A Cura Do Meu Coração escrita por Rafa SF


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Lembrando que essa história foi reescrita, ok? Talvez alguns caiam de paraquedas no último capítulo e não entendam bulhufas do que está abaixo...
Para quem está acompanhando já a nova versão: SEGUREM SEUS KOKOROS.
Boa leitura.



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Já estávamos aqui há duas semanas e fazem 5 dias que não éramos atacados, no entanto, ao invés de acalmar os ânimos, como eu imaginei que seria, isso só piorava as coisas. 

Guerreiros esperam guerrear, essa é a realidade deles. 

Pela manhã, organizamos novas estratégias, dessa vez eu participaria ativamente da batalha. Estava na hora de surpreender os nortenhos uma última vez. Tudo indicava que a batalha principal se aproximava, estávamos há tempo demais ocupando um posto tão importante. E nada melhor do que uma sacerdotisa do meu cacife para servir de arma surpresa. 

Certo, eu estou me tornando um pouco convencida com tantos elogios de Sesshoumaru, hahaha.

Estava novamente no escritório de Sesshoumaru, o local que mais permanecia, acompanhando mentalmente a reunião enquanto fingia ler um livro que estava aqui. Da organização deste cômodo, a estante de livro tinha, em sua primeira fileira, livros de temas diversos, mas não relacionados à guerra. Haviam exemplares de todo o mundo, os clássicos livros gregos, traduzidos e outros contos de tempos antigos, compunham alguns exemplares de sua coleção e foram alvo de minha curiosidade diária.

Embora tenha adquirido o hábito de ler, nada como o tédio para engrandecer a cultura humana, esse castelo não possuía nada de interessante para se considerar. Era outro livro ruim, somado à péssima tradução, que fez com que várias expressões fossem desconectadas do contexto. Ao menos serviria de distrator enquanto espiava os nervosos comandantes tentarem adivinhar as intenções inimigas. 

Nem ao menos consideram uma possibilidade de um tratado de paz. 

Desisto de assistir o drama do canil e me retiro do cômodo. Eles estavam num impasse e sabia que demorariam a sair. Talvez um passeio pelos corredores me anime. Estava ociosa a tempo demais e por isso, passei mais de uma hora nesse afazer, distraindo-me com as grandes janelas do local.

Não enxergando, de fato, o ambiente lá fora e sim seus vidros desfocados, assim como minha visão e meus pensamentos que insistiam em rememorar a noite passada, quando pela segunda vira o ar tenso de Sesshoumaru, como também fora a primeira noite que consolei-o. 

Após o jantar, fui ao seu encontro, como de costume. O ar do castelo estava cada vez pior, a paz os tornavam nervosos demais e isso me fez ter mais vontade de estar com o albino.  Ao chegar no cômodo, adentrei sem aviso, ele me sentiria de qualquer forma, no entanto, surpreendi-me com a visão de seu abalo, os ombros tensos, baixos, como seu olhar mostravam que algo estava errado, não tive de esperar pelo seu comando, a porta entreaberta já me dizia para entrar, fui diretamente em sua direção. 

Estava preocupada com como ele poderia estar, do jeito que andava sensível ao ambiente e o conhecia o suficiente para saber que sua fachada de líder impenetrável era falsa. 

— Sesshoumaru _ Chamei, sem receber resposta. O que só serviu para me deixar mais aflita. Lentamente, contornei a mesa a que se escorava. A imagem do imponente Daiyoukai prostrado sobre sua mesa me incomodava.

Sem dizer nada, eu delicadamente puxei suas mãos, a fim de emergir seu rosto delas e fazê-lo me encarar. 

 — Estou aqui._ Disse-lhe, como consolo para seus olhos tão pesados, escuros, como se sua luz tivesse sido levada. Mesmo assim, não desviei.

Eu não esperava uma resposta de si, mas pude senti-lo posicionar-me entre suas pernas e usar meus ombros como suporte, talvez o único que teria. Ele me abraçava como se sua vida dependesse disso e retribuo, alisando seus cabelos brancos bagunçados por si. Nem poderia imaginar a carga que o mesmo carregava, mas eu estaria aqui e lhe ajudaria a suportar. Sempre que precisasse. 

— Não vá._ Me pediu.

E eu não fui, pelo contrário, zelei seu descanso por toda a noite. Após ouvi-lo confessar tantas das coisas que guardou ao longo de seus anos de luta, não pude abandoná-lo. Fiquei em silêncio, acariciando seus cabelos e deixando que falasse o quanto fosse necessário, às vezes dizia diretamente a mim, outras simplesmente soltava para o vento. 

