Samurai No Forbidden Love escrita por Kitty


Capítulo 10
Capítulo 10




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Capítulo dez

1

Acordou assustado e se levantou bruscamente chamando a atenção de Koki. O samurai tinha acordado primeiro e recebido o café-da-manhã. Estava esperando que o prisioneiro despertasse para que comessem juntos e estranhou o rosto aflito de Kazuya.

– Eu dormi demais!

– Ainda estamos na metade da manhã. Não se preocupe.

– Verdade? Ainda é cedo? – ele perguntou ansioso.

– O que te incomoda? – Koki perguntou, julgando que Kazuya tivesse tido algum pesadelo e ainda estivesse na linha entre o mundo dos sonhos e a realidade.

O samurai se aproximou com a bandeja e a deixou ao lado do futom de Kazuya.

– Ainda há tempo, então?

– Sim, tome sossegado o seu café-da-manhã.

– Akanishi-sama vai partir somente no final da tarde, não é?

– Sim. – ele respondeu e notou o seu alívio. – Esse era o plano inicial... – disse com cautela e o viu se alterar novamente. – Mas nosso senhor acordou bem disposto e antecipou os planos. Ele partiu cerca de duas horas atrás. Esteve aqui, mas não quis acordá-lo e deixou um recado. Akanishi-sama deseja que se mantenha tranquilo e que nada deverá incomodá-lo, mesmo em sua ausência.

– Ele partiu há duas horas? – o prisioneiro somente tinha processado aquela informação. – Koki...

– O que está acontecendo?

– Nishikido... É um dos homens de meu pai. – ele respondeu sem realmente pensar em suas palavras. – O plano é sequestrar Akanishi-sama... Eles vão desviar a rota para a cidade em que mora a noiva de Yamashita. Lá certamente meu clã vai emboscá-los.

Koki o olhou e aqueles olhos nunca foram tão severos. Kazuya engoliu a aflição e afastou o pensamento de que tinha perdido aquele samurai para sempre. Era um assunto que deveria ser pensado depois.

– Precisam agir rápido!! Ainda há tempo!!

Mas Koki o agarrou pela gola do quimono e o sacudiu violentamente. Estava irritado, e Kazuya pensou que era porque não tinha percebido as suas intenções nos encontros com Akanishi. Mais do que a ameaça ao seu senhor, o seu orgulho também havia sido atingido. Havia falhado e isso, de certa forma, trazia uma estranha satisfação a Kamenashi. Havia desconcertado aquele samurai não somente com o sexo, mas também em sua missão. O excelente samurai Tanaka tinha sido ingênuo ou preferiu não enxergar que Kazuya era um inimigo, e isso apenas envaideceu ainda mais o prisioneiro.

Imaginou que Koki estava sofrendo uma grande frustração. Ele não tinha o direito de condenar os atos de Kazuya... Porque eram inimigos. Não tinha esse direito, o culpado havia sido ele por baixar a sua guarda, mas, ainda assim, Kamenashi sentiu a sua raiva da mesma forma. E foi a primeira vez que Kazuya presenciou o samurai agindo de forma não racional.

– Se Akanishi-sama se ferir... Um corte que seja... Eu o mato, Kamenashi.

O empurrou de volta ao futom e saiu em disparada à procura de Kimura-dono. O prisioneiro permaneceu na mesma posição, olhando para baixo, sentindo seu coração bater violentamente.

2

Ele afastou a cortina para enxergar do lado de fora da liteira. Estavam se aproximando da cidade, já podia enxergar as casas e lojas. A tudo, ele olhou com bastante curiosidade. Não se lembrava muito bem da última vez em que esteve tão longe dos muros do palácio. Quando eles entraram na cidade o barulho das vozes aumentaram. Crianças brincavam enquanto os adultos trabalhavam. Por ser aquele um lugar mais próximo do palácio, também havia sido poupado do ambiente sangrento da guerra. Os campos de batalhas eram mais distantes e os dois Clãs poupavam ao máximo os civis, afinal, o motivo da guerra era justamente decidir quem seria o melhor líder para aquele povoado.

