Samurai No Forbidden Love escrita por Kitty


Capítulo 5
Capítulo 5




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Capítulo cinco

1

A respiração alta de Kamenashi indicava que ele estava dormindo. Tanaka se aproximou do móvel de bambu para apagar a vela. Antes, porém, ele parou para admirar o rosto magro e tocou os lábios rosados com a ponta do seu polegar. O movimento foi sutil e lento.

Acostumado com a forma de pensar dos Akanishi, ele não pôde deixar de achar cruel a forma como o pai de Kazuya estava lidando com o seu seqüestro. Ele não queria negociar, mas também não permitia o Seppuku. Estava ignorando totalmente o sofrimento e a humilhação do seu terceiro filho por causa da guerra. Apesar de não demonstrar com freqüência, os momentos em que Kazuya falava sobre seu irmão caçula faziam Koki perceber que ele estava ressentido pelo descaso de seu pai.

Afastou a franja comprida e a colocou atrás da orelha. Se seu senhor não tivesse objetivos concretos para Kazuya, certamente ele o mataria agora. A sua situação era digna de pena e ele sentia vontade de libertá-lo disso.

Mas Koki também tinha algumas dúvidas sobre si mesmo. O que tinha acontecido no banheiro ficou em sua cabeça durante muito tempo. Sentia seu corpo esquentar quando Kazuya dizia aquelas palavras tão impróprias ou quando o olhava com malícia.

Ele também queria experimentar novamente o corpo do seu inimigo. Mas apenas apagou a vela e foi se deitar em seu futom.

2

O corpo de Tomohisa estava cheio de marcas, mas ele só conseguiu olhar para a cicatriz em seu ombro. A marca que ele havia criado. Tegoshi sabia que jamais viveria o suficiente para deixar de se arrepender daquele descuido.

– Pare de me olhar assim. – Tomohisa pediu e terminou de vestir o seu quimono.

Estavam em seu quarto. Tomohisa precisou trocar seu quimono porque, por descuido, Nakamaru esbarrou na mesa do jantar, derrubando a comida nele. Voltou para o quarto e, pouco depois, alguém batia na porta. Tegoshi estava com mais pêssegos para ele. Achou divertida a expressão tímida do rapaz, certamente ainda incomodado com o que tinha acontecido. Eles ainda não tiveram a chance de conversar adequadamente sobre a situação.

 Tegoshi se desculpou mais uma vez e a expressão de Tomohisa se suavizou. Ele pretendia dar uma bronca no mais novo. Não podia ser tão desatento e sensível durante uma luta de verdade. Mas percebeu que Tegoshi já estava se martirizando o suficiente por isso.

– Apenas se concentre em melhorar sua técnica com a espada. – foi o que ele disse.

– Eu vou me esforçar. Eu certamente vou melhorar.

– Espero que sim. Vamos comer os pêssegos. – ele pegou um e o mordeu com evidente deleite. Era a sua fruta preferida, de fato. – Nessa última passagem em nossa cidade não tive tempo para colher mais pêssegos. Uma pena.

– Yamashita-dono... Alguma coisa ruim aconteceu para desviarem o caminho? Oh, não quero parecer intrometido, mas Yamashita-dono parece triste desde que voltou.

– Está sendo intrometido. – ele disse, mas sua voz era calma. – Agradeço a atenção, mas não é nada para se preocupar. Ahhh, essa fruta é mesmo muito doce!

Ele tinha alguns momentos assim descontraídos e Tegoshi podia dizer que ele ainda era um jovem de vinte e poucos anos. Porque ele sempre mantinha uma postura séria e fria, esses momentos pareciam um tanto quanto deslocados. Mas ele gostava de ver os raros sorrisos em Yamashita.

– Vamos, coma você também.

Tomohisa cortou um pedaço e empurrou para Tegoshi. Foi quando a porta de seu quarto foi empurrada para o lado, revelando a presença de Akanishi Jin. Ele ainda manteve o braço apoiado na porta, como se continuasse a empurrá-la, embora já estivesse totalmente aberta.

Os dois samurais olharam para ele. Tegoshi mordeu os lábios, apreensivo, Akanishi-sama parecia muito bravo. Desviou seu olhar para baixo e voltou a mastigar a fruta.

Tomohisa ficou um pouco surpreso, mas logo se recompôs e voltou a sua postura séria de antes. Contudo, ele pareceu não se importar com a terceira presença em seu quarto.

– Saia. – Jin teve que dizer em voz alta para Tegoshi.

– Com licença. – ele disse, curvando-se para Jin.

– Ah, Tegoshi-kun. Volte mais vezes para conversarmos. – Tomohisa pediu antes que o rapaz se retirasse.

Jin acompanhou enquanto o outro samurai corria pelos corredores. Se antes estava irritado com a mentira de Tomohisa, agora estava realmente zangado. O amante havia mentido e tinha preferido à companhia de outra pessoa ao invés da sua. Não sabia o que pensar, mas seu coração estava doendo. Entrou no quarto e fechou a porta novamente. Quando se virou, encontrou o samurai em uma posição extremamente formal, o corpo inclinado em uma reverência. Teve vontade de pisar em sua cabeça.

