A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 18
CAPÍTULO XVI: O Revelar dos Heróis




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No centro da cidade abandonada, em uma rua repleta de pequenos prédios com lojas, escritórios, bares e restaurantes, havia um grande e largo prédio que se destacava. Era de uma coloração escura e janelas espelhadas, parte da fachada havia desmoronado e broqueado o acesso ao estacionamento no subsolo, sobre a porta da fachada ainda se podia ver partes de uma placa, onde se poderia deduzir que as garrafais letras vermelhas diriam algo como “Grand Hôtel”. O mortífero silêncio da rua é logo perturbado quando Alan e o grupo de caçadores que o acompanhava saem às presas pela porta do hotel. Logo atrás deles saem alguns infectados, perseguindo-os, alguns saem pela mesma porta que os homens, outros saltam através das grandes janelas espelhadas do hall de entrada, despedaçando-as enquanto as atravessam. Enquanto correm, os caçadores também disparam atrás com seus rifles, acertando algumas criaturas que os perseguiam, porém mais e mais daqueles seres horrendos saiam continuamente do prédio.

 

— “Entrem em algum dos prédios e busquem abrigo!”, Wlademir instruí seus homens; ao que David corre até a loja mais próxima, que era de vestuário, e chuta as portas de vidro, quebrando-as e abrindo passagem. Ele chama seus companheiros e todos adentram ao local, se ocultando por detrás de balcões, equipamentos e/ou pilhas de mercadorias que foram abandonadas naquele local, sendo seguidos pelas criaturas.

 

Oculto atrás de um dos balcões, Hans olha cautelosamente ao redor e constata que seus companheiros estavam todos protegidos. Ele saca uma faca, a qual trazia em seu arsenal, e, estendendo a mão para cima do balcão sob o qual se ocultava, puxa uma das peças de roupa dali (que a aquela altura não passava de um trapo podre). Ele também apanha em suas coisas uma granada e, usando algumas tiras de pano, que cortara da “roupa” que pegara, a amarra no cabo da faca. Rapidamente ele observa novamente o derredor e vê algumas criaturas se aproximando da porta. Hans se levanta, puxa o pino da granada e lança a faca contra a primeira criatura que adentra a loja, a faca se enfinca nela, próximo ao ombro esquerdo, detendo-a com o impacto e lhe fazendo urrar de dor. Outros infectados continuam a adentrar a loja. A criatura atingida logo lança a mão para apanhar e retirar a faca pressa em seu ombro, porém quando estava para agarrá-la a granada detona, despedaçando-a e atingindo também as outras criaturas próximas. “Isto vai nos dar algum tempo, agora vamos, deve haver outra saída pelos fundos”, Hans murmura à seus companheiros, que passam a avançar abaixados, adentrando mais à escura loja.

 

Não tarda muito até que um outro grupo de infectados chegue aquela loja, os quais começam a adentrar o local, vasculhando por entre as antigas gôndolas, manequins e peças dos mostruários. À frente deles, andando abaixados, encobertos pela penumbra e pelos balcões do interior da loja, o grupo avança cuidadosamente, chegando à área dos caixas e se dirigindo a uma porta na qual ainda se via parte do letreiro “Entrada permitida apenas para funcionários”, a qual, pela lógica, deveria levar ao estoque da loja e a uma provável saída traseira do prédio. Enquanto caminhavam para a saída, Oshiro acaba por esbarrar em um manequim, o boneco de gesso e plástico começa a oscilar chamando a atenção de todo o grupo, Oshiro tenta segurá-lo e estabilizá-lo, porém não consegue evitar a queda. O manequim caí e a cabeça do mesmo se parte, espalhando pedaços pelo chão. O som da quebra é seguido por alguns segundos de um silêncio mortificante, até que, próximo a entrada, um dos infectados emite um urro assustador, demonstrando ter ouvido o som vindo do interior do recinto. As criaturas começam a avançar na direção do grupo. Hans se levanta e, quase que como xingando, manda todos irem para a porta enquanto dispara numa primeira criatura que se aproximava deles. Os monstros avançam rapidamente, correndo, saltando por sobre os balcões, empurrando e derrubando manequins e mostruários pelo caminho.

