que dá para explicar de uma vez por todas o que está acontecendo?” – Esme praticamente me implorou.

Suspirei e me virei completamente para eles.

“Olha não sei como explicar isso a vocês sem acharem que estou louco. A única coisa que sei é que estava na varanda sofrendo por Bella e é claro, sentindo uma dor enorme. Depois a dor se intensificou, só que mais concentrada em meu peito. E não era qualquer dor, eu me sentia como se estivesse me transformando novamente. Depois escutei uma voz em meu íntimo e, lógico, achei que estava louco. Então essa voz me disse que era uma lembrança que aparecia somente para exceções como eu”

“ E por que você?” – intrometeu-se Emmet.

“Foi exatamente o que perguntei ele. Ele disse que eu era o vampiro da lenda”

“Que lenda?” – dessa vez quem se intrometeu foi Alice.

“Uma lenda de um feitiço criado por uma jovem vampira chamada Elena. Pelo que eu entendi, ela morava em Londres e se apaixonou por um humano assim como eu. Assim também como eu , ela sentia muita sede pelo sangue dele, como jamais sentira. O problema é que ela não seguia nossa dieta vegetariana. Em um dia quando estavam tentando fazer amor, ela não aguentou e o mordeu, sugando toda a sua vida em seguida. Ela se matou, mas antes criou um feitiço que deu início a lenda. Para evitar que outros vampiros sofressem como ela, ela criou esse feitiço que fazia esse vampiro se tornar humano novamente. E é isso que aconteceu comigo. Eu voltei a ser humano.”

Silêncio. Silêncio profundo... Mais silêncio. Comecei a ficar nervoso, eu esperava qualquer coisa menos isso. Quando ia perguntar a seus corpos petrificados se estavam bem, Emmet soltou uma gargalhada estrondosa que ecoou pela casa inteira. Demos um pulo com o susto.

“Você só pode estar ficando louco Edward!” – falou Emmet, ainda rindo descontroladamente.

“Também achei isso no começo Emmet. Mas que explicação você me dar para meu olhos verdes? Para minha falta de sede? Por não conseguir mais pensar em várias coisas ao mesmo tempo? Para minha visão e audição não serem mais aguçados? Por ter chorado? Para não conseguir mais ler mentes?” – perguntei.

“ Eu não sei mas... Espera aí o que você disse? Você não consegue mais ler mentes?” – perguntou com os olhos brilhando.

“Não”

“Uhuuuuuuuuuuuuuuuu!” – gritou assustando a todos.

“O que foi?!” – perguntei assustado.

“Eu me remexo muito, eu me remexo muito, remexo muito!” – cantou, me ignorando completamente e começou a rebolar, fazendo uma dancinha ridícula.

“Emmet, que porra é essa?” – perguntei.

“Só estou comemorando baby!” – cantarolou, sem parar a dancinha.

“Comemorando o que imbecil?”

“ Como o que? Você não pode mais ler mentes e... Aleluia! Finalmente ganhei minha chance! Finalmente vou ter uma luta justa com você! Finalmente você não pode mais entrar em nossas mentes para trapacear! Como esperei esse dia! Obrigado meu Deus!” – Falou se ajoelhando e jogando as mãos pro alto. Revirei os olhos.

“Emmet! Levante já daí! Isso é hora para falar disso? ” – repreendeu nossa mãe.

“Mãe desiste ele é o Emmet, não tem salvação!” – falou Alice, com as mãos na barriga, tentando controlar o riso.

“Cala a boca anã de jardim!” – Alice deu a língua para ele.

Todos rimos da infantilidade deles. Emmet vai ser sempre Emmet e Alice vai ser sempre Alice. Só esses dois malucos para em uma hora crucial dessas darem um showzinho desses. Não sei como ainda me surpreendo. Que família maluca foi essa que eu fui me enfiar meu Deus?

“Mas voltando ao que importa, você tem certeza que é humano Edward?” – perguntou Carlisle, interrompendo meus pensamentos.

“Eu tenho, por todos aqueles motivos que lhes falei. Só estou estranhando uma coisa”

“O que?”

“Não estão sentindo meu cheiro?”

Foi como se eu tivesse jogado um balde água fria neles, trazendo-os de volta a realidade. Como se possível, estavam mais pálidos que o normal. Eu sinceramente não esperava isso. O que havia acontecido afinal? Olhei-os novamente, os analisando, e todos estavam segurando a respiração. Por que? Nós só fazíamos isso quando estávamos com sede e... OMG... Não, não, não! Meus olhos se arregalaram ao perceber o que estava acontecendo. Não, não pode ser, devo estar enganado. Eles não podem estar com sede. Se estivessem com certeza diriam não é? Ou não?

“Gente... tá tudo bem?” – perguntei querendo saber se minhas suspeitas eram corretas.