– O que está acontecendo?

– Fico contente que a saúde de Akanishi-sama esteja bem o suficiente para um passeio noturno.

Akanishi-sama. Esse era o termo que a maioria dos samurais e criados usavam para se referir a ele. Apenas Tomohisa o chamava de Akanishi-dono ou Jin-dono, em uma tentativa de agradá-lo mesmo sabendo que não era um samurai para ser tratado dessa maneira. Deixou isso de lado.

– O que está acontecendo? – repetiu.

– A que se refere?

Tomohisa só podia estar testando a sua paciência. Jin se aproximou e se sentou diante dele, no lugar anteriormente ocupado por Tegoshi. A almofada ainda estava com o calor do samurai e isso apenas aumentou o ciúme de Jin. Ele olhou demoradamente para Tomohisa, que ainda evitava encarar diretamente seus olhos, mas, de forma geral, ele parecia tranqüilo demais.

– Porque mentiu sobre o treinamento?

– Soube apenas depois que o treino de espada substituiu o treino noturno.

– Porque não me procurou então?

– Seu segurança particular agora é Takizawa-san. Ele também pode ser a companhia para seu jantar.

Não acreditou no que ouviu. Sentiu-se alarmado, imaginando que o samurai estava de fato rompendo o relacionamento deles. Contudo, não conseguia entender a razão disso.

– Tomohisa... Entendo que a mudança para meu segurança se deve a um momento crítico na guerra e que meu pai certamente precisará da sua força para...

– Akanishi-dono atendeu a um pedido meu.

Jin apertou o tecido de seu hakama com as duas mãos. As palavras começaram a lhe faltar porque sua mente estava muito confusa. O que teria provocado essa decisão?

– Doushite? – ele disse e sua voz soou baixa.

– Akanishi-sama... Não é possível que esperasse que... Que isso continuasse para sempre.

–...

– A hora de terminarmos com isso chegou. A decisão não partiria de Akanishi-sama, então eu decidi terminar com isso.

– Isso... Isso... Isso... Isso... O que inferno é “isso”?

– O que seria mais? – e ele olhou para o lado com um sorriso de canto – Sexo. Devemos parar com isso.

Jin fechou ainda mais seus punhos diante daquela postura de descaso. O tecido do hakama já não era suficiente para extravasar o que sentia. Fechou os olhos, tentando se controlar. Deveria ter alguma explicação para o comportamento dele. Aquele que estava diante de si não era o seu Tomohisa. Ele não diria nada que pudesse machucá-lo. Seu Tomohisa era sempre gentil e carinhoso, mesmo quando era severo, não o fazia sem um mínimo de educação.

–... Casamento...

Ele não escutou o que Tomohisa disse, mas, então era isso. O amante provavelmente soube sobre o seu casamento e deve ter se zangado com isso. Agora fazia sentido. Sentiu um grande alívio e quase chegou a sorrir. Com certeza esse era o motivo.

– Você não precisa se preocupar com o casamento. Meus pais vão cancelar o compromisso.

Tomohisa, então, deixou aquela postura fria e olhou honestamente confuso para Jin.

– Não vou me casar. Eu pedi a eles que considerassem a minha condição. Não posso tomar uma esposa sendo um marido inútil.

–... – ele abaixou a cabeça e movimentou sua boca, incomodado. – Akanishi-sama está se confundindo. – disse por fim – Eu me referia sobre o meu casamento. Eu vou me casar ao final da guerra. É por isso que precisamos parar de fazer sexo. Quero respeitar a minha noiva, por favor, entenda.

E o inferno voltou para os sentimentos do jovem Akanishi. Ainda assim estava relutante. Buscava por uma razão que justificasse aquela história que não fosse aquilo que Tomohisa estava insinuando. Que entre eles houve apenas sexo. Que era um relacionamento apenas por desejos e que devia ter um fim.

– Está mentindo... – ele murmurou. – Por que?

–... Não estou mentindo. Eu disse coisas impróprias para Akanishi-sama. Fui inconseqüente, reconheço. Mas Akanishi-sama realmente acreditou que teríamos um relacionamento para o resto da vida?

– Seus pais estão forçando o casamento?

– Não.

– Não acredito. Você vai recusar esse casamento. – ele disse, olhando-o de forma severa, mas apenas parecia uma criança zangada. – Eu consigo que meus pais apóiem a sua decisão. Talvez tenha que ir para o Sul e você vai me acompanhar.

– Se for uma ordem de Akanishi-dono, acompanharei Akanishi-sama e partirei para o Sul. Ainda assim, o meu casamento vai acontecer. Anteciparei os preparativos e levarei minha esposa comigo.

Aquela resposta atrevida foi o limite que Jin foi capaz de suportar. Queria socar aquele rapaz a sua frente para conseguir algo além daquelas palavras frias e cruéis. A sua vontade era pular a mesa entre eles e fazê-lo confessar que tudo era apenas uma mentira. Uma brincadeira ou ainda que fosse uma chantagem. Mas ele não podia fazer isso. Já sentia seu corpo começar a fraquejar. Sentia-se trêmulo e percebeu que logo mais teria uma crise de tosse. A sua respiração já começava a falhar. Nunca antes sentiu tanta raiva de si mesmo por ser tão frágil.

