Verdades Trancafiadas escrita por Letícia do Vale


Capítulo 11
Sonhos destruídos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/177331/chapter/11

Diego parou instantaneamente. Não mexia um músculo sequer. De repente, parecia que o oxigênio presente naquela casa pesava uma tonelada. O clima estava tenso e Giulia continuava no chão, querendo saber o que Diego faria. A verdade é que ela estava bem assustada, naquele momento, ela não sabia o que Diego seria capaz de fazer. Até que, finalmente, ele soltou uma frase:

- Você o que?

- É isso mesmo que você ouviu. – disse Giulia, levantando-se – Eu estou grávida.

Diego esbugalhava os olhos e arqueava as sobrancelhas. Isso não podia ser verdade, não naquele momento.

- E como eu vou saber que esse filho é meu? – disse Diego, cruzando os braços.

- Bom você não tem como saber. Você não pode ter certeza disso, mas eu aposto que os paparazzi iriam adorar saber que Diego Fainello abandonou uma mulher grávida dele. Ninguém sabe que eu te trai. – Giulia agora já não se fazia mais vítima, ela era apenas Giulia: esperta e aproveitadora.

- Mas eu falarei que você me traiu! – Diego ostentava uma expressão de desespero. Ele realmente não acreditava em tudo que estava acontecendo.

- Puff... – bufou Giulia, revirando os olhos – E você acha que vão acreditar em quem? Em um homem que sempre foi namoradeiro, ou em uma pobre coitada grávida e abandonada? - nesse último trecho, Giulia colocara as duas mãos sobre o peito e fizera uma voz falseta.

Diego pensou em como Alessa iria reagir ao descobrir tudo isso e logo a dor tomou conta do seu rosto. Ao ver a expressão de Diego, Giulia apenas riu. Uma risada alta e assustadora, quase... Diabólica.

- Agora você vai comer bem aqui ó – estendeu a mão e seu dedo indicador apontava para o centro dela – na palma da minha mão. – deu um sorriso doentio e foi em direção a Diego. Apertou seu maxilar e o beijou. Diego a tirou de perto e depois passou o braço na boca para poder limpar a saliva de Giulia que lá se encontrava.

Giulia seguiu em direção ao sofá e se sentou. Ela estava se divertindo com a cara de desespero de Diego.

- E como eu vou saber que você está grávida mesmo? – Diego estava procurando a todo custo uma brecha para poder se safar dessa.

- Eu fiz o teste de farmácia, que deu positivo. Além do mais, venho tendo muitos enjôos e desejos repentinos de comer alguma coisa.

- Tem certeza de que você só não engordou um pouco? – brincou Diego.

Giulia jogou uma almofada nele. Sorte dele, porque se tivesse um machado ao alcance de Giulia ela jogaria do mesmo jeito.

- Idiota! – gritou Giulia. Diego não tinha parado de rir – Bom, se não acredita em mim, venha comigo ao médico amanhã mesmo.

- Então tá né? – o momento descontraído em que Diego tinha feito uma piada e rido já tinha passado, agora ele voltava à seriedade. A única coisa em que ele conseguia pensar era em como Alessa ficaria arrasada com isso – Eu passo aqui, com Alessa – Giulia revirou os olhos – e vamos ao médico.

- Tudo bem então. Pode trazer aquela pirralha com você.

- Ela não é pirralha, você que é velha. – e, dizendo isso, Diego correu para a porta e a fechou bem a tempo. O vaso que Giulia pegara da mesinha de centro em frente ao sofá e jogara, bateu na porta fazendo um barulho ensurdecedor. Cacos azuis estavam espalhados pelo chão, junto com terra e uma planta despedaçada que se encontrava dentro do vaso. Giulia ficou ainda mais irritada, pois teria que limpar toda aquela sujeira.