Akanishi olhava admirado pra os rostos desconhecidos e o cenário novo que surgia diante de seus olhos. Ao menos a viagem estava lhe proporcionando uma boa distração. Tentava memorizar ao máximo os detalhes de forma que pudesse reproduzi-los mais tarde em suas telas. Era uma pena que não poderia parar para desenhá-los agora. Não se atreveria a tanto, Nishikido havia sido generoso em aceitar o desvio da rota por alguns instantes. Ele tinha um objetivo e devia se concentrar nele.

Ao se recordar do motivo pelo qual estavam ali, sentiu-se ansioso. Que tipo de moça seria Kitagawa? Certamente era bonita. E prendada. E boa em satisfazer os desejos carnais, segundo Tomohisa havia lhe informado de forma tão fria e ofensiva, ele se lembrou com alguma irritação. Mas este sentimento foi ligeiro quando se recordou do beijo da noite anterior...

Ele não era indiferente para Tomohisa, afinal. Não conseguia compreender as suas atitudes, mas sabia que seu samurai havia sido sincero no último encontro. Ele o amava. Podia estar se apaixonando por Kitagawa, mas era certo que ainda o amava. E diante disso, tornou-se ainda mais urgente encontrar-se com essa moça. Precisava conhecê-la o máximo possível nesse pequeno encontro para pensar em como lutaria por algo pela primeira vez em sua vida.

Quando perguntaram pela família Kitagawa, os moradores daquela região haviam informado que eles moravam na casa maior. Era um lugar bonito, Jin logo percebeu. Parecia agradável. Keiko deveria ter boas lembranças em sua infância... Com Tomohisa. Esse pensamento lhe produziu um bico automático.

– Akanishi-sama, chegamos ao destino. – Nishikido lhe informou e o ajudou a descer.

– Domo. – ele agradeceu e observou melhor aquela casa enquanto um criado foi bater à porta.

Estavam viajando com ele, além de Nishikido e do criado, Toda-sensei, mais dois criados e quatro samurais.

Uma mulher na casa dos sessenta anos foi quem atendeu a porta e sua expressão de surpresa não poderia ser maior. Era evidente que ela tinha reconhecido o símbolo do clã Akanishi nas roupas do criado e rapidamente identificou o rapaz. Akanishi Jin não era muito conhecido pelo seu rosto, porque vivia sempre dentro do palácio, mas a fama de sua beleza era o suficiente para que, usando as roupas que vestia, fosse facilmente identificado.

– O clã Akanishi pede desculpas pela intromissão repentina e deseja ver a senhorita Kitagawa Keiko.

A mulher balbuciou algumas palavras e pediu para que eles entrassem. Dentro da casa, era notável o nível social mais elevado daquela família. Jin se lembrava de ter ouvido que os Kitagawa serviam a sua família por longas gerações e seus samurais possuíam habilidades excelentes com a espada. Assim era natural que tivessem status.

Não foi necessário esperar por muito tempo. A mãe de Keiko veio recebê-los enquanto sua filha estava se preparando. Era uma mulher elegante, a filha deveria ser muito parecida, e gentil. Falava em voz baixa com muito respeito e Jin aumentava o seu próprio sorriso para lhe deixar mais à vontade. Contudo, ele também estava nervoso.

Quando finalmente ela surgiu na sala, o coração de Jin foi beliscado. Era muito mais bonita do que tinha imaginado. Era linda, delicada e, como ele tinha previsto, seus gestos lembravam em muito aos da mãe. Certamente seria uma ótima dona de casa. A mulher ideal para um samurai do nível de Tomohisa.

Se ela estava ansiosa, nervosa ou surpresa com a visita repentina, não demonstrava. Tinha um bom controle sobre suas emoções, o suficiente para ser altamente educada.

– Estou partindo para o Sul e não tenho ideia de quanto retornarei. Sempre escutei falar sobre a família Kitagawa, pensei que poderia ser uma boa oportunidade para conhecê-las. Seus homens estão envolvidos nesta triste situação em que estamos confrontando o clã Kamenashi. Acaso estejam passando por dificuldades não hesitem em me dizer. Pedirei que um dos meus criados avise a situação para que meu pai possa ajudá-las.

– Estamos honradas por tamanha consideração de Akanishi-sama. – a mãe se curvou. – No momento estamos muito bem, agradecemos a preocupação.

Jin assentiu. Essa era a desculpa que tinha usado para a visita, mas, no fundo, estava mesmo preocupado. Aquela era uma boa região porque estava afastada dos conflitos, mas mulheres morando sozinhas devia ser difícil.

