Contrição De Snarkii escrita por Breno Velasco


Capítulo 4
Capítulo 004 - Invasão ao Vermelho


Notas iniciais do capítulo

Thiago "Snarkii" Ishida, capítulo 004. Nem toda violência gera violência. No fim de uma guerra, o destino é a paz. Boa leitura e Não esqueçam de comentar!



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19 de Setembro de 1989.

As unidades do Comando Azul, liderados por Cobra e Killer, estavam em formação para o ataque. O Objetivo do ataque era o rompimento das barreiras defensivas do Comando Vermelho, sem nenhum avanço a mais no local.

Basicamente, o Comando Vermelho é ao Sul da Favela, quase 40 minutos de caminhada até chegar lá, já que estávamos no que seria o extremo norte.

As unidades azuis estavam equipadas com Ak-47 e Granada, típicas armas de filmes de ação. Sim, eu assistia muitos filmes desse gênero.

Killer me deu uma Colt M1911, arma antiga, mas prática. Olhei para a arma e pensei: Será que vou ter que matar alguém mesmo?

Comecei a passar mal só de pensar... Tirar a vida de alguém é imperdoável, e desumano.

Killer fez todos sentarem, e assim aconteceu. Ofereceu Café e Pão com queijo e presunto a todos. Comemos sentados, conversamos... Era o último momento de vida de alguns alí presentes.

Enquanto comíamos, Killer sentou ao meu lado e falou:

- Snarkii, se familiarizou com a arma?

- Não.

- Mas como não? Você é um assassino igual seu pai!

- Meu pai não é assassino nenhum.

- Você que não sabe! Hahaha... Creio que só vai fazer efeito na hora de puxar o gatilho.

- ...

- Sabe como recarregar uma arma?

- Já assisti bastante filmes de ação, acho que sei sim.

- Ótimo... Bem, você tá pronto pra ir?

- Sim.

-Então vamos...

Killer se levantou e fez a contagem das unidades. Foram 85 homens no total, excluindo Eu e Killer.

02:30 ele finalmente anunciou a ida ao Comando Vermelho. Mandou todos se levantarem, checarem suas armas e equipamentos. Ele também anunciou de que Eu e ele iríamos na frente, e que os homens deviam dar cobertura atrás.

Começamos a caminhar, para chegar ao destino. Barracos, escadas e caminhos estreitos foram tudo o que vimos. O que quebrava o silêncio daquela noite sem um luar, eram os bares que tinham por lá.

Durante a ida, não houve nenhuma unidade perdida, nenhum imprevisto... Foi normal.

Finalmente tínhamos chegado até as barreiras, eram 02:35, e estávamos apenas vigiando...

O que divide o Norte e o Sul da favela, é uma "barreira invisível", que não se pode passar, e isso é uma regra. Quem passa dessa barreira, automaticamente anuncia uma batalha. Esse era o objetivo.

Passamos aquela barreira e andamos por uma trilha... Não tinha barracos, não tinha árvores, nada. Era silencioso... Só conseguíamos ouvir o som dos nossos passos e de nossas respirações.

Andando mais um pouco, vimos alguns barracos, e alguns homens armados, que seriam unidades do Comando Vermelho, unidades vermelhas. As unidades vermelhas estavam distribuídas na frente de uma espécie de portão principal, sustentado por um muro.

O plano pra passar dessa barreira e destruí-la, era eliminar os alvos mais importantes e que estam mais em destaque, que seria o "protetor" do portão.

Como estava escuro, começamos a rastejar, assim eles não iriam nos ver. Chegamos mais perto e ninguém notou. Prendemos a respiração para não fazer barulho e continuamos, até que perguntei para Killer:

- Killer...

- Fala.

- E agora?

- Agora é o momento mágico!

- ?

- Você vai ser o primeiro a atirar, levante-se e atire!

- Mas eu não sei!

- Quando você puxar o gatilho, você vai sentir... Só você sente isso... Agora faça-o!

- Agora?

- Sim!

O inimigo estava não estava a um longo alcance, ele estava perto, perto demais. Me levantei, segurei a arma com força e mirei. Comecei a tremer. Tentei puxar o gatilho mas não tinha forças devido ao meu medo.

Mas foi nesse momento que eu pensei na minha família morta, nos meus pais, e na Gih, que estavam capturados. Eu precisava descontar isso em alguém.

