Cap.10 – Fragilidades

Hayley estava deitada em meio a uma confusão de cobertas, com preguiça de levantar para a aula quer teria dali á dez minutos.

-Hayley, vamos logo! – gritou Anne

-Anh... Cinco minutos – ela resmungou se revirando na cama.

Anne abriu as cortinas e Hayley resmungou mais.

-Vou jogar agua em você – ameaçou

Hayley se levantou emburrada

-Você anda passando muito tempo com a Lorrane. – disse ela andando trôpega até o armário.

-E você tem sete minutos, bye bye – disse Anne saindo do quarto.

Hayley revirou os olhos jogando a roupa na cama. Ela olhou no despertador, tinha seis minutos.

Ótimo! Ia se atrasar... De novo.

Foi tomar um banho e deixou a agua gelada a despertar. Lavou os cabelos sem pressa e depois se vestiu lentamente. Um atraso não faria tanto mal assim...

Depois de pronta se olhou no espelho com preguiça. Que mal faria perder os primeiros horários? Então ela se deu conta, só podia estar ficando louca! Não fora fácil entrar nessa faculdade e ela não ia abrir mão de tudo que conseguiu assim, iria para aula de qualquer forma. Então saiu do quarto, para dar de cara com Jake.

-Você. – ela disse o olhando com descaso.

Ele sorriu

-É. –

-Hm... – ela disse olhando para as unhas – Preciso ir para aula

-Tem medo de mim, Hayley? – ela se surpreendeu em como a voz dele soou tão perto, não pôde evitar o arrepio que aquilo causou.

-Eu... Não tenho medo – ela disse recuando um passo, o que provava o contrario.

Ele sorriu satisfeito

-Não? –

-Não, Jake. – disse endireitando a postura – O que você quer?

Ele parou para pensar. Ela cruzou os braços.

-Não tem coragem. – disse por fim

-Coragem de que? – perguntou Hayley ficando curiosa

-Olha, Hayley, eu vou ser direto – começou ele – Quero um beijo.

As palavras deixara Hayley chocada. Um beijo... ?

Automaticamente lhe vieram a cabeça as imagens do estacionamento, na noite passada.

-Um beijo? – sua voz falhou

Jake sorriu dando de ombros

-Claro que se não for o que você quer, tudo bem, quer dizer... Eu não ligo, sei que não tem coragem – ele disse provocando-a. Hayley mordeu os lábios num misto de insegurança e irritação.

-Quer saber, Hayley? Esquece o que eu falei. Eu sabia que não teria coragem – disse Jake por fim e saiu andando porém ela o puxou de volta.

-Eu tenho coragem – disse ela

Ele ergueu uma sobrancelha em duvida se ela estava falando aquilo para si mesma ou para ele.

Então, Hayley segurou sua nuca e o puxou para perto. Ele a olhou nos olhos mais ela os fechou e moldou seus lábios aos dele em um beijo intenso. Jake teve vontade de rir, mais ao me vez disso pôs uma das mãos na base das costas dela e a trouxe para mais perto. Ela o empurrou contra a parede e continuou o beijo puxando os cabelos de sua nuca com força. Jake mal percebeu. Então depois ela o empurrou e limpou a boca.

-Se não se importa, eu tenho aula agora – murmurou e saiu andando.

Jake ficou ali parado meio bobo com a reação dela. Quantas meninas iguais a ela ele conhecia?

(...)

Mais tarde, por volta da segunda ou terceira aula, chovia forte em New Haven. Jake pedira licença para ir ao banheiro, e no caminho de volta, passando pelo jardim do campus viu Lorrane por lá, falando ao telefone.

Sem conseguir conter a curiosidade, Jake andou até lá.

A garota durona ainda chamava atenção por onde passava, com aquele jeito... Diferente.

Os passos silenciosos dele não foram notados por ela que continuou escutando o que falaram do outro lado da linha, Jake percebeu algumas lagrimas caindo do rosto dela e não acreditou no que viu. Só podia ser algo realmente grave.

Lorrane desligou o telefone e o deixou cair na grama, Jake sentiu que ela estava prestes a cair também. Ele andou até ela preocupado observando-a sentada na grama,

-Lorrane? – chamou a chuva agora molhava além dela ele também, mais vê-la chorando o chocou tanto que isso foi o que menos importou.

Ela o olhou e limpo as lagrimas rapidamente.

