POV Nico

Sarah saiu batendo o pé e foi para seu quarto. Bufei e soquei um travesseiro. Com o soco, o travesseiro voou longe e junto com ele, um caderno. Estranhei e fui ver o que era aquilo. A capa era vermelha cheia de bolinhas coloridas, e no canto inferior tinha uma flor desenhada.

Abri o caderno, varias e varias folhas estavam preenchidas por textos. A letra era perfeita e estava escrito normal, o que eu estranhei, já que geralmente semi-deuses escrevem em grego.

Demorei um pouco para ler, mas logo identifiquei o caderno, era de Sarah. Acho que fiquei a noite inteira lendo, tinha perdido o sono depois da briga. Certa parte me chamou a atenção:

“Já parou pra pensar em como o amor é lindo? E em como ele é uma verdadeira droga também?

Você é uma daquelas garotas que simplesmente diziam com todas as forças que não iriam jamais chorar por algum garoto? E ai você, idiota, se apaixona. E tudo aquilo que você sempre disse que nunca iria fazer? Acontece. Você se magoa, porque você se apaixonou.

Irônico não? As vezes ele nem fez de propósito e nunca iria ter feito o que fez se soubesse que estava te fazendo sofrer. Mas, é a vida né. Haha. Você ama, acha que encontrou seu príncipe encantado e depois se decepciona. E ai sofre. Faz o que disse que não faria nunca.

Você chora.”

Foi mesmo a Sarah que escreveu aquilo? Como? Se ela não pode chorar, por que ela chorou? Eu me lembro de fazê-la chorar, mas foram lagrimas de alegria naquele momento. Será que ela chorou depois? Foi por minha causa? O foi por conta do Leo? Folheei mais algumas paginas.

O ser humano é dotado se falhas. Sim, sei. Porem, as falhas tornam-se motivos de concerto, quando há um sentimento que une todas as coisas e pessoas, o amor.

Quando se ama, se constrói.

Quando se ama, tudo se transforma.

Quando se ama, acredita.

Quando se ama, duas almas tornam-se uma.

O amor, independente de qual seja (materno, paterno, fraterno, de amigos, carnal...), é amor, porem tudo ao seu caminho.

Uma menina – adolescente apaixonada. Isso que eu sou. Uma adolescente-menina que diz: tudo só tem sintonia e sinestesia quando estás ao meu lado, quando participas de minha vida, aos seus braços você me ama.

Estou entregue, embriagada de você e juro que não sei como viver sem tê-lo ao meu lado. Se escrevo todos esses textos é porque tenho em você minha fonte de inspiração, cada acontecimento nosso.

Quanto mais eu amadureço, mais vejo que eu sou imatura e o quanto eu, sozinha, não sou ninguém. O quanto eu preciso de você, meu porto seguro, O quanto eu tenho medo de te perder, o quanto eu sou insegura.

Isso não se trata de uma mensagem apelativa ou sensacionalista de alguém se pega no texto para crescer, mas sim, de um texto feito por uma menina-adolescente que te ama, que te quer e que faz tudo para ter você ao seu lado.

É um desabafo, uma carta aberta, em praça publica. Grito pelos quatro cantos do mundo se necessário. Só nunca duvide dos meus sentimentos.

Te amo! (Para que formalidade?)

Simplesmente de sua Sarah.

Aquilo tinha sido escrito por ela mesmo? Essa é a Sarah que eu conheço? Pelo que pareceu ela guarda sentimentos que nunca contou a ninguém. Ela é muito diferente da garota que escreveu essas lindas palavras. Só tem um problema: essa pessoa na qual ela fala, sou eu ou o Leo?

Peguei uma caneta e comecei a escrever, só que dessa vez, o meu desabafo.

POV Sarah

Acordei com o sol entrando pela janela. Olhei para o meu lado, Liz não estava em sua cama, olhei para o outro, o relógio marcava oito da manhã. Ouvi o chuveiro sendo ligado, devia ser Liz.

Levantei-me e me troquei, depois eu tomava banho, estava morrendo de fome.

O mini navio ainda andava e pelos meus cálculos em uma hora nós chegaríamos à Grécia. Não sei o porquê, mas eu sabia que nós estávamos chegando.

Passei pela sala, Nico dormia no sofá, primeiro eu senti dó dele, mas lembranças da noite anterior vieram em minha cabeça e a dó foi embora. Na cozinha, não tinha ninguém, comi sozinha e fui para meu quarto, Liz já devia ter saído.

–O que houve ontem? – Liz perguntou saindo do banheiro.

–Apenas uma briga entre mim e o Leo e entre mim e o Nico e entre o Nico e o Leo.

–Hum... Legal! – ela sorriu forçada e saiu do quarto.

Tomei banho e me arrumei, quando vi, o navio já tinha parado.

Todos nós saímos do navio, sem trocar uma palavra. Comecei a pensar em que fazer com aquele barco, não sabia se iríamos usá-lo de novo.

–Vocês têm permissão para deixarem o barco aqui? – uma pessoa disse.

Era um menino, devia ter a nossa idade.

Nico deu um passo à frente e estalou os dedos no ar.

–Temos sim – Nico disse.

–Não podem usar nevoa em mim – o menino disse e todos nós trocamos os olhares.

–Semi-deus? – Leo perguntou.

–Filho de Hermes. – o garoto deu de ombros. – Estão em missão?

–Sim – Nico disse. – Conhece o lugar?

–Na palma de minhas mãos. Posso ajudar vocês se quiserem.

–O que vai querer em troca? – Nico disse desconfiado.

–Por que acha que eu queria?

–Filhos de Hermes são os piores quando se fala de trato.

–Vamos ver com o tempo – o garoto disse – Garanto que não será nada caro.

–Fechado – Leo disse.

–Meu nome é Nico. Esses são Leo, Liz e Sarah. – ele disse com ódio ao dizer meu nome.

–Meu nome é Gabriel.

–Sou filho de Hades. Leo é filho de Hefesto. Liz de Apolo e Sarah de uma Náiade.

Ele pareceu estranhar o fato de minha mãe ser uma náiade, todos estranham, mas eu nem liguei. Acho que ele iria se juntar na missão e ele seria o quinto da profecia.

–Vamos? – o garoto disse.