A Cura Do Meu Coração escrita por Rafa SF


Capítulo 17
Capítulo 17




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Capítulo 17  

—-/-/Inuyasha/-/-

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 Assim que invadi a antiga residência do Oeste, segui com meus companheiros para onde estava Sesshoumaru, invadindo seu escritório e desde então, os dias passaram-se de forma cansativamente lenta, em reuniões intermináveis, enquanto minha noites eram ditadas pelo sono assim que tocava o futon. Sim, não houve transição alguma diante dos acontecimentos.

E lá se foram 10 dias.

Numa sucessão de fatos absurdos demais para relembrar, foi decidido em algum momento, pelos Altos Generais, que eu, o hanyou meio-irmão de Sesshoumaru, e também filho de Inu No Taisho, deveria tomar partido nessa guerra. Assumindo um posto no comando como de "direito". Claro, com direito, mas sem o "direito" de recusar, pois eu tentei. 

Porque diabos estou aqui? Pensava ao caminhar para o local de meu martírio, os dias rebobinando-se em minha memória. Segundo os relatos, vulgo, informações compartilhadas às escondidas, o bastardo estava sofrendo, recluso em culpa.  Que ele estava mudado não era novidade a ninguém mais atento, e isso não ajudava em nada na administração de seu próprio território. Ele havia levado uma humana para o campo de batalha e falhou em proteger o ser, algo que eu interpretaria como normal em combates. O pior é que seria uma história aceitável se estivéssemos falando da criança Rim e não de Kagome, pois diferente da pequena, a Miko não possuía relações com o Youkai.. 

Até onde eu saiba.

A situação do Oeste era delicada. Pelo menos, o maldito teve o bom senso de dar fim aos boatos que corriam pelo castelo com um aviso bem delicado e prático, uma punição daqueles que tiveram a audácia de comentar suas hipóteses com o Lorde por perto. Dando, então, um adeus para a história, ninguém tendