Awake And Alive escrita por Dean Winchester LC


Capítulo 8
Capítulo 8: Another Day


Notas iniciais do capítulo

Então, meus queridos, desculpa pela demora! >.
Éééé, Lia, eu tava demorando demais pra revelar o passado deles, perdoa-me por isso também? (ou pelo menos pensa no assunto com carinho? >.<)
Créditos desse capítulo à minha Nee brilhante! *-* (e à Lia-san também, porque o capítulo foi praticamente inteiro escrito pela minha nee, e ela disse que você foi a inspiração dela xD)
Eu e a nee dedicamos esse capítulo à todos os leitores, e, mais uma vez, desculpem pela demora! >.



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Castiel ergueu os olhos para o céu, angustiado. Pela primeira vez em muito tempo ele deixou-se tomar pelas emoções, e sua máscara era uma expressão de pura dor. Ele não se permitia chorar — não, ainda não —, mas, vez ou outra, algumas preces escapavam-lhe dos lábios; implorando por algo que nem mesmo ele sabia o que era. Internamente, tentava se convencer de que não havia motivo para sua atitude “boba”.

E — embora soubesse que não deveria — pela primeira vez permitiu-se pensar em certo louro. Em certo Winchester que — há quatro anos — conquistara seu coração, e que até hoje o tinha; embora não soubesse.

Dean... ‒ assim que o sussurro escapou de seus lábios, os olhos azuis do Novak ficaram marejados.

Como desejava estar ao lado do outro naquele momento! Era um desejo insano, irracional; cruel até. Depois de tudo... De todas as mentiras que havia dito, como tinha sequer a ousadia em pensar que poderia permanecer ao lado do louro de alguma forma? Como sequer desejava poder tocá-lo, acariciá-lo, e sussurrar infinitas vezes “Eu te amo” ao pé de seu ouvido? O havia magoado tanto! De maneiras que sequer julgava serem possíveis algum dia.

Ah, que droga, se você ao menos soubesse o que eu... ‒ Castiel calou-se repentinamente, trêmulo.

Se Dean soubesse a verdade, poderia odiá-lo. E por mais que quisesse que o Winchester mantivesse uma distância segura, isso era algo que não suportaria. O moreno poderia agüentar tudo — tudo — menos o ódio do louro.

Uma por uma, grossas lágrimas começaram a rolar pelo rosto do Novak, que não tentou contê-las. Se pudesse voltar atrás — quatro anos, para ser mais exato — faria tudo diferente. Se não houvesse sido tão infantil, tão bobo... Tão covarde, poderia estar com o Winchester que amava naquele momento.

E não fingindo namorar uma garota, com um rapaz tachado de “amigo”, enquanto via seus antigos irmãos tentando consolar Dean de alguma forma, sem nem mesmo saber o que tanto o afligia. Mas Castiel sabia. Ele sabia — ele conseguia enxergar através da máscara do louro — o quanto o Winchester estava destruído por dentro. Sabia que apenas uma coisa mantinha o outro vivo — se é que aquilo podia ser considerado “viver” —: Sammy. E também compreendia que apenas o garoto era o motivo pelo qual Dean não deixava tudo para trás. Tudo.

E o Novak também sabia que o motivo de tanto sofrimento era ele.

Você prometeu, seu idiota. ‒ ele lembrou a si mesmo em meio aos soluços que irrompiam de seu peito. ‒ Prometeu que nunca o abandonaria... VOCÊ PROMETEU!

Talvez gritar — colocar pra fora tudo o que sentia — fizesse com que ele se sentisse melhor. Não menos culpado, mas melhor. Aquilo também o estava destruindo por dentro. Pouco a pouco, mas era como se a cada momento as emoções conflitantes o estivessem dilacerando. E Castiel sabia que se guardasse tudo aquilo para si mesmo, acabaria enlouquecendo... E preferia enlouquecer a dizer tudo que há muito guardava em si mesmo. Sabia que as reações das pessoas seriam piores do que esperava; sempre eram.

Caindo de joelhos na grama macia da parte mais afastada do parque, o Novak agarrou seus cabelos, permitindo-se chorar sem controle algum.

