"Péssima Idéia"

Capítulo 2

Encrencado

Pov Edward

"Ele vai ter que entender que eu não posso simplesmente permitir isso."

Era o meu único pensamento enquanto subia os degraus pra falar com meu pai, seu cheiro me indicava que ele estava na cozinha, ainda bem que não estava no escritório, ou então eu não teria escapado tão facilmente.

Cheguei à cozinha e ele estava com os olhos grudados na revista de decoração, que minha mãe foliava na sua frente tagarelando sobre reforma do chalé para Bella e eu quando fosse transformada.

Pra mim foi a pior punição do meu pai pela tentativa de suicídio, decidir transformar Bella.

Ainda me lembro exatamente de cada palavra.

"É a única opção que faz sentido, você escolheu não viver sem ela e isso não me deixa alternativa."

Se eu soubesse que ainda assim levaria uma surra daquelas, eu não teria jogado a droga do vaso chinês da minha mãe na parede de vidro, depois tive que apanhar por dois motivos, e ainda por cima, sabendo que Charlie ia bater na Bella por causa da moto, mas nada disso se compara a dor do fato de meu pai concordar com a minha família em transformá-la.

Eu rosnei por dentro só de pensar nessa decisão, mas da boca só deixei escapar um pigarro anunciando a minha chegada.

"Isso ainda não está decidido ela ainda não aceitou o meu pedido de casamento, eu não a transformarei se ela não se casar comigo."

"Oh querido...ela vai aceitar Bebê."

Ela falou com uma voz de dengo como se eu fosse um bebê de verdade, e depois endireitou a face para um semblante sério e completou.

"Além do mais, essa é a sua condição para transformá-la, se ela não aceitar, seu pai ira fazê-lo após a formatura e nos não vamos discutir isso novamente."

Mais uma vez o peito construiu um rosnado que não veio até a garganta, eu não era louco de rosnar pra minha mãe, ainda mais na frente do meu pai.

"Pai, eu preciso falar com você."

Eu disse com as sobrancelhas unidas e ele percebeu que o assunto era sério.

"Tudo bem filho vamos ao meu escritório."

Eu não estava certo de queria falar sobre Bella e Jacob no escritório, normalmente esse assunto me fazia perder a noção do perigo.

"Não podemos falar aqui mesmo?"

Perguntei suavizando minha feição.

Minha mãe sabendo que não haveria motivos para meu pai me negar esse pedido, começou a reunir suas amostras de papel de parede, tecidos, tapeçaria, cartelas de cores e revistas que estavam espalhados sobre a mesa, meu pai a interrompeu.

"Não querida, não precisa retirar suas coisas, nós ainda temos muito pra escolher."

Ele disse isso beijando a sua mão, arrancando dela um grande sorriso de satisfação.

Eu vi em seus pensamentos, que ele como qualquer homem, não estava nem um pouco interessado na decoração do chalé, afinal qualquer coisa feita por ela ficaria perfeito, ela era a maior decoradora de todas, sem mencionar o fato de que ele a amava e ela poderia pintar uma parede de roxo com bolinhas coloridas que ele acharia lindo.

Na verdade ele estava demonstrando interesse e companheirismo naquilo que era importante pra ela.

Ele viu meu ceticismo ao ler seus pensamentos, então pensou pra mim sorrindo com o canto da boca.

"Veja e aprenda Edward, veja e aprenda."

Ele pôs a mão no meu ombro me fazendo sair da cozinha.

"Vamos descer pra sala de estar meu filho."

Eu respirei fundo, pensei que ele estivesse me levando para o escritório.

Chegamos à sala e ele sentou na poltrona apontando para o sofá à sua esquerda.

"Sente-se filho, sobre o que você quer falar?"

Eu me sentei e respondi nervoso esfregando as mãos, eu não tinha certeza se estava fazendo a melhor opção.

"Pai, eu queria fazer um pedido, na verdade eu queria pedir uma permissão."