Sesshoumaru se preocupava, não somente com os soldados, mas com as famílias que eles representavam. Cada homem perdido, era um pai, um filho e amigo de alguém, me confessou. Em algum momento, o convenci a deitar na cama do local e o abracei até que adormecesse. O mundo dos sonhos finalmente lhe dando um pouco de paz. 

Hoje, ele escolheu dar-me um delicado pedaço de si, um que teria certeza de guardar com cuidado em mim. Pensei enquanto dedilhava a janela. Estou longe demais. 

Percebo, ao ver que estava nos fundos do castelo. Decido rapidamente retornar ao escritório, sem imaginar que era observada. Quando dei conta sobre a presença hostil por detrás das longas cortinas, era tarde e não pude acompanhar a velocidade de sua lâmina ao atravessar meu corpo. 

—-/-/Sesshoumaru/-/-

A discussão calorosa não diminuiu, os generais estavam divididos e o risco de um ataque era iminente. A decisão de recuar parecia sensata após tanto tempo, já que deveriam haver outros postos, o suficiente para realocar os suprimentos do Norte em tão pouco tempo.  Além disso, vários espiões não retornaram o contato como costume e isso piorava a tensão dos mesmos. 

De repente, senti, instintivamente, o perigo.

—Kyou, vá para os portões externos._ Disse, levantando-me e pondo as espadas nas bainhas.

Através dos muitos anos, meu corpo desenvolveu essa intuição, sem nunca falhar, por isso, meu comandante não tardou a obedecer e nem eu mesmo, estando preparado a qualquer momento. Porém, não imaginava que o alarme de um ataque seria dado dessa forma.

Meu corpo teve o ímpeto de ir em sua direção, mas não poderia, haviam muitas vidas em jogo. Kuso, kagome, por que saiu justo agora? O pico de reiki pôde ser sentido por todo o castelo, como um alerta de invasão, antes do cheiro de sangue humano impregnar meus sentidos, os enlouquecendo. 

Em cólera, imagens de minha companheira treinando eram retratadas por mim mesmo, evitando pensar o pior da situação. Ela era poderosa, por isso estava aqui. 

Kagome sobreviva. Minha besta rugiu em ressonância comigo mesmo, num desejo velado. 

Amaldiçoei pelo dia que decidi trazê-la, a vontade de liberar minha besta aumentando assim como o cheiro metálico, dos muitos guerreiros se juntavam ao dela. 

Eu não poderia. 

— Vão, agora!_ Gritei para todos, antes de pular através de minha própria janela, o pátio principal era engolido pelo caos, os rugidos fazendo-se presente. Uma cena tão repetida na minha mente que não havia dúvidas. 

Era aqui, essa seria a última batalha dessa guerra. 

—Estamos sob ataque! 

—Defendam os portões!

Observei nossas tropas se organizarem efetivamente, os olheiros indicando um exército, maior do que o nosso, nos esperando por além dos muros. Sem hesitar, adiantei-me para o final das tropas inimigas, atraindo atenção o suficiente para lhes dividir e a partir daí, aniquilá-los em grupos. 

A chacina que promovi foi tamanha ao ponto de atrair alguns de seus soldados mais fortes e finalmente desembainhei Bakusaiga. Apesar dos números serem a desvantagem, eu confiava na força dos meus homens, logo, confiaria os muros a eles enquanto fazia questão de eliminar o máximo de seus números, eles se arrependeriam do dia que desafiaram esse Sesshoumaru.

O som da batalha já lhe era familiar, o desespero dos soldados inimigos me alimentavam para continuar no embate, porém, não importava o quão rápido lutasse, o exército inimigo era infindável.  Seus números muito superiores servindo para exaurir seus homens, que lutavam bravamente

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O tempo se tornou um conceito inexistente. Eu pude ver vários cães conhecidos ali, próximo dos muros, cercando os centenas de inimigos restantes com meus próprios homens. Muitos já comemoravam a vitória, certos de que nossas habilidades superaram as expectativas dos nortenhos. 

Estava orgulhoso de meu povo, mas me certificaria de que não restaria nenhum inimigo sob meus pés antes de ser capaz de procurar pela humana. Eu tinha a esperança de lhe encontrar novamente e não pude deixar de pensar em si.

Eu sabia que com tenseiga, mesmo que o pior houvesse acontecido, eu a traria de volta e lhe pediria perdão. Dessa vez por minha própria vontade. Este Sesshoumaru manteria a palavra, prometi mantê-la segura de todos, inclusive de mim e, mesmo assim, quebrei sua confiança. Confiança a qual foi construída após meses em companhia, sabia que, se antes ele possuía qualquer interesse curioso, hoje ele poderia nomear cada vontade sua, e todas passavam longe de serem simples.

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Os últimos homens eram somente questão de tempo. Eu havia vencido. 

