- É claro que sim. – Respondeu Joseph. – Se sua mãe e eu deixamos você com Charlie foi para te proteger de algo que vai muito mais além da nossa realidade.

- O que quer dizer com isso? – perguntou Isabella confusa.

- Bella, você não é filha do Charlie.

- O que quer dizer com isso? – Isabella levantou-se da cadeira. – Isso é um absurdo. É claro que sou filha do Charlie. – Ela direcionou seu olhar até a sua mãe. – Me fale que ele está mentindo Renné.

- Não, ele não está mentindo.

- Como...? – gaguejou.

- É uma longa história Isabella.

- Tenho muito tempo.

Joseph olhou para Renné que apenas assentiu.

- Eu, Renné e Charlie fazíamos o segundo ano do ensino médio. Antigamente não existia essas coisas de cada grupinho andar de modo separado. Não importava se você gostava de rock ou era “nerd”, todos andavam juntos e digamos que Renné era meio que... Nerd. – ele riu baixo sem humor.

- Ainda não consegui entender o que eu tenho haver com isso. – Isabella cruzou os braços.

- No final do ano um novo aluno entrou no colégio, ele não se adequava a grupo nenhum, dizia que vinha do exterior... O nome dele era Adolf e meio que a Renné se envolveu com ele.

- Mas ela não já estava com me... Charlie?

Renné balançou a cabeça rapidamente.

- Eu e Adolf nos envolvemos e eu acabei engravidando de você. – Ele respirou fundo. – Mas depois disso Adolf sumiu... Nunca mais o vimos e como meus pais eram muito reservados, se soubessem disso ele iria querer tirar meu bebê. Charlie propôs a sua ajuda e eu aceitei. Nos casamos dois meses depois.

- Mas você não amava meu pai. – Afirmou.

- É, eu não amava o Charlie. – Renné mordeu o lábio. – Durante minha gravidez eu tive várias complicações e na hora do parto eu entrei em coma. – Ela fechou os olhos. – Quando finalmente acordei descobri sobre a minha doença.

- Então foi por isso que abandonou meu pai? – Bella respirou fundo encarando os olhos da mãe.

- Foi. Eu nunca te deixaria. Se eu tivesse escolha a levaria comigo, mas como eu não tive, a deixei com Charlie porque eu sabia que ele já te amava como se você fosse filha dele. Mais uma vez Joseph nos ajudou, andamos por todos os países possíveis atrás da cura para essa doença infernal, não conseguimos nada.

- Nada? – murmurou Bella. – Você disse que precisava de minha ajuda para a cura.

- Falei antecipadamente. – Renné apressou-se a falar.

- Na verdade... – Joseph sussurrou.

- Não Joseph.

- Ela precisa saber. – disse o rapaz.

- Saber do que?

- Que há uma cura. – murmurou.

- Uma cura?

- É... Talvez um filho pudesse ajudar.

- Por isso... – Bella respirou fundo. – Por isso aquela garotinha te chamou de mãe?

Renné assentiu discretamente.

- Achávamos que se eu tivesse mais uma filha nela estaria à cura, mas era ilusão. – Renné deu um sorriso fraco.

- Descobrimos que apenas uma pessoa poderia ajudar Renné... Você.

- Como assim?

- Viajamos por vários países, mas quando chegamos em uma parte mais remota da Alemanha ouvimos alguns boatos de jovens mulheres que morriam na hora do parto ou antes disso. Quando a mãe de uma criança morre antes do parto, é quase impossível que a criança nasça com vida. Mas foi isso que acontecia. As crianças nasciam com vida e além disso saudáveis. Alguns acreditavam que existia um povo superior que era amaldiçoado pela morte. Esse povo queria extinguir a raça humana. Se envolviam com jovens mulheres, as engravidavam e como sempre, elas morriam. – Ele respirou fundo. – Nunca ouviram falar em uma mulher que sobrevivesse, até conhecerem Renné.

- Então você está querendo dizer com isso? – Isabella se levantou. – Não espera que eu acredite nessa baboseira.

- Adolf era desse povo, Adolf era um ceifador. – Renné falou com dificuldade. – Isabella, você é a filha da morte.