Harry Potter

– Eu não acredito nisso! – Hermione exclamou completamente frustrada para Harry. – O quê? Você tirou dez na prova de matemática? Como isso é possível? – ela arqueou uma sobrancelha em completa incredulidade.

Harry suspirou fortemente. Hermione sempre encontrava uma forma de tornar as coisas piores do que realmente eram.

– Calma Hermione, eu tinha estudado antes de... – Harry deu de ombros tentando parecer despreocupado, mas sabia que estava prestes a ouvir um longo sermão.

A morena bufou, dando um tapa no ombro de Harry.

– Eu não acredito que você alterou os resultados! – ela disse, seus olhos brilhantes de irritação.

– Eu não fiz isso! – Harry começou a falar, mas recebendo um olhar assassino da amiga, deixou os ombros caírem enquanto murmurava – Foi só uma coisinha de nada...

– Você não presta Harry! – Hermione bateu com o pé no chão. – Olha, eu poderia ficar horas te explicando o quão mal isso é e o porquê de eu achar que você tem que se importar mais com a escola, mas como eu sei que não vai fazer efeito, não vou gastar minhas cordas vocais com você – então a garota deu as costas para ele, caminhando dignamente pelos corredores atulhados de alunos da escola.

– Cordas vocais – uma voz, em um ponto um pouco atrás de onde Harry estava, falou e ele se virou para encontrar Gina com uma expressão divertida. – Acho que ela se superou desta vez.

Harry estreitou os olhos para a garota. Ainda sentia seu ego ferido pela negação em aceitar ser sua namorada, mas não estava disposto a demonstrar.

– Hey Gina – ele disse tentando deixar seu tom de voz leve e divertido. Não pareceu ter muito efeito, porque os olhos da garota brilharam e o sorriso dela aumentou.

– Oi Harry – Gina cumprimentou e deu um ultimo sorriso para ele antes de começar a caminhar na direção da saída da escola. Impulsivamente Harry a seguiu, um plano se formando em sua mente.

– Então... – ele começou a falar e percebeu que ela se sobressaltou ao ouvi-lo. – Me desculpe por aquele dia... Eu devia ter sido um pouco menos direto – Harry tentou colocar culpa em sua voz, para lhe dar mais créditos. Por sorte estava tão acostumado em atuar desculpas que pareceu convincente.

Gina encarou-o por algum tempo, como se estivesse avaliando as palavras de Harry, coisa que o deixou desconcertado.

As outras garotas provavelmente estariam derretendo-se feito manteigas às palavras dele, mas tudo o que Gina fazia era desconfiar de cada coisa que ele falava. E isso o irritou mais do que o necessário, mas ele preferiu ignorar a causa daquilo e continuou com sua expressão sofrida.

A garota pareceu acreditar nele e deu de ombros antes de voltar a caminhar.

– Tudo bem – ela respondeu suavemente enquanto ambos saiam pelos portões da escola.

– Sabe eu estava pensando... – Harry começou.

– Jura? – Gina perguntou com uma pitada de sarcasmo na voz, o que fez Harry sentir o rosto esquentar.

Ouviu sinais em seu cérebro.

O que estava acontecendo? Como assim ‘sentiu seu rosto esquentar’? Aquilo era algo completamente...

Bem, ele realmente não sabia o que aquilo era, mas tinha certeza de que era uma reação que definitivamente não combinava com ele.

Harry Potter corando. Ridículo.

Ignorou o comentário de Gina e afastou os pensamentos perturbadores da mente, focando-se na conversa que estavam tendo. E no plano que estava se forçando a concluir.

– Então, como eu disse, eu pensei se você não gostaria de sair comigo nesse sábado... – Harry pôde ver os olhos de Gina arregalarem-se e complementou antes que suas chances estivessem completamente perdidas. – Como amigos, claro. Só uma forma de eu me desculpar melhor – sorriu amigavelmente para ela.

Chocando-o completamente, Gina riu, ou melhor, gargalhou em sua cara.

– Do que você está rindo? – Harry perguntou, sentindo-se como um palhaço.

Foram necessários alguns minutos para que ela se recuperasse do surto e, ofegante, respondesse à ele.

– Desculpa – ela começou a falar, colocando uma mão em suas costelas, como se doesse pelas risadas. Aquilo aumentou a irritação de Harry. – Eu só... – ela riu novamente.

Foi preciso muito esforço da parte dele para não explodir ali. Quer dizer, estava na cara que ela estava rindo dele. E o fato de não saber o porquê o deixava revoltado.

Finalmente Gina pareceu perceber que ele não estava gostando daquilo, pois se forçou a ficar séria.

– Ah, desculpe Harry, mas não vou poder – ela falou e desta vez foi ele quem precisou de algum tempo para se recuperar.

