Milagre De Ano Novo escrita por Lua, March Hare


Capítulo 1
Apresentações




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Arthur Kirkland, Inglês, 23 anos, loiro de olhos verdes e sobrancelhas grandes. Trabalha em uma companhia de publicidade, cria slogans e campanhas para as mais diversas empresas dos mais diversos ramos. É um negocio de família. Um negócio de família que ele nunca faz questão de participar.

Desde criança seu sonho é trabalhar na marinha britânica. Apaixonado pelo mar, durante toda sua vida se interessou por tudo relacionado a ele. Seus “ídolos” os corsários/piratas que serviram na “marinha extra-oficial” de sua amada Inglaterra, que atacaram e pilharam em nome da rainha, numa deliciosa mistura do legal e do ilegal. Se tivesse nascido em outra época, Arthur adoraria ser um desses piratas. Quando criança esse desejo sobrepunha qualquer coisa. Agora, quando já entende que isso não é algo possível, ele se esconde no fundo de sua alma, nas profundezas de seu cérebro e só emerge em seus sonhos, nas madrugadas.

Mas Arthur teme nunca poder realizar o sonho de servir na marinha. Seus irmãos precisavam dele e de sua imaginação fértil na companhia. “O nome não é ‘Kirkland’s advertisement’ à toa imbecil” sempre diz o mais velho dos quatro, Scott.

Antes de continuar vamos falar da família de Arthur um pouco. Acho que você poderia até pular essa parte, assim como eu poderia não escrevê-la, mas fica mais pratico colocá-la aqui. Mesmo não sendo muito necessária, ilustra bem a situação do inglês. Então vamos lá.

Era uma vez, há 35 anos, um jovem casal feliz esperando seu primeiro filho. Quando a criança nasceu, eles puderam se considerar uma família de verdade, “das antigas”, como os pais de ambos queriam, com pai, mãe e filho. Passaram-se alguns e a família Kirkland estava completa, de acordo com todos. Britannia, a mãe. Eric, o pai. Scott, o filho mais velho, na época com 11 anos. Draig, o filho do meio, 10 anos. Flynn e Rowan, os mais novos, gêmeos, que tinham sete anos. Eram todos muito felizes, uma família grande e perfeita. Até que começaram as brigas.

Não se sabe o porquê, mas Britannia e Eric começaram a brigar muito. Chegaram até a pensar em se separar. Mas as famílias de ambos não aceitaram, não queriam que as crianças crescessem sem os pais juntos. Então os dois continuaram vivendo juntos, num casamento de fachada. E tudo voltou a ocorrer bem, até que no ano seguinte Britannia estava grávida mais uma vez. E o pai não era Eric. Preciso dizer que foi uma gravidez bem difícil?

Depois de nove meses conturbados e cheios de historias que não posso contar agora, chegou o dia da criança nascer. Britannia estava no hospital, sozinha e nada bem. Sua saúde estava frágil, seus olhos, sempre verdes e carinhosos, estavam opacos e tristes. Ela não conseguiu resistir muito após o parto. Depois de uma semana no hospital com seu filho, Britannia morreu, deixando o pequeno e inocente Arthur com uma família que não o queria.

Por muito tempo os seis viveram juntos e o caçula agüentou o desprezo de sua família. Quando a situação ficava insuportável demais ele simplesmente saia de casa e ia dar uma volta por Londres. Assim Arthur passou a conhecer a cidade inteira. Ele se sentia melhor andando pelas ruas de sua cidade, elas eram sua verdadeira casa, não aquele lugar onde era ignorado e maltratado. Foi assim até sete meses atrás, quando Eric, que já sofria com os males da idade, não resistiu a uma pneumonia.

Com a morte do pai os garotos tiveram que cuidar dos negócios da família. Naquele momento o “irmãozinho bastardo”, como o mais velho faz questão de chamar o Arthur, veio à mente deles. Não era ele aquela criança estranha, que falava com fadas e outros serem imaginários e passava horas brincando sozinho, fingindo ser um pirata, mago ou cavaleiro medieval? Realmente, a imaginação do garoto sempre foi muito fértil, até demais. Por isso foi basicamente obrigado a trabalhar na empresa de publicidade do pai. Quando Arthur tentou sair só ouviu Scott dizendo:

 - Já não basta o ‘bastardinho’ ter matado a mamãe ele ainda vai desfalcar os negócios da família? Bom Arthur, muito bom. Você nasceu só para destruir nossa família não é mesmo? Realmente, você é um inútil. Mas enquanto você morar na minha casa você trabalha aqui.

 E voltamos ao nosso ponto inicial.

Nessas apresentações também temos outras pessoas a falar. A primeira delas é Francis Bonnefoy, francês, 25 anos, loiro de olhos azuis, se diz um romântico, é visto como um pervertido. Ele é escritor de romances que muitas vezes ocorrem em outros planetas, outras galáxias. Arthur Costuma a falar que ele, literalmente, mora no mundo da lua. Isso por que a casa dele, que foi construída propositalmente na frente da de Arthur, tem três andares e lembra um foguete. É uma casa bem excêntrica...