 

O grupo adentra a porta a qual estavam indo, no corredor a qual ela se seguia eles pegam uma pequena escadinha, de não mais do que quatro degraus, que estava largada ao chão e a qual os antigos funcionários do local deveriam utilizar para apanhar as mercadorias nas partes altas das prateleiras do estoque, e a usam para escorar a porta. Eles sentem o impacto das criaturas do outro lado da porta e ouvem seus rosnados. “Vamos, é só questão de tempo até estourarem isto!”, um deles alerta enquanto o grupo segue em disparada. Atravessando o estoque da loja, chegam ao seu final e buscam uma saída. A luminosidade quase nula do local dificulta a busca, mas auxiliados por suas lanternas, eles encontram uma grande comporta de alumínio, do tipo que se abre enrolando-a para cima, enquanto Alan, Hans, David e Wlademir pensam num modo de abri-la, Oshiro lhes chama atenção para um segunda porta, de tipo convencional próximo a lateral esquerda da comporta. “Está trancada!”, ele completa, ao que Hans toma a frente, pede uma faca emprestada (já que havia lançado a sua contra os monstros que os atacaram) e, com ela, estoura a fechadura. Quase ao mesmo tempo, se ouve o som das criaturas estourando a porta que fora broqueada pouco atrás. Após o grupo todo sair do interior do prédio e seguirem correndo pela rua a qual tiveram acesso, Hans saca outra granada, puxa seu pino e a lança rolando pelo chão para dentro da porta que acabara de atravessar, falando consigo mesmo: “Um último presentinho pra vocês, bichos feios”. Ele corre para junto de seus companheiros e, após pouco tempo avançando, eles ouvem a explosão.

 

Após certa distância, eles se reúnem para decidir o que fazer, porém já era consentido de todos o que Wlademir dizia: “Temos que sair deste lugar, com a reprodutora morta, os zangões ficarão confusos e desorientados e logo passarão a deixar seus abrigos e se espalhar por toda esta área, não será bom encontrá-los...” “Oras, então o que estamos esperando” - Hans responde rispidamente - “vamos dar o fora daqui antes que...”, porém antes dele terminar de falar, a tampa de um bueiro próximo a ele é estourada, uma criatura lança suas garras do buraco, agarrando sua perna, derrubando-o e puxando-o. O homem sente as presas da criatura se fincando em sua canela, as calças grossas amortecem bastante o ataque, mas não impedem que os dentes da criatura cheguem à sua carne. Seus companheiros rapidamente sacam suas armas e mirando no buraco estouram a cabeça do infectado, livrando Hans e o ajudando a se levantar em seguida.

“Estou bem, estou bem”, Hans informa seus companheiros antes de xingar a criatura que, morta, despencara para dentro dos túneis de esgoto novamente. Um dos Caçadores olha para dentro do bueiro, seu interior é extremamente escuro, porém não se percebia qualquer movimento, porém, ouviam-se urros e guinados reverberando de seu interior, era questão de tempo até mais daquelas criaturas saíssem daqueles túneis.

 

Embora insistisse em dizer que estava bem, Hans mancava penosamente da perna mordida, e podia-se ver sangue escorrendo do ferimento. Seus companheiros se oferecem para lhe prestarem apoio e o ajudarem a prosseguir na caminhada, embora soubessem muito bem que aquele homem orgulhoso jamais aceitaria suas ofertas de ajuda. Eles prosseguem, seguindo por algumas ruas do centro repletas do que um dia foram lojas e comércios dos mais variados tipos (além de hotéis, prédios de escritórios e apartamentos). Wlademir, como líder, andava alguns passos à frente do grupo, guiando e verificando se o caminho a frente estaria livre.

 