Ele olhou pra mim com um olhar de quem estava pronto pra me dar qualquer coisa, meu pai me dava de tudo, ele tinha o prazer de me dar motivos de alegria nessa nossa "vida".

Eu quase aproveitei a oportunidade pra ganhar um piano que eu vi na nossa última viagem a França, e deixei essa historia pra lá, mas se tratava da segurança de Bella e eu não podia fazer isso escondido, se ele descobre depois nem minha mãe poderia me ajudar, na verdade ele me picaria em pedacinhos bem pequenos e entregaria pra ela juntar.

"Filho eu estou esperando."

Sua voz me tirou do meu devaneio

"É... é queee... eu queria autorização pra quebrar o tratado."

Ele arregalou os olhos e antes que eles caíssem do seu rosto, eu completei.

"Bom quebrar não, trapacear na verdade, eu não quero brigar nem nada, eu só quero entrar lá escondido pra vigiar Bella durante uma tal festa de lobos que ouvi nos pensamentos do Vira-lata. Por favoooor, eu juro caçar direitinho por aqui sozinho."

Minha voz era de quem estava implorando, eu até pensei em usar aquele bico infalível, mas essa era uma conversa de homem pra homem.

"Não."

Sua resposta foi simples, curta e sem nenhuma irritação, apenas determinação.

"Como assim? Só não? Deixe-me explicar!"

Eu disse um pouco mais alto do que eu pretendia, enquanto ele mantinha sua postura irritantemente serena.

"Eu já ouvi o bastante Edward e a resposta é não."

Eu me levantei de uma vez, numa postura totalmente rebelde.

"Não é justo! Eu não vou machucar ninguém! Eu só quero ter certeza de que ela estará bem! Como se você não fosse quebrar o tratado mordendo seu pescoço!"

Ele se pôs de pé e sua serenidade mudou para irritação no mesmo instante, eu cheguei a pensar que levaria uma bofetada na cara, igual aqueles pais de novela fazem.

"Senta aí rapazinho! Com quem você pensa que está falando?"

Eu reconhecia a sua autoridade, mas idéia de Bella numa festa de lobos, já tinha tirado o melhor de mim, foi então que fiz a maior merda de toda a minha existência, isso incluindo pedir pros Volture me matarem, eu disse aos berros.

"EU NÃO VOU FICAR SENTADO AQUI ENQUANTO ELA PODE ESTAR CORRENDO PERIGO!"

Ele respirou fundo tentado manter o controle que só ele tinha.

"Estou avisando, se qualquer um de vocês cinco puser os pés no território Quileute outra vez, eu vou fazer a surra que eu dei no Emmett por brigar com o Paul, parecer um passeio no parque."

Depois disso, como se merda não estivesse grande o suficiente, em algum lugar entre as palavras, Quileute e surra, eu dei as costa pra ele e comecei a andar em direção a porta.

"E volte aqui que eu estou falando com você!"

Eu passei pela minha mãe assustada, queria parar, mas meus hormônios adolescentes me fizeram quebrar a porta com uma batida ao em vez disso, o grito que ele deu foi de tremer as pernas.

"EDWARD ANTHONY CULLEN! VOLTE AQUI AGORA!"

Eu sabia que estava ferrado, de jeito nenhum eu iria encará-lo naquela hora, mas eu também não podia ficar ali parado ao alcance dele, então me atirei floresta adentro pelos pinheiros.

No topo de um deles, minha consciência pesou mais do que o medo, eu olhei pra trás ao considerar a hipótese de voltar e me desculpar, eu podia jurar que os vira na escada olhando pra mim, minha mãe parecia estar no degrau abaixo do dele, e ao vê-la me lembrei que ela mesma desenhou e mandou fazer a porta que eu fizera em pedaços ao sair, eu podia estar mais fudido? Não mesmo.

Eu desci do pinheiro e corri o mais rápido possível pra longe do meu pai e pra perto da minha Bella.

Continua...