I Love The Way It Hurts escrita por Junny, Dangerous Bitch


Capítulo 3
02. You don't know a thing about me


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas! Bom saber que consegui, depois de muito tempo, chegar ao terceiro capítulo de alguma fanfic! haha! Então, gatinhas, espero que vocês gostem. Esse capítulo promete grandes emoções! Bem, já deixo aqui meus votos de "feliz natal" à todas vocês, minhas leitoras queridas! Que Jesus continue com vocês, que vocês comam muito, ganhem muitos presentes e não esqueçam o que essa data REALMENTE significa. Eu também não tenho expectativas de postar antes do ano novo (tentarei, mas não prometo!), então bom ano novo pra vocês. Espero que tudo o que 2011 nao trouxe, 2012 traga em dobro e muito melhor!
Até mais. ♥



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A primeira semana ali não tinha sido fácil, nada fácil. Justin puxava seus becks ali mesmo na sala quando Pattie não estava por perto. Justin sempre atrapalhava meus ensaios. Justin era bagunceiro. Justin só reclamava. Justin não entendia. Justin achava que sabia. Justin jogava as roupas pela casa. Justin dava festas em seu quarto. Justin era mal educado. Justin era estúpido. O próprio nome desse garoto tornou o real significado de “inferno na Terra” pra mim. Justin. Justin. Justin. Justin. Eu vou acabar ficando louca!

Eu tinha feito uma limpeza na casa, como surpresa para Pattie. Justin havia sumido há umas duas ou três noites e sequer tinha aparecido em casa ou mandado notícia alguma. Joguei meu corpo no sofá, completamente relaxada, coloquei um tigela de vidro. Cenas de qualquer filme começaram a passar na tela. Pisquei os olhos lentamente, sentindo o cansaço dopar cada célula do meu corpo. A porta, como de costuma, rangeu e Justin adentrou a sala, com o olhar vermelho e os pensamentos bem longe dali.

–Ah, chegou.- falei, revirando os olhos e enfiando um punhado de pipoca na boca.

–Não enche, Payton.

–Qual é, querido? Suas vadiazinhas estavam ocupadas hoje?- provoquei, falando de boca cheia.

–Qual é o seu problema, garota? Ah, é, você não tem vida social.- ele sorriu sem mostrar os dentes e arqueou as sobrancelhas. Entreabri meus lábios para dizer algo em minha defesa, mas ele continuou.- Acho que quando você tentou ter vida social sua mamãe não deixou e...

–Para, Justin, por favor. Não fala assim dela. E nem de mim...

–Qual é, Payton. Vai dizer que nunca foi pra uma festa?

–Eu fui e...-”isso não teve um fim muito legal”, completei em pensamento.

–E o que, hein?

–Deixa pra lá, Justin.- falei, tentando esquecer as lembranças que tinham voltado a me atormentar.

–Ah, espera um momento! Você é a garota da qual a minha mãe falava...E eu estava ocupado demais pra prestar atenção.- ele deu uma risada esquisitinha e coçou a cabeça. Ele tirou o tênis e deixou-o, como de costume, e começou a caminhar em direção as escadas.- Sua mãe morreu, né?- ele disse, se apoiando no corrimão e cruzando as mãos. Assenti e fechei os olhos, pedindo mentalmente pra que ele não se aprofundasse mais no assunto.- Ah! Espera...Você é a menina que foi na festa...E a mamãezinha foi buscar...- ele dava pausas, olhava pra cima e estalava os dedos, como se buscasse as informações do além.- Sua mãe morreu, né?

–Chega, Justin.- eu disse, sentindo meus lábios e a força em minhas palavras se dissiparem. Eu não podia chorar. Não ali. Não na frente dele.

–Não sei como você consegue dormir com essa culpa.- ele disse, fingindo uma falsa piedade.- Deve ser horrível saber que por você querer bancar a adolescente de festas sua mãe morreu.- É. Ele havia tocado na ferida.

Algumas lágrimas brotaram em meus olhos. Olhei pra Justin e ele sorria, do outro lado da sala, vitorioso, sem mostrar os dentes e sarcástico.