“Não, quer dizer sim... é que estávamos tão distraídos, que só fomos perceber seu cheiro agora que você falou.” – falou Emmet ficando sério. Ele só ficava sério quando a situação exigia isso de verdade. Se Emmet está sério, é porque a situação está feia.

“Não estão com sede, estão?” – perguntei.

No momento em que pronunciei essas palavras, Jasper saiu rapidamente dali, exatamente como fazia para evitar matar alguém. Um silêncio profundo se instalou na casa.

“ É, Edward agora definitivamente sabemos que você é humano.” – falou Carlisle, quebrando o silêncio.

Rosalie saiu rapidamente da sala, exatamente como Jasper, mas antes disparou um olhar altamente suicida em minha direção. Mas não havia apenas isso estampado em sua face, havia também uma coisa que ela estava querendo ocultar, mas mesmo assim reconheci o que era. Era mágoa.

Olhei confuso em direção a todos. Por que ela estava magoada comigo, afinal?

“Edward, sei que você pode entende-la. Apesar de Rosalie amar muito a mim e a nossa família, ela daria tudo para se tornar humana. Ela seria capaz de trocar você, a nossa família, e até mesmo a mim para isso. E agora de repente, você se tornou humano, justamente o que ela sempre quis. Você tão bem como ninguém, deve imaginar como ela está se sentindo, já que já leu a mente dela muitas vezes.” – Emmet falou, mais uma vez me surpreendendo. Ele falava isso sério e me olhando fixamente, o que era uma coisa que Emmet raramente fazia. Mas eu o entendo. Realmente não deve ser fácil de falar que a mulher da sua vida te trocaria por algo. Agora eu entendo o que ele falou, realmente o que Rosalie mais quer na vida é se tornar humana. Olhei para ele envergonhado. Como deixei passar tal obviedade?

Ele sorriu em minha direção e saiu junto com Alice para falar com Rose.

“Não fique assim meu filho. Você não teve culpa de ter se tornado humano” – Carlisle tentou me tranquilizar.

“Tudo bem pai” – sorri em sua direção. Eu não precisava compartilhar minhas angustias com ele.

“Quando vamos caçar amor?” – Esme perguntou tentando mudar de assunto.

No momento em que ela falou a palavra “caçar” ouvi um barulho alto, que mais parecia um ronco. Olhei para meu estômago assustado.

Depois que me cansei de olhar em uma só direção, coisa que não estou acostumado, olhei em direção a meus pais e só então percebi o porque de gargalhadas estarem ecoando pelo ambiente. Eles estavam gargalhando alto, com as mãos na barriga. Qual é a piada?

“Qual é a piada?” – repeti meu pensamento.

“Piada?” – meu pai perguntou tentado controlar o riso.

“É, por que vocês estão rindo tanto?”

“Meu filho não estamos rindo porque vimos algo engraçado, nós estamos rindo de felicidade” – Esme falou, dando em seguida um sorriso estonteante.

“Felicidade?”

“Sim felicidade. Por muitos e muitos anos seu pai e eu sonhamos com o dia em que iríamos cozinhar para nossos filhos, porem nunca tivemos oportunidade. E agora você a está nos dando!”

“Por que?”

“Como por que Edward? Você acha que seu estômago roncou por que? Você está com fome meu filho.”

“Fome” – sussurrei para mim mesmo, como se tivesse acabado de descobrir a resposta de uma charada. Então era isso, eu estava com fome. Havia tanto tempo que convivia com a sensação de brasa em minha garganta, que já não conseguia mais identificar a fome humana.

“Filho você quer omelete?” –

“Eu quero qualquer coisa mãe, contanto que acabe com essa fome”

“Fique aí então que eu vou preparar um com seu pai” – falou saindo apressadamente acompanhada de Carlisle.

Me peguei em um completo silêncio. Estranhei inicialmente, mas depois relaxei e aproveitei a sensação de ter uma mente só minha. Muitas pessoas podem achar que ter esse dom de telepatia é maravilhoso, e até certo ponto é. Mas... é muito perturbador você ter um turbilhão de vozes em sua mente, sem jamais ter um descanso. Agora eu realmente poderia ficar sozinho com meus pensamentos. Aproveitei essa maravilhosa chance para pensar em minha amada. Como eu sentia sua falta...

When will I see you again? /

Quando vou ver você de novo?

You left with no goodbye, not a single word was said /

Você partiu sem um adeus, nem uma única palavra foi dita

No final kiss to seal anything /

Nenhum beijo final para selar qualquer coisa

I had no idea of the state we were in /

Eu não tinha ideia do estado em que estávamos

“Filho está aqui seu omelete” – Esme falou interrompendo meus pensamentos.

[...]

