- O que faz aqui? – A voz de Isabella não passou de um sussurro.

Edward pensou em ignora-la, mas balançou a cabeça e respirou fundo.

- Acho que o mesmo que você. – Respondeu de forma arrogante.

- Alguém formado em medicina não deveria estar estudando em um colegial. – Isabella falou convicta e  se encostou na parede da sala. – Por que fugiu daquele jeito? Quase fui parar em um sanatório por sua culpa.

- Deve estar me confundindo com alguém. – Edward pronunciou as palavras calmamente, talvez esperando que Isabella o ouvisse por pelo menos uma vez. – Nunca te vi, a não ser nessa escola.

Ao perceber que a mesma permaneceu em silencio ele respirou fundo e deu as costas para ela. Começou a caminhar lentamente em direção à saída do colégio, estava farto de tudo aquilo, pelo menos por hoje. Sua cabeça trabalhava a mais de mil, cada músculo de seu corpo doía. Talvez fosse a fome que estivesse surgindo novamente, ele tinha certeza disso.

Desde quando Carlisle descobriu no que havia se transformado ele vinha buscando uma cura para aquela maldição, ou pelo menos um meio alternativo de viver, mas mesmo durante tantos anos, tudo que tentou foi em vão. Edward apenas acreditava que aquilo era um castigo, não havia outra opção a não ser suporta-lo. Ele teria que encarar a vida que foi designada para ele de cabeça erguida. Talvez aquilo fosse a definição de inferno, pelo menos era a sua.

O rapaz ouviu passos de alguém se aproximando dele, mas apenas os ignorou andando rapidamente em direção à floresta. O batimento de quem o seguia apenas aumentou, um sorriso brotou pelos lábios de Edward, ele deu um longo suspiro e virou-se em direção aos passos, mas quem quer que estivesse o seguindo se escondera atrás de uma das árvores.

Um riso baixo e debochado escapou pelos lábios do rapaz.

- Acha mesmo que pode se esconder? – Seu corpo se curvou para frente, estava em posição de caça.

Era perceptível que quem estava o seguindo tentou controlar seus batimentos cardíacos em vão. Edward seguiu seus extintos, aguçou sua audição ainda mais e se aproximou da árvore em que um rapaz alto e moreno se escondia.

“ Um caçador” – Pensou e logo estremeceu disfarçadamente.

- Sempre soube que somos superiores demais para ter que ir atrás de comida. – ele segurou o braço do rapaz com força e jogou o corpo do mesmo contra uma das árvores. – Antigamente eles mandavam caçadores melhores atrás de nós, o que está acontecendo? O estoque está acabando?

O rapaz permaneceu calado, seu corpo tremia compulsivamente. Edward apenas aumentou o aperto ao redor do corpo do homem e os olhos do mesmo se fecharam.

- Vamos rapaz, me diga o seu nome. – Sua voz saiu grossa, quase como um rosnado.

O garoto balançou a cabeça rapidamente. Os dedos de Edward cravaram-se na pele do garoto que urrou de dor.

- Me diga o seu nome. – Ordenou novamente.

- Ricky. – Sussurrou tentando controlar a dor que apenas aumentava.

- Bom Ricky, você não deu sorte. – Edward sorriu friamente. – Estou em um mau dia, se é que me entende. – Umas das mãos de Edward se afastaram dos braços do garoto, sua mão estava suja de sangue, ele levou o sangue do garoto até os seus lábios e tossiu rapidamente. – Água benta? – Riu baixo e jogou o corpo de Ricky contra o chão. – Acho bom correr o mais rápido que puder, não irei fazer nada com você, pelo menos não hoje. Mas avise aos seus “amiguinhos” que é bom ficar longe de mim e de minha família. – Edward aproximou-se do garoto novamente e se abaixou ficando assim na sua frente, suas mãos penetraram em meio à pele da perna. – Está vendo esse machucado? – Ele sorriu. – Acho bom cuidar logo disso, ficará pior.

Edward estava certo. Sua natureza não era de algo do bem. Ele poderia não ser um demônio, mas era um verdadeiro lobo em pele de cordeiro. Ele faria de tudo para se salvar e salvar quem ama, não importa quem tivesse que matar. Edward se virou e saiu dali o mais rápido possível entrando em seu carro e rumando para o hospital onde seu pai trabalhava.

* Leiam as notas finais.