– E também preciso reconhecer que me sentiria mal por meu amigo Tomohisa se eu não conhecesse a sua bela noiva antes da cerimônia. Porque Tomohisa me é muito caro... Não gostaria de ser descortês com sua noiva e a sua família.

– Akanishi-sama não precisava se preocupar por isso também. – Keiko assegurou – Mas fico muito feliz e honrada em saber que Yamashita-san recebe tamanha estima por parte de nosso senhor. Agradeço em nome de Yamashita-san e em nome desta família também.

Jin era dotado de um espírito benevolente, mas nem mesmo ele seria capaz de não se indignar com essas palavras. A si mesmo, ponderou que era uma mulher atrevida por estar respondendo em nome do seu Tomohisa. Contudo, ainda era justo o suficiente para admitir que ela tinha esse direito sendo noiva do seu samurai. Mas a sua inveja e o seu ciúme, naquele momento, estavam vencendo a sua razão. Apertou discretamente suas mãos e aumentou o seu sorriso para não ser indelicado e imprudente deixando escapar palavras das quais mais tarde poderia se arrepender.

3

Ele estava assistindo aos treinamentos dos samurais quando viu Kimura-dono e Tanaka se aproximar. Ambos vestiam suas armaduras. E Tomohisa soube que algo havia acontecido. Notou o olhar duro e tenso de Kimura. Reconhecia aquele olhar. O seu superior estava concentrado em uma estratégia.

O tempo em que eles levaram para chegar até os samurais foi o suficiente para Yamashita considerar as possibilidades. Mas a sua razão não foi forte para vencer a preocupação que cresceu em seu coração. Aquele olhar em Kimura no dia da partida de Jin... Ele desejou com todas as suas forças que a tropa de Kamenashi Yuichirou tivesse começado o ataque. Era um desejo egoísta, mas não se repreendeu. O bem estar de Jin sempre seria a sua maior preocupação.

E, então, a notícia. Kimura explicou em rápidas palavras que os três, Yamashita, Tanaka e ele partiriam em busca do comitivia de Akanishi Jin-sama. Tanaka estava com todas as informações sobre as localizações do clã Kamenashi. Ainda era possível alcançá-los.

Kimura mal terminou sua ordem e Yamashita correu em busca de sua armadura, enquanto Tanaka foi aprontar os cavalos com ajuda de Nakamaru e Ueda. A movimentação foi rápida e eles logo atravessaram o portão principal a galope.

Nakamaru, Ueda e Tegoshi, que tiveram o treino interrompido, pararam próximo aos portões, observando outros samurais fechando a entrada do palácio. Nakamaru estava evidentemente preocupado, Tegoshi aflito. Mas Ueda estava pálido. Ele finalmente tinha compreendido o desejo de Nishikido em fugir. O inimigo havia lhe dado uma chance de evitar o sequestro de Akanishi-sama...

... E de ficarem juntos.

Agora, contudo, era tarde demais. Não havia outro destino para eles que não um confrontro em batalha. Por que, mais do que nunca, Ueda desejou afundar a sua espada no coração daquele samurai maldito.

4

Não podia negar que tinha sido um encontro agradável e que as suas más impressões foram criadas somente pelo ciúme e inveja dentro de si. Certamente Tomohisa seria feliz tendo uma esposa como Kitagawa Keiko. Eles formariam um casal bonito, com muitos filhos, sem dúvidas eles seriam uma família muito feliz.

Toda a sua vontade de lutar pelo seu samurai esmoreceu depois de conhecê-la. Não era como Kamenashi, afinal. Não era um guerrreiro, seus sentimentos eram completamente diferentes. Tinha que admitir que um canto de seu coração estava tranquilo e satisfeito por Keiko ser uma moça tão bem qualificada.

Não havia nada que Jin pudesse criticá-la a um nível em que ele pudesse afirmar que seria um erro esse casamento. Assim, desapontado e ao mesmo tempo satisfeito, ele anunciou a sua partida. Agradeceu a recepção e se despediu carinhosamente daquela família. Já estava subindo de novo na liteira quando Keiko o chamou.

Ele lhe entregou um pequeno amuleto e explicou sorrindo:

– Para a saúde de Akanishi-sama. Rezarei todos os dias pela saúde de meu senhor.

