A Cura Do Meu Coração escrita por Rafa SF


Capítulo 16
Capitulo 16


Notas iniciais do capítulo

Seus lindos, vocês precisam sobreviver a esse capítulo! Forças!



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—-/-/Inuyasha/-/-

Desde que devolvi o arco de Kagome, nunca mais tive notícias suas, em contrapartida, todos recebiam notícias do maldito Sesshoumaru. A guerra que ele travava era tamanha que seu caos afetou até mesmo o nosso vilarejo. Muitos refugiados buscaram abrigo e, após tantos meses, sua convivência com os aldeões incitou o mesmo. Como muitos aldeões deles não tinham noção da distância que o território Norte era daqui, mas com a luta ocorrendo logo ao lado, o medo de que nos atingisse era palpável e só piorava com o avançar da estação. 

Não via a hora para o fim desse inverno. Estava cansado de ouvir as reclamações da velha Kaede sobre como o frio afetava seus ossos diariamente e depois de alguma relutância, eu lhe cobria com o manto de Fogo que usava enquanto estava em sua casa, já que o clima não me atingia da mesma forma. Minha cunhada não se importava mais com minha carranca, sempre que ouvia alguma reclamação de si, a senhora sorria, já acostumada ao meu jeito.

O lado bom de ser aprisionado aqui pela neve, era poder conviver com minha Kikyou, em nossa própria casa, recém pronta. Era modesta, mas aconchegante para nós dois vivermos, como deveria ter sido sempre. Agora mesmo, ela estava na cozinha, preparando nossa refeição e de minha cunhada. Uma cena que sonhava há muito tempo, minha pequena família finalmente estava ali, comigo.

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Apesar de não ser expulso do lugar, fui isolado dos meus antigos companheiros e eu não os culpo. Nem mesmo exijo que entendam meu lado. Desde que tomei a minha decisão, escolhendo a felicidade após tanto tempo, venho convivendo com as consequências de meus atos. E principalmente do sumiço de Kagome.

No início, eu até procurei por ela, seguindo seus rastros o tanto quanto pude até ser barrado pelo meu odioso meio irmão, metido nos assuntos que não fora chamado. No começo, não entendia suas razões em impedir sua busca, mas ao alegar que eram suas terras, entendeu como um sinal do territorialismo do Youkai. 

O que também lhe fez adivinhar que sua amiga realmente estava ali. Como um último gesto, retornei ao vilarejo, mas seus bens já haviam sido levados pelo servo de Sesshoumaru, exceto pelo arco em posse de Kikyou. Não pude deixar de estranhar os atos do orgulhoso ser, mas não cabia a mim me meter em seus assuntos.

Os dias passaram sem muitas novidades. Em algum momento, Miroku veio finalmente exigir explicações, resultando em horas de conversas. Fui o mais sincero que pude. Relatando toda a minha jornada, desde 50 anos atrás, quando encontrei com a Kikyou pela primeira vez. Se nem mesmo ouvindo de mim, ele entendesse, nada o faria. Também lhe indiquei o resultado de minhas recentes buscas, surpreendendo-lhe com a informação. 

Foi ele mesmo quem relembrou que ainda havia algo de Kagome ali, o arco do Monte Azusa, o mesmo permanecia em posse de Kikyou. Era guardado por si, sem nunca usá-lo, como respeito pelo objeto sagrado. Mas mesmo a vendo em seu papel de detentora, senti que não era o certo, diante de todas as minhas atitudes, manter aquela arma tão significativa. Liguei alguns pontos, e decidi fazer algo pela minha ex amiga.

Novamente, voltei ao Oeste, como uma última saudação ao tempo que tive ao seu lado. Determinado a explicar-lhe, um pouco, meus motivos para tais atitudes, tendo a certeza de que seria compreendido por ela, sempre tão gentil ou pelo menos como uma forma de desculpar-me pela minha indecisão. 