– Eu enfrentei meus pais... Eu rejeitei o casamento... Você não pode fazer o mesmo?

– Poderia, caso este fosse o meu objetivo. Porque não é do meu interesse recusá-lo... Akanishi-sama acredito que nossa conversa está encerrada. Por favor, gostaria de pedir licença para que possa dormir. 

Jin odiou que seu coração estivesse tão apertado, seu peito tão quente, e aquela sensação de que as lágrimas estavam surgindo. Não era possível que Tomohisa continuasse tão calmo dessa forma. Antes que seus olhos ficassem brilhantes na frente do samurai, ele se levantou e saiu.

3

Fechou a porta do quarto e deu dois passos antes de cair ajoelhado. Levou a mão à boca para impedir o som e mordeu os lábios com toda a sua força até sangrá-los. Nunca antes havia experimentado esse tipo de sentimento ruim. Era horrível e ele não queria mais senti-lo. Estava sendo abandonado. E estava doendo muito. Abandonado por aquele que ele tinha acreditado, até então, que era o seu único amigo sincero.

Akanishi entendeu, então, que a morte não era a única forma de perder a pessoa amada.

– A Jin-dono só farei experimentar felicidades.                                                                       

Tomohisa tinha lhe feito essa promessa. Era mais uma mentira. A sua respiração começou a se alterar e ele se esforçou para se levantar. Seria uma humilhação ainda maior se o encontrassem dessa forma caído diante da porta do samurai. Com a mão apoiada na parede, ele seguiu para o seu quarto.

Ao fim do corredor do lado oposto, Nishikido Ryo o observava.

4

Ele permaneceu na mesma posição. Tentava desviar o foco da sua mente, mas não pôde ignorar quando escutou um barulho seco. Olhou para a porta e notou o vulto de Akanishi curvado. Por instinto, Tomohisa se levantou e quis ir acudi-lo, mas parou sem dar um passo. Algum tempo se passou e Jin se levantou e conseguiu se afastar.

Os olhos desorientados de seu senhor e aquela expressão incrédula venceram o seu controle e agora ele estava preso a ela. Parecia que estava novamente diante dele. Não lhe passou despercebido que a respiração de Jin estava se alterando. E o comoveu que o rapaz procurasse uma alternativa a cada frase que lhe dizia. Não lhe restou opção se não expulsá-lo de seu quarto.

Não queria machucá-lo dessa forma. Contudo, não podia mais continuar com aquele relacionamento inconseqüente. Ele fez o que era o correto. Algum tempo se passaria e Jin certamente esqueceria o que aconteceu. Ninguém morre por amor, muito embora ele próprio estivesse experimentando uma dor dilacerante pelo que fez.

O rosto entristecido de seu senhor começava a se misturar com os sorrisos que ele havia lhe dado. Com as palavras descontraídas e carregadas de paixão quando estavam a sós. Com os momentos em que sua saúde estava debilitada e ele segurava firme em sua mão. Jin confiava plenamente nele. E agora ele havia destruído esse laço que os unia.

Não percebeu quando uma lágrima escorreu. Ele correu para o seu móvel de roupas e buscou com avidez por uma carta. Ele a pegou e se sentou em seu futom. A caligrafia delicada e o conteúdo carinhoso o acalmaram. Para afastar a imagem de Jin, ele colocaria toda a sua devoção em sua noiva.

Kitagawa-san era uma moça respeitável, inteligente e muito bem educada nas artes. Ela tinha olhos vivos e, quando puderam estar a sós, mostrou-se bastante espirituosa. Seria uma companheira agradável, ele não tinha dúvidas. Ele tinha que fazer o seu melhor por ela.

Não havia outro caminho a se seguir.

5

Ainda estava acordado quando o Sol começou a entrar pela janela do quarto. Um sorriso estampava seus lábios rosados. Ainda não conseguia acreditar no que tinha acontecido durante a madrugada. Foi tão súbito e tão suave que ele cogitava que pudesse ter sido apenas um sonho. E, no entanto, aquela mão maior estava sobre o seu corpo, abraçando-o e o rosto do samurai descansava em suas costas.

Kamenashi sorria. Vitorioso. Aquele samurai agora lhe pertencia, não tinha mais dúvidas quanto a isso. O sexo havia sido diferente. Koki parecia querer redescobrir seu corpo sob um novo ângulo. Ainda que mal pudessem se enxergar no escuro, parecia que cada toque era observado com o máximo de atenção por ele. Inclusive foi bastante atencioso quando o penetrou. Suas mãos acariciaram seu rosto enquanto ele se movimentava com sutileza dentro de si. Sentiu prazer e sentiu seu carinho. Então Kazuya percebeu o quanto isso era perigoso.

Virou-se para observá-lo. O movimento foi um pouco complicado com seus pés presos ao chão, mas ao menos seus braços estavam livres, ainda que suas mãos ainda permanecessem algemadas. Ele podia sufocar aquele samurai agora, se quisesse. Ele tinha tido o mesmo pensamento quando Akanishi veio lhe visitar e novamente tal ideia lhe provocou dor. Sim, estava ficando perigoso esse jogo e ele tinha que manter fixo em sua mente o seu objetivo.

Aquele homem era apenas o instrumento. Ele o usaria pelo bem do seu clã. Não devia ser nada além de um instrumento. Era somente isso. Ainda assim... Kazuya ponderou se poderia fazer um grande estrago aproveitar um pouco mais daquele calor? Aproximou-se um pouco mais do outro corpo e o beijou. O beijou até que ele despertasse.

– É melhor que se arrume. Já é dia. – ele avisou a Tanaka.

Ainda dividido entre o mundo dos sonhos e a realidade, Koki fez que sim e se espreguiçou. Com certa dificuldade, ele se sentou, as pernas cruzadas, e ficou um tempo nessa posição, olhando para a parede. Kazuya admirou suas costas e deslizou seus dedos pelo centro. O samurai não rejeitou aquele carinho.

É só um instrumento...

6

Yuichi tinha ordens médicas para descansar por mais dois dias. Entre os intervalos dos treinos e discussões de estratégias, Ueda escapava para o quarto deles para verificar como estava. O mais velho entrou e pôde escutar a sua respiração alta.

Sentou-se com as pernas cruzadas ao lado do futom do rapaz, que dormia tranquilamente. Nem parecia que era um samurai que estava no meio de uma guerra.

– Baka... O que pensa que está fazendo dormindo assim? Melhore rápido e volte para os treinos. – disse, seu tom de voz carregado de amargura, afinal, se Yuichi estava assim era por sua culpa.

Respirou fundo, tentando acalmar seus pensamentos. Foi descuidado em considerar que Nishikido não se vingaria da sua recusa. O samurai, não, em sua opinião ele não era digno de ser um samurai. O rapaz já tinha lhe dado mostras de que não era uma pessoa leal. Como foi abrir sua guarda dessa maneira?

O fato era que ele sabia sobre Yuichi, que era ele a quem amava. E Ueda sabia que Nishikido seria sério sobre sua ameaça. O que aconteceu durante o treino foi apenas um teste. Ele conseguiu não ser punido, porque tudo indicou que foi um acidente. Ninguém poderia contestá-lo quando ele disse que não percebeu a pedra ou o desnível.

– Apenas uma noite...

Seria capaz de abandonar a sua honra e dormir com aquele miserável? Capaz de trair o amor de Yuichi? O seu lado racional logo o lembrou de que estavam em guerra e o Clã Akanishi não podia se dar ao luxo de perder guerreiros de forma tola, como seria o caso se Nishikido matasse Yuichi ou se ele próprio matasse Nishikido e depois cometesse o seppuku. O clã, infelizmente, precisava bastante das forças deles.

Não. Não era o momento para derramar sangue de aliados por motivos como esses.

Então... Só havia um caminho. Não precisava esperar até o final do prazo para dar a resposta. Ele havia tomado uma decisão.       

– Gomen Yuichi. – ele disse baixinho e colou seus lábios sobre o do amante.

Olhou mais uma vez para o seu rosto tranqüilo e depois saiu. Procurou por Nishikido, que estava sozinho comendo uma fruta no jardim de pedras, o local de lazer dos samurais. O rosto de Nishikido logo exibiu aquela expressão zombeteira, que conseguia fazer o sangue de Ueda esquentar, mas, ainda assim, Tatsuya demonstrou apenas indiferença.

Agachou ao lado dele para pegar uma maçã do cesto e disse, no tom audível apenas para Nishikido:

– Escolha a noite... E me avise.

O sorriso dele não poderia ser maior.

7

Tomohisa se dirigiu para o dojo e encontrou alguns samurais, Tegoshi entre eles, olhando para o céu. Na verdade, aquele ângulo, ele sabia bem qual seria a vista dos rapazes. Olhou também, apenas para constar, mais uma vez, que a janela do quarto de Jin estava trancada.

– Dizem que a saúde do jovem mestre piorou. – comentava um dos samurais e conseguiu a atenção de Tegoshi. – Há dias que ele não sai para passear.

– E outro dia eu estava na cozinha quando voltaram com a bandeja que deveria ser de Akanishi-sama. Estava intocada.

– Se o senhor vem a falecer em um momento como este, Akanishi-dono terá forças para conseguir continuar com a guerra?

– Ei, o que vocês estão dizendo?! Parem de pensar em coisas desnecessárias, isso não vai acontecer. – protestou Tegoshi. – Não é, Yamashita-dono?

– Un? – ele ainda estava observando a janela fechada – É claro. Akanishi-sama não vai morrer. Não há com o que se preocupar sobre este assunto. Precisamos treinar e nos concentrar para a próxima batalha.

Ele passou pelo grupo e continuou seu caminho até o dojo, tendo consciência dos olhares pesados em suas costas. É claro que eles estavam com vontade de perguntar, assim como outros samurais, porque Yamashita deixou de ser o segurança pessoal do primeiro filho. Alguns cogitavam que se devia a piora da saúde de Akanishi Jin. Que ele estava perto da morte e, então, não quis que seu amigo testemunhasse seus últimos momentos. Outros ainda diziam que eles teriam discutido e por isso a saúde do jovem mestre estava pior.

Chegaram aos ouvidos de Tomohisa os dois boatos. Ele não respondeu a nenhum. Ele notou que Tegoshi estava próximo, mas não parou para conversar com ele. Ainda assim, o rapaz se esforçou para acompanhar a sua velocidade e ainda se colocar a frente do samurai. Não teve outra opção se não escutar o que ele tinha a dizer.

– Yamashita-dono e Akanishi-sama discutiram aquela noite?

– Isso não é assunto seu. Se tem tempo para se dedicar a essas curiosidades, procure treinar sua espada.

–... Foi por minha causa?

– Do que está falando?

– Akanishi-sama ficou bravo quando me viu... Eu agi errado de alguma forma?

Tegoshi estava mesmo preocupado sobre esse assunto. Tomohisa, então, sorriu-lhe e o acalmou dizendo que não havia discutido com Akanishi-sama naquela noite, portanto, não havia porque pensar que ele poderia ser o motivo.

– A saúde de Akanishi-sama é delicada e inconstante. Por favor, apenas ore por sua saúde. O que temos a fazer de concreto para ajudá-lo é terminar de uma vez por todas esta guerra para trazermos tranqüilidade para nosso senhor. Esforce-se para isso, está bem?

– De verdade? É isso mesmo?

– Sim, não se preocupe. Não fez nada de errado Tegoshi-kun. Aliás, talvez tenha que ir para nossa cidade daqui uns dias. Não quer me acompanhar?

– Eu posso?

– Sim. E me apresente à pessoa de quem comprou aqueles pêssegos. Estavam mesmo deliciosos.

– Farei isso! E gostaria de apresentar Yamashita-dono para meus pais... E também para meu amigo Masuda... Anooo... Ele não é um samurai, mas ele é meu melhor amigo...

O jovem começou a contar sobre as pessoas que lhe eram queridas e a sua preocupação foi totalmente deixada de lado depois disso.

8

Kazuya não conseguiu mais andar, então parou e olhou para trás. Tanaka Koki tinha parado e estava olhando para cima. Seguiu a sua direção e apenas encontrou uma janela fechada. A mesma janela estava fechada há alguns dias.

– O que foi? – perguntou apenas para chamar a atenção do samurai para que pudessem voltar a andar. Fosse o que fosse certamente Tanaka não lhe diria.

– Akanishi-sama... – ele murmurou, para a sua surpresa.

– O filho mais velho?

Só então Tanaka se deu conta de que tinha falado em voz alta, então retomou sua postura e não disse mais nada. Kazuya olhou novamente para a janela e se perguntava se a saúde de Jin teria piorado.

Por alguma razão, veio-lhe à mente a noite em que ele entrou em seu quarto para trazer o desenho do lago.

9

– Ahhhhhhhh...

Ele se apoiou na pia e molhou o rosto. Depois encheu suas mãos com água e bebeu. Notou que não estava sozinho e imaginava quem estaria ali. Não poderia ser outra pessoa se não Nishikido. Tomohisa se endireitou e se virou para ele.

– Belo golpe.

– Yamashita estava distraído. – ele reclamou – Não peça para lutar comigo quando não consegue se concentrar.

– Do que está falando? Seu golpe foi perfeito. Eu lutei com toda a minha atenção.

– Mentiroso. E se continuar com isso vai realmente me ofender. – ele disse, ainda mais sério – Se está preocupado com Akanishi-sama, porque não pede de volta seu posto anterior?

– Akanishi-sama está bem. – ele afirmou – E no momento eu tenho novas obrigações.

Nishikido o analisou. Tomohisa manteve-se impassível, mas, no fundo, odiava o modo como aquele samurai o observava. Sempre que estava na presença dele era como se estivesse prestes a ser atacado por uma cobra. O olhar de Nishikido era sempre astuto e malicioso.

– Que seja... Mas se acontecer de novo o que aconteceu hoje, pedirei a Akanishi-dono que possa recuperar a minha honra em uma luta de verdade com você. Não se atreva a me fazer de idiota novamente, Yamashita.

Dado o aviso, ele deu as costas e se afastou. Tomohisa ainda permaneceu ali, tentando se recuperar da atividade e do incômodo daquela conversa.

10

Não foi capaz de dormir bem nas últimas noites e já não se alimentava direito. Ela evitou suspirar de forma agoniada diante de seu filho, sabia que demonstrar sua tristeza apenas pioraria a sua situação. Jin estava tão abatido e era sempre uma tormenta vê-lo nesse estado.

Quantas vezes ela não se perguntou por que não ela ao invés dele? Porque seu primogênito tinha essa saúde tão delicada? Não era justo, filhos deveriam ser mais saudáveis que os pais. Assim a natureza permaneceria em ordem.

