A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 13
CAPÍTULO XI: A visão dos novos arcontes




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Nos subterrâneos, Alan e os Caçadores exploram a antiga estação de metrô a qual chegaram. A única iluminação de que dispunham eram as lanternas acopladas nos canos dos rifles, enquanto que Alan explorava munido de uma lanterna de mão, um dos equipamentos que carregava consigo em sua mochila. A estação estava em ruínas. Lixo, tralhas diversas e partes desmoronadas se viam espalhadas por todos os lados. Alan retornara das escadarias, que havia começado a subir, informando: “Está tudo desmoronado... não há como sairmos por alí...” Ao mesmo tempo, Oshiro e David chegam, vindos de explorar a continuidade do túnel por onde seguiam os trilhos, dizendo: “O túnel principal também desabou, não tem como prosseguirmos por ele... mas acho que encontramos algo...”

O grupo os segue até uma grande massa de rochas e entulho que broqueava a passagem, porém, próximo a este bloqueio, havia um túnel menor, na verdade, um simples buraco. “Ao que parece, foi escavado por um arthroverme, e dos grandes.” Oshiro informa ao demais, enquanto estes analisam a passagem que, embora fosse bem larga, faltava alguns centímetros para permitir que um homem caminhasse em pé em seu interior. O buraco também se via profundo, sendo que não se percebia sua desembocadura. Rapidamente o grupo inicia uma discussão:

“Pensei que não haviam arthrovermes nas cidades.”

“Ouvi dizer que apenas os maiores conseguem escavar no solo duro destes locais.”

“É, e se o encontrarmos...”

“Não creio, o túnel parece ser bem antigo...”

“Acho que não temos escolha, não há outro caminho a partir daqui e perderemos muito tempo, se voltarmos atrás para procurar.”

“Perderemos ainda mais tempo se entrarmos nele e tivermos que voltar simplesmente porque ele acaba e não dá em lugar algum.”

Quando a discussão começava a se acalorar, Wlademir toma a palavra e diz a todos, em tom imperativo: “Se há algo que não podemos fazer é perder tempo! Chegamos até aqui e se este é o único caminho que temos a seguir, é por ele que iremos.” “Ah, sim, senhor!”, Hans satiriza a atitude de seu líder, o qual lhe encara, questionando: “Tem mais alguma coisa a dizer, Hans?”, ao que este baixa a cabeça e, percebendo a seriedade de Wlademir, desconversa: “Bem, se não podemos perder tempo, por que ainda estamos parados aqui...” Após decidido, os cinco adentram cautelosamente ao túnel e seguem caminhando. Após vários metros de difícil caminhada, o medidor que Oshiro carregava dispara, emitindo estalos de forma constante. “O medidor enlouqueceu!”, o homem comenta com os demais. “Devemos estar próximos.”, Wlademir comenta, acelerando um pouco o passo. Os demais o seguem. Após algum tempo, e uma subida bem íngreme, eles chegam ao final do túnel, o qual desembocava numa área ampla. Ao que parecia, seria o subsolo de algum prédio ou conjunto de prédios, donde se podia escutar ao fundo a chuva torrencial que caia do lado de fora. O ambiente era muito escuro, porém podia-se perceber que, mais a frente de onde eles se encontravam, o local estava repleto de infectados. O grupo se abriga atrás de um monte de entulho, que parecia ser parte do teto desmoronado, e apagam suas lanternas para evitar chamarem atenção. Eles sussurram entre si, enquanto Oshiro apanha algum equipamento da bolsa que carregava e distribui aos demais.

“Óculos de visão noturna?!”, Alan comenta com Wlademir, ao que este lhe responde: “É, quando saímos para caçar, buscamos nos equipar o melhor possível... Não tenho certeza de quanto tempo as baterias vão aguentar, por isso os guardei até agora.” Depois ele se volta para Oshiro e lhe ordena: “O rifle do Johnsons, entregue para o nosso amigo aqui," - se referindo a Alan, - "creio que ele não vai se importar em emprestá-lo.” Oshiro apanha o rifle, juntamente com alguns pentes de munição e os entrega a Alan. Ao receber a arma, Alan ouve o comentário de Hans: “Sabe usar um desses? É bem diferente de sua espingarda velha...”, ao que ele responde, enquanto carrega a arma: “É um AK-101, calibre 5,56, carregador para 30 munições, até 600 disparos por minuto e com um alcance efetivo de cerca de 400 metros...”, diante da resposta Hans se limita a comentar, quase num murmuro: “É parece que você entende mesmo de armas...”. A equipe passa a se equipar, ao que Alan, ao ver Oshiro equipando sua arma, lhe questiona: “Silenciador?”, ao que lhe é respondido com bom humor: “É, não gosto de barulho...”, enquanto ele ainda falava, Hans, após acoplar um lança-granadas ao cano de seu rifle, lhe pede: “Oshiro, me passe as saltadoras.”, “saltadoras?!”, Alan questiona, ao que Oshiro lhe mostra as granadas em resposta: “VOG-25P.”

