Fuck Normality escrita por mai_peace


Capítulo 13
Fuck Normality


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo, quero começar agradecendo a todos os que mesmo que tenham sido poucos, comentaram e todos costumam ser tão atenciosos nesses comentários que eu não reclamo por não ter 1 milhão de leitores, talvez um milhão não fizessem a diferença que vocês fazem!
Espero que estejam apreciando o final da história e continuem lendo!



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Dianna, a amiga da loira, mais espevitada e de fato mais extrovertida e descomplicada, passou a ser espectadora do par delicado que via todos os dias na escola, exceto quando a morena desaparecia. Ela desejava fazer parte da cumplicidade, ela queria ter aquela cumplicidade, mas ela só sentia que devia se manter próxima e a doçura das duas a fazia sorrir.

Ela não se lembrava bem qual dia da semana era, talvez fosse terça, ou quarta-feira, ela estava caminhando para sua casa por um caminho mais afastado e simpático, onde ela podia observar melhor o céu e algumas montanhas.

Ela avistou as duas distraídas, correndo uma atrás da outra, elas se beijaram e permaneceram assim por um certo tempo, talvez elas sequer tenham percebido que passaram mais tempo apreciando a proximidade de seus rostos e o calor emitido, do que o próprio beijo.

Ela sorriu vendo as duas juntas e voltou a caminhar, sem ser notada, isso sempre acontecia quando elas estavam juntas. Presas em sua própria bolha, Dianna se sentia bem em observar, principalmente por Clarice.

Ela tinha a impressão que após isso, havia se passado meses, ou anos, todos tinham. Mas havia se passado somente uma semana, dessa vez a loira não estava lá, a morena estava deitada no chão, com papéis de chocolate pelo chão e uma folha com uma caneta em cima.

Dianna apertou os olhos e sorriu pela forma como ela parecia doce, ali sozinha. O céu estava desenhado e cheio de nuvens, ainda era apenas meio dia, a pequena demorou um certo tempo até se dar conta que o peito da morena não arfava.

Os fatos se tornaram como flashs em sua mente o movimento involuntário de correr em direção ao corpo, checar o seu pulso. Antes que as lágrimas pudessem correr pelo seu rosto, ela teve uma visão da loira correndo em direção da morena, ela devia estar pensando em voltar para a escola por algum motivo.

–Bear! - gritou Clarice, tentando se aproximar do corpo inanimado da sua amiga, do seu primeiro amor, da sua alma gêmea.

Apenas mais um minuto, entre os gritos de dor e desespero, e os paramédicos e a família da loira chegarem ao local.

As lágrimas escorriam fortemente pelo seu rosto, enquanto ela tentava se desvencilhar dos braços da pequena Dianna, que estava tirando daquela situação uma força que ela mesma desconhecia.

Clarice se virou e a abraçou, colocando seu rosto no seu ombro, implorando para que seus braços a fizessem esquecer do mundo. Mas eles não faziam, eles só a seguravam.

Rich se aproximou das duas garotas, assim que Ana e Márcia se juntaram à loira, mas não importasse quem naquele momento tentasse se aproximar a ela, Clarice estava aferrada aos braços de Dianna e não conseguia soltá-los.

Bear foi enterrada dois dias depois, o funeral tinha todos os seus amigos de escola e até alguns desconhecidos prestando sua homenagem.

Clarice olhou para o céu, ele estava pintado de giz de cera.

–Clara. - balbuciou Dianna, ficando ao seu lado, enquanto o padre dizia alguma coisa diante do caixão preto.

Ela só queria dizer que estava ali, mesmo que talvez isso não fizesse tanta diferença.

Clarice emitiu um suspiro, sem lágrimas, sem gritos ou desespero, enquanto o caixão descia e ela caminhou até ele jogando uma rosa branca, imaculada, emitindo um único olhar em direção ao homem choroso do outro lado.

–Clarice, nós todos vamos jantar hoje na casa de Ana e Márcia, se você quiser levar a sua amiga... - disse sua mãe, colocando a mão sobre o ombro de Clarice.

A areia foi jogada em cima, a sepultura fora a única lembrança que restara.

