Sim, eles poderiam ficar ali eternamente para sempre, mas, como tudo que é bom dura pouco, logo a chuva já cessara e a praça já se enchia de gente novamente. Não fora isso que os atrapalhara, mas sim um grupo de fãs que veio em direção ao Diego pedindo autógrafos. O grupo o cercou, fazendo com que Alessa fosse empurrada para fora do banco. Então ela ficou de frente para Diego, fora da rodinha que se formara, e as fãs estavam de costas para ela.

Enquanto dava os autógrafos, uma menina perguntou:

- Diego, essa é a sua namorada?

Diego ia responder positivamente, mas antes de falar, ele olhou para Alessa, e ela estava fazendo um gesto de negativo com a mão.

- Ãnn...  – disse olhando para Alessa e olhando de volta para a fã – Não. É só... Uma amiga.

Diego terminou de dar os autógrafos de cara amarrada. Não olhou para Alessa nenhuma hora sequer. Quando todas as fãs foram embora, Alessa voltou a sentar do lado de Diego. Ele olhava para frente fixamente. Depois de um tempo, Diego se virou para Alessa:

- Então... A gente não vai ficar junto?

- É claro que a gente vai!

- Então por que você não me deixou dizer que você é minha namorada?

 - Bom, primeiro que eu quero contar para o Luca que nós estamos juntos antes de contar para qualquer outra pessoa. E segundo que você ainda está com a Giulia. Quer dizer, você não terminou formalmente com ela. Você a viu beijando outro cara, mas ela não sabe que você a viu. Eu não quero que fiquem falando por aí que você está com duas garotas. E eu acho melhor também, depois que você já tiver terminado com a Giulia, nós esperamos um pouco para nos assumir formalmente.

- E por que isso?

- Você é uma figura pública Diego Fainello – disse Alessa, ajeitando seus cabelos – e eu não quero que fiquem falando que você troca de mulher como troca de roupa. Você sabe que é só dar uma brecha para que a mídia comece a falar mal, não sabe?

- É eu sei – disse de cara emburrada. Diego não estava nem um pouco satisfeito com o fato de que teria que esperar para aproveitar esse romance livremente.

- Agora vamos – disse Alessa se levantando do banco e puxando o braço de Diego para que ele pudesse se levantar também. Mas ele se recusava a se levantar – Vamos Diego deixe de ser chato – e nada dele se levantar. Alessa soltou seu braço e saiu andando. Olhou para trás e disse:

 - Então tá, se quiser ficar aí, fique, mas vai ficar sem beijo quando chegar em casa. – e virou para frente. Alessa só sentiu as pisadas fortes de Diego vindo ao seu encontro. Ela riu.

- Será que a gente não pode nem andar de mãos dadas? – Diego estava fazendo uma carinha de cãozinho abandonado.

- Eu acho melhor não Diego... E não me olha com essa cara – Alessa desviou o olhar do rosto dele.

- Por favor? – Alessa olhou para ele novamente.

- Diego para com essa cara! – até que Alessa se deu por vencida – Ah tá tudo bem, só mãos dadas.

Andaram até a casa de Diego. Ao entrarem de mãos dadas, encontraram Seu Luciano sentado em sua poltrona lendo jornal. Ao ouvir passos de gente entrando em sua casa, abaixou o papel para que pudesse ver quem estava entrando. Ao ver a cena, ficou em êxtase.

- É isso mesmo que eu estou pensando? – perguntou Seu Luciano.

- É sim pai. – respondeu Diego, com um sorriso.

- Elisa! Venha ver o que nós temos aqui! - gritou o senhor.

D. Elisa veio da cozinha usando um avental e com os cabelos mal presos em um coque.

- Mas o que foi Luciano? - então ela notou a presença do mais recém formado casal em sua sala. Seu olhos foram dos rostos sorridentes de Diego e Alessa até as suas mãos entrelaçadas - Não creio no que vejo! - sua mão foi até a boca, que se abrira. Então ela ollhou para Luciano - É isso mesmo Luciano?

- É sim! - respondeu seu marido.

- Mas, e Giulia? – perguntou D. Elisa.

- Depois eu explico tudo mãe. Onde está Luca?

- Está lá em cima, no quarto.

Diego e Alessa subiram as escadas, sempre de mãos dadas. Quando chegaram ao quarto de Luca, Diego abriu a porta. Luca estava deitado em sua cama e dedilhando algumas notas em seu violão.

O quarto de Luca era muito organizado, muito diferente do de Diego. Quem abre a porta vê uma cama bem arrumada e do outro lado um criado-mudo, com um abajur verde em cima. Um pouco mais ao longe, já encostada na parede, existia uma escrivaninha. Do lado dessa escrivaninha estava um cesto de lixo repleto de bolinhas de papel amassadas com rabiscos de letras de música.

- Olá irmãozinho.  – somente Diego aparecia na porta. Alessa estava logo atrás, longe do alcance visual de Luca – Eu e minha namorada viemos te visitar.

- A Giulia está aqui? Ué mas por que... – nesse momento, Alessa sai de trás de Diego e vai para a porta também. Ela estava sorrindo como se dissesse: “Luca olha! Finalmente aconteceu!”. Eles continuavam de mãos dadas. Luca demorou um pouco para poder processar e entender a cena. Talvez porque não estivesse acreditando no que os seus lhos estavam vendo – Mas o que...? Ai meu Deus é isso mesmo que eu estou vendo? – Luca já tinha deixado o violão de lado e pulado da cama – Eu não acredito que isso finalmente aconteceu! – e foi abraçá-los – Nossa eu estou muito feliz por você dois! – dava pra perceber o quanto ele estava feliz. Um sorriso enorme iluminava seu rosto.