– Coma um pouco de fruta ao menos, querido. – ela insistiu.

Jin olhou para o pêssego e sentiu apenas vontade de vomitar. Ainda assim, experimentou comer um pedaço. Não tinha sentido se animar se não poderia mais ter o sorriso de Tomohisa. Ainda desejava que tudo tivesse sido um engano ou, quem sabe, apenas um sonho? Logo mais o samurai entraria em seu quarto para perguntar o que o afligia dessa forma e sua expressão confusa apenas confirmaria que aquelas palavras cruéis nunca tinham escapado de seu amigo. Ele estava esperando por isso desde aquela noite e outras sete já haviam se passado e nem ao menos uma palavra da parte do samurai chegou até ele.

Alguma coisa havia mudado em Tomohisa e Jin só pôde culpar a guerra. Odiou ainda mais aquele conflito entre os clãs.

Seu corpo estava dolorido pela falta de exercício, assim que Jin foi convencido por sua mãe a andar alguns minutos e tomar um pouco de Sol naquela manhã. O verão estava indo embora e deveriam aproveitar o tempo bom.

A sua mãe o ajudou a se banhar e depois a vestir o quimono verde. Penteou seus cabelos e os prendeu com um laço. Jin já se sentia cansado, mas esforçou-se para deixar sua mãe alegre.

– Haha-ue... – ele chamou em determinado momento.

– Hai?

– Porque Tomohisa pediu para trocar de posição? Porque Takizawa tem que ser meu novo guarda?

– Are? – ela exclamou surpresa – Tomohisa não lhe disse nada?

– Acho que ele se esqueceu de mencionar e eu também não me lembrei de perguntar sobre isso... Conversamos sobre outras coisas...

– Ah, homens... Não demonstram mesmo quando estão apaixonados. – ela riu sem imaginar que seu comentário provocou uma dor maior em seu filho – Ah, por causa de seu casamento. Aposto que sobre isso vocês conversaram?

– Ah, bem... Algo sobre isso... – Então era mesmo verdade. Tomohisa ia se casar.

– Tomohisa precisa de mais tempo para poder preparar seu casamento. A família da noiva está tomando conta de tudo por causa da guerra, mas, ainda assim há coisas que o noivo precisa ajudar. Assim ele pediu a seu pai que, quando não estivesse precisando de seus serviços em confrontos diretos, que ele tivesse a liberdade para viajar para sua cidade. Assim ele também não poderá cuidar de você por algum tempo.

– É uma decisão temporária?

– Imagino que sim... Quando ele se casar e esta guerra terminar, ele pode assumir o posto novamente, ele não vai querer abandonar o melhor amigo – novamente a ferida em Jin foi remexida de forma cruel –... Assim, Jin... Gostaria de pedir que você não complicasse sobre sua viagem para o Sul. A felicidade de Tomohisa é sobre o que estamos conversando. Por favor, siga na frente com Takizawa e, assim que possível, enviaremos seu amigo para lá. Está bem?

Não tinha disposição para contrariá-la. Assentiu e voltou a ficar em silêncio. Depois disso, levantou-se e saiu do quarto. Takizawa o aguardava do lado de fora de seu quarto, mas Jin sequer tomou conhecimento de sua presença. Andou a sua frente, seus pensamentos sendo tomados pelo que sua mãe lhe contara.

Não quis passear entre as cerejeiras e nem próximo ao lago e ao coreto. Ali existiam memórias demais de Tomohisa, assim caminhou na direção contrária.

– Akanishi-sama, nós estamos seguindo na direção do portão principal. Deveríamos retornar.

– Tudo bem. Não tenho a intenção de sair. Podemos continuar por mais alguns minutos.

O samurai concordou. Akanishi olhava as paisagens sem realmente registrá-las. Alguns samurais estavam próximos ao portão, comentando em voz alta sobre correspondências. Jin sabia que em um determinado dia do mês os mensageiros traziam cartas de parentes para aqueles que estavam habitando o palácio. E nesse período de guerra, a comunicação estava ainda mais escassa, assim que a ansiedade por notícias de entes queridos era mais do que aguardada.

Quando o portão foi aberto, um samurai, que certamente estava fazendo a vigia do lado de fora, entregou para outro as cartas e embrulhos. Jin sorriu com as expressões felizes dos samurais.

Aquela tinha sido uma boa caminhada. Seu espírito pôde ficar um pouco mais tranqüilo. Estava pensando em voltar quando escutou.

– Para Yamashita-dono? Pode deixar que eu entregarei.

Olhou para o samurai que se prontificou a levar a carta para Tomohisa. Era aquele que estava no quarto de Tomohisa àquela noite. Demorou, mas por fim se recordou de seu nome.

– Tegoshi-san? – ele o chamou em voz alta.

Os samurais se deram conta de sua presença e o cumprimentaram com respeito. Tegoshi fez o mesmo e depois se aproximou. Olhou ansioso para o jovem mestre, que lhe sorriu.