Jin lhe sorriu de volta e agradeceu. Subiu na liteira e abaixou a cortina. A comitiva não chegou a sair do lugar quando aconteceu. A liteira foi derrubada bruscamente e Jin caiu sobre seu braço. Ele gemeu de dor e o medo começou a surgir. Ele tateou a sua volta e tentou alcançar a outra porta. Ouviu os gritos de Keiko e de seus samurais. Também percebeu o barulho de metal se chocando. Eram espadas, ele tinha certeza. Podia perceber a movimentação do lado de fora. Sentiu o medo aumentar quando escutou alguém mencionar o clã Kamenashi. Mais gritos de mulheres, certamente a família de Keiko tinha saído para verificar o que estava acontecendo.

Finalmente alcançou a porta. Conseguiu abri-la e tomou impulso para sair da liteira e desceu do veículo. Quando finamente ficou livre, notou que seus servos estavam no chão, ensanguentados, enquanto Nishikido e os samurais estavam lutando contra os homens de Kamenashi que eram, pelo menos, quinze homens.

Alguém agarrou seu pulso e ele se virou assustado para o samurai de armadura vermelha. O inimigo abriu um largo sorriso diante da sua presa e Akanishi recuou alguns passos por instinto. E, então, a visão mais horrível de toda a sua vida. Uma adaga atravessou a garganta daquele samurai, que estava sem o seu kabuto, provavelmente tendo perdido durante o ataque. O sangue jorrou contra o quimono de Jin, manchando-o, e ele, horrorizado, viu a expressão de dor e surpresa no rosto do samurai, enquanto seu corpo começava a despencar e revelando, aos poucos, a pessoa que o tinha aitingido. Keiko segurava firme em sua adaga e olhava com determinação para o samurai morto aos seus pés.

– Akanishi-sama, por aqui! – ela lhe tomou o pulso e guiou a sua fuga.

Jin sentia-se confuso e humilhado. Porque a noiva de Tomohisa era também uma guerreira? Ela o vencia em todos os quesitos. Como homem e como amante. E ainda havia lhe salvo a vida. Sentia-se humilhado e nem ao menos teria o direito de se vingar, deveria, na verdade, ser eternamente agradecido a ela.

5

Por mais que o cavalo estivesse correndo no seu limite, Tomohisa nunca antes teve a sensação de que estavam tão devagar. Isso porque cada segundo tinha o peso de uma tonelada em suas costas. Porque cada segundo que se passava poderia ser fatal para Jin.

Tanaka havia passado as orientações sobre a rota que deveriam tomar e ele tomou à dianteira. Kimura-dono vinha logo atrás e Tanaka por último.

Tomohisa ainda não podia acreditar que Jin teria desviado sua trajetória para conhecer Keiko. Não foi preciso que alguém lhe dissesse que essa era a intenção do jovem senhor, ele tinha certeza disso. Era a única razão pela qual Jin pediria pelo desvio. O que significava que seu senhor só tinha caído naquela armadilha porque estava fragilizado depois que soube do seu casamento...

... Casamento forçado pelo seu pai. Nunca antes sentiu tanto ódio por alguém e era um sentimento estranho que o alvo da sua raiva fosse alguém da sua própria família. Naquele momento, Tomohisa se deixou levar pela emoção. Não se importava mais com a guerra. Tudo o que importava era resgatar Jin. Com vida. E depois... Arrancar o coração de Nishikido. Não lhe importava perder a guerra. Nada mais fazia sentido. Tudo o que restava era Jin e fazer com que aqueles que ousaram roubá-lo de sua proteção pagassem caro. Até mesmo e, talvez principalmente, o seu pai.

Ele sacudiu as rédeas mais uma vez e gritou como se o animal pudesse compreender seu desespero. Seu estado era tal que ele ignorou as ordens de Kimura-dono, dada antes de partirem, de que deveriam avançar no mesmo ritmo.

Jin-dono... Apenas mais um pouco... Estou chegando.

6

O seu coração batia violentamente pelo medo e pela movimentação. Sua respiração já estava alterada e seu corpo estava começando a doer. A sua garganta parecia que estava inchando, o ar não podia passar sem causar incômodo. E eles mal tinham começado a correr.