–Eu te odeio, garoto!- falei, jogando a primeira coisa que senti em minhas mãos.

Durante alguns milésimos eu não conseguia absorver o que eu tinha feito, até que o barulho do vidro sendo estilhaçado em milhares de pedacinhos e um grito rouco se fizeram audíveis. Coloquei a mão sobre minha boca ao ver Justin sentado, de mal jeito, na escada, com a mão sobre a cabeça.

–AI MEU DEUS! O QUE EU FIZ?- gritei, correndo em direção a Justin.- Justin, você tá bem?- me abaixei perto dele. Sua blusa se manchava, rapidamente, de sangue.

–Você é louca ou o quê, garota?- ele disse, passando a mão pela cabeça e, em seguida, olhando sua mão banhada de sangue.

–Ai...Justin...Não...É...Espera aí!- subi as escadas e fui correndo pro meu quarto, procurar alguma coisa de primeiros socorros. Revirei, por alguns segundos, o meu quarto e desci as escadas. Mas Justin não estava mais lá. Procurei na cozinha, na lavanderia, no jardim e...nada!- Droga de garoto!- falei entredentes, recolhendo a sujeira e limpando o sangue. Tudo o que ele havia me dito ia e vinha na minha cabeça, se debatendo violentamente na minha consciência e trazendo todo o sentimento que essas lembranças despertavam à tona. Sentei-me na escada e comecei a chorar. Eu sentia falta da minha mãe. Eu queria poder voltar no tempo. Eu queria ter sido uma boa filha. Subi até o segundo pavimento e fui até o banheiro. Peguei uma das caixinhas de remédio no balcão embaixo do lavatório e entornei algumas capsulas na minha mão, engolindo algumas a seco. As imagens daquele dia iam e vinham na minha mente, entrecortadas, como numa apresentação de pequenos clipes de vídeo, em slides. Apaguei a luz do banheiro, soltei meu cabelo e fui até meu quarto, praticamente, me arrastando. Me joguei na cama e, dois minutos depois, apaguei.




Eu não conseguia dormir. Minha mente não se livrava de pensamentos, não ficava leve. Faziam três dias que Justin não voltava pra casa. E eu não conseguia não me preocupar. Eu já ouvira Pattie chorando e orando no quarto na última noite. E isso só me deixava pior.

O quarto estava abafado, o que também me incomodava, dando a sensação de que o ar não se movia e pesava toneladas. A cortina da janela permanecia imóvel, sem denunciar qualquer vento, brisa e afins. Rolei na cama, olhando para o rádio relógio. 4H58 da manhã.

–Droga!- bufei, colocando meus pés no chão e saindo do quarto.

Pattie estava de plantão no hospital- ela era médica oncologista-, então eu estava sozinha em casa. Desci as escadas e fui em direção a cozinha, focando no suco gelado que estava na geladeira, clamando pelo meu nome.

Coloquei o suco em um copo e sentei-me na mesa, apoiando meus braços e tentando me livrar de pensamentos que faziam minha mente pesar naquela madrugada. Ouvi uma porta bater com força no segundo andar da casa. Não poderia ter sido o vento, já que naquela noite não ventava.

Subi as escadas em passos apressados, sem fazer qualquer tipo de barulho. Quando cheguei no corredor onde os quartos e o banheiro se encontravam. A porta do banheiro estava entreaberta e a luz acesa.

–Pattie?- chamei pela única pessoa que me ocorrera. Em resposta, algo dentro do banheiro caiu no chão, deixando de ser algo inteiro para se resumir a dezenas, quissá centenas, de cacos de vidro. Caminhei rápido e abri a porta, deixando o copo que eu segurava cair de minhas mãos e se encontrar com o chão, virando pedacinhos. Justin tinha seus olhos fixos em algum ponto e ele segurava uma caixa dos meus remédios na mãos. Imediatamente, segurei seu rosto entre minhas mãos, erguendo seu olhar para mim. Seus olhos estavam vermelhos e sua pupila dilatada, quase tomando por completo o espaço de sua íris cor de mel.

