Assim que todos acordaram - Edmundo foi o ultimo - começamos a viagem até o encontro de Aslam com os narnianos que nos encontraram. Seguíamos em fila, em pares, com uma distancia de metros entre uma dupla e outra. No topo da fila estava o centauro com Pedro ao seu lado, em seguida vinham o anão e o texugo, Eustáquio e Jill, Caspian e eu, Natalia e Edmundo, e, por fim vinha Lucia contrariada/feliz ao lado de Nicolas.

POV. Pedro.

 Reconhecia o bosque, mas ao mesmo tempo estava muito diferente. O centauro acabara de me contar questões que aconteceram em Narnia.

- Ocorreu tudo na mais perfeita ordem, meu senhor. - acrescentou ele. Assenti.

Dei uma rápida olhada para trás. Vi Eustáquio fazendo Jill rir, Caspian e Susana de mãos dadas, conversando entre si, trocando risos e olhares; vi Edmundo apontando em algumas direções e Natalia ouvindo tudo com atenção. Mais atrás estava Lucia e Nicolas, eles estavam quietos, silenciosos, mas eu percebi os olhares que Nick dirige a minha irmã embora ela não percebesse, e não é de agora, já o peguei olhando assim para ela antes. Talvez Natalia e Susana tivessem razão...

Voltei a olhar para frente. Eu estava feliz por eles estarem felizes, mas, ainda assim, eu me sentia incompleto... Sozinho...

 POV. Eustáquio.

- Poxa, Eustáquio, por que você nunca me contou desse lugar? - Jill parecia flutuar ao meu lado.

 - Para você me chamar de louco? Não, obrigado.

 - Ah, mas você podia ter me falado de um jeito com que eu não o achasse louco... - argumentou.

 - Como, por exemplo...?

 - Ter me contado como alguma historia que você leu em um livro... Sei lá...

 - Certo, vou me lembrar disso da próxima vez. - brinquei.

 Ela riu. Seu sorriso prendeu meu olhar. Os cabelos loiros formavam uma moldura dourada em seu rosto, balançando-se levemente com a brisa.

 Jill era minha amiga há muito tempo... Ah, o que eu estou falando, ela é minha única amiga! Claro, tem meus primos, o Cas, a Nati, o Nick, a Phie (Sophie) e o Joe (Josh), mas eles eu considero como irmãos, ela não. Jill era diferente, era mais que uma amiga...

 POV. Natalia.

 O ar aqui é indescritivelmente energético. A cada respiração é uma carga de animo. Fitava as arvores e elas pareciam dançar ao balanço do vento. Lindo, tudo aqui é muito lindo, principalmente o cara sorridente ao meu lado.

 - Se continuar sorrindo assim, Edmundo, vai acabar furando as bochechas. - brincava.

 - Não dá para evitar. Ainda nem acredito que estamos de volta, e o melhor é que você também veio!

 Sorri e ele me abraçou de lado.

 POV. Nicolas.

  Lucia andava com um sorriso lindo ao meu lado, e tinha um brilho indescritível nos olhos. Seu sorriso tão branco e seus olhos tão azuis emoldurados por longos cabelos castanhos que se moviam com a brisa.

- O que foi? - perguntou ela, incomodada com meu olhar.

 - Nada, é que... Eu nunca lhe vi desse jeito...

 - Que jeito? -  ela uniu as sobrancelhas, seu sorriso sumiu, provavelmente esperando mais uma brincadeira provocante de minha parte.

 - Feliz... - falei fitando-a e tendo meu coração iluminado quando seu sorriso abriu-se novamente.

POV. Caspian.

Claro, estou muito feliz por estar aqui de novo, mas mesmo com o pedido de Susana eu não consigo parar de pensar se vou ou não voltar com eles no final...

Embora tenha rido muito com Edmundo falando dormindo hoje cedo, Susana estava tensa, eu podia sentir.

- Ok, pode me falar. – disse a ela.

- Hum? – voltou de seus pensamentos.

- Me diga o que está lhe preocupando. – falei, chamando-a para desabafar. Ela suspirou.

- Não foi nada demais, Caspian, só outro pesadelo...

- Com o Johnny?

- Sim. – sabia que ela estava revendo o sonho em sua mente.

Lembro-me dos primeiros meses depois que Johnny foi preso, quando Lucia nos procurou preocupada. Ela nos contou que Susana acordava no meio da noite, chorando, após ter um pesadelo com aquele... Cara.

- Você continuou tendo os pesadelos e não me contou. – observei.

- É isso que eu acho estranho, não continuei a ter, eu voltei a ter... Mas por que...? – ela falava mais consigo mesma. Para mim também era estranho, por que esses pesadelos voltaram? – Não encontro motivos... Já faz seis meses...

- Talvez seja só coincidência... – tentei tirar a tensão.

- Algo me diz que não é só isso...

Segurei sua mão mais firmemente.

- Vai ficar tudo bem, Su, você vai ver. – sorri para ela e ela sorriu para mim. Abracei-a lateralmente.

[...]

Demorou mais meio dia, mas finalmente alcançamos o castelo de Telmar.

Na entrada vários faunos nos receberam com reverências, nós seguimos atravessando o castelo tendo os olhares voltados para nós, recebendo sorrisos, boas vindas e reverencias. Havia, e difícil não haver, um sorriso enorme no rosto de cada um de nós.

As portas da sala do trono foram abertas e ao entrarmos o Grande Leão nos aguardava.