Gina Weasley

Gina piscou os olhos algumas vezes encarando Harry confusamente. Tinha certeza de que havia ouvido errado.

– É o quê? – perguntou à ele.

Harry olhou para os lados antes de repetir as palavras que ela absorveu completamente abismada:

– Eu preciso que você finja ser minha namorada – ele disse, novamente sem rodeios.

Ela ficou imóvel por algum tempo enquanto seus sentimentos entravam em conflito. Por um lado ela se sentia completamente extasiada, afinal de contas Harry Potter estava pedindo-a em namoro. E mesmo que fosse apenas fingimento ela tinha certeza de que ele nunca havia feito aquilo.

Mas, por outro lado, sentia-se revoltada. Magoada. Porque depois de tanto tempo perdendo noites sonhando com aquele imbecil, tudo o que ele lhe oferecia era um namoro de ‘mentirinha’. Harry queria usá-la e estava se dando ao trabalho de perguntar se podia.

Gina bufou indignada e ergueu uma sobrancelha para ele.

– E porque eu faria isso? – perguntou ceticamente.

Harry piscou algumas vezes, como se procurasse palavras para falar.

– Bem, huh, porque eu sou um cara legal? Porque você é minha amiga e não me deixaria na mão? – Gina negou as duas opções do garoto, sentindo-se estranhamente bem por poder negar algo que ele queria muito. Como uma vingança. Só que ele não sabia que estava levando o troco pelos anos de ignorância. – Gina, é sério, por favor, por favor! – os olhos do garoto brilharam ainda mais verdes e sua voz ficou em um tom mais sedutor.

– Sabe, eu até gosto de Shrek, mas meu personagem favorito é o burro, portanto essa sua carinha do gato de botas não funciona – ela falou, um sorriso malvado brotando em seus lábios.

– Você é má – Harry comentou enquanto cruzava os braços sobre o peito.

– Não, eu não sou – ela disse à ele, achando divertido vê-lo naquela situação. – Você que não está acostumado a ouvir ‘não’.

– Hey – Harry reclamou. – Eu não sou mimado, se é isso que está insinuando!

Gina riu incredulamente.

– É claro que você não é – revirou os olhos em ironia. – Eu nem quis dizer isso.

– Sabe, é difícil ser eu – o garoto passou as mãos pelos cabelos em um gesto completamente sexy.

Okay, talvez nem fosse realmente muito interessante o gesto em si, mas o que se podia fazer quando uma parte dos braços musculosos ficou de amostra pelas mangas da camisa com o movimento?

– Imagino que deve ser – ela comentou, o sarcasmo nas alturas. – Imagina, ter tudo o que quiser sem fazer nenhum esforço? Ter uma escola inteira babando por você? Nossa, sinceramente isso deve ser muito triste – ela deu dois tapinhas nas costas dele e levantou-se de onde estava sentada, deixando-o sozinho e boquiaberto.

Harry Potter

Quer dizer, ele NÃO era mimado. Não tinha tudo o que queria, pois naquele momento queria muito a ajuda de Gina e ela não parecia disposta a dá-la.

Disse não à ele.

Tudo bem, não era o fim do mundo, afinal existiam milhares de garotas às quais poderia pedir aquele favor. Não ia ser por causa de uma negativa de uma garota nem tão interessante assim que iria desistir. Claro que não.

Somente ficaria frustrado. Muito frustrado. E ainda mais frustrado por causa daquela voz irritante que aparecia em sua mente toda vez que sentia-se desafiado.

“Ela não quis sair com você”

E estranhamente a voz era muito parecida com a de Rony.

“Você vai deixar por isso mesmo?”

Talvez Gina não tenha aceitado por motivos pessoais. Talvez ela gostasse de outra pessoa.

“Ou talvez seja você perdendo o jeito com as mulheres”

Harry bufou. Gostaria de poder arrancar aquela voz de sua mente, mas sentia-se irritado demais com a negação da garota.

Porque ela tinha negado? Qual era o motivo?

Várias garotas adorariam receber aquela proposta e Gina simplesmente tinha negado.

Os olhos dele percorreram a grande sala de estar até que a encontraram. Ela conversava amigavelmente com Hermione. Não estava nem ligando se a situação era tão desesperadora ao ponto de fazer a loucura de arranjar uma namorada. Mesmo que fosse de mentira.

Harry passou a mão pelos cabelos – um gesto adquirido da convivência com o pai – e decidiu-se.

Então talvez Gina estivesse mesmo certa e ele não estivesse acostumado a ouvir não.

O ruim de ter Lily e James como pais, era que havia herdado o gênio explosivo e a teimosia da mãe e o orgulho do pai. O que somente contribuía para ter mais determinação de ter Gina como namorada.

Custasse o que custasse.

Hermione Granger

Seus braços doíam por carregar tantos livros.

O que mais a irritava era o fato de Rony estar ao seu lado, com as mãos livres parecendo muito bem consigo mesmo, mas nem se deu ao trabalho de oferecer-se a ajudá-la com o peso.

Bufou pela milésima vez, tentando chamar a atenção do garoto, ver se alguma parte solidaria dele acordava, mas tudo o que ele fez foi encará-la estranhamente e arquear uma sobrancelha.

– Você vai virar um rinoceronte se continuar fazendo isso – ele disse e sorriu debochadamente. – Um rinoceronte anoréxico e com cara de quem comeu e não gostou, mas ainda assim...

Hermione, completamente irritada com a falta de cavalheirismo do garoto, deixou os livros caírem sobre os pés dele.

– Au! Sua doida – ele reclamou, mexendo os pés em uma dança estranha por causa da dor enquanto encarava-a indignadamente.

– Acéfalo – ela retrucou e fuzilou-o com os olhos antes de abaixar-se em direção aos livros.

Antes que conseguisse juntá-los, porém, alguém os estendeu, todos empilhados, à ela.

Ela piscou confusa por algum tempo, até que sentiu todo o oxigênio que tinha em seus pulmões ser expelido quando viu quem segurava seus livros.

– Uau, como você consegue carregar tudo isso? – o garoto loiro, alto e muito (muito, muito) bonito arqueou uma sobrancelha com uma expressão divertida. – Não é muito peso para você? – ele sorriu para ela que continuava imóvel encarando-o. – Sou Cedrico Diggory – sorriu novamente e Hermione sentiu o rosto esquentar ao perceber que devia estar parecendo uma idiota ao ficar apenas olhando-o sem se mexer.

– Ahn, Hermione Granger – disse ela, a voz um pouco trêmula devido ao constrangimento.

– Belo nome – Cedrico disso com um meio-sorriso antes de franzir a testa. – Se quiser posso levá-los até sua sala...

– Não precisa – Rony, que havia sido completamente esquecido, interrompeu. – eu os levo – praticamente arrancou os livros das mãos do garoto e olhou para Hermione. – É melhor irmos, estamos atrasados – ele disse rispidamente e ela concordou com a cabeça, um pouco para sair dali antes que ficasse mais envergonhada.

Hermione acenou para o garoto que caminhava para a secretaria.

– Garoto idiota – Rony resmungou enquanto entravam na sala de aula. Olhou para Hermione. – Precisa de um babador?

– Vá à merda! – exclamou Hermione, puxando os livros dele e atirando-se em uma carteira qualquer.

Aquele ruivo a tirava do sério.