Estava lembrando. Apenas lembrando de um passado distante que nunca retornaria... Da única época de sua vida em que foi realmente feliz...

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Ei, Cas, você disse que queria falar comigo, então... O que foi?

O Novak virou-se, ligeiramente nervoso, para encarar Dean, que parecia curioso. Não sabia o que dizer, muito menos como agir. O Winchester era seu melhor amigo. Qual seria sua reação se... Sacudindo a cabeça, Castiel tentou evitar aquele tipo de pensamento. Era melhor agir. Aquilo provavelmente compensaria a expressão de surpresa — e possivelmente repulsa — que Dean lhe dirigiria depois.

Hm... Feche os olhos, Dean. ‒ pediu num murmúrio.

O louro olhou para ele cruzando os braços, emburrado, enquanto fazia um beicinho infantil. Deus, se ele soubesse que tipo de reação aquilo provocava em Castiel, nunca teria feito aquela expressão tão fofa!

Por quê? ‒ indagou, teimoso.

O Novak hesitou, e então sorriu, um pouco mais calmo.

Faz parte da surpresa, Dean. Feche os olhos, por favor.

Agora o Winchester contribuiu sem fazer perguntas. Parecia ansioso e curioso. Castiel sorriu, se perguntando se não era maldade o que estava fazendo com o loirinho; deixando-o tão aflito para saber qual seria a “surpresa” que ele lhe daria em seu aniversário. Mas pensar naquilo fez com que o sorriso morresse novamente em seu rosto. E o moreno sentiu-se disposto a desistir.

Cas? ‒ Dean chamou, nervoso com a demora.

Hesitante, o Novak caminhou até o Winchester, roçando as pontas dos dedos nas sardas que o louro possuía. Sua pele era macia.

Fique de olhos fechados, Dean. ‒ Castiel pediu num sussurro, e, sem esperar por uma resposta, selou seus lábios

A sensação foi melhor do que esperava. Na verdade, foi muito melhor do que o moreno esperava. E — apenas para deixá-lo mais perplexo com tamanha intensidade de sentimento — Dean não se afastou durante nem um único momento.

Seus lábios eram macios; carnudos. Eram quentes, e Castiel — desejando mais contato — entrelaçou os dedos nos fios louros do Winchester, que permanecia imóvel.

Quando se separaram — mais por falta de ar do que de vontade — o Novak permaneceu com a testa colada à de Dean, os olhos fechados pelo medo de ver a reação do louro.

Alguns minutos depois, porém, o silêncio do Winchester começou a perturbá-lo.

Dean? ‒ chamou baixinho. ‒ Eu... Me desculpe, eu não deveria...

Sentiu o dedo indicador de Dean sendo depositado em seus lábios; num mudo pedido de silêncio. Mesmo hesitante, o garoto se calou, esperando pelas acusações.

A pergunta que veio, porém, o surpreendeu.

Você me ama?

Eu... O quê? ‒ Castiel gaguejou, inseguro.

Você me ama? ‒ Dean repetiu num sussurro rouco.

O Novak abriu os olhos — dessa vez, era ele o curioso —, para encarar o Winchester; perguntando-se mentalmente se aquilo era uma brincadeira. Seu rosto tornou-se levemente rubro ao perceber as orbes verdes que o encaravam tão seriamente. Dean parecia avaliá-lo, como se tentasse ver se escondia algo.

Amo. ‒ as palavras escaparam antes que pudesse contê-las. Castiel estava incapacitado de desviar o olhar. ‒ Amo mais do que tudo que já cheguei a gostar alguma vez durante toda minha vida. Dean... Você é minha obsessão.

Contrariando tudo que o moreno esperava, o Winchester sorriu, e seus olhos se fecharam novamente, enquanto — delicadamente — o louro envolvia a cintura do Novak com os braços.

Você também é minha obsessão Cas.

E o beijo que se seguiu foi testemunhado apenas pelas estrelas da escura noite. Não importava a nenhum dos rapazes a festa que acontecia na casa do Winchester. Não importava que pudessem estar preocupados com o repentino desaparecimento do aniversariante e seu melhor amigo.

Eles estavam juntos.

E, por algum tempo, isso foi tudo que bastou.

