- Chega – digo, me dirigindo calmamente ao meu quarto.

- Chega o que?! Nem você tem coragem de admitir que gosta dele!

- Não admito coisas que não tenho certeza. – digo fechando a porta.

Porque? Se eu não tivesse perdido minha mãe.. nada disso estaria acontecendo, não pelo caso de.. amor.

Mas, o caso do meu pai, do internato, da minha vida!

Cara.. onde isso vai chegar? ONDE EU QUERO CHEGAR COM ISSO?

Continuar levando essa vida pode ser uma grande besteira.. não que eu queira me matar, mas... nem as lágrimas me ajudam mais!

Vivo lindos momentos, claro, mais... eles só estão cobrindo a verdade por cima de isso tudo.

Que eu não tenho certeza de nada.

Seco minhas lágrimas. Deito na minha cama, e fico olhando o teto.

Como é se apaixonar? É por acaso, atravessar qualquer barreira, qualquer obstáculo por quem você ama?

É ter ciúmes?

Não posso admitir isso... não mesmo, porque.. a cada vez que ele me olhar vou ficar nervosa, e.. sei lá, deve ser muito bom, mais não sei se to pronta para admitir que eu gosto do ..

CARAMBA! OQUE EU TO FAZENDO?

- Liza! – Peter entra no meu quarto com os olhos inchados.

- Peter? O que aconteceu? – levanto preocupada.

- Porque você aceitou ir no baile com aquele merda? – ele diz irritado.

- Eu não podia dizer não para sua mãe – digo baixando a cabeça.

- PODIA! – ele diz alto quase gritando.

- Porque você está gritando?

- PORQUE... você poderia dizer não, e não era para ela, era para o BILLY!

- Caramba! É só um baile idiota, nada de mais, e ainda por cima, eu não namoro o Billy! E por mais que seja estranho falar, nunca vou beijar aquela besta.

- Você.. vai ficar aqui amanhã, não pode ir com ele! – ele diz com os olhos lacrimejando.

- Não posso! Eu tenho que ir Peter! O que sua mãe acharia de mim? – digo sentindo alguma coisa estranha dentro de mim.

- Não liga pra opinião dela! Caramba, é difícil tudo pra mim quando esse merda se mete no meio. E ainda tu fica dando corda!

- EU? Como assim? Eu ainda te protegi!

- Quando? Aquele papinho fora da minha porta? Eu escutei tudo Liza, caramba, não sei nem por que eu vim aqui mesmo! – ele diz virando e batendo a porta.

DROGA! AQUELE PESTE DO BILLY FAZ ISSO COMIGO, E AINDA FAZ EU BRIGAR COM O PETER!

Eu sei exatamente por que o Peter tá assim.

Vou dormir que é o que eu faço de melhor nesse mundo.

(...)

“- LIZA! – Annie diz vindo correndo na minha direção.

- Annie? – digo olhando em volta – onde agente tá?

- Nós estamos sonhando, ISSO NÃO É MANEIRO? – ela diz pulando.

- Não...

- Ahh, finalmente eu consigo sonhar junto contigo e tu fica assim! – ela diz me encarando

- Tu é sobrenatural?

- Não! É só meditar, e focar ... ahh deixa pra lá, nós não temos muito tempo.

- Tempo pra que?

- Eu... só queria dizer uma coisa...

- DIZ! – digo curiosa

- Lição numero 1 : Se tá com ciúmes é porque aí tem! – ela diz sumindo.

- O que? Que merda é essa?

- Tchau.”

(...)

Acordo assustada, e vejo que já é de manhã.

Caramba que merda foi aquela? Sério que bosta era aquilo?

Cérebros insignificantes, colocam pessoas que agente gosta pra ficar dando lição, caramba eu não to entendendo mais nada.

(...)

Eu.. passei o resto do dia inteiro no meu quarto.

Sem saída.

Está de noite, vejo que é hora de me arrumar.

Levanto da cama triste, penteio meu cabelo, e faço uma pequena trança de lado.

Visto um vestido branco um pouco acima dos joelhos, não muito bonito, bem simples, com vários bordados em branco.