Após algum tempo de avanço tranquilo, ele dobra uma nova esquina, seus companheiros o seguem, porém antes deles chegarem a nova curva, seu líder retorna correndo e ordenando que eles recuassem. Não demora muito até que percebam o motivo, o aterrador som das malditas criaturas se aproximando é prontamente ouvido. Todos correm e não demora muito até que a esquina seja cruzada por, pelo menos, algumas dezenas de infectados. Enquanto corriam, os Caçadores disparavam seus rifles para trás, meio que a esmo, porém como as criaturas os perseguiam em um bom numero e de forma compulsória e desorganizada, algumas delas eram atingidas e caiam, mas geralmente voltavam a se levantar, mesmo que muitas delas fossem pisoteadas por seus semelhantes. Logo, Wlademir percebe que Hans, com a perna ferida, estava ficando para trás. Também percebe que, continuando naquele ritmo, o perderiam. Ele olha para o lado e vê a sua frente um pequeno prédio, na verdade uma casa de estilo antigo, com uns três andares, ele corre até o sobrado e arromba a porta dupla de madeira que a fechava, chamando seus companheiros para o local. Ao entrarem em tal local (que outrora fora um escritório de advogacia), eles se veem em uma sala de recepção. A porta é fechada velozmente, e os homens usam cadeiras, bancos e até a escrivaninha que um dia teria sido usada por uma secretária ou atendente, para tentar travá-la. Não demora muito para eles sentirem as criaturas batendo contra a porta. Para sorte deles as janelas da casa, embora de madeira que rapidamente fora estourada pelas criaturas, eram protegidas também por grades de metal, que resistiam um pouco melhor à investidas de tais seres. Enfurecido, David disparava com seu rifle contra algumas criaturas que ficavam visíveis a medida que estouravam a madeira das janelas e ficavam detidas pelas grades de ferro.

A porta começara a ceder. Hans estava sentado no chão, de frente para a ela, do outro lado da sala. Oshiro rasgara a perna de sua calça e buscava fazer um curativo que permitisse ao companheiro continuar avançando. O líder do grupo logo percebe que a porta e a barrera que haviam improvisado não tardaria em ser rompida. Ele vai até Hans e tenta ajudá-lo a se levantar dizendo: “Vamos temos que sair daqui”, porém o homem assentado no chão o empurra e diz: “Para com isso, Wlademir, vocês poderiam ter escapado, acha que não percebi que você só entrou aqui por que eu tava ficando para trás e ia...! Mas com isso você me condenou de vez... Agora a saída pra vocês vai ser avançar para os fundos, pular o muro do quintal e seguir até atingir a próxima rua... E eu não vou conseguir pular...” Wlademir, percebendo o que Hans estava querendo dizer, insiste: “Não vou deixar ninguém para trás!” Ao que Hans começa a rir e responde arrogantemente: “Me deixar para trás?! Hã, você não está me deixando para trás! Eu que tô ficando pra salvar o seu cú fedorento! Estas criaturas do inferno vão estourar esta porta podre e alcançar vocês, eu vou segurá-las um pouco mais e lhes dar tempo de morrer em outra ocasião...” Após forçar mais uma risada sarcástica, ele grita com os companheiros: “Agora vão!” Vendo que não haveria como negociar com seu companheiro, Wlademir aceita e comanda o avanço do grupo. Enquanto deixavam o local, Hans, sentado no chão e engatilhando seu rifle, lhes dirige a palavra com um sorriso: “Hey, foi bom caçar com vocês...” Seus companheiros lhe acenam com a cabeça e se despedem.

 

O grupo avança pela casa, calados, chegam a porta dos fundos, a estouram e saem. Na recepção, Hans empunha a arma e dispara contra a porta, as balas atravessam a madeira envelhecida, abatendo algumas criaturas que a estavam estourando. Porém, mais e mais destas pestes se amontoavam contra o prédio. Após terminar o pente da arma, o homem a lança de lado e apanha em sua mochila duas cintas com diversas granadas. Em ambas as cintas todos os rastilhos das granadas estavam atravessados por um barbante, de forma que, ao puxá-lo, todas seriam despinadas e soltas da cinta. O grupo chega aos fundos da residência, que era bem estreito e possuía apenas um velho tanque de pedra e alguns entulhos, eles se auxiliam para pular o muro que a separava de outra residência. Chegando ao outro quintal, seguem por aquela residência, buscando atingir a rua do outro lado do quarteirão.

Na sala de recepção, as primeiras criaturas conseguem atravessar a porta. Ao vê-las, Hans lhes grita: “Querem um pedaço de mim!? Então venham pegar desgraçados!” Enquanto gritava, ele puxa os barbantes das cintas que segurava, despinando as granadas e soltando-as. As granadas rolam pelo chão, se espalhando pela sala em diversas direções. Diversas criaturas entram e avançam impetuosamente contra o homem. O grupo atinge a rua do outro lado do quarteirão e ouvem uma sequência de explosões, as múltiplas granadas estourando desabam parte da fachada do sobrado e iniciam um incêndio, uma coluna fumaça negra começa a ascender, os membros restantes do grupo de Caçadores observam-na, e um silêncio de comoção os toma por alguns instantes.


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