Sim, era estupido, infantil e completamente idiota, mas ele odiava o fato de ser rejeitado. Harry sabia que toda a Ala feminina de Hogwarts teria aceitado de bom grado sair com ele, mas o fato de Gina negar era quase um crime.

Eu não devia me importar tanto – ele pensava consigo mesmo.

Ergueu o queixo, numa expressão arrogante e perguntou:

– Porque não?

Gina corou fortemente, ficando da cor de seus cabelos – o que não era pouca coisa levando em consideração que ela era uma Weasley.

– Porque eu vou sair com Cedrico... – ela falou e limpou a garganta. – sabe, o novo vizinho.

Harry sabia muito bem quem era Cedrico.

– Bem, nos vemos por ai – estava óbvio que Gina estava apenas fugindo de perto dele, mas daquela vez Harry não a seguiu.

Haviam muitas outras garotas por toda a Hogwarts, ele poderia encontrar alguma que servisse para o ‘trabalho’ sem precisar de Gina.

Com o orgulho mais ferido do que queria admitir, Harry deu as costas para a rua onde Gina se distanciava e voltou para a escola para esperar Ron e Hermione.

Luna Lovegood

– Você poderia ir meditar comigo esta tarde – ela dizia à Draco enquanto saiam da escola. – Isso ajuda muito nos estudos sabe? – comentou sonhadoramente, o que a impediu de ver a careta de Draco.

– Hum, acho que não vou poder. Minha mãe quer que eu a ajude a arrumar alguns quadros... – ele disse, ajeitando sua mochila nas costas.

Luna deu de ombros em concordância.

O tempo que passava com Draco era estranhamente calmo. Ambos davam-se bem e, por mais incrível que pudesse parecer, divertiam-se durante as sessões de estudo.

Os corredores lotados de alunos felizes por poder irem para casa, pareceram parar ao vê-los passar, juntos.

Luna normalmente não dava muita importância para aquele tipo de comportamento, mas a expressão de Draco indicava que ele não era tão confortável quanto ela.

– Apenas os ignore – ela comentou, sentindo uma pontinha de irritação ao ver que o garoto tinha os passos acelerados.

– O que? – ele perguntou, encarando-a como se a visse pela primeira vez.

– Você andando rápido desse jeito, nenhum deles vai te machucar, você sabe – Luna indicou as pessoas para dar ênfase em sua frase.

Draco acenou com a cabeça, porém seus passos não diminuíram.

Era como se ele quisesse sair da escola o mais rápido possível, se esconder em algum lugar.

E ela entendia o porque, o que trazia sentimentos estranhos para ela. Quer dizer, ela nem devia se importar muito com aquele garoto. Em todos os anos na escola tudo o que ele tinha feito havia sido zoar com ela. E mesmo naquele momento, quando ela o ajudava, ele parecia não ficar bem em sua companhia.

Luna estava acostumada com aquilo. As pessoas não gostavam de ter como amiga a filha lunática de um lunático.

Mas com Draco parecia ser diferente. Aquilo machucava e, mesmo que ela se impedisse de pensar no porquê, não aguentava mais vê-lo fazendo aquilo.

– Mas que droga – ela resmungou e caminhou até a frente dele, fazendo-o parar de andar.

Uma onda desconhecida de irritação a tomou.

Draco arregalou os olhos e franziu a testa.

– O que você está fazendo? – ele perguntou lançando olhares furtivos ao seu redor.

– Você tem vergonha de mim Malfoy? – ela perguntou diretamente, sem se importar com o fato de mais da metade da escola estar assistindo aquela cena.

O garoto parou de olhar para os lados e arqueou uma sobrancelha para ela.

– Não... Do que você está falando?

– Oh não? – a irritação desconhecida fez o tom de voz de Luna se erguer uma oitava. – Então pare de andar por ai como se eu tivesse uma doença contagiosa e não me quisesse por perto. Eu estou te ajudando porque eu quero e você precisa disso – ela falou, esperando que ele se manifestasse.

– Não, isso não tem nada a ver – ele começou a falar e olhou para os lados mais uma vez. – Será que podíamos conversar em outro lugar...?

– Não – ela respondeu irredutível.

Os olhos de Draco se estreitaram e atingiram o tom frio de sempre.

– Então nós não iremos conversar – ele falou em um tom monótono.

– Então você não vai contar mais com a minha ajuda – ela retrucou, o que o fez se surpreender.

Draco pareceu lutar com sentimentos conflituosos.

Seus olhos encaram-na por algum tempo antes de responder a ela.

– Ótimo – ele disse, passando por ela e saindo pelas portas da escola, deixando Luna sem entender o que estava acontecendo.

Porque ela havia brigado com ele mesmo?

E porque aquilo parecia tão... doloroso?

– Talvez quem precise meditar sou eu – resmungou consigo mesma antes de refazer seu caminho lentamente.