Francis e Arthur competem a vida inteira por qualquer coisa. Desde que ambos ainda usavam fraldas. Arthur costuma a dizer que a vida do francês não foi nada durante os dois anos que eles não puderam competir, antes do mais novo nascer. Nós sabemos que não é bem assim, mas é divertido ver os dois brigando por isso. Não só por isso, mas por qualquer coisa, eles são capazes de discutir até sobre o tom de azul do céu de Londres e do de Paris. Eles foram parar no hospital depois dessa.

Outra coisa que se precisa saber sobre Francis é que ele é rico. Muito rico, daqueles que poderiam queimar bolos de dinheiro que não faria nenhuma falta. Alem dos milhões ganhos com seus livros, ele ainda tem o dinheiro da família, que parece ser quase infinito. E faz questão de lembrar esse fato toda hora para seu rival.

Eu poderia falar sobre a família de Francis agora, mas ela não é necessária no momento. Só basta saber que atualmente ela mora na frança e é composta por, além dele, seu pai, sua mãe e sua irmã mais nova, Madeline. Francis resolveu se mudar para Londres só para mostrar que pode ser melhor que o Arthur na cidade dele. Pessoa agradável, não?

Bem alem de Francis e Arthur, outra pessoa que pode ser considerada bastante importante nessa historia é Alfred F. Jones, estadunidense, 19 anos, loiro de olhos azuis, se acha um herói, todos sabem que é um idiota. Filho de um aviador estadunidense, pode-se dizer que Alfred cresceu voando. Ninguém sabe quem é a mãe do garoto, então desde bebe ele vai com seu pai a basicamente todos os lugares. Arthur e Francis conhecem o garoto desde que ele era muito pequeno. A mãe do inglês trabalhava na mesma companhia aérea que o pai de Alfred, eles se conheceram e viraram amigos. Sempre que o Sr. Jones estava em Londres ia visitar a casa de sua querida amiga Britannia. Ele ficou bastante arrasado quando descobriu da morte dela, mas não culpou Arthur. Ao contrario, sempre tratou muito bem a criança que lembrava tanto sua Britannia.

Então, quando Alfred nasceu, a primeira criança que conheceu foi Arthur. E desde aquela época eles “se aturam mutuamente” como Arthur costuma a dizer. É claro que sempre ouve muitas brigas entre os dois, mas no fundo eles são quase uma família. Quase.

Apesar de ser um garoto muito sociável, Alfred nunca teve muitos amigos.  Colegas sim, ele teve muitos, no mínimo um em cada canto do mundo, mas não amigos de verdade. Em suas viagens conhecia pessoas, ficava com elas uma semana no máximo e depois nunca mais as via. Eram quase amigos temporários. Mas não Arthur e Francis. Com eles podia contar. Bem tecnicamente, é claro...

Agora que o garoto é maior de idade, ele tem seu próprio avião. Sempre que Alfred está em Londres passa alguns dias com a dupla “Fogo e Água” como ele chama os dois, obviamente só para irritá-los. E sempre que está em Paris um certo francês milionário faz questão de arrastar um inglês mal humorado para vê-lo e acaba aproveitando para provar que “o céu de Paris é mais bonito e azul do que o de Londres”. Não me pergunte de onde ele tira isso, mas essa afirmação irrita muito o Arthur e diverte muito o Alfred com a briga que sempre vem depois dela.

Então estão terminadas nossas apresentações. Agora vamos ao que interessa: o verdadeiro começo da historia.

Naquele ano Alfred tirou férias nos meses de novembro e dezembro.  Ele poderia ter ficado com seu pai e seu irmão em Nova Iorque, comemorando o fim de ano e se divertindo com eles fazem todos os anos. Mas Alfred resolveu fazer diferente. Ele queria “estrear” seu presente de aniversario, afinal tinha-o há quase meio ano e ainda não tinha nem entrado lá direito!

Seu pai tinha lhe dado, para comemorar seus 19 anos e sua “entrada triunfal na aviação” (palavras dos próprios Jones, não cabe a nós discordar, certo?), um apartamento em Londres, perto da rua onde Francis e Arthur moravam. Não era grande ou luxuoso, era só um apartamento simples, com um quarto e mobília boa, mas barata e sem aqueles “frufrus” todos. Podia não ser grande coisa, mas era dele. E Alfred estava muito feliz. Muito mesmo. Finalmente o herói tinha seu esconderijo secreto, um lugar só dele e de mais ninguém. Então para começar ele iria passar os dois meses de suas preciosas e merecidas férias no seu mais novo refugio em Londres, perturbando seus amigos “velhos” e voando uma vez por semana para ver seu pai e seu irmão. Parecia ótimo aos olhos estadunidenses.

Assim que deixou seu avião na cede britânica do lugar onde trabalhava, foi logo falar com Arthur.  


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Notas finais do capítulo

Não sei por que, mas estou com medo de postar isso... tanto medo que não escrevi nenhuma besteira lá em cima. Eu não falando besteira, isso é raro, bem raro...