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I know you're going away

Eu sei que você está indo embora

I take my love into another day

Eu carrego meu amor outro dia

Here in my thoughts you're with me

Em meus pensamentos você está comigo

Fell in love with your ways

Eu me apaixonei pelo seu jeito

Por Deus, como podia errar tanto com uma pessoa? Como poderia ter errado tanto com Dean? Justo o Winchester, que não merecia aquele sofrimento todo! Castiel nunca admitira ao louro que o abandonara por uma falha; um erro impagável que arruinara sua vida e a vida de quem amava.

E agora estava ali, sozinho. Fadado a esconder aquilo consigo mesmo por medo. Por covardia.

Dean provavelmente já não o amava mais. Afinal, ele havia pedido para que o Winchester o esquecesse, não? Ele deveria colocar aquilo em sua lista de prioridades.

Uma pessoa normal não se acusaria tanto, mas o Novak já não gostava de pensar que se classificava naquela “categoria” de humano. Se sentia desprezível. Alguém a ser ignorado, e não o contrário.

Como pudera ser tão idiota a ponto de perder quem amava por medo?

Medo de ser rejeitado. Medo de que o olhassem com repulsa, ou talvez até nojo. Medo de que pensassem mal sobre ele e Dean.

Medo de encarar a reação das pessoas.

O amor do louro — algo que achava não merecer — não deveria ter sido o suficiente para que Castiel superasse sua insegurança infantil e enfrentasse a todos para ir atrás de sua felicidade?

O fato de que cada sonho que tinha era voltado para o rapaz?

De que... Mesmo inconscientemente, Dean nunca abandonava seus pensamentos?

De que acabava comparando todos ao Winchester, em cada pequeno detalhe?

Isso... Isso não se devia ao fato de amá-lo?

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Eu te amo, Cas. ‒ Dean sussurrou baixinho em meio aos beijos.

Eu te amo, Dean! ‒ Castiel respondeu no mesmo tom.

Seus dedos passeavam pelas costas do louro, arrancando suspiros do mesmo. Estavam numa sala deserta no meio do intervalo, e — de certa forma — aquilo era perigoso, mas a perspectiva do proibido era atraente demais para os dois rapazes.

O Winchester entrelaçou os dedos nos fios de cabelo do moreno, puxando seu rosto mais para perto, aprofundando o beijo. Deus, como Castiel o amava! Era impossível dizer o que sentia em relação à Dean com palavras. Ainda não haviam criado nada forte o suficiente para fazê-lo.

Dean? Castiel? ‒ uma batida na porta da sala os sobressaltou, e Novak e Winchester se separaram de olhos arregalados. ‒ Vocês estão aí?

Castiel olhou para Dean, preocupado, e percebeu sua expressão refletida na face do mesmo, mas ela se alterou assim que o louro virou-se para o Novak e viu como ele parecia envergonhado e assustado com a situação. Não conseguiu se conter e soltou uma gargalhada, enquanto o moreno corava consideravelmente.

Pode entrar Adam. ‒ o Winchester piscou para Castiel antes de arrumar suas vestes.

O outro garoto louro abriu a porta com leve hesitação, olhando-os de forma um tanto quanto desconfiada. Mas a expressão logo desapareceu quando ele pareceu pensar em algo. Provavelmente no fato de Dean e Castiel manterem as aparências de “melhores amigos” e só se encontrarem às escondidas. Mas é claro que ele não sabia disso.

E aquilo fez com que os rapazes trocassem olhares cúmplices que passaram despercebidos pelo Milligan.

Ei, Cas, você pode me ajudar com aquela tarefa espinhosa de cálculo? Não sou muito bom com números, então...

Claro que sim, Adam. ‒ o Novak o interrompeu, tentando conter o nervosismo. ‒ Você quer fazer agora ou...?

De preferência agora. ‒ Adam encolheu os ombros. ‒ Assim fico livre mais tarde, e você também.

Castiel concordou, e, em pensamento, completou a frase do Milligan: e assim pode ter mais tempo com o Dean. O Winchester pareceu notar o pensamento que estava na cabeça do moreno, e riu.

