Harry Potter

Harry sabia que nada de bom viria daquela ‘reunião familiar’. Entretanto não havia nada que pudesse fazer para fugir, então decidiu que ficaria ali e contra argumentaria qualquer comentário de sua mãe sobre fim de casamento. Eles simplesmente não podiam se separar!

Lily e James que, segundo Sirius e Remus, era um dos casais mais improváveis do colegial e que suportaram tanta coisa depois de terem um filho ainda adolescentes.

Era óbvio que eles se amavam. Somente estavam estressados demais para perceberem. Mas Harry tinha certeza de que eles precisavam apenas de um empurrãozinho. Se Gina pelo menos aceitasse ajuda-lo...

- Harry – sua mãe começou a falar e Harry sentiu seu estomago formar um nó. E então a campainha tocou fazendo-o soltar um suspiro de alivio.

Salvo pelo gongo. Literalmente.

Harry praticamente pulou de onde estava sentado, correndo até a porta e a abrindo sem nem mesmo ver quem era antes.

- Uau, alguém parece eufórico – Sirius, padrinho de Harry, sorriu para ele passando as mãos pelos cabelos do garoto antes de entrar carregando uma pilha de pizzas nas mãos. – Estava esperando alguém? – Sirius sorriu malicioso, dando uma piscada sacana.

Harry revirou os olhos.

- Ignore ele Harry, os cachorros estão no cio esta época – Marlene, mulher de Sirius e madrinha de Harry, também passou pela porta levando uma careta de Sirius pelo comentário.

Sem dúvida o dia dele melhorou consideravelmente depois da chegada dos ‘tios’.

Marlene e Sirius eram o tipo de casal que alegravam o lugar, fazendo piadinhas de tudo o que o outro falava e discutindo sobre coisas banais. Era tudo que Harry precisava para adiar a conversa com seus pais e conseguir fugir sem que ninguém percebesse.

Assim que saiu pelo portão de sua casa suspirou resignado.

- Droga! – disse e deu um soco no muro de pedra.

E se arrependeu logo em seguida, pois sua mão conseguiu arranhões e um hematoma bastante dolorosos.

Suspirou novamente.

- Você não parece legal – Harry soltou uma exclamação que tinha certeza de que sua mãe não iria gostar de ouvir quando ouviu a voz de Gina, fazendo-o com que se assustasse.

Voltou seus olhos para ela arqueando uma sobrancelha. Percebeu que a expressão da garota também não era das melhores.

- Você também não parece legal – disse à ela, voltando a olhar para sua mão que parecia inchar mais a cada segundo.

- Digamos que eu tenho o azar equivalente à cinquenta pessoas azaradas, e pode ter certeza de que isso não é legal – a garota resmungou, fazendo com que ele voltasse a encará-la.

- Falando assim até parece que algo muito ruim aconteceu – comentou divertidamente com ela.

Gina bufou e revirou os olhos.

- Ficar pendurada por uma janela de cabeça para baixo e com as roupas intimas aparecendo é algo bastante ruim para você? – ela perguntou ironicamente e Harry ficou estático por alguns segundos antes de perceber que a garota estava mesmo falando sério e cair na gargalhada.

- Você... sério? – Harry perguntou em meio às risadas.

A garota deu um sorriso torto enquanto corava um pouco.

- Pelo menos você se divertiu – ela resmungou. – Poderia se juntar à Luna e Hermione – disse e encostou-se ao muro encarando-o logo em seguida. – O que houve? – ela perguntou de repente, corando logo em seguida. – Esqueça, não é da minha conta – deu de ombros.

Harry franziu a testa, sentindo algo estranho no estomago que não conseguiu identificar.

- Meus pais – Harry falou lentamente, sentindo a frustração voltar com força. – Eles não estão bem – comentou e olhou pela janela de sua casa, vendo os tios conversarem animadamente com seus pais. Se ao menos eles ficassem sempre assim, parecendo felizes.

Talvez fosse algo completamente infantil da parte dele, não querer que eles se separassem, afinal as pessoas faziam isso o tempo todo, mas para Harry era impossível demais imaginar os dois separados. Imaginar os dois sem se amarem.

- Eles vão mesmo separar? – Gina perguntou enquanto olhava pela janela acompanhando o olhar de Harry.

- Eles não falaram oficialmente ainda, mas eu sei que sim... – Harry suspirou. Deu de ombros logo em seguida. – Ou até eu conseguir fazer alguma coisa.

Gina encarou-o por algum tempo.

- Hum – ela abriu a boca para falar, mas foi interrompida antes que continuasse.