Keiko era uma jovem incrível. Ela não parecia amedrontada, suas ações eram seguras e precisas. Ela era realmente um orgulho para a sua família, Jin não podia deixar de admirá-la por um segundo.

Durante o trajeto, Keiko ainda trocou sua arma pela espada do samurai que tinha assassinado. Uma adaga não era a melhor opção contra aqueles inimigos, mas era a única arma que ela possuía no momento em que toda a confusão começou. Ela sempre a carregava dentro de seu quimono desde que a guerra tinha começado. A orientação para isso havia sido diretamente de seu pai, um homem a quem ela se orgulhava de ter crescido sob sua criação. O chefe da família Kitagawa acreditava que as mulheres poderiam sempre ser um ataque surpresa e, dessa forma, educou tanto a sua esposa quanto a sua filha mais velha – e pretendia continuar com as mais novas quando atingissem a idade certa – nas artes da guerra também, mesmo que naquela época fosse um tempo de paz.

Eles fugiam pelo caminho que levava ao centro da cidade. A casa de Kitagawa ficava um pouco afastada e naquele momento isso tinha sido completamente desfavorável. Não podiam contar com muita ajuda. Então ela se lembrou que havia a casa de uma família entre o centro e a sua casa.

Keiko se virou para Akanishi para avisar sobre o seu plano e notou que ele estava exausto e pálido. Respirava de forma exagerada, parecia que o ar lhe era pesado demais para ele aspirar. Ela olhou para trás, não conseguia enxergar os homens de Kamenashi, eles ainda deveriam estar lutando com os samurais de Akanishi.

– Meu senhor precisa continuar mais um pouco. Há uma família que mora entre minha casa e o centro. Podemos nos refugiar ali e pedir que alguém corra até o centro para informar o que está acontecendo. Nakai-sensei virá nos ajudar, eu tenho certeza, e ainda alguém será enviado até o palácio. Apenas mais um pouco... Aguente firme!

Ele sacudiu a cabeça. Seria melhor que não falasse mais. Concentraria suas energias para continuar fugindo. Deveria ao menos ser capaz disso, pensou.

7

Masuda Takahisa nunca pensou em ser um samurai. Nasceu em uma família humilde e sua personalidade o impedia de tais pretensões. Estava feliz com a sua situação. Conseguia ajudar seus pais e tinha encontrado uma boa noiva. Embora estivesse inseguro sob muitos pontos a respeito de seu casamento, ele estava feliz. Apesar da guerra que ocorria, ele estava feliz, por que ela se mantinha distante.

Estava terminando de cortar as lenhas para casa quando os avistou. E seus olhos cresceram quando reconheceu o homem que acompanhava a filha mais velha dos Kitagawa. Largou o machado e correu em seu auxílio, o primogênito de seu clã estava quase desmaiando e sendo escorado por Keiko.

– O clã Kamenashi atacou minha casa. – Keiko logo disse. – Nosso senhor não tem mais forças... Precisamos escondê-lo e buscar ajuda!

– Ah... Ah... Certo, certo! Por favor, suba em minhas costas, Akanishi-sama. – ele disse e agachou diante dele.

Masuda ficou surpreso com o peso de Akanishi. Ele não parecia tão leve, o quimono certamente disfarçava seu corpo magro. E por conta do trabalho braçal diário de Masuda, não foi difícil carregá-lo até sua casa.

Ao entrarem, sua mãe disparou perguntas e Keiko explicou a situação. Acomodaram Akanishi no quarto de seus pais e Masuda se prontificou a ir até o centro buscar ajuda, mas sua mãe foi contra:

– Você precisa ficar e cuidar de nosso senhor. Eu irei!

Assim ficou combinado. Após a saída dela, Masuda certificou-se de fechar bem as portas e as janelas, esperando que, caso os inimigos passassem por aquele caminho, considerassem uma casa vazia. Sua mente não era voltada para a luta, portanto, ele não cogitou o risco dos inimigos depredarem e saquearem aquela casa justamente por estar vazia. Mas Kitagawa estava nervosa por isso e tentava pensar em uma rota de fuga. Não era bom permanecerem ali por muito tempo, mas o estado de saúde de Akanishi-sama não permitia grande deslocamento.