–Cospe isso, Justin.- falei sentindo o desespero me dominar.

–Eu preciso disso.- sua voz soou baixa e robótica.

–Não, você não precisa. Cospe isso agora!- dei leves tapinhas em sua bochecha com uma mão, enquanto com a outra eu tentava abrir sua boca.- Justin, pelos céus, abre essa droga de boca e cospe logo essa porra!- minha voz saiu alterada e desesperada. Eu já não media minhas palavras. Aproximei minha mão de sua boca e ele cuspiu quatro comprimidos.- JUSTIN, VOCÊ ENGOLIU ALGUM?- gritei enquanto joguei os comprimidos na cuba do lavatório.

Ele assentiu com a cabeça. Ele parecia uma criança indefesa que acabara de fazer alguma arte. Mas cheirava a puro alcool. Seus olhos piscavam devagar, sua camiseta estava suja, seu cabelo bagunçado e eu tinha a impressão de que ele ia desmaiar a qualquer momento. Segurei em seus ombros e lhe dei leves safanões.

–Para de me sacudir, menina.- ele disse com a voz manhosa. Olhei pra ele, que arregalou os olhos, impulsionando sua cabeça pra frente duas ou três vezes, vomitando nas minhas pernas logo em seguida.

–Porra Justin, você não tá bem!- falei fazendo alguma careta enquanto sentia o líquido viscoso e quente escorrer por minhas pernas.

–Eu tô ótimo, não vê?- ele disse com a voz sonolenta e claramente alterado.

–Vem, vem tomar um banho.- falei, enquanto passava um de seus braços sobre meu ombro, arrastando-o para o box.- Senta aí.- coloquei-o no chão e liguei o chuveiro.

–CARALHO, ISSO TÁ GELADO.- ele disse tentando se levantar e amaldiçoando até a décima oitava geração.

A água fria escorria sobre o corpo do Justin, que gemia em reprovação. Tirei sua camiseta, passando-a desastrosamente por seus braços e cabeça, revelando seu tórax definido e um pouco sujo.

–Há quanto tempo você não toma um bom banho, Justin?- perguntei incrédula.

–Não é da sua conta.- ele respondeu com os dentes trincados.

Peguei a esponja, ensaboei-a e comecei a esfregar em Justin. Primeiro, em seu pescoço, percebendo a cicatriz enorme que havia ali; e parecia nada bem cuidada: tinha crostas de sangue e tinha uma cor puxada pro vinho escuro- carecia de cuidados urgentes. Depois, suas costas e seu tórax. Por último, seus braços. A pele de Justin tinha uma maciez incrível e, quando entrava em contato com a minha, fazia com que meu coração se enrolasse com uma das suas artérias.

–Tô com sono.- Justin pronunciou com a voz baixa, sem usar toda a agressividade que ele sempre usava quando falava comigo.

–Calma, estou quase acabando.- falei espalhando xampu por sua cabeça, esfregando minhas mãos em seu cabelo. Deixei a água cair e finalizar o trabalho por mim. Justin bateu seu queixo de frio. Fechei a torneira, estiquei meu braço para fora do box e peguei uma toalha. Enrolei Justin na toalha e o ajudei a se levantar. Eu poderia muito bem deixá-lo ali, tomando os tarjas pretas, afinal, ele não é meu problema. Mas Pattie não merecia encontrar seu filho naquele estado no dia de seu aniversário. Arrastei Justin para fora do banheiro, apoiando-o em meu ombro. Coloquei ele sentado na minha cama.

–Não sai daí!- falei enquanto saía do meu quarto, indo para o quarto de Justin- intacto há uns nove ou dez dias. Procurei no guarda roupa uma bermuda, camiseta e uma boxer.- AI MEU DEUS! JUSTIN!- exclamei ao ver Justin nú. Em reflexo, tapei os meus olhos e joguei a roupa no chão- Acho bom você conseguir se vestir sozinho.- falei virando de costas e indo ao banheiro.