- Gina! – Hermione e Luna chegaram onde ambos estavam, as duas estavam ofegantes como se tivessem corrido... Ou rido muito.

- Desculpe! – Luna falou rapidamente, sem folego. – Nós não conseguimos controlar.

- Grande amigas vocês são – Gina parecia magoada. Harry prestava atenção na conversa das garotas.

- Own – Hermione começou. – Desculpe! Mas tenho certeza de que se fosse com alguma de nós duas, você teria feito a mesma coisa.

- Quer saber? Deixa para lá! Tenho mais o que fazer – Gina parecia resignada em não perdoar as amigas.

Harry achou a situação toda muito cômica, especialmente a expressão de Luna que parecia estar se contendo para não sorrir.

A ruiva deu as costas para as duas, dando um aceno de cabeça à Harry antes de atravessar a rua na direção de sua casa.

- Oh droga, isso vai demorar mais do que eu pensava – Luna resmungou e voltou seus olhos para Harry. – Olá Harry! – ela cumprimentou-o alegremente, o que o fez rir.

- Oi Luna – Harry retribuiu no mesmo tom alegre da garota.

- Hey, o que você está fazendo aqui fora? – Hermione perguntou arqueando uma sobrancelha.

- Não posso sair de casa agora? – Harry retrucou e a garota revirou os olhos.

- Você é tão querido – ela disse ironicamente.

 - É o que as garotas sempre dizem – Harry provocou fazendo-a revirar os olhos novamente.

- Idiota – ela resmungou.

- Sabe, eu adoro essa amizade de vocês – Luna disse de repente, fazendo-os encará-la confusos.

Harry convivia muito pouco com Luna, mesmo que eles fossem colegas na escola. Geralmente as pessoas não gostavam muito dela, dizendo que ela era uma lunática e doida.

Mas, estranhamente, ele simpatizou com ela quase instantaneamente.

- Como assim? – Hermione perguntou.

- Assim – Luna disse sem mais explicações.

Hermione voltou os olhos para Harry numa clara indagação, mas tudo o que o garoto pode fazer foi rir.

- Okay – Hermione bufou. Ela odiava não entender as coisas, mesmo que fossem coisas sem importância. – Acho melhor irmos falar com a Gina... De novo.

- Oh, também acho. Ela provavelmente deve estar encerrada em seu quarto ouvindo Paramore à todo volume enquanto lamenta incansavelmente não poder ir ao show – Luna comentou com um suspiro.

Um sorriso maroto brotou nos lábios de Harry.

- Como assim ‘ela não pode ir ao show’? – perguntou interessado.

Hermione encarou-o estranhamente, mas Luna o respondeu:

- Ela é apaixonada por essa banda e eles vão fazer um show daqui à duas semanas. Ela não vai poder ir, porque não tem como comprar os ingressos – deu de ombros.

O sorriso de Harry aumentou.

- Porque você quer saber disso Harry? – Hermione perguntou desconfiada.

Harry olhou para a amiga por algum tempo, antes de dar de ombros e fingir desinteresse.

- Nada – ele disse antes de dar as costas para as duas garotas e caminhar rapidamente na direção do que era seu mais novo objetivo.

Draco Malfoy

Draco não conseguia entender o porquê de estar fazendo aquilo.

O que diabos estava fazendo na casa da Lovegood? Perguntava-se a cada segundo, tentando entender o estranho impulso que o tomava.

Ainda não conseguia entender o porquê de a garota ter brigado com ele mais cedo. O que havia feito de errado afinal?

Suspirou sem achar respostas.

Finalmente, desistindo de tentar entender o que estava acontecendo com seu cérebro, tocou a campainha da casa excepcionalmente amarela.

Não conseguia entender o que levava uma pessoa a pintar a fachada de sua casa de uma cor que praticamente brilhava. Era quase como tentar olhar para o sol de tão forte.

A porta foi aberta de repente, e Draco encontrou-se encarando os olhos muito azuis de Luna que o encarava com surpresa.

- Malfoy? – ela perguntou arqueando uma sobrancelha.

As mãos do garoto começaram a suar e ele gostaria de bater com a cabeça na parede para ver se aquelas sensações estranhas e idiotas paravam de atormentá-lo.

O que diabo está acontecendo comigo? Perguntou-se enquanto tentava arranjar alguma coisa para falar à garota.

- Oi – ele disse e novamente quis se bater por falar algo tão estupido.

Aliás, porque estava tão nervoso?

- O que você quer? – ela perguntou friamente deixando-o surpreso.