Mordeu os lábios, desejando que seu noivo estivesse ali com eles. Ela sabia, tanto por conhecer seu talento com a katana quanto a sua devoção a Akanishi-sama, que Tomohisa certamente seria capaz de protegê-lo.

8

O quarto ao qual ele estava familiarizado parecia muito pior depois de ter conhecido o conforto de ser tratado como um hóspede. Embora prisioneiro. O olhar frio e rancoroso do samurai desconhecido que agora era o seu vigia parecia afligi-lo muito mais que o de Koki. Mas a razão principal para a sua angustia era ficar sem notícias. Sabia que não houve tempo suficiente para que os homens de Akanishi fossem atrás da comitiva de Akanishi-sama e retornado para o palácio. Por tanto, Koki ainda estaria longe e ele era a única esperança de Kamenashi em obter informações. Isso se o samurai não estiver disposto a matá-lo, é claro.

Nishikido... Certamente jamais voltaria a ver esse samurai. Ele imaginava que seu próximo passo deveria ser, enfim, o seppuku. Mas não poderia morrer em paz sem saber o que aconteceu. Apesar de ser o melhor momento – com os melhores samurais do clã Akanishi ocupado -, ainda assim, ele preferiu esperar. Deveria morrer sabendo das consequências dos seus atos. Se eles foram benéficos ao seu clã. Ou se o clã Akanishi conseguiu interromper seus planos.

E, no fundo, ele também gostaria de ver o rosto de Koki por uma última vez. De preferência, sem aquele olhar reprovador...

E, então, poderia cumprir com seu dever.

9

Um pequeno fio de esperança trouxe algum alívio para o coração de Tomohisa quando ele avistou o grande portal vermelho que era localizado na entrada da cidade. Ainda estavam a alguns quilômetros de distância, mas era possível visualizá-lo devido ao seu tamanho. Eles estavam chegando. Em breve estaria com Jin e o protegeria de qualquer emboscada, foi o seu pensamento.

Contudo, naquele instante, ele notou também uma fumaça cinzenta subindo aos céus...

Incêndio?

10

Já fazia um tempo considerável desde que a mãe de Masuda partiu para o centro. Keiko podenrou que certamente ela já devia ter alcançado o seu destino e, certamente, já teria avisado a Nakai-sensei o que estava acontecendo. Em breve alguém deveria vir ajuda-los.

A sua esperança tinha aumentado com o silêncio do lado de fora da casa. Não parecia que os homens de Kamenashi estivessem próximos ou que alguma luta estivesse acontecendo perto daquela casa. Assim, era uma questão de tempo para que logo todos estivessem bem.

Pensando assim, suas preocupações voltaram para a sua casa. O que teria acontecido com a luta que acontecia em frente ao portão da sua família? Teriam os homens de Kamenashi invadido a sua casa? A sua mãe, suas irmãs, suas pequenas e frágeis irmãs... Estariam bem? Doeu-lhe pensar que suas vidas tivessem encontrado o fim tão prematuramente...

– Akanishi-sama parece estar em febre. – a voz grossa de Masuda a retirou de seus pensamentos.

– Tem algum medicamento nesta casa?

– Temos algumas ervas para chás medicinais. Vou preparar um, mas receio que talvez não seja o suficiente.

– É melhor do que nada. – ela suspirou.

Quando bateram na porta, o coração de Kitagawa disparou. Não houve uma identificação rápida, por tanto ela ficou apreensiva e levou sua mão à katana. Contudo, as palavras seguintes desfizeram as suspeitas e ela pode sentir aliviada novamente.

– O clã Akanishi pede que os donos desta casa se apresentem. Uma ameaça acontece nesta cidade neste momento.

Masuda deve ter tido os mesmos pensamentos, Keiko ponderou, porque sua expressão sincera era também de alívio.

– Procuramos pelo nosso senhor, Akanishi-sama para honrá-lo e protege-lo. Sou Nishikido Ryo, um dos principais samurais de nosso senhor. Abram a porta.

Kitagawa foi quem se aproximou da porta e, por uma fresta, constatou a veracidade daquelas palavras. Aquele homem moreno esteve em sua casa junto de seu senhor, ele fazia realmente parte da comitiva.

Abriu a porta.