Isso, se eu não houvesse sido interceptado novamente pelo maldito. Impreterivelmente presente sempre que eu me via próximo o suficiente da minha ex-amiga. 

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Com o tempo, desisti do contato e foquei em viver minha própria vida. Aproximei-me de meus amigos, e graças à intervenção de Miroku, pude aos poucos recuperar alguma confiança de si. Sango era a mais contrária à nossa relação, depois do pequeno youkai, e não a culpava pelo rancor de ter separado-a de sua irmã. No fundo, não desejava ter afastado Kagome, mas eu pude entender a sua decisão, e não cabia a mim contrariá-la. Por isso, aceitei sem pestanejar o tratamento do grupo. Eu sabia que seria difícil para eles e estava disposto a dar-lhe o tempo que fosse necessário.

Ainda hoje, meus amigos eram receosos em minha presença, mas desde que Sango avançou na prenhez, a convivência se tornou comum, já que constantemente o casal visitava minha casa, em busca das sacerdotisas. Disseram que seriam duas crianças, u parto difícil de aguentar, mas que a caçadora fora forte em suportar.

Ninguém imaginaria que as duas pequenas garotas, de nomes Kin´u e Gyokuto, ficariam tão apegadas ao seu tio ranzinza, eu. Sim, mesmo que odiasse crianças, as duas ainda eram bebês, perfeitamente suportáveis nessa época, aprendi com o passar dos dias. Eram constantes as visitas de sua mãe, Sango, para Kikyou e isso me fazia conviver com as duas pequenas mais do que gostaria. Após um período de desconfiança inicial, pude, aos poucos, me abrir com elas e me tornar o tio babão que não me envergonha ser. 

O que serviu para firmar novamente minha amizade com seus pais, mesmo que a outra criança deles se recusou categoricamente a me ver. O pequeno youkai raposa era o que mais havia sentido a perda de Kagome e eu não tinha coragem de sugerir seu perdão.  Atualmente ele morava com a exterminadora e o monge, mas raramente o via sair da residência, então me acostumei com sua ausência. Miroku pediu que fosse paciente com a criança, já que Kagome era como uma mãe para si, então segui seu conselho.  

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Outra manhã se inicia e não pude deixar de admirar a mulher ao meu lado. Seu rosto era iluminado pelos raios que insistiam em entrar pela janela, alguns fios teimando em cobrir-lhe a face.

Sua mulher.

Ainda era estranho pensar nisso, mas estava satisfeito. Tão gentil e forte, minha Kikyou nunca permitia ser vista em sua fragilidade como agora, serenamente embalada pelo mundo dos sonhos, tirando por exceção mim mesmo. Ainda não acreditava que poderia vê-la toda manhã, adormecida ao meu lado, meramente pacífica e linda, o ser mais belo que pude ousar encarar. 

Cada dia era como viver num sonho ou voltar ao tempo, numa época onde observar sua gentileza era comum. Já me era familiar o bater forte do meu coração sempre a via, nunca diminuindo a intensidade dos meus sentimentos. 

Sempre soube que os Inus eram fadados a um único amor e sabia que estava vivendo o seu. Jamais reclamaria de ter decidido lutar por ele, somente por poder tê-la assim, ao seu lado. 

Como se me sentisse ali, ela se aconchegou mais em meus braços, tornando cada parte em contato adormecer com seu calor.

—Inuyasha._ Chamou por mim, enquanto despertava. Seus brilhantes olhos acompanhando-me aproximar de si e lhe saudar num beijo. Pronto para começar mais um dia de nossas vidas

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Estava sentado no portal da cabana da velha Kaede, guardando as irmãs enquanto se organizavam para mais uma colheita. Finalmente a primavera fazia presença nesse pedaço de terra. O doce som dos animais despertando e repopulando a floresta servia como uma bela melodia para meus ouvidos. Acompanhava seus passos e conversas dentro da cabana, como de costume quando ouço minha doce esposa chamar-me:

—Inuyasha, poderia ajudar a mim e Kaede, hoje?

