Milagre De Ano Novo escrita por Lua, March Hare


Capítulo 2
In The London Nights, Magic Lights And The Clock


Notas iniciais do capítulo

Bem o titulo desse capitulo era "In The London Nights, Magic Lights, Angels And The Clocks Sound.", mas o nyah não aceitou.
Ah esse cap é dedicado para minha Nihon, a Diana (Dia Chuvoso aqui no nyah). vc já sabe pq, então eu ñ preciso falar de novo aqui.



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Arthur voltava para casa, exausto após mais um dia de trabalho. Um dia inteiro aturando as ordens de seus irmãos, sendo basicamente escravizado por eles. Sim, Arthur é bem exagerado, mas temos que admitir que o resto da família Kirkland não é lá muito fácil de lidar. Não que o mais novo deles seja. Na verdade, em certas horas, Arthur é no mínimo insuportável. Francis diz que é uma família impossível e que o caçula é o “garoto problema” deles.

Enquanto o dito inglês caminhava pelas ruas então escuras de Londres ele pensava. Realmente, não seria nada agradável voltar para casa, não depois do dia horrível que a empresa acabara de ter.

Durante a tarde a Kirkland’s Advertisement  perdeu uma chance de fechar um ótimo negocio. Então, Arthur sabia que quando chegasse em casa Scott estaria esperando-o e bebendo seu whisky. O mais velho não chegava a ficar bêbado, mas isso não era necessário. Ele só precisa de uma gota de álcool para fingir que tem um motivo para torturar seu irmão caçula. Da ultima vez que Scott resolveu “brincar” com Arthur, ele fugiu para casa do Francis.

Imagine algo tão ruim a ponto de levar alguém a atravessar a rua correndo para a casa do seu “maior rival” e implorá-lo para deixar que passe a noite na casa dele. E tal “rival” ainda passou a noite inteira cuidando dos machucados do outro. Pode chamar esse algo de Scott Kirkland, é ruivo e tem como passatempo tornar a vida de seu irmão caçula um inferno.

Enquanto o Big Ben badalava avisando o começo das 22 horas, Arthur olhava para o céu. Sentado no chão de uma rua qualquer, ele tinha decidido não voltar para casa. Não valia a pena ter que enfrentar o Scott só para fugir do frio e da solidão escura das ruas. Além disso, algo tornava as ruas mais agradáveis para Arthur do que para qualquer outro.

Eram milhões de luzes. Pontinhos brilhantes de diversas cores e tamanhos, voando apressados pelos céus de Londres, tornando a noite uma cena linda e mágica. Olhando de mais perto, pode-se ver que não eram meros pontos de luz, eles tinham pequenos corpos, como se fossem mini seres humanos. Alem disso, também tinham asas, lindas como as de borboletas. Enquanto voavam livres, sorriam para Arthur com seus olhares inocentes. Eram fadas, brilhando com sua magia, com sua inocência, com sua bondade, com sua beleza. Para  Arthur, elas eram o símbolo da perfeição.

Desde pequeno o inglês era o único que podia vê-las. Mesmo com os apelidos na cruel faze da escola, mesmo com todas as vezes que lhe foram recomendadas psicólogos e remédios, mesmo que fosse chamado de maluco, Arthur agradecia todos os dias por ser o único a enxergá-las. Não importa se as fadas são ou não só fruto de sua imaginação, elas sempre estão do lado dele, brilhando e sorrindo com suas luzes mágicas, ajudando-o e confortando-o quando ele precisa. As fadas são o maior tesouro de Arthur Kirkland. E vê-las voando pela noite escura enquanto o barulho da cidade começava a diminuir era um privilegio único.

Enquanto pensava nisso e sorria, uma das fadas se aproximou, sentando no ombro daquele que estava no chão. Por um momento um silencio agradável ficou entre eles, até que Arthur resolveu falar.

- Vocês são lindas. – seus olhos brilhavam como uma criança.

- Você também.

- Acho que uma de suas mágicas deu errado, Amy. Você está delirando. - ele ri

- Não brinque Arthur... - ela roda os olhos, como se já estivesse acostumada com frases como aquela. - O que você faz aqui? É inverno, vai ficar bem frio essa noite.

- Não quero ir para casa, o Scott tá lá.

-Entendo- ela sorri e acaricia os cabelos dele – Mas você deve arrumar um lugar para se abrigar- depois dessa fala a pequena fada volta a voar.

Quase ao mesmo tempo em que Amy volta para o ar alguns flocos de neve começam a cair. As fadas se apressam e em pouco tempo Arthur está sozinho. Por alguns momentos ele lamentou o fim de suas luzes, mas quando o frio começou a incomodar sua pele ele levantou. Amy tinha razão, não era possível ficar ali a noite inteira. E ele já sabia exatamente para onde ir.

Depois de alguns minutos de caminhada Arthur chegou aonde queria. Parecia ser um dos muitos becos de Londres, mas era diferente. Aquele antigo pedaço da cidade escondia um segredo, ou melhor, uma passagem secreta. Tal passagem dava direto ao interior da torre do relógio. Ela era antiga, talvez tão antiga quanto a construção em si. Quando Arthur terminou de atravessar o escuro caminho em direção ao interior do relógio, o Big Bem badalou as 23 horas e uma voz infantil o chamou.