Mirei mais uma vez, com ódio e raiva no coração. O Homem em quem eu mirava olhou para mim, ele estava pronto para atirar, mas eu fui mais rápido e finalmente puxei o gatilho. O Silêncio se foi, todas as unidades se levantaram em ataque uma contra a outras, e eu fiquei parado, em pé.

- Snarkii! Vamos!! - Gritou Killer, me indicando o portão.

Foi o que ele disse, era realmente mágico, não pude soltar aquela arma, ela pertencia a mim agora. Todos os meus pensamentos de não matar se foram, eu estava com vontade de fazer de novo, queria ter aquela sensação novamente.

Talvez aquilo estivesse no sangue de pai e filho, o destino de ser assassino, mas eu não sabia ao certo, e também não era hora de ficar pensando.

Fui até Killer enquanto os outros matavam os defensores do Comando Vermelho. Destrancamos e abrimos os portões. Atiramos no nada para assustar os moradores, não queríamos matar nenhum civil.

Mais unidades vermelhas estavam a caminho, enquanto as nossas estavam matando os restantes. Killer e Eu encaramos, sozinhos, cerca de 20 inimigos. Eles começaram a atirar mas não nos acertaram, devido a distância.

Killer, já sendo um profissional, só pelo nome, com seu rifle atirou em 14 inimigos, com um único pente de 30 balas. Ele deixou o resto comigo, os 6 restantes. Cheguei mais perto, usei uma barraca de frutas como cobertura, e comecei a atirar.

O primeiro eu tinha acertado nas duas pernas, por sorte. Outros três morreram com tiro no peito ou na mesma região. Os dois restantes, levaram tiro no rosto. A minha M1911 tinha capacidade para 8 munições, e não sobrou nenhuma. Acertei todas, menos uma, resultado de uma mira errada.

Olhei para os corpos ensanguentados... Alguns vivos ainda gemiam e se mexiam com dificuldade, pedindo socorro com suas vozes roucas, agonizando de dor.

Olhei para os pobres coitados, que olhavam diretamente nos meus olhos e pediam socorro. Especialmente um que tinha uma aparência velha, trocamos olhares...

Tal olhar era triste, solitário. Pelo olhar, vi que sua vida não fazia sentido, ele simplesmente matava, para receber uma recompensa, provavelmente uma prostituta, como Killer me disse.

 Olhei para ele com dó, mas foda-se. Com um sorriso sádico, recarreguei minha arma, mirei em sua cabeça, e atirei. Fiquei mais animado quando estourei seus miolos e os mesmos ficaram espalhados no chão. Fiz o mesmo com os outros.

Killer apenas acompanhou tais atos, também com um sorriso sádico em seu rosto, um sorriso sarcástico e maléfico.

O prazer de matar estava mesmo no meu sangue? Não sei, mas que era viciante, era... Queria mais, queria muito mais mortes. Me arrependi de não ter matado todos sozinhos eu mesmo.

- Snarkii...

- Killer.

- Estou muito orgulhoso de você... Dá vontade de chorar.

- Hahahaha.

- Tenho certeza que se continuar assim, serás recompensado com a liberdade de sua família, e da Gih.

- Com certeza.

-Teremos boas notícias ao Cobra. Os homens vão queimar os corpos.

- Tudo bem.

- Tenho uma notícia boa e uma ruim.

- Fala a ruim primeiro.

- A ruim é que tivemos 5 baixas nas nossas unidades.

- Hum...

- E a boa é que daqui Uma hora você vai tomar banho, experimentar comida boa e dormir o quanto quiser.

- Hehe...

- Você pode descansar até o dia 22, Sexta-Feira. Nessa Sexta, você vai se encontrar com Cobra. Ele vai te falar algumas coisas importantes, creio eu.

- Ok.

- Espero que tenha gostado da matança, haha.

- Haha.

No caminho de volta à casa de Killer, reparei no monstro que estava me tornando. Mas que pensamentos eram esses? Eu gostei de matar, e agora estou me achando um monstro por causa disso!? Será que Killer passou pelo mesmo?

Quando cheguei na Casa, peguei roupas novas e fui direto pro banho. Nesse tempo, comecei a pensar em várias coisas, em como foi meio dia, o que provavelmente terá na Sexta...

Estava realmente me tornando um matador. Todo esse prazer vai acabar quando eu levar meu primeiro tiro, provavelmente. Ou não. Será que eu estou ficando igual ao Killer, um assassino frio e melancólico?


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