Após se prepararem, Wlademir lhes instruí: “Alan virá comigo, creio que possamos subir nestes montes de entulho para ter melhor visão, vocês três nos dão cobertura e quanto eu der o sinal armem uma distração.” Os dois escalam o monte de entulho, e se posicionam em seu topo, ocultados por uma grande viga, caída em posição diagonal sobre os demais escombros. Daquele local, e com o equipamento de visão noturna, os dois tem uma boa visão dos infectados e percebem que alguns deles traziam corpos de pessoas não infectadas e os colocavam lado a lado diante de uma grande abertura na parede. “Você parece ter um certo conhecimento sobre essas criaturas, meu amigo. Mas me diga, você já viu uma reprodutora?”, Wlademir questiona a Alan, o qual apenas lhe vira o olhar demonstrando curiosidade, ao que o caçador completa: “Ao que tudo indica você verá uma hoje... é como uma rainha deles...”

De fato, não demora muito até que algo pareça se aproximar dos corpos trazidos pelos infectados, vindo da abertura na parede. Pouco a pouco a criatura se revela. Era grotesca, lembrava vagamente um ser humano, porém com um porte e musculatura descomunais. Com braços anormalmente longos e fortes, os quais usava para arrastar o massivo corpo, apoiando-se sobre as falanges das mãos. O rosto era ressequido, os olhos, sem pálpebras, pareciam cobertos por uma espécie de membrana semitransparente, e não possuía nariz, tendo a fossa nasal a mostra, as mandíbulas eram desprorpocionalmente grandes e alongadas, dando um grande grau de abertura para a boca. De sua cabeça saiam cabelos desgrenhados de coloração cinza esbranquiçada, como se fossem uma fonte, que caiam como uma cachoeira sobre seus ombros, costas e busto. Na região do tórax podia se perceber, ainda que parcialmente cobertos pelos cabelos, a musculatura do que um dia teriam sido os seios de uma mulher. A partir de seu abdômen, extremamente dilatado, e cobrindo também as partes da bacia e pernas, existia apenas uma grande massa anômala, que lembrava alguma espécie de saco. Lenta e penosamente a criatura se arrasta até os corpos dispostos a sua frente, enquanto os demais infectados mantinham uma certa distancia. Enquanto a reprodutora se aproximava dos corpos, podia-se perceber que estes não estavam mortos, mas "apenas" seriamente debilitados, sendo que em alguns ainda se podia notar a respiração e até mesmo mínimos movimentos, como se agonizassem. Quando a criatura se achegou de frente a um dos corpos, ela se inclinou e aproximou seu rosto ao do moribundo, abriu a grande boca e deixou sua longa e grossa língua despencar para fora, junto com uma boa dose de uma saliva viscosa. O órgão serpenteou um pouco em torno da cabeça do moribundo a sua frente, até achar o caminho de sua boca, na qual adentrou bruscamente, de forma que chegara a deslocar a mandíbula da vitima.

“É agora a nossa chance...”, Wlademir comenta consigo mesmo antes de dar o sinal para seus companheiros iniciarem o ataque. Hans rapidamente toma a dianteira e dispara um granada, ela cruza o ar rapidamente na direção dos infectados e atinge o chão próximo a eles, uma pequena detonação no casco da granada chama a atenção das criaturas próximas e a ergue a cerca de um metro e meio do chão antes de detonar a sua carga explosiva e atingir as criaturas, derrubando-as. Seguindo o companheiro, Oshiro e David começam a disparar seus rifles, atraindo a atenção das criaturas para eles. Encima do monte de escombros, Wlademir encaixa uma mira telescópica em seu rifle, ao que Alan lhe comenta: “Uma mira com infravermelho?! Bom, só é uma pena que precisão não seja um dos muitos bons atributos dos Kalashnikov's...”, porém, enquanto ele ainda falava, o líder Caçador mira e dispara, acertando precisamente na cabeça de uma dos infectados que estava a boa distancia deles. Vendo a surpresa de Alan diante da cena ele comenta: “Pobre do trabalhador que não honra as ferramentas que tem.”