- Arthur! Quanto tempo você não vem aqui!

Era um garoto que aparentava ter algo próximo a 10 anos de idade. Tinha cabelos e olhos castanhos, pele morena como se tivesse acabado de sair de uma tarde na praia e um sorriso encantador.  Pareceria uma criança normal se não houvesse grandes asas brancas, como as de anjos que Arthur via em desenhos e filmes, saindo de suas costas. Eram lindas. Não tinham as mesmas cores brilhantes das asas das fadas, mas a pureza branca, sem nenhuma espécie de defeito visível, era tão encantadora quanto o brilho mágico que ás fadas pertencia.

O nome do garoto era Rodrigo. Seu inglês tinha um sotaque estranho e Arthur sabia que ele estava morto a muito tempo, pois quando contava suas historias falava sobre uma época em que seu país ainda estava subordinado a uma metrópole.

Ele é brasileiro, mais especificamente carioca. Pelo que se lembra nasceu em 1567 ou algum ano próximo a esse, quando sua cidade mal tinha meia década de vida. Sempre conta muitas histórias daquela época e sobre como as coisas eram diferentes, mas se ele não falasse isso nada poderia definir que ele é tão velho, seu jeito de falar e de se comportar já tinha se adaptado a época atual.

Rodrigo lembra que vivia com seu pai e seus dois irmãos. Até que um português, que, pelo que o garoto podia entender, seu pai devia muito dinheiro, o levou para Portugal. O tal português sempre mandava e desmandava no pai de Rodrigo e um dia pegou o menino como pagamento das dividas dele. O carioca não gosta de falar sobre essa época, ele era um escravo e sua situação não era nada agradável.

Existe um buraco nas lembranças do garoto. Ele não se lembra de como foi de Portugal para Londres e muito menos de como morreu. Na verdade, nem sabe se morreu ao certo, só sabe que um dia “acordou” com asas nas costas e em uma cidade que nunca tinha estado antes.  Ele viu muitos acontecimentos da historia mundial, mas poucas pessoas puderam vê-lo.

Arthur conheceu o garoto quando descobriu a passagem secreta. Na verdade, acho que a ordem das frases seria “Arthur descobriu a passagem secreta quando conheceu o garoto”.

Ele tinha 7 anos , tinha acabado de brigar com o Sr. Eric (sim, Arthur nunca chamou ele de pai) e andava chorando pelas ruas, sem ter para onde ir. Quando passou na frente daquele beco, viu um garoto sentado, também chorando, no chão. Ele se aproximou e reparou que o garoto tinha asas.

- Você... Você é um anjo?

- Não sei...

- Por que você ta chorando? Se você não é um anjo, como tem essas asas?

- Eu não sei por que tenho essas asas, eu to chorando porque elas tão doendo!

Arthur já tinha visto um passarinho de asa quebrada antes e sabia que era aquilo que tinha acontecido ao garoto. Eles conversaram e algum tempo depois eram melhores amigos. Ah o bom de ser criança, não se precisa de mais de meia dúzia de palavras e 5 minutos de brincadeiras para se ganhar um bom amigo. O filosofo já falava ”Você pode descobrir mais sobre uma pessoa em uma hora de brincadeira do que em um ano de conversa.” [1].

Depois daquele dia Arthur e Rodrigo se viam quase todo dia. Arthur cuidou da asa quebrada do carioca, Rodrigo mostrou para ele o interior da Torre do Relógio e como chegar lá.  Era uma amizade perfeita, até que Eric descobriu que seu “filho” fugia toda noite. Por 3 anos Arthur não pode ver seu amiginho. Mas, mesmo sendo horrível pensar assim, agora que Eric não estava mais vivo nada proibia o inglês de ir ver o Rodrigo. Ele tinha uma promessa para cumprir, afinal.

Ele tinha prometido ajudar o garoto a lembrar do seu passado, a descobrir por que estava lá, preso com aquelas asas de anjo, sem saber o que aconteceu. Também queria descobrir por que toda madrugada o garoto desaparecia. Das 00 as 06 horas, todo dia, Rodrigo simplesmente desaparecia.

Então, na primeira das 12 badaladas Arthur ficou sozinho novamente.

Na segunda, ele deitou em um dos pêndulos. O balanço daquela parte das engrenagens era tão relaxante...

Na terceira, Arthur se aconchegou e fechou os olhos. O barulho que seria insuportavelmente alto para algumas pessoas para ele é uma canção de ninar.

No fim dos 12 sons, ele já dormia profundamente, entregue ao mundo dos sonhos.

“- Atacar! – Gritou o capitão para sua tripulação – Vamos mostrar para eles o que o Green Demon é capaz!

O som das espadas enchia o ar, os salpicos do mar agitado respingavam nos piratas, o cheiro do sal se misturava ao do sangue dos que lutavam nos dois navios. Capitão Kirkland gritava ordens enquanto lutava contra o capitão inimigo ”


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Notas finais do capítulo

[1]- Frase de Platão
Bem, a parte entre aspas é um pedaço do sonho do Arthur.
Cada capitulo vai ser focado em um dos 3 personagens que eu falei na apresentação. Uma amiga minha (olha eu falando de vc de novo...) me falou para seguir a mesma ordem de lá, ou seja, o próximo é o Francis.
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