Vai lá então, Cas. ‒ ele incentivou, piscando. ‒ A gente conversa mais tarde.

E o Winchester se afastou, dando um “tchau” com a mão, enquanto o moreno encarava suas costas; o coração disparado.

Deus, como podia amar cada vez mais o louro? A cada dia que se passava, seu fascínio parecia apenas aumentar!

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I know you are going away

Eu sei que você está indo embora

Leaves my heart into a daze

Conduzindo meu coração a um atordoamento

I know you are going away

Eu sei que você está indo embora

Leaves a void in my heart and soul

Deixando um vazio em meu coração e alma

Castiel encostou o rosto na terra fria e úmida. Ele havia perdido Dean por uma bobagem. Por um medo infantil que nunca deveria ter existido. E agora estava ali, se amaldiçoando por ser tão idiota. Por ser tão... Fraco.

Mas se não houvesse cometido tantos erros, o louro ainda estaria consigo. Ainda estaria consigo. Ele tiraria toda aquela dor de seu coração.

Dean iria curá-lo de si mesmo.

Mas ele o havia afastado. Ele havia feito com que o garoto fosse embora, e acabara por se sentir ainda pior depois daquilo.

Dean levara seu coração, e nunca mais iria devolvê-lo.

Mas Castiel também não o queria sem o Winchester.

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Acalme-se, Dean! ‒ o Novak pediu, um pouco emburrado.

Como você me pede pra ficar calmo, Cas? Aquele idiota estava debochando de você! ‒ O Winchester bradou, furioso.

Não tem problema. Eu não me importo.

Castiel se arrependeu das palavras assim que elas lhe escaparam. No exato instante em que terminou de dizê-las, Dean virou-se para ele; a expressão séria. Os olhos verdes do louro pareciam haver escurecido após a quase briga que ele tivera. O Winchester segurou seu rosto entre as mãos; com delicadeza, mas obrigando o Novak a encará-lo diretamente.

Nunca mais diga isso. ‒ ele exigiu num tom de voz baixo. ‒ Nunca mais, Cas. Enquanto eu estiver aqui, ninguém nunca vai poder brincar com você, brincar com seus sentimentos. Eu sempre vou protegê-lo, Cas. Sempre. Isso é uma promessa.

E sem esperar por uma resposta, Dean tomou os lábios de Castiel num beijo carinhoso, envolvendo sua cintura com os braços.

Vamos ficar juntos. ‒ o moreno sussurrou quando interromperam o beijo por falta de ar. ‒ Pra sempre.

Não prometa algo que não pode cumprir. ‒ o louro brincou. ‒ Você pode se cansar de mim antes.

Dessa vez, foi Castiel quem o encarou, os olhos sinceros.

Eu vou estar sempre ao seu lado, Dean, eu prometo!

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Wherever you are, whatever you do

Onde quer que você esteja, o que quer que você faça

I feel the world surrounding you

Eu sinto as paredes cercando você

Ele sabia que aquela promessa havia ferido o primogênito Winchester após ser quebrada. Ele via a hesitação nos olhos do outro sempre que se aproximavam. Era como se o louro estivesse lutando internamente consigo mesmo para não dizer nada sobre os anos anteriores.

Castiel sabia que aquilo o estava destruindo por dentro. Principalmente o fato de Dean ser o único para o qual ele exigia ser chamado de “Castiel” e não de “Cas”.

Mas o louro sempre cometia algum deslize, e aquilo lhe trazia lembranças dolorosas.

O Novak acabava por sempre comparar o passado com o presente, e se culpar ainda mais pelo que estava acontecendo. Afinal, de certa forma, se não fosse por ele, nada daquilo estaria acontecendo... Certo?

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Mas será que eles vão aceitar? ‒ Castiel indagou, nervoso.

Há alguns minutos Dean havia lhe proposto a idéia de contarem aos pais sobre o relacionamento. O Novak até acreditava que John poderia aceitar o namoro, mas seu pai... Bom, aí a coisa mudava de figura. O moreno nunca havia comentado nada sobre nada, e tinha medo da reação da família.

Ele não queria ser rejeitado.