Os três outros Caçadores disparavam continuamente contra as criaturas. A reprodutora percebe o ataque, rapidamente ela retira a língua do interior de sua vítima, a língua serpenteia um pouco fora da boca da grotesca criatura, enquanto é recolhida, ao mesmo tempo que lhe escorre um líquido viscoso de uma coloração amarela-esbranquiçada translucida. Após recolher a língua, ela começa a se arrastar de volta a abertura. Ao perceber tal movimento, Wlademir grita a Alan: “A reprodutora, concentre o fogo nela!” Os dois passam a concentrar seus tiros nela. A criatura é atingida muitas vezes, emite urros de dor e até chega a se desequilibrar algumas vezes, mas prossegue com seu lento deslocamento. “Estamos muito longe, as balas não estão fazendo efeito! Temos que se aproximar mais...”, Wlademir conclui. Os dois descem do monte de escombros e passam a seguir na direção da reprodutora, abrindo caminho por entre os infectados que se punham em seu caminho. Percebendo a movimentação dos dois, David informa a seus companheiros: “Wlademir está se movimento, eles vão atacar a reprodutora! vamos, temos que lhes proporcionar fogo de cobertura!” Os três então seguem na direção de seus companheiros, abatendo os infectados das proximidades. Abrindo caminho com balas, Alan e Wlademir chegam até a reprodutora, a qual já se aproximara do buraco pelo qual havia chegado ao local e ao que parecia tentava se abrigar. Wlademir troca o pente de sua arma e começa a disparar, Alan o segue, enquanto os outros três lhes davam cobertura, eliminando os últimos infectados que permaneciam próximos, impedindo que estes se aproximassem dos dois. Rajadas atingiam a colossal criatura, porém os projéteis dos rifles não lhe pareciam ferir com gravidade. Percebendo isso, Alan, após descarregar mais um pente na criatura, solta o rifle ao chão e grita a Wlademir: “Mantenha-a ocupada! Tive uma ideia!”, este recarrega sua arma e passa a disparar contra a criatura, que é atraída à direção do líder dos Caçadores pelo seu ataque.

Correndo, Alan contorna a criatura e começa a se aproximar dela por trás, enquanto apanha sua espingarda, a qual se mantinha em suas costas, pressa por uma correia, e a engatilha. Alan dispara, a criatura sente o impacto mais forte em suas costas e se volta para seu atacante. Alan engatilha e dispara novamente, acertando a criatura próxima ao ombro direito, a qual estende o braço contra ele. Alan se mantêm concentrado, engatilha a ama, e quando a monstruosa mão se aproximava dele, efetua outro disparo, acertando o antebraço da criatura, espirra-se sangue, e a criatura contraí o braço em dor. Um quarto disparo acerta novamente a criatura, a qual se desequilibra e se inclina um pouco para a frente, em um urro de dor. Alan aproveita a chance, em um salto, consegue introduzir o cano da arma na boca do monstro e dispara. O retrocesso da arma o lança de volta ao chão, enquanto o tiro estoura a nuca da criatura, abatendo-a e lhe fazendo despencar por sobre ele.

Após terminar com os últimos infectados do local, o grupo de Caçadores se aproxima do cadáver da reprodutora e, com considerável esforço, o erguem, liberando Alan de debaixo dela. “Bom trabalho, amigo.”, Wlademir lhe parabeniza, enquanto ele, ainda um pouco desnorteado por ter ficado debaixo da fétida criatura, responde comicamente, enquanto tenta se limpar um pouco: “Esta é de longe a experiência mais grotesca que já tive na vida...” O grupo descansa um pouco e retoma o fôlego. Após isto, eles seguem até o túnel de onde a reprodutora surgiria e o exploram. Acabam por encontrar uma passagem que lhes conduziria até o saguão de um prédio e dali de volta ao nível das ruas da cidade.


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