– Não se preocupe. Pode deixar que eu entrego a carta para Tomohisa. Jantaremos esta noite.

– Ah... Está bem. Desculpe por este trabalho, Akanishi-sama.

– Iie. Não é nada, realmente. – e ele pegou o envelope. – Vamos voltar, Takizawa.

– Hai.

Jin leu o nome naquele envelope.

Kitagawa Keiko.

11

Yuichi não agüentou e foi ao chão com o último golpe de Tatsuya, que emitiu um som de reprovação. Olhava inconformado para o rapaz.

– Preste mais atenção, Yuichi!

– Tatsuya é mais rigoroso que Kimura-dono. Hoje é nosso dia livre, porque estamos treinando?

– Acha mesmo que existe algo como dia livre quando nosso clã está em guerra? Seja mais responsável. Kamenashi Yuichiro pode atacar a qualquer momento e nossos aliados podem precisar de reforços.

– Por isso não me mate em um treino!

Ele reclamou e fez bico.

– Você está esquisito... Aconteceu alguma coisa? Parece pensativo e irritado e querendo descontar em mim. Eu fiz alguma coisa?

Tatsuya demorou seu olhar no rapaz. Yuichi estava mesmo chateado com isso, mas ele nem ao menos tinha percebido que suas atitudes estavam diferentes com o amante. Pensou melhor e decidiu interromper o treino.

– Voltaremos a treinar no final da tarde. – disse, por fim.

– Hai, hai!

E Yuichi levou um pancada em sua cabeça pelo modo irônico como tinha respondido ao mais velho. Olhou para Tatsuya que ainda o encarava.

– Tá, eu realmente entendi. Agora vamos comer alguma coisa.

– Vamos nos lavar primeiro.

– Você... Pretende me matar de fome... – ele resmungou e se deixou guiar pelo amante até a área dos banhos.

Despiram-se e começaram a primeira lavagem. Como Yuichi ainda parecia emburrado, Tatsuya colocou o seu banquinho atrás dele e começou a lhe esfregar as costas.

– Né? Você poderia ser carinhoso assim com mais freqüência...

– Quem sabe... Quando a guerra terminar?

– Eeeeh? Se for assim, me esforçarei o dobro para exterminar logo com a tropa dos Kamenashi e terminar esta guerra.

– Baka irresponsável. – ele repreendeu, mas sorriu.

Tatsuya gostava daquele corpo. Era magro e tinha poucos músculos, mas escondia uma grande força que sempre se sobressaía durante as lutas. Eles eram ainda crianças quando admirou Yuichi pela primeira vez. Ele empurrou para longe crianças mais velhas e mais fortes quando estavam maltratando um cachorro. Nunca se esqueceria do quanto Yuichi apanhou naquele dia, até que ele resolveu ajudá-lo. E era esse senso de justiça e o seu coração cheio de coragem e bondade que ele mais amava no rapaz.

Era uma pena que eles vivessem em uma época cheia de conflitos. Desejava um dia poder viver em algum lugar afastado, onde eles poderiam apenas se amar e viver de caças e agricultura.

– Quando a guerra terminar... Você vai querer voltar para nosso vilarejo? – Yuichi perguntou de repente, como se estivesse lendo seus pensamentos.

– Por que sobre isso agora?

– Você não pensa no que fazer quando a guerra terminar?

– Não, eu não penso. Concentro-me apenas no que está ao meu alcance. No momento em que estamos, é um luxo planejar o futuro.

– Você é um poço de frieza...

Ao que Tatsuya rebate, aproximando-se de sua orelha:

– E você me ama mesmo assim?

– É porque eu sou um baka irresponsável, oras! – e eles riram – De verdade... Você não pensa o que fazer depois?

– Gostaria que nós morássemos em um lugar tranqüilo. Não acho que poderíamos voltar para nosso vilarejo depois que você confessou aos seus pais sobre nós.

– E sua família?

– Ela me quer tão perto quanto a sua! – ele riu.

– Assim... Com o dinheiro que nosso senhor nos dará por termos vencido a guerra, o que acha de irmos para o Sul? Lá é mais quente. Podíamos morar numa casa no litoral.

– É uma ideia tentadora, mas, o que te convenceu de que vamos vencer esta guerra?

– Ora, já disse... Ter você mais carinhoso... Certamente vencerei esta guerra!

– Tsc. Pare de dizer tolices. – e ele começou a esfregar os cabelos de Nakamaru – Pense apenas em como melhorar a sua precária habilidade de defesa.

– A minha defesa está indo muito bem, obrigado. Estou vivo, não estou?

– A guerra nem sempre é justa e a sorte nem sempre falha.

– Owe! Tatsuya!!

Ele apenas riu e jogou o balde de água sem aviso prévio, fazendo Yuichi estremecer com a água gelada e ele correu para entrar no ofurô. Tatsuya terminou o seu banho e foi se juntar a ele.