É claro que vão, Cas. ‒ Dean discordou, fazendo uma careta. ‒ Olha, de um jeito ou de outro, ele é seu pai, não é? Quero dizer... É isso que os pais fazem. Eles podem não concordar, e no começo podem até serem contra, mas... De uma forma ou de outra, eles têm que apoiar a decisão dos filhos, não é? E outra: seu pai é legal demais para ser preconceituoso.

Mas...

Nada de “mas”. ‒ o louro depositou um dedo nos lábios do moreno, e o encarou. ‒ Se você não quiser, eu entendo; é que eu não queria mais ter que ficar fugindo, Cas. Com medo de sermos pegos por alguém, escondendo nossa relação. Eu quero poder segurar sua mão, te beijar em público. Ninguém vai poder fazer nada pra impedir isso se nossos pais aceitarem.

Eu... Eu sei, Dean, mas...

Esqueça isso por um momento, certo? ‒ o Winchester pediu, sorrindo. ‒ Mas me prometa que vai pensar no assunto com carinho.

Castiel deu um sorriso inseguro, ligeiramente nervoso. Mas a segurança e a autoconfiança de Dean lhe traziam um calor no peito; um aconchego. A auto-estima necessária para que ele conseguisse dizer com firmeza:

Eu prometo, Dean.

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Wherever you are, whatever you do

Onde quer que você esteja, o que quer que você faça

I know your independent but I'm trying to get through to you

Eu sei que você é independente, mas eu estou tentando chegar até você

Eu queria estar com você agora, Dean. Eu queria passar a mão no seu rosto e ter a certeza de que poderia te chamar de meu outra vez. A certeza de que poderíamos ficar juntos, independentemente do que as outras pessoas pensassem a respeito disso... ‒ Castiel sussurrou baixinho para o nada. ‒ Naquele dia, quando fui contar ao meu pai... Eu perdi a coragem, sabe? Queria ter sido forte igual a você; que contou tudo ao John sem hesitar. Queria ter ido naquela janta na sua casa, mas... Eu perdi minha segurança. Quando eu encarei meu pai, naquele dia, eu não fui corajoso o suficiente para conseguir dizer tudo que eu queria dizer. Não consegui dizer o que você queria. Não consegui assumir que estar ao seu lado era o que me deixava feliz. Eu desisti, mas não foi porque queria, e sim por ser fraco o bastante para não conseguir mais lutar por nós dois. Seria injusto, sabe? Se eu fosse na sua casa, sozinho, e dissesse olhando nos seus olhos que havia perdido a coragem no último momento. Como eu iria encarar você? Como eu iria encarar seu pai? Eu não iria suportar...

O Novak fechou os olhos, sentindo a brisa fria da tarde roçar em seu rosto. Quando Dean voltara, a única coisa que o moreno quis foi se esconder num buraco fundo e nunca mais sair de lá. Ver a decepção e a mágoa nos olhos do Winchester... Aquilo fora demais para ele. Mas era necessário, não era? Dean seria feliz quando superasse tudo.

Ele já estava superando, ao seu ver. Ele via, dia após dia, o esforço do Winchester para não chamá-lo mais de “Cas”.

Mas, apesar disso, se arrependia de o louro tê-lo visto com Anna no parque. E com Sam! Por Deus, como o moreninho poderia ser tão inocente ao ponto de não ver que Dean quase desmoronou quando viu o Novak com a Williams.

Você se tornou mais independente de mim do que eu de você, Dean. ‒ Castiel sussurrou outra vez, fechando os olhos. ‒ Porque você continua sendo minha obsessão, mesmo depois de tudo.

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Eu não quero mais nada com você, Winchester! Acabou, ok?! Simplesmente não deu certo!

Cas! ‒ Dean exclamou, os olhos cheios de lágrimas. ‒ Você não está falando sério! Não pode estar!

Qual é o seu problema, Winchester?! Você não entende o que significa “acabou”?! Vou ter que soletrar pra você?!

O louro o encarou, visivelmente magoado. Castiel sentia-se desmoronar por dentro, mas agora não podia mais voltar atrás. Era melhor; melhor para os dois. Ele estaria fazendo um favor à Dean agindo daquele jeito. O Winchester iria esquecê-lo, iria amar outra pessoa... Tudo ficaria bem.