E coloco um all star vermelho.

- Liza! Billy tá te esperando no carro! – e ainda aquele merda sabe dirigir, cara eu mereço mesmo.

Saio do meu quarto, desço as escadas, sem ânimo nenhum, e vejo Peter de pé, encostado no sofá, sem sorriso. Passo por ele com a cabeça baixa.

Saio da porta e vejo Billy, em um carro, não sei qual é, e nem presto atenção.

Billy sai do carro, e abre a porta para mim, me viro e abro a porta de trás do carro, e sento.

- Tá bravinha? – ele diz se sentando na cadeira do motorista.

Viro o rosto braba e nem olho para a cara dele.

- Pra mim você é a alma da minha vida por hoje – ele diz debochando, o que me deixa com mais raiva ainda.

(...)

Sabe o que me deixou com mais raiva do que tudo?! É que o viadinho ficou fingindo que é legal na hora do baile. Ficou falando mentiras ÓBVIAS sobre ele o tempo inteiro, dizendo que é sensível, fofo e um pouco bipolar, por isso agiu daquele jeito. Claro, olha na minha cara e vê se eu acredito!

Ele me direcionou até uma espécie de “varanda gigante” digamos assim, que havia na escola. Encostei meus cotovelos na sacada e fiquei olhando a vista do lugar.

- Liza? – a voz de Billy ecoou nos meus ouvidos, me fazendo sentir um arrepio, mas não um arrepio de “fofo”, foi um arrepio de nervosismo. – Quer ver uma coisa?

Ele me puxou pelas mangas do vestido e me trancou contra a parede, me fazendo arfar ao bater as costas na parede. Comecei a ficar aterrorizada com aquele cara, e comecei a me debater desesperadamente. Billy aproximou a boca da minha, tentando me beijar.

- NÃO! – gritei e ele ainda tentava me beijar, e assim comecei a chorar pedindo pra ele não fazer aquilo. – ME LARGA!

P.O.V Peter

Cara, eu sabia que aquela porra ia dar merda. Eu era tipo um macaco, sabia fazer parkur. Subi pela sacada, que não era tão alta e vi Billy tentando agarrar minha garo... Minha amiga.

- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO SEU LOUCO? – empurrei Billy com força, o fazendo ter um grande impacto no chão. Puxei Liza pela mão e saímos correndo do baile desesperados. Eu não sabia o que ele iria fazer comigo depois disso, ou pior, o que tentaria fazer com Liza. Descemos as escadas rapidamente e saímos enlouquecidos de volta para casa.

Chegamos em casa suados e cansados, suspirávamos em sintonia, mas logo a respiração foi se acalmando.

- Quer tomar água? – falei com as mãos no joelho.

- Boa idéia. – corremos para a cozinha e tomamos uma jarra inteira de água gelada.

(...)

Comecei a ficar tenso, minhas mãos começaram a suar frio e aquele momento estava desconfortável. Resolvi começando a puxar assunto.

- Então... Legal o baile...

- É... Bem bonito... – ela falou sem olhar pra mim, parecia  não ligar muito para o que eu havia dito. Ah, já chega dessa palhaçada.

- Liza, me desculpe. – falei nervoso e engolindo em seco. Ela pareceu pensativa e rangeu os dentes. – É sério, não foi por mal, eu não queria ter brigado com você só por causa do baile, é que eu apenas me importo com meus amigos, não foi de propósito.

- Ahn, tudo bem Peter. Me desculpa também por não ter te explicado antes, eu também estava errada, enfim... – ela falou sorrindo e por um descuido, deixou o copo cair no chão. – PORRA, QUE MERDA! Sorte que não era de vidro, se não, fodia.

- É... – ela juntou o copo e voltou a me fitar. – É sério, foi mal mesmo. – franzi os lábios, nervoso... Porra, porque eu estou nervoso? Droga.

- Calma Peter, eu já te perdoei haha... – ela riu de leve me fazendo suspirar. – Você é muito bobo.

- Valeu.

Fomos até a sala e ficamos jogando vídeo game enquanto podíamos. É, um grande vício.