Estava subindo as escadas em direção ao meu quarto. Estava cansado e cheio, o omelete de minha mãe estava delicioso. Não sei onde ela aprendeu a fazer essas especiarias, já que era acostumada a conviver com pessoas que não se alimentam de tais alimentos. E não era a comida por si só que estava deliciosa, dava para perceber um ingrediente a mais que fica em falta até em restaurantes mais granfinos: o amor.

Quando cheguei ao meu quarto me joguei direto no sofá. Lembraria de comprar uma cama amanhã. Estava com uma sensação a muito desconhecida para mim, que Carlisle me explicou ser sonolência. Quando estava caindo no sono, me lembrei que não havia escovado os dentes. Queria ignorar esse fato, porem a higiene falou mais alto. Mesmo contra vontade, me levantei e fui caminhando preguiçosamente em direção ao banheiro. Peguei minha escova e comecei a escova-los. Quando levantei o rosto meu olhos capturaram o espelho e fiquei chocado com a imagem refletida ali.

Eu estava com os olhos verdes, a pele não tão pálida quanto antes porem ainda branca, a pele não mais de mármore, e sem olheiras fundas e rochas. Quase não me reconheci.

Teria ficado mais tempo olhando a imagem desconhecida se o cansaço humano não tivesse me atingindo. Voltei rapidamente a meu quarto e me joguei no sofá, completamente exausto com o estresse físico e emocional ocorridos hoje

Cai na sonolência e viajei por um mundo que não visitava a muito tempo. O mundo dos sonhos.

I know I have a fickle heart and bitterness /

Eu sei que tenho um coração inconstante e amargurado

And a wandering eye, and a heaviness in my head /

E o olho de um errante, e um peso na minha cabeça

Eu e minha Bella estávamos caminhando em nossa campina de mãos dadas. Eu olhava maravilhado para a imagem de minha menina. Ela estava linda. Seu cabelo estava solto e levemente vermelho refletido no sol. Seus olhos cor de chocolate pareciam brilhar de felicidade. Sua boca estava avermelhada, tornando seus lábios cheios ainda mais tentadores. Usava um lindo vestido azul que contrastava maravilhosamente com sua pele alva. Ela me olhava intensamente, como se pudesse ver minha alma, porem de repente suas bochechas se avermelharam.

“Que foi meu amor?” – perguntei acariciando sua bochecha.

“Você que fica direto me olhando desse jeito” – respondeu baixando sua cabeça.

Botei um dedo em seu queixo e levantei seu rosto, de modo que pudesse encarar seus olhos.

“Que jeito?”

“Como se analisasse cada passo meu”

“Eu estou apenas maravilhado”

“Maravilhado?”

“Sim maravilhado. Maravilhado por ter uma mulher tão linda e encantadora ao meu lado. Maravilhado por amar e ser correspondido. Maravilhado de termos enfrentado tudo para ficarmos juntos. Maravilhado pela vida.” – falei encarando intensamente seus olhos, que se encheram de lágrimas.

“Oh Edward eu te amo tanto!”

“Também te amo minha pequena!” – falei igualmente emocionado.

Nossas bocas se chocaram uma com a outra em um beijo arrebatador. Beijei-a como nunca a havia beijado antes, já que não necessitava mais de controle. Começamos a rir em meio ao beijo, e senti suas lágrimas de felicidade se misturarem as minhas. Quando o ar nos faltou colamos nossas testas e entrelaçamos nossas mãos...

Acordei arfando e senti lágrimas descendo por meu rosto. Foi só um sonho. Apenas um sonho. Mas também o melhor sonho de minha vida. Como eu queria que fosse real. Tenho que encontrar minha Bella logo...

But don't you remember, don't you remember? /

Mas você não se lembra, não se lembra?

The reason you loved me before, /

A razão pela qual você me amava antes,

Baby please remember me once more /

Baby, por favor, lembre de mim mais uma vez

Coloquei uma calça jeans com uma blusa azul e desci. Assim que cheguei lá embaixo, vi uma grande mesa de café da manhã. Havia pães, biscoitos, café, suco, queijo, presunto...

“Vai vir um batalhão de humanos pra casa hoje?” – perguntei brincando para Esme, que acabara de entrar na cozinha.

“Não por que?”

Apontei a mesa.

“Isso aí é pra você”

“Pra mim?!” – perguntei surpreso.

“Como eu não sei o que você gosta de comer, resolvi botar um pouco de tudo” – respondeu fazendo aqueles olhinhos do gato de botas do Shrek.

“Dona Esme, dona Esme...” – ela riu.

“Mãe você viu onde... OMG!” – Alice exclamou.

“Eu não sabia de nada” – levantei as mãos. Medo dessa fadinha.

“Como não sabia? O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM ESSA CALÇA EDWARD CULLEN?!”

“Calça?”

“Sim!

“O que tem minha calça?”