Ao menos para ele.

O Novak não precisava se lembrar do quão doloroso seria ver Dean — o seu Dean — beijando ou tocando outro; era demais até mesmo imaginar a cena.

E tudo piorou quando o louro permitiu que as lágrimas escorressem por seu rosto. Naquele momento, o moreno quase jogou tudo para o alto e foi consolá-lo por estar sendo tão... Cruel. Fez um esforço desumano, mas conseguiu manter-se parado.

Por quê? ‒ o sussurro de Dean era repleto de dor. ‒ Só me diga o porquê, Cas.

Não deu certo. ‒ controlou o tom de voz, para tentar parecer estável. ‒ Simples assim.

Não me venha dizer baboseiras! ‒ o Winchester explodiu. ‒ Eu te conheço melhor do que qualquer um, Castiel Novak! Com você não existe isso de “não deu certo”! Você está escondendo alguma coisa de mim!

Castiel suspirou, permitindo que um pouco de sua tristeza escapasse em meio àquele pequeno som. Torceu para que Dean pudesse ouvir as desculpas mudas em sua voz — embora aquele fosse um desejo meio cruel —, e disse:

Então você não me conhece tão bem quanto pensava. ‒ virando as costas para não ver a expressão do outro, o Novak se afastou a passos largos. ‒ Adeus.

Naquele momento, ele não podia ver as lágrimas do louro. Mas Dean também não via as que escorriam por seu rosto. Num sussurro, Castiel pediu para que algum dia o garoto perdoasse sua falha. Para que algum dia não o odiasse tanto quanto deveria estar odiando naquele momento.

Por favor, Dean... Me perdoe…

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Wherever you are, wherever you are

Onde quer que você esteja, o que quer que você faça

Don't you know it all depents on you

Você não sabe, isso tudo depende de você

Suspirando profundamente, Castiel virou-se de costas para a grama, secando as lágrimas com as costas das mãos. De nada adiantaria ficar ali, remoendo-se pelo passado. Deveria seguir em frente. Deveria ser forte. Agir como se nada houvesse acontecido.

Dean nunca precisaria saber que ainda era uma lembrança vívida na memória do Novak. Não precisava saber que a cada noite — a cada sonho — Castiel se lembrava das noites em claro que haviam passado, apenas observando as estrelas. Nunca precisaria saber que o moreno ainda lembrava do sabor de seus lábios.

Era doloroso lembrar daquilo, é claro. Era doloroso acordar dia após dia e perceber que tudo não passara de um sonho. Acordar e perceber que a pessoa amada não estava ao seu lado.

Dean não precisava saber que o simples fato de o Novak viver — de respirar, de conseguir agüentar um dia após o outro —, era porque ele ainda estava vivo.

Porque ele... Porque ele era quem mantinha Castiel. Castiel dependia dele tanto quanto — talvez até mais — do que o oxigênio para sobreviver.

Eu dependo de você, Dean. ‒ o moreno sussurrou baixinho aquela verdade, os olhos fechando-se.

E, por alguns instantes, o Novak se sentiu em paz. Pela primeira vez em muito tempo, ele não estava pensando no sofrimento, ou na dor que era se manter afastado do Winchester. O simples fato de saber que o louro poderia estar mais feliz — poderia estar sorrindo ‒ o fazia esquecer-se de tudo, e apenas lembrar.

Lembrar de quando os sorrisos eram dirigidos a ele.

Lembrar de quando seus olhares se cruzavam e eles sorriam, cúmplices.

Lembrar de quando compartilhavam um segredo em comum.

E isso bastava para deixar Castiel parar de se afogar em mágoas ou tristezas. Isso bastava para fazê-lo sentir-se vivo outra vez.

Você não sabe, Dean, mas você é o meu motivo para sorrir. ‒ ele murmurou, respirando fundo, conseguindo pela primeira vez em anos esboçar um pequeno mover de lábios que imitava um sorriso; sem esforço, sem dor. ‒ Você não sabe, mas tudo isso, tudo o que eu sou hoje, tudo que eu serei amanhã... Depende de você.


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Notas finais do capítulo

Mereçemos reviews? *-*



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