Eliminava os sobreviventes um a um, até que minha atenção foi desviada para a presença no céu. Um grande cão nos sobrevoou, demonstrando ser o Líder da tropa. Seu torso estava ferido, com metade de sua estrutura pele viva, queimado pelo poder sagrado e por um momento, esperei o melhor. Mas pelo visto, os deuses brincam comigo novamente, dando-me a visão da culpada na pata do inimigo. 

Fora a última cena que poderia imaginar.

Paralisei, sentindo meu próprio venino escorrer, ao acompanhar o sangue escuro, misturado com o veneno do maldito cão, fluir sem pausa de seu pequeno abdômen. Sua expressão dolorosa era perceptível, ela suava enquanto as delicadas mãos se prendiam ao redor da garra do cão, numa tentativa final falha, não tinha dúvidas que havia sido uma brava luta. 

Inerte, traçava alguma estratégia para resgatá-la, o arrependimento lhe consumia ao pensar que teria evitado isso se tivesse seguido seus instintos e corrido para si assim que sentiu seu aviso, mas não era o momento, precisava pensar no que faria. 

E como se previsse minhas intenções, o demônio gargalhou, num sadismo detestável,  enquanto empalava ainda mais o corpo da mulher. Os carmins encaravam os meus próprios, atento a cada movimento meu, isso antes de soltá-la no meio do campo.  

—Miko-sama!_ Escutei ao longe e pude reconhecer a cruel realidade. 

Pude sentir a mais profunda fúria emergindo em mim enquanto acompanhava, com uma lentidão assombrosa, Kagome ser lançada dos céus. Como jamais havia me permitido, descontrolei-me perante minha fera e assumi minha forma demoníaca, liberando toda a força que havia retido até aqui.

Voei ao seu alcance, servindo de anteparo para si, dando tudo que tinha. Tudo o que pude fazer para diminuir seu sofrimento, mas nem pude rever seu brilho anil. 

Ela está viva, viva. Repetia mentalmente para me convencer quando senti seu corpo gélido, pálido como na estava na caverna. Aproximei meu focinho de si, tentando acordá-la. Ela está viva, Kagome, acorde! Repeti novamente, mas meu próprio rugido furioso escapava de mim. Eu sabia que havia um culpado e ele iria pagar, eu cobraria cada grito dela, cada vez que algum fio de cabelo seu foi tocado por esse asqueroso.

O cão que a ferira estava sentado calmamente no topo do castelo, observando sadicamente a cena. Satisfeito ao ouvir minha lástima. 

Posicionando cuidadosamente kagome entre minhas 4 patas, desafiei a todos os youkais ali, eu destruiria cada ser que se pusesse de pé, agora! Qualquer um entre eu e aquele cão seria executado diante do frenesi. Meu homens ajoelharam-se rapidamente e alguns inimigos fizeram o mesmo quando passei, como um furacão cego, destruindo a todos que encontrava, arrancava-lhe as cabeças com as garras e seus membros eram despedaçados sem nem poderem retrucar. Estava óbvio o motivo de eu ser um Lorde tão temido. 

Até que no final do monte de corpos, meu alvo esperava, teria a certeza de lhe certificar o sofrimento, exterminando para sempre a estirpe de seu seu olhar satisfeito. Num instante, o cão levanta-se e ruge, ecoando um segundo ataque que começava ao longe, dessa vez pelos fundos do castelo, onde a outra metade do exército estava posicionada com Ryou. 

Meus homens sobreviventes não tardaram a se posicionar como reforços ao segundo exército. Não era preciso um líder para guiá-los, mas os deixei sob comando dos 4° e 5° Generais. Um truque tão simples havia sido previsto por mim instintivamente.

Para isso, eu sigo a intuição.

Desse modo, esse campo de batalha foi deixado para mim e meu rival, que aguardava pacientemente minha próxima ação. Eu estava a beira de perder o controle, sentia o frenesi tomar minha consciência a cada vez que repetia a imagem do corpo dela. Eu sabia que não tinha muito mais tempo, ela não aguentaria ferimentos tão graves. Estava certo de que só poderia tratá-la se estivéssemos num local seguro e havia um pequeno empecilho no percurso.

Debatia internamente a urgência da situação, usando esses poucos segundos para delimitar uma estratégia. Não importa como, eu teria a certeza de ouvir sua voz novamente. A levaria de volta para casa e a veria novamente sob a ponte do jardim principal, finalmente com a certeza de concretizar tudo o que planejei para nós. Tudo o que aguardei para fazer. Pois eu sabia.

Era ela e sempre fora, desde o primeiro dia, minha Miko. 

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Notas finais do capítulo

Esse capítulo vai dar o que falar... Meu coração saiu de mim e voltou não sei quantas vezes enquanto escrevia.
Bjus Bjus Bye



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