“Como o que tem Edward Cullen? Como você veste uma calça que você já tem a um século?!” – revirei os olhos.

“Alice pelo o amor de Deus! Você comprou essa calça pra mim semana passada!”

“E você acha que isso é pouco tempo?!”

Revirei os olhos mais uma vez. Discutir com ela não iria adiantar nada.

“Onde estão Jazz, Emm e Rose?” – perguntei tentando mudar de assunto. A expressão de Alice mudou da incredulidade para o pesar.

“Rose foi para Denali e Emm e Jazz a acompanharam.”

“Por que?”

“Rose ainda está revoltada e Emm a acompanhou para tentar acalma-la, coisa que duvido muito que consiga. Jazz ainda está meio estável, não que ele ache que não pode lidar com a sede a seu sangue, mas resolveu dar um tempo.” – explicou.

Minha expressão, igualmente a dela, mudou para o pesar. Não me agradava a ideia de meus irmãos estarem fora de casa por minha culpa.

Abaixei a cabeça envergonhado e Alice apertou meu braço tentando me acalmar. Lutei contra a vontade de chorar e Alice quase que no mesmo instante apertou meu braço mais intensamente. Seu aperto foi ficando cada vez mais forte, de um modo que eu não conseguia mais aguentar.

“Ai Alice! Solta meu braço!” – Olhei em sua direção e ela estava com os olhos arregalados. Eu conhecia muito bem essa expressão.

“O que foi Alice? O que voce viu?”

When was the last time you thought of me? /

Quando foi a última vez que você pensou em mim?

Or have you completely erased me from your memories? /

Ou você me apagou completamente de suas memórias?

Cause I often think about where I went wrong /

Porque muitas vezes eu penso onde eu errei

The more I do, the less I know /

E quanto mais eu penso, menos eu sei

Minhas palavras a despertaram e ela deu um pulo. Olhou para mim com incredulidade, mas o que estava mais estampado em sua face era dor.

“O que foi Alice?”

“Você tem certeza de que quer saber Edward?”

“Claro que eu quero saber Alice!”

“Não queria lhe contar, mas acho que você tem o direito de saber” – ela respirou fundo e continuou – Primeiro de tudo Edward, você sabe que minhas visões nem sempre são corretas, eu mesma não vi você ficar humano. Sendo assim pode ser que o que eu vi não venha a se concretizar. Edward sei que pode ser estranho, mas não vejo seu futuro mudar”

“Como assim?”

“MesmovocêsendohumanoeuaindavejovocêeBellavampiros” – falou em um fôlego só.

“O que Alice? Fala devagar que eu não entendi nada” – ela respirou fundo mais uma vez.

“Mesmo você sendo humano, eu ainda vejo você e Bella vampiros”

But I know I have a fickle heart and bitterness /

Mas eu sei que tenho um coração inconstante e amargurado

And a wandering eye, and a heaviness in my head /

E um olhar errante, e um peso na minha cabeça

Estaquei no mesmo lugar e senti meus olhos se encherem de lágrimas. Queria sumir de casa ou melhor sumir do mundo, mas não conseguia mexer as pernas. Senti as lágrimas descerem por meu rosto, sem que eu fizesse um mínimo esforço para isso.

But don't you remember, don't you remember? /

Mas você não se lembra, não se lembra?

The reason you loved me before, /

A razão pela qual você me amava antes,

Baby please remember me once more /

Baby, por favor, lembre de mim mais uma vez

“!@#$%6&*()%$&(*#@” – Alice falou alguma coisa desesperada, mas eu não conseguia entender nada. A ignorei e corri em direção ao meu quarto, meus soluços ecoando pela casa inteira.

Por que? POR QUE? Mesmo eu sendo um humano eu não poderia ficar com ela. Com aquela que é a mulher da minha vida, a única que poderia me fazer feliz. Mas eu não ficaria com ela. Mesmo que o eu queira mais na vida seja estar ao seu lado, eu não poderia fazer isso com ela. Ficar com ela seria o mesmo que condenar a mim e a ela a um destino obscuro. Não que eu me importasse comigo, longe disso, mas ela me importava. Minha amada é a pessoa mais importante de meu mundo.

I gave you the space so you could breathe, /

Eu te dei o espaço para que você pudesse respirar,

I kept my distance so you would be free, /

Eu mantive minha distância, assim você iria ser livre,

I hope that you find the missing piece /

Eu espero que você encontre a peça perdida

To bring you back to me /

“EU NÃO POSSO MAIS FICAR COM BELLA! – gritei enquanto as lágrimas banhavam meu rosto...

Why don't you remember, don't you remember? /

Por que você não se lembra, não se lembra?

The reason you loved me before, /

A razão pela qual você me amava antes,

Baby please remember me once more /

Baby, por favor, lembre de mim mais uma vez

When will I see you again? /

Quando vou ver você de novo?