—Claro, Kikyou.

Acompanho então, minha doce Kikyou e sua irmã em sua tarefa. Basicamente eu estava ali para poupar-lhe o peso de carregar tantas plantas. Já que por ser a primeira colheita pós inverno, elas iriam repor tudo o que usaram do estoque.  

Normalmente seria suficiente Kikyou ser ajudada por Kaede, mas as condições da velha só pioravam com o passar dos dias. Todos sabiam que o tempo estava finalmente cobrando o preço pelos seus dias ativos, sua idade não era uma novidade para ninguém e isso fazia as irmãs ficarem cada vez mais unidas. Enfim, aguardei pacientemente o processo, distraindo-me com os sons ao meu redor. Observar a interação das irmãs era satisfatório, sabia que era importante para a Miko buscar compensar sua ausência durante tantos anos e respeitava sua atitude.

Retornavamos pela colina lentamente, quando pudemos sentir a energia maligna que se aproximava. A fuga apressada dos animais era sonora até para as humanas, apressados para sair do caminho do demônio que se aproximava. Eu me pus protetoramente à frente das irmãs, com Tessaiga pronta para lançar seu ataque a qualquer momento, decidido a enfrentar o cão branco que se aproxima.

Logo pude reconhecer meu meio-irmão, mas foi somente quando Kikyou abaixou minha espada que desviei meu olhar. 

— Kikyou, o que está fazendo?_ questionei, retornando a lâmina para seu lugar.

Rapidamente, pudemos sentir a distância entre nós encurtar e  não demorou muito para meu meio irmão estar à nossa frente. O enorme cão pousou suavemente na grama, como se nada pesasse, num contraste com a densidade do youki que emitia, capaz de fazer seus inimigos desistirem somente por estar na sua presença. Podia reparar seu olhar sobre nós, avaliando nosso grupo e pousando sua atenção à Tessaiga ainda transformada do meu lado. Se antes ele não estava agressivo, agora seus dentes à mostra diziam o contrário. Um rosnado ressoou de sua garganta.

—Inuyasha, algo está errado._ Disse em tom de aviso. Ela estava séria, mas não havia indícios de que a sacerdotisa lutaria ali.

—O quê?....É o Sesshoumaru, sempre tem algo errado com ele!_ Explicou, sendo seguida por Kaede:

—Kikyou-nee-sama está certa, observe melhor.

Agora deu, as duas estão ficando loucas! Sesshoumaru é uma máquina de guerra. Podia contar numa mão quantas vezes o vi sem ser em batalhas e em todas, a garota Rin estava junto. Por qual motivo mais ele desperdiçaria o seu precioso tempo?

Permaneci avaliando o Daiyoukai, sem poder impedir que minha esposa se aproximasse. Ele não se moveu, o grande cão aguardava as ações da Miko. 

Foi então que decidi escutá-las e percebi que a energia maligna de Sesshoumaru não era hostil, simplesmente era a sua essência youkai sendo liberada sem controle e para quem quisesse sentir e percebi, ali, que jamais havia presenciado naquele estado. Ao longo de tantos anos, talvez ele nunca tenha lutado a sério comigo, sinto algo estremecer no meu cerne com a incerteza de que conseguiria vencer uma luta, caso ele assim o decidisse. Todos os meus instintos me diziam para fugir, mas só me restava esperar para saber o que o trouxe até nós. 

—Inuyasha, guarde a espada devagar._ Kaede pediu sem mover-se. Elas sabiam o perigo de enfrentar um demônio nesse estado.

Obedeci, sem tirar minha atenção de si, no aguardo do cão branco relaxar a postura novamente. Assim que embainhei a espada, Sesshoumaru assumiu sua forma humanóide, mesmo que suas características permanecessem num estado híbrido, tamanho o seu descontrole. Ele não carregava suas espadas.