- É, pois é, mas a Alessa quer manter isso em segredo.

- Mas por quê? – Luca estava indignado.

- Vamos sentar Luca, e aí eu explico tudo.

Sentaram-se os três na cama. Alessa começou a explicar tudo. Desde a hora que tinha saído de casa para pedir desculpas a Diego até a decisão de manter isso em segredo. Luca também concordou. Diego teria que acabar com Giulia formalmente primeiro.

- Então é melhor eu ir terminar logo com Giulia não é?

- Ah, mas agora? – Alessa fez bico.

- É melhor eu ir o quanto antes Alessa. Tchau – e deu um beijo na testa dela – Eu volto já, espero que seja rápido. Por isso, me esperem aqui me ouviram? – olhando agora somente para Luca, Diego falou:

- Cuida bem dela viu? – e foi em direção à porta. Já estava saindo do quarto quando se lembrou de alguma coisa e deu meia-volta – Alessandra Tornisiello, você se lembra do que me prometeu?

- O que foi que eu te prometi? – Alessa fez cara de desentendida.

- Me deixa refrescar sua memória. – e Diego a beijou – Tá lembrada agora?

- Não, não estou... – Alessa sorria sapecamente.

- Ah é? Me deixa tentar te lembrar de novo. – e Diego a beijou duas, três, quatro vezes, até que Luca falou:

- Chega disso né? Vá terminar com a Giulia! – e empurrou a cabeça de Diego.

Diego chegou cambaleando até a porta. Quase caiu. Depois de ele ter saído, Diego ouviu Luca dizer um “Ele não toma jeito mesmo” ou algo do tipo. Mas não deu bola. Ele sabia que não tomava mesmo jeito.

Quando chegou à casa de Giulia, tocou a campanhia e ela atendeu. Giulia o recebeu com um selinho e o mandou entrar. A vontade de Diego era de começar a terceira guerra mundial, mas se conteve. Aceitou o selinho de mal grado e entrou na casa. Giulia não notou o comportamento diferente de Diego.

- Nossa amor, você nem me avisou que vinha.

- Queria te fazer surpresa – disse Diego, com um sorriso amarelo.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntou Giulia.

- Não, nada.

Nossa eu sou mesmo um péssimo ator.

Eles estavam na sala e Diego sentou-se no sofá. Giulia tinha ido à cozinha pegar um copo d’água e Diego ficara planejando alguma coisa para se vingar de Giulia. Mas ele decidiu deixar tudo fluir naturalmente.

Quando ela voltou, Diego perguntou:

- Ei Giulia, o que você acha de traição? – Giulia, que estava bebendo água, quase se engasgou. Mas tentou disfarçar seu pavor, em vão.

- Ãnn... Traição? Ah, eu acho uma coisa horrível! Eu jamais seria capaz de fazer isso com você. – dizendo isso, Giulia sentou-se no sofá com Diego, bem juntinho a ele, e tentou-lhe roubar um beijo, mas Diego não deixou. Giulia já estava percebendo o comportamento estranho dele e começou a preocupar-se. Então, tentou mudar de assunto:

- Diego, o que você acha da gente fazer uma viagem...

- Ei não mude de assunto não. Eu não terminei. – Diego tinha afastado Giulia de si e agora estava de frente para ela, olhando-a nos olhos – Você tem certeza de que nunca me trairia?

- Mas é claro meu amor! Eu te amo! – tentou novamente beijá-lo, mas não conseguiu.

- Ah é? – Diego se levantara – Então porque você estava beijando outro homem ein?! – agora ele estava gritando.

- Como assim? Quem foi que te disse isso? – Giulia ficava se fazendo de vítima e já estava de pé também – Aposto que foi Alessa! Aquela interesseira... Ah! Eu sempre odiei aquela garota.

Diego agora estava mais enfurecido do que nunca. Como ela ousou insultar Alessa?

- Escuta aqui não foi ninguém que falou tá bom? Eu vi com os meus próprios olhos! – Diego empurrou Giulia, que caiu no sofá. Ele se afastava cada vez mais, não queria fazer uma besteira.

- Não! Diego aquilo não era o que parecia ser! Por favor, me escuta! – Giulia foi em direção a Diego. – Aquilo foi só uma fraqueza minha não significou nada para mim! Quem eu verdadeiramente amo é você, é você! Nós fomos feitos uma para outro!

- Chega! – Diego empurrou Giulia novamente e dessa vez ela caiu no chão. – Se você me amasse de verdade nunca seria capaz de me trair. Há quanto tempo você está com essa cara?

- Diego eu...

Diego a cortou:

- Há quanto tempo?!

Giulia estava choramingando no chão:

- Já faz alguns meses...

- Meses?! Ah, eu já deveria saber! Como eu fui tolo! Nunca mais eu quero olhar na sua cara tá me ouvindo? Nunca mais! – Diego andou em direção à porta. Estava furioso e seus passos pareciam fazer tremer o chão.

Giulia levantou a cabeça e falou:

- Você não pode me deixar!

- Ah é?! Me dê um motivo! – Diego estava furioso. Tudo o que ele mais queria era sair dali.

- Você não pode me abandonar... Porque eu estou grávida.