11

Tomohisa se recusou a crer, quando, enfim se aproximaram o suficiente para notar o alvoroço na cidade. As pessoas corriam desesperadas para apagar o incêndio. Tomohisa sentiu ódio pelo clã Kamenashi por atacar um vilarejo com civis. A imagem de Jin reprovando aquela guerra surgiu em sua mente e ela nunca antes foi tão poderosa. Ele não era de todo imune à visão romântica e idealista de seu senhor. Aquela guerra não fazia sentido algum, de fato.

Esses pensamentos duraram poucos instantes, sua personalidade prática os reprovou, assim como a sua irracionalidade. Seus sentimentos exigiam que ele fosse egoísta e se concentrasse em buscar informações sobre seu senhor. Parou o primeiro que estava mais próximo para indagar-lhe e escutou um discurso enrolado de alguém que foi pego de surpresa pelos homens de Kamenashi a cavalo e com tochas de fogo incendiando as casas e lojas. A confusão logo cegou qualquer pessoa, estavam todos tentando proteger a si próprios e esperançosos por salvar algo de seus sustentos.

Tomohisa sentiu sua aflição aumentar. E respirou fundo para controla-la. Focou sua mente ao seu redor. Notou Kimura-dono e Tanaka indagando outras pessoas. Era inútil, irritou-se. Certamente o incêndio foi numa distração. Eles não fugiriam por aquelas rotas. Eles devem ter seguido pela floresta, concluiu. Um caminho mais longo e que possivelmente deixaria rastros, mas seria igualmente lento para os homens de Akanishi os seguirem.

Ele pensava nas possibilidades, quando alguém se agarrou em sua perna. Olhou para baixo, uma mulher suja com a fuligem, assustada e tentando recuperar o fôlego balbuciava algumas palavras. Não entendeu o contexto, mas entendeu um nome.

– Akanishi Jin-sama...

12

Kimura observou a situação. Um olhar mais detalhado e ele observou que os principais pontos estavam a salvo. Talvez os civis conseguiram controlar o fogo rápido ou, então, aquele incêndio foi apenas uma distração. De todas as formas, era uma grande bagunça. Estalou a língua e em seguida percebeu a conversa entre Yamashita e uma mulher. Notou as mãos do samurai endurecerem sobre as rédeas e entendeu sua intenção.

– Tanaka. – chamou – Fique e oriente as pessoas para apagarem o fogo. Organize os prejuízos e o que precisa ser reposto com urgência. Terminado com isso, volte para o palácio.

– Akanishi-sama? – ele perguntou, confuso.

– Não conseguiremos encontrar os homens de Kamenashi. Se eles tiveram o trabalho de tirá-lo do castelo e sequestrá-lo, não vão mata-lo. Será usado como chantagem contra nosso senhor. Por hora, talvez ele esteja mais seguro com eles do que durante um confronto entre os clãs.

Dito isso, ele se preparou para seguir Yamashita que, depois de acomodar a mulher em seu cavalo, disparou por uma direção certamente orientada por ela.

– Impulsivo... – reclamou Kimura e o seguiu.

13

Tomohisa teria deixado suas esperanças retornarem, não fosse a confusão que deixou para trás e aquela porta entreaberta. Apenas cinco centímetros aberta. Mas era o suficiente para ele ter certeza.

Não havia esperanças.

Ainda assim, ele precisava confirmar. Desceu do cavalo e ajudou a pobre mulher que, de forma muito mais simples do que o samurai, talvez o instinto materno, tinha chego à mesma conclusão.

Não havia esperanças.

Entrou primeiro, a mulher aflita logo em seguida. A bagunça daquela casa confirmava suas suspeitas. Os móveis e objetos derrubados no chão era sinal evidente de luta. A mulher indicou o quarto em que tinham deixado Akanishi-sama.

Seu rosto era tranquilo e não fosse o quimono manchado de sangue e a sua garganta aberta, Tomohisa acreditaria que apenas o sono era o responsável pela sua inércia. Os cabelos negros, soltos, bagunçados pela violência contra seu corpo frágil incitou a raiva dentro do samurai. Ele apertou os punhos com força e só prestou atenção no segundo corpo quando ouviu o grito daquela mulher. E, então, finalmente Tomohisa a reconheceu.

Era a mãe de Masuda Takahisa. O melhor amigo de Tegoshi. O rapaz que estava morto ao lado de Keiko...


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