Uma Vida A Três escrita por ro_dollores
_Será que ele não vai estranhar, amor ?
_Se ele chorar nós vamos ouvir, querida, não se preocupe. - ele pousou a mão sobre a barriga, e fez uma careta. _Acho que comi demais ! Estou cheio !
Ela deu uma risadinha muito conhecida. Ele entendeu “Eu te avisei”
_Já sei … já sei … “eu te avisei”
_Estava sentindo falta da comida da sua mãe ? É isso ?
_Foi um pecado capital. Eu fui tentado, não tive culpa.
_Pela gula ?
_Acho que vão vou conseguir dormir.
_Será que sua mãe não teria um anti ácido ?
_Vou descer e procurar.
Ela o seguiu com a babá eletrônica nas mãos, assim se o filho resmungasse, eles ouviriam.
Sua mãe ainda mantinha a caixa de remédios no mesmo lugar, desde quando ainda era criança. Abriu um envelope tomou fazendo mais uma careta.
_Venha cá, vou fazer uma massagem em sua barriga.
Ele obedeceu, tirou a camiseta e deitou a cabeça em seu colo, no sofá.
De olhos fechados, ele sentiu a mão dela deslizar devagar, fazendo círculos pequenos, por longos minutos.
_Você tem mãos de fada.
_Está se sentindo melhor ?
_Está melhorando, doutora.
Ela sorriu quando ele abriu os olhos e a encarou.
_Sara … hum …eu preciso te contar uma coisa. - A voz dele parecia receosa.
Suas mãos aumentaram o perímetro de seus círculos, chegando até o peito e pescoço.
_O que foi ? Parece assustador !
_É que … a minha mãe … tem uma amiga … talvez melhor amiga … que com certeza vai estar entre nós … amanhã e …
_E …
Ela se chama Júlia, nós dois … há … muito tempo ..
_Ficaram juntos !
Ele arregalou os olhos se surpreendendo com ela.
_Como sabe ?
_Eu não sei, apenas deduzi. Nós estamos no seu território, você viveu aqui boa parte de sua vida … e é admissível que isso tenha ocorrido. Tem mais alguma coisa para me contar ?
_Não !
_Estava preocupado por que ?
_Estava sendo … apenas cuidadoso.
_Ela foi importante para você ?
_Nenhuma mulher teve importância na minha vida como você ! Nenhuma !
Ela deslizou a mão pela rosto cabeludo, depois desenhou seu nariz perfeito.
_Confio em você, querido. Prometo não ter uma crise de ciúme e atacá – la. A não ser que ela queira reviver o passado.
Ele deu uma gargalhada alta, depois encolheu os ombros, poderia acordar o bebê.
_Gil … você se lembra … de suas promessas ?
_De cada uma delas, sem exceção !
_Pois saiba que está cumprindo, com honras.
Ele levou a mão até seu rosto, depois subiu seu corpo, deslizou o polegar pela sua boca e a beijou longamente.
_Nunca me esqueço de uma promessa.
_Eu te amo, Gil
_Também te amo, mais do que tudo em minha vida. Você e o nosso filho.
Neste momento seu telefone começou a tocar novamente, já eram quase onze horas da noite.
Era Cath.
_Gil, estava dormindo ?
_Não, ainda não.
_Recebi um telefonema estranho aqui há alguns minutos perguntando por você !
_Quem era ?
_Não quis dizer o nome e desligou.
_Peça para a Judy localizar a ligação.
_Já pedi, ela não conseguiu.
_Não ?
_Está esperando alguém ou tem alguma pendência para resolver ?
_Não, nenhuma.
_De qualquer maneira vou ficar atenta, talvez seja algum amigo seu.
Ele quase não tinha amigos, e se fosse diria o nome.
_Se acaso ele ligar, me avise Cath, eu quero saber.
_Tudo bem … boa noite, desculpe pelo horário.
_Tudo bem, estava acordado.
_Dê um beijo na sua mãe …
_Será dado. Até mais.
Ele desligou e ficou olhando para o visor, estava marcando duas ligações perdidas, privadas !
_O que foi, Gil.
_Você ouviu o telefone tocar ?
_Não, apenas no final da tarde, como você.
Sua expressão se tornou muito séria e ele tentou disfarçar.
_Algum problema … o que a Cath queria ?
_Me avisar que alguém me procurou mas não se identificou.
Ela olhou para ele que estava de pé bem em frente a ela.
_Isso é estranho.
_Bastante !
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