Clarice não desejava causar qualquer tipo de cena, ela não estava presa com ódio e rancor em seu peito, apenas dor pela perda, e o mundo só tinha que ser justo, mas ele não era e as pessoas que haviam causado toda aquela situação estavam sendo consoladas, pela morte de alguém que elas não se importavam.

Ela caminhou junto a sua família, em direção aos pais de Bear.

–Eu sinto muito... - balbuciou Ana, se aproximando dos dois pais e tocando os dois no ombro.

–Obrigada... - balbuciou o homem com a voz rouca de volta.

–Eu não acredito em Deus, mesmo que vocês sejam tão religiosos e eu sei que a Bear também tentava ser. Mas hoje, eu quero que ele exista, - Clarice tinha a voz embargada, as lágrimas que ela evitava, vacilavam em seus olhos – Porque se ele existe, eu acredito na justiça divina e ela um dia irá chegar para todos nós.

A família voltou a guiar Clarice, acenando com a cabeça em sinal de adeus para a família, Clarice passou ao lado do homem e o tocou em seu ombro.

–Não se preocupe, ela não irá te assombrar em seus sonhos. Eu vou.

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–Oi Bear. - Clarice estava sentada de frente para o túmulo que levava a frase “Everything that I want is just a crayon sky, that smells like vanilla... this fuck normality”, escrita com letras pretas e pesadas.

Bianca havia rabiscado isso em um desenho infantil, quando ela contou pela primeira vez para a loira sobre os abusos que sofria. Era um pedido, de que o mundo só fosse apenas um pouco diferente, mas ele não era.

As palavras tinham um significado maior, presas ali, e só agora ela se dava conta disso.

Clarice colocou o pequeno urso, “Bianca” em cima do seu túmulo. Tudo seguia cuidado como antes no túmulo, mesmo que já houvesse se passado um ano, a loira apertou a carta em sua mão, olhando para o túmulo em sua frente.

–Eu sei que eu demorei muito para aparecer e eu espero que você não tenha me esperado, -ela balançou os cabelos, sentindo lágrimas virem em seu rosto –Eu não quero te falar palavras bonitas e delicadas Bear, eu quero gritar com você. Eu quero que você me abrace e segure meus punhos enquanto eu tento te socar, eu quero que você prenda minhas mãos e me beije, eu ainda lembro o gosto do seu beijo.

Ela suspirou fundo, quando as lágrimas começavam a escorrer pelos seus rostos.

–E tudo o que eu tenho, é uma estúpida carta e suas lembranças. Você não me amava o suficiente? Você não se amava o suficiente?  Você não amava ninguém o suficiente?

Ela sorriu, olhando para o céu, observando as nuvens começarem a se desenhar, como se alguém estivesse desenhando elas com giz de cera.

Ela deixou o urso encostado ao túmulo, imaginando um último beijo em sua cabeça.

–Eu comecei a viver, finalmente. Sem você aqui, tudo se tornou mais difícil, complicado, as notas no piano pareciam não sair limpas como antes, o céu parecia nunca ter nuvens e quando tinha, elas nunca eram como elas são agora. Era porque eu via o mundo pelos seus olhos, você criou esse mundo de fantasia em nossa volta do qual eu não conseguia me desvencilhar.

Clarice voltou a se sentar, olhando para o céu agora, buscando coisas que ela sabia que jamais iria encontrar.

–Eu me sinto tão vazia e incompleta sem você aqui, minhas frases não se formam e não têm uma conclusão. Elas esperam a sua continuação, que você as complete, que você me complete. Eu não espero que ninguém me ame mais do que você Bear, eu só espero poder me amar, tanto quanto eu amei você, ser menos “eu e ela” e mais, “eu”.

Clarice fechou seus olhos, ela sentiu um toque em sua bochecha.

–Você é tão linda quando fica pensativa. - balbuciou a morena, Clara ainda tinha os olhos fechados, mas ela sabia que aquela tinha um sorriso esboçado em seu rosto. A morena se inclinou e pousou seus lábios no da loira.

Clarice abriu os olhos, ela viu que ninguém estava lá, talvez ninguém nunca estivesse estado e tudo não havia passado de um sonho, ela só havia acordado e percebido, o sonho havia acabado. 


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Notas finais do capítulo

Deixem sua opinião se estão gostando e acham que eu devia mudar algo, ou me perdi em algum trecho da história!



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