–Eu não sou um deficiente.- Justin disse com a voz séria.

–NÃO ERA O QUE PARECIA HÁ DOIS MINUTOS ATRÁS.- gritei do banheiro.

Eu limpava os cacos de vidro, jogando os na lixeira. Alguns cacos pequenos cortavam a palma da minha mão involuntariamente. Algumas mechas de cabelo caíam sobre meu rosto, se desprendendo do coque mal feito. Justin deveria ter adormecido no meu quarto, pois fazia um silêncio aterrador na casa.

–Você ainda vai ver quem é o deficiente.- a voz rouca e autoritária de Justin soou atrás de mim. Me levantei e me deparei com a sua figura apoiada no batente da porta, com os braços cruzados na altura do peito.

–Justin, polpe me. Eu tenho muita coisa pra fazer hoje.- falei passando por ele.

–Deixe-me te contar uma história.- ele disse segurando em meu braço com afinco, apertando-o entre seus dedos.

–Jus-Justin, tá me machucando.- falei com a voz fraca.

–Um garoto tinha uma vida. Tudo bem, ele não era perfeito, mas não tinha ninguém para infernizá-lo. Então, aparece uma orientalzinha metida a besta, a filhinha perfeita que toda mãe queria ter e se torna o inferno particular desse garoto.- ele sorri sem mostrar os dentes, com um ar sarcástico e irônico.

–Deixe-me continuar a história. Esse garoto era um covarde, procurava nas drogas e nas bebidas o ponto de escape que era incapaz de criar quando estava sóbrio. Ele não percebe, mas machuca muita gente à sua volta.- falei solícita. Estampei na cara o mesmo sorriso irônico que Justin havia usado, instantes atrás. Senti a mão de Justin afrouxar em volta do meu braço e voltei a andar pelo corredor.

–Mas é muito fingida.- Justin disse entredentes.- Quem te dá o direito de falar assim comigo?- ignorei sua pergunta. Ouvi os passos de Justin me seguirem, apressados. Em um movimento extremamente rápido, minhas costas bateram contra a parede de forma violenta e bruta.

–O que diabos...- comecei a indagar encarando as orbes castanhas de Justin. Ele segurou em meus pulsos, colando-os ao meu corpo. A respiração quente de Justin batia em meu rosto regular e calmamente.

–Você é muito presunçosa, Payton.- Justin disse apertando meus pulsos.

–Eu-eu...- ficar naquela situação não permitia que meu cérebro processasse alguma resposta. Justin colou seus lábios nos meus, pressionando-os. Bufei algumas vezes, resistindo. Mas logo a pressão de seus lábios contra os meus fez com que os meus lábios começassem a formigar. Justin pressionou um pouco mais e meus lábios se entreabriram. A língua de Justin adentrou minha boca avidamente- aproveitando-se da deixa de meus lábios- e procurou a minha. Eu tentei me manter imune aquilo tudo, mas logo minha muralha caiu. Minha língua procurou a dele e logo começaram a se tocar, provocando uma a outra. Justin logo soltou meus pulsos e suas mãos foram até minha cintura, colando mais nossos corpos. Minhas mãos foram até a bochecha e nuca de Justin, o puxando para mim. Minha língua já começava a se acostumar com a harmonia e a sincronia do beijo de Justin, quando ele partiu o beijo. Em um ato impulsivo, projetei minha cabeça pra frente, ainda procurando seus lábios. Justin soltou um riso nasalado. Justin apenas sorriu vitorioso e foi até seu quarto, batendo a porta com força. Balancei minha cabeça algumas vezes, tentando convencer a mim mesma de que aquilo não tinha acontecido. Desci as escadas e fui até a cozinha. O sol começava a tingir de lilás o céu que, antes, era tomado por um azul denso e escuro. Eu tinha que preparar algumas coisas para que Pattie tivesse, pelo menos, uma reuniãozinha para comemorar o seu aniversário.



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Notas finais do capítulo

Reviews e recomendações evitam minha morte, sabiam? u_u n