Nakamaru ainda continuou projetando o seu sonho de morar na praia, enquanto Tatsuya apenas o ouvia com um singelo sorriso. Ele gostaria de contribuir com aquele sonho, tinha as suas ideias, mas temia que dizê-las em voz alta as fariam nunca se tornar uma realidade... Principalmente quando via Nishikido. Sempre que se encontrava com ele, ele sentia como se sua felicidade se distanciasse cada vez mais.

12

– Você pensa sobre a morte, Koki?

Kamenashi passou alguns dias tristes e só falava sobre assuntos mórbidos. Koki sempre mantinha o assunto e já não ligava mais que ele o chamasse pelo seu primeiro nome. Ele não sabia que isso era um pequeno alento para Kazuya nesse estado em que seu espírito se encontrava.

Tinha começado durante o sexo. Em algum momento, entre suspiros e gemidos, o seu nome escapuliu dos finos lábios sedutores. E nunca seu nome pareceu tão agradável antes. Não foi capaz de repreendê-lo por isso. Logo depois aconteceu entre uma conversa, ele percebeu, mas Kazuya parecia bastante natural e confortável, além de que continuava agradável o som de seu nome produzido pelo jovem, que ele nunca levantou a questão. Pensou que algumas vezes não teria problema e ele poderia fingir que não tinha percebido, mas, quando se deu conta, já fazia tempo suficiente para que ele pudesse desfazer essa intimidade. Não que ele estivesse arrependido por isso.

– Comecei a pensar quando comecei a estudar o bushidô. E voltei a pensar quando a guerra começou.

– Você tem medo?

–... Não sei.

– Eu... Estou com medo. – ele admitiu.

Koki estava sentado em seu canto habitual e olhando para a janela, mas voltou seu rosto na direção do jovem. Kazuya estava deitado de lado, virado para a sua direção, mas não o olhava. Fitava algum ponto qualquer na parede. Sua mão estava segurando o móvel de bambu e ele movimentava de vez em quando para cima e para baixo, movimento que fez Koki lembrar-se das noites de sexo e sentir sua virilha começar a formigar. Desviou esse pensamento e se concentrou no rosto perdido do samurai.

– Acho que foi o medo que me fez hesitar o suficiente para que pudesse me impedir de cometer o seppuku... Isso é vergonhoso, não é?

– O seppuku é um ato para reparar a honra. Mas não significa que devemos desvalorizar a vida. O medo da morte valoriza a vida.

–... Koki... Você não sabe se tem medo da morte? Você não sabe se valoriza a sua vida?

– Sim. Ainda não consegui compreender isso.

–... Não entendo.

– Nós samurais crescemos com alguns objetivos. Eu tenho um objetivo desde antes de nascer. Eu vivo para meu senhor e sinto orgulho do Clã Akanishi. Eu realmente estou satisfeito com isso. Mas às vezes me pergunto... O que eu realmente construí ou o que eu posso construir que possa marcar a minha existência. A minha vida. Se eu ainda não encontrei de que forma marcar a minha vida... Como posso valorizá-la? Assim... Penso que não teria problemas em morrer. Mas também nunca estive tão próximo da morte como você, Kazuya.

– Koki é um dos melhores samurais que encontrei. Certamente terá construído algo importante antes de morrer. Fico contente que tenha sido Koki quem me capturou e está me fazendo companhia nesses últimos meses. E fico contente que esteja falando mais do que dez palavras ameaçadoras... Né, Koki? Na próxima vida, gostaria de te encontrar de novo...

Mas quando dizia palavras carinhosas, o outro samurai se sobressaltava, coçava o nariz até provocar um espirro e voltava a se perder em seu próprio mundo. Kazuya sorriu pela primeira vez em dias e também voltou a seus pensamentos.

Estava mesmo pensando em mortes nos últimos dias. A sua tristeza começou logo depois que descobriu que Akanishi Jin-sama tinha piorado. Mesmo sendo um inimigo, não podia deixar de reconhecer que era um jovem honrado e de coração piedoso. Provavelmente nunca foi capaz de prejudicar a ninguém e, ainda assim, havia recebido um corpo tão doente. Parecia tão injusto que ele pudesse morrer a qualquer momento. E era mais doloroso quando esses pensamentos vinham acompanhados da risada de Akanishi-sama ou do seu olhar brilhante e seu largo sorriso.

Em paralelo, sua mágoa com sua família apenas crescia. Às vezes ouvia comentários de Koki com algum samurai próximo do quarto. Eles conversavam sobre as decisões do pai de Jin sobre o filho. Escutava como o irmão caçula se esforçava para se tornar um grande guerreiro e poder proteger seu irmão. Também ficou sabendo que a sua mãe lhe fazia companhia todas as noites desde que sua saúde piorara.

Ele não conhecia nada daquele zelo familiar. E estava ignorando completamente a sua honra quando aceitou manter-se vivo para poder ajudar ao seu clã. Começava a se perguntar se o seu objetivo de vida estava certo, pois, toda a rigorosa disciplina de seu pai não estava mostrando resultados efetivos no campo de batalha. Uma família amorosa como a de Akanishi se mostrou tão valente e poderosa em uma guerra, provando ser um inimigo tão forte quanto o clã Kamenashi.

... Talvez até mais poderoso?


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