-Vá embora – disse seca

-Não. O que houve? Me conta. – ele cruzou os braços dando a impressão de ser maior do que ele realmente era. Lorrane se levantou.

-Eu quero ficar sozinha, será que é possível? – ela agora gritava

-Não nesse estado. O que está acontecendo? – ele insistiu

Lorrane respirou fundo reprimindo as lagrimas.

-Olha aqui garoto, minha irmã morreu! Ela está morta, entendeu? E eu... Eu não quero ninguém perto de mim, muito menos um garoto irritante e arrogante como você... Eu... Eu só quero ficar sozinha... – ela gritava em meio ao choro que agora caia desimpedido.

Jake puxou o corpo relativamente pequeno da garota para o seu e a abraçou com força.

-Vai ficar tudo bem – ele sussurrou enquanto ela chorava com a cabeça enterrada em seu peito. Ele se lembrava da morte de sua mãe e sabia como doía.

-Eu estou aqui, Lorrane. Shh... Acalma-se – ele dizia enquanto afagava seu cabelo. Lorrane continuou a chorar soluçando. Ela nunca havia sentido tanta dor. Os sentimentos se misturando dentro dela. Dor, raiva, solidão...

-Ei. – ele fez com que ela olhasse em seus olhos. Lorrane nunca havia reparado na cor, castanhos escuros. Eram bonitos.

-Eu estou aqui, ok? – ele disse segurando-a como se ela fosse cair e provavelmente iria.

Ela apenas assentiu voltando a enterrar o rosto em seu peito. Jake beijou ternamente o topo de sua cabeça e voltou a abraça-la com força.

 Ver alguém que sempre parecia forte chorar destruía qualquer um. E Lorrane sempre demonstrou tanta força... Agora ela parecia uma simples garota frágil.

(...)

-O que? – Tyler perguntou

-Devia ir atrás dela. – foi tudo que Jake disse antes de correr para o campo.

Ele havia acabado de contar para Tyler o que acontecera há algumas horas.

Ele ficou chocado. Mais antes de achar Lorrane precisava encontrar Anne para que ela achasse Mike. Já era noite e eles estavam se preparando para um treino antes de Jake contar tudo a Tyler. Agora Tyler não tinha mais cabeça para treino só queria encontrar Lorrane antes que ela fizesse alguma besteira.

Por sorte, achou Anne.

-Ache o Mike. –

-O que? – perguntou ela confusa

-Só o ache. Te explico tudo depois. – disse Tyler e saiu andando

Anne ficou confusa mais foi á procura de Mike.

A luz da lua era a pouca iluminação do canto do jardim que Lorrane escolhera essa noite.

Ela podia beber um pouco para esquecer tudo, mais queria algo definitivo.

Não queria acordar amanhã e sofrer tudo de novo. A lâmina em suas mãos tinha um brilho um tanto sombrio. Seus dedos prepararam-na meio trêmulos enquanto ela direcionava o instrumento para o pulso até então intacto. A lâmina gelada tocou sua pele fazendo a se arrepiar. Ela pressionou até poder ver o sangue vermelho vivo fluir para fora de seu corpo.

-Lorrane! – alguém gritou assustando-a

Ela ergueu os olhos e viu Tyler.

Ele se sentou ao lado dela.

-Você enlouqueceu? – ele a olhou

Ela riu sem humor... Quisera ela enlouquecer.

Ele pegou a lâmina de suas mãos.

-Ei! – ela gritou

-Esse corte ficou fundo. O que você tem na cabeça? – ele a olhou com um pouco de raiva.

Lorrane não se deu ao trabalho de responder.

-Me dá o seu casaco – ele pediu

-O que? – ela o olhou confusa

-Vamos, Lorrane – ele ergueu a mão.

Ela tirou o casaco a contragosto e o entregou. Sentiu um arrepio por conta da noite fria.

Ele arrancou um pedaço e pressionou sob o pulso dela para estancar o sangue. Ela apenas observou sabendo que seria inútil discutir.

-Olhe para mim. – ele pediu parecendo bravo

Como uma criança birrenta, Lorrane olhou para os pés.