— O que você quer, Sesshoumaru?_ Perguntei assim que o vi direcionar sua atenção para Kikyou, a puxei para trás, ciente de que deveria agir com cautela.

— Levarei a Miko._ Disse com uma voz gutural rouca, distante do tom controlado usual.

— Não permitirei que faça isso.

— Este Sesshoumaru não fez um pedido, hanyou.

Novamente o ar hostil retorna. Estava prestes a sacar Tessaiga novamente quando Kaede-obaasama se pronunciou como mediadora do nosso possível confronto.

—Pare, Inuyasha, vamos ouvir. Lorde Sesshoumaru, poderia nos explicar o porquê de sua vinda?_ Os olhos bestiais notaram a pequena senhora conosco, considerando se aceitariam sua sugestão ou se usaria a força para conseguir o que desejava. 

Pelo visto, decidiu pela primeira opção.

— A Miko foi ferida.

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Logo após as irmãs concordarem em seguir com o Daiyoukai, o mesmo se transforma novamente, pronto para voar com ambas até onde quer que o fosse. A cena era inacreditável, ele, em meio à uma Guerra contra o Senhor do Norte, aqui estava, pessoalmente carregando cada irmã numa pata, tão rápido quanto veio. 

É claro que ele não me permitiu ir consigo, porém isso não me impediria. 

Quem, um dia, arriscasse dizer que Sesshoumaru viria em prol de Kagome, seria taxado de doente, uma pessoa totalmente fora da realidade, ou até mesmo seria decapitado pelo tirano. Eu mesmo não pude acreditar e presenciei a cena. 

Rapidamente retornei ao vilarejo, preparado para avisar aos outros o ocorrido e seguir atrás de meu odioso meio-irmão. Não o deixaria sozinho com as irmãs, não sabia do que ele seria capaz de fazer após elas terem cumprido seu papel e se tornarem inúteis ao seu ver. 

Ao chegar na cabana de Miroku, podia ver o casal pronto para enfrentar o inimigo, Sango já montava em kirara com seu osso voador.

—Inuyasha, o que aconteceu? Sentimos um youki poderoso vindo da direção das colinas._ O monje se pronunciou, suspirei.

— Pelo visto, não o reconheceram, era o maldito do Sesshoumaru._ Expliquei. Tentei resumir o que deduzi da cena de mais cedo, de algum modo, Kagome estava no Norte, fora ferida e por qualquer que seja o motivo, de algum modo, Sesshoumaru decidiu ajudá-la e veio até o vilarejo. Decidi omitir o estado do cão para não gerar mais perguntas.

—Para onde levou Kikyou-sama e Kaede-sama?_ Sango interviu.

—Ele voou para o Oeste, então deve estar na residência dele.

—Tem certeza de que ele está com Kagome-sama? _ Miroku perguntou, ainda em dúvida e lhe afirmei, tão incrédulo quanto ele mesmo. 

—Então iremos até lá._ Sango decidiu e resolvi que não os impediria de vir. Aliás, era sobre Kagome que estávamos falando. O casal estava pronto para partir antes mesmo que eu chegasse à residência. E então, lembro de um detalhe e, antes de começar a caminhada, virei-me para a residência deles. 

Ele podia não haver me perdoado, mas eu sabia que ele, mais do que todos, precisava ver Kagome. Então gritei para a raposa que nos espiava entre as pestanas da casa.

—Hey, Shippou, não vamos esperar para sempre!


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Notas finais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece e voila, nosso lindo Inuyasha deu as caras por aqui. Aiai, não o odeiem demais, nunca foi a intenção tê-lo como um vilão. Simplesmente, usou a forma errada de viver o próprio amor, após lutar anos a fio por ele. No fim, acabei tendo pena dele.
Até a próxima semana, bjs bjs bye



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