Luna não parecia alguém irritável, muito menos fria. Ela geralmente estava sorrindo e não se importava com o que os outros falavam. Mas naquele momento, ela não parecia nenhum pouco com a garota que ele conhecia. Ou pensava conhecer.

- Falar com você – Draco disse finalmente, suspirando logo em seguida, sentindo-se completamente estúpido.

- Acho que já deixamos claro que não iriamos mais conversar – ela disse acidamente.

- O que aconteceu com você? – ele perguntou de repente, não entendendo a atitude da garota. – O que eu fiz?

- Eu só estou cansada de andar perto de pessoas que tem vergonha de mim – Luna suspirou. – Então, só vá embora e me deixe em paz que eu tenho que arrumar o zonzóbulo de meu pai.

- Zonzo... o que? – Draco perguntou alheio por um momento. – Deixe para lá – balançou a cabeça. – Olha, me desculpa, eu não...

- Tem vergonha de mim? – ela perguntou ironicamente. – Ah, faça-me o favor.

A garota estava fechando a porta novamente, mas por impulso ele a impediu, levando um olhar mortal em sua direção.

- Nossa, onde é que está a garota que medita e tudo o mais? – Draco ironizou sentindo-se irritado com o comportamento estranho de Luna.

- Foi pastar – Luna resmungou insistindo em tentar fechar a porta na cara do garoto.

- Será que dá para parar com isso? – Draco travou a porta com o ombro.

Luna bufou e abriu a porta novamente, encarando-o com descaso.

Os dois ficaram se encarando por algum tempo, nenhum deles cedendo, as expressões fixas.

Até que Draco começou a sentir-se desconfortável com o contato. Havia algo em seu estomago, algo que parecia borbulhar e ser frio ao mesmo tempo.

O que estava havendo?

Desviou os olhos não gostando nenhum pouco da estranha sensação.

- Me desculpe – pediu de repente, surpreendendo até a si mesmo.

Luna arqueou uma sobrancelha, parecendo tão surpresa quanto ele. Então ela sorriu, deixando toda a frieza de lado, deixando-o zonzo e sem nenhuma noção do que estava acontecendo.

- Tudo bem – ela disse docemente antes de lançar um olhar para dentro de casa. – Bem, tenho que ajudar meu pai – falou e fechou a porta logo em seguida deixando-o completamente confuso.

A sensação estranha continuava fervendo – ou seria esfriando? – no estômago de Draco enquanto ele voltava para casa e tentava entender o que estava acontecendo com ele e o porque de ter se dado o trabalho de ir até a garota para pedir desculpas.

- Talvez eu precise mesmo meditar – resmungou consigo mesmo balançando a cabeça incompreensivelmente.

Hermione Granger

Hermione fechou a porta do quarto de Gina atrás de si, depois de passar a tarde inteira junto com a amiga. Tinha em mente estudar quando chegasse em casa, mas esse pensamento foi completamente varrido quando ouviu sussurros vindos do quarto em frente ao da amiga, que ela sabia pertencer à Rony.

Franziu a testa tentando escutar melhor, porém não se ouvia nada.

A curiosidade ganhando de seu lado racional, Hermione se aproximou lentamente.

- Hermione, que coisa feia – disse à si mesma antes de abrir a porta num impulso e se arrepender completamente.

- O que... HERMIONE? – Ronald Weasley arregalou os olhos quando ela abriu a porta e o encarou completamente incrédula.

Lilá Brown, uma de suas colegas de classe estava tão enrolada no pescoço do garoto que ficava difícil de saber qual era o braço de quem.

Os dois únicos pensamentos que ocorriam na mente de Hermione eram:

1º: ela gostaria muito de arrancar a garota de perto de Rony e estraçalha-la em pedacinhos;

2º: Porque diabos ela estava tendo aquele ataque de ciúmes?

E no próximo capítulo:

“- O que você pensa que estava fazendo Draco? – a garota perguntou, levantando-se de repente.

- Eu... me desculpe! – Draco falou tentando entender o que estava acontecendo consigo mesmo.

- Você... me beijou!”

“- Ótimo, eu ajudo você! Eu vou ser sua namorada de ‘mentirinha’ – Gina bufou finalmente desistindo e... bem, não podia negar que realmente queria fazer aquilo.

-  Você está salvando minha vida! – Harry sorriu e a beijou na bochecha fazendo-a sentir-se tonta.

Idiota”

“- EU. NÃO. ACREDITO. NISSO! – Hermione falou entredentes.

- HAHA, ELE ESTÁ BRILHANDO! – Harry gargalhou tanto que parecia não haver ar em seus pulmões.”