Diego saiu da casa sorrindo, mas logo a lembrança de Alessa o esperando em sua casa o fez ficar sério. Ela ficaria arrasada. Esse filho poderia não ser dele, ou poderia. E se fosse realmente seu filho? Como seria a vida? Ele não iria querer que a criança tivesse pais separados, mas também não poderia ficar com Giulia... Sua vida não poderia estar mais complicada.

Chegou em casa de cabeça baixa, e ao entrar no quarto de Luca e encontrar e ele e Alessa conversando animadamente teve vontade de se matar. Como doeria tirar aquele sorriso perfeito do rosto dela.

Ao notar a presença de Diego, Alessa se levantou da cama e pulou nos braços de seu amado. O beijou logo em seguida. Era um beijo de felicidade, para ela tudo estaria resolvido. Mal sabia ela que na verdade, nada tinha se resolvido.

Ao notar que Diego não estava retribuindo muito bem seu beijo, parou de beijá-lo e, quando olhou para seu rosto, ficou realmente preocupada. Tudo o que Alessa via nas feições dele era dor, angústia e desespero.

- O que aconteceu? – perguntou Alessa, preocupada.

- Giulia está grávida – Diego praticamente cuspia as palavras. Ele não suportava falar aquilo.

- O que? – Alessa levou as mãos à boa e instantaneamente seus olhos ficaram marejados. Ela não podia acreditar.

- Alessa... – Diego não tinha o que falar. Seu coração se partiu em trocentos pedaços ao ver lágrimas escorrendo do rosto de Alessa. Ela tinha se sentado na cama e Luca a abraçara. Ele também olhava Diego com uma expressão de angústia.

Diego sentou-se na cama, ao lado de Alessa, e pegou as suas mãos.

- É melhor eu deixar vocês sozinhos. – disse Luca, que, antes de soltar Alessa, deu um beijo em sua testa – Qualquer coisa, estarei na sala.

Luca saiu do quarto, deixando os outros dois a sós. Diego continuava segurando as mãos de Alessa. Ela já tinha parado de chorar um pouco, agora só soluçava. Também, não era pra menos. Seu sonho de ficar com Diego estava agora sendo arruinado. Ela tinha chegado tão perto... Mas de repente tudo escapou de suas mãos.

- Nós vamos dar um jeito – foi a única coisa que Diego disse. Ele também não seria capaz de falar mais nada, estava com um nó na garganta.

Os dois se abraçaram e ficaram assim por um longo tempo.

- Vamos. – disse Diego. Ele guiou Alessa até seu quarto, que era do outro lado do corredor. Era bem parecido com o de Luca, o que diferenciava era o fato de ser bagunçado. Roupas espalhadas pelo chão aqui e acolá. Sapatos jogados perto da cama. As portas do guarda-roupa abertas, com uma toalha ainda molhada pendurada em uma delas. Uma pilha de objetos estava jogada na cama: cadernos, algumas roupas, uma guitarra e alguns livros de aventura e ação.

Diego entrou em seu quarto com Alessa e, com seu braço, arrastou tudo o que tinha em cima de sua cama para o lado até que tudo caísse no chão, fazendo grande barulho. Deitou-se e puxou Alessa para que ela se deitasse junto a ele. Na cama, Alessa estava com a cabeça deitada no peito de Diego, com uma perna em cima dele, enquanto os braços de Diego a envolviam.

- Você vai dormir aqui comigo não vai? – perguntou Diego olhando para Alessa.

- Sim. Quero desfrutar de todos os segundos que eu possa ter com você. Afinal, não sabemos quanto ainda vai durar não é? – seu tom de voz era triste.

- Ei, - falou Diego, apertando Alessa contra ele – nós prometemos que seria eternamente para sempre não lembra?

Alessa não respondeu. Ela tinha poucas esperanças de que alguma coisa ainda poderia dar certo. Diego também não falou mais nada. Em pouco tempo, os dois adormeceram. Tudo o que eles mais queriam era ficar ali, eternamente para sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!