-Lorrane. Olhe pra mim. – ele chamou novamente

Ela suspirou e o olhou

-Nunca. Nunca mais faça isso, entendeu? – sua voz soou vacilante

Ela rolou os olhos

-Me prometa – pediu ele

-Por que eu te prometeria algo? – ela o olhou finalmente

-Por que vê-la tentando se matar me tirou todos os sentidos. Por que eu sei que perder alguém que se ama é difícil mais você vai superar, por que é forte. Por que não há mal nenhum em deixar as lagrimas caírem, mais o sangue nós não devemos deixar cair. Nunca. E por que... – a voz dele falhou e ela esperou – Por que eu gosto de você. – ele a olhou nos olhos e sorriu timidamente.

Ela não pôde evitar sorrir de volta, corada.

-Gosta? – sussurrou

Ele segurou o pulso machucado dela.

-Gosto. – falou sério. – E quero que me prometa que não vai mais fazer isso.

Lorrane comprimiu os lábios e ele esperou.

-Tá. Eu prometo – disse por fim

Ele sorriu mais aberto.

-Agora vem aqui – ele puxou-a para perto e antes que ela pudesse reagir a abraçou com força.

Ela ficou sem ação, mais acabou retribuindo o abraço. A sensação de estar nos braços protetores dele era boa.

-Não sei o que faria se perdesse você, pequena – ele sussurrou sem sair do abraço. Lorrane sorriu deliciando-se com as palavras.

Anne abriu insegura a porta do dormitório de Mike.

-Mike? – chamou com a voz vacilante

Ele não respondeu. Ela entrou no quarto.

-Que diabos... ? – ela parou sem consegui terminar a frase ao vê-lo entornando uma garrafa de vodka.

-Mike! – ela gritou andando até ele.

-Ah! Oi Anne – ele sorriu de maneira boba.

Ela suspirou frustrada, ele estava bêbado!

-Vem aqui! – ela chamou andando até ele

Ele observou ela andar até ele brava. Ela o puxou da cadeira.

-Por que estava bebendo? – perguntou enquanto levava-o até o banheiro.

Mike a olhou sorrindo

-Você é linda – disse com um sorriso bobo

Ela revirou os olhos irritada.

-Entra! – ordenou levando-o até o chuveiro

-De roupa? – ele perguntou confuso

Ela se de conta que aquilo não daria certo.

-Não, Mike. Toma banho, ok? – ela disse ligando o chuveiro e o levando para lá.

Depois saiu do banheiro e sentou na cama dele. Ela observou as fotos na cômoda.

Havia uma em que ele estava tocando violão, não dava para ver seu rosto, mais Anne tinha quase certeza que havia um sorriso ali. Também havia uma com Lorrane, os dois fazendo caretas. Ela rolou os olhos observando.

Passou para a próxima foto, ele, Lorrane e outra garota que ele não reconheceu. Mais velha que eles. Cabelos loiros e enormes, rosto bonito... Parecia ser irmã dele.

Então, Mike saiu do banheiro apenas com uma toalha da cintura para baixo e ela se levantou.

-Tudo bem? – perguntou ela

-Anh... Acho que sim – ele parecia confuso

-Se vista – ela disse e virou de costas

Depois de alguns minutos olhou novamente e ele já estava vestido. Porém, apenas com uma calça moletom e sem camisa. Anne tentou não encarar o abdômen nu do garoto.

-Estou com dor de cabeça – disse ele passando a mão pelos cabelos cor de mel

Ela olhou em volta

-Vou procurar um analgésico... Deita aí – ela disse

Mike não respondeu e ela olhou em volta tentando encontrar o analgésico. Resolveu olhar no banheiro. Abriu uma gaveta lá e achou os analgésicos. Pegou a cartela e voltou ao quarto.

Mike dormiu. Anne suspirou e o observou dormir. Sua expressão calma e inocente o deixava ainda mais bonito. Ela olhou a garrafa de vodka. Andou até ali e jogou o que restava na pia do banheiro, depois se preparou para sair do quarto, porém uma mão a impediu.

-Fica... – a voz era de Mike mais não dava para dizer ao certo se ele estava dormindo ou acordado. Ela olhou em volta. A mão de Mike a puxou novamente.

Anne se deu por vencida e deitou na cama. O cheiro do garoto era forte ali e a deixou meio zonza. Ela ergueu uma mão e aproximou do rosto macio dele. Passou-a por ali com cuidado para que ele não despertasse. Aquele garoto mexia com ela.

                                                          (Continua...)

"É incrível quanto estrago pode ser feito quando só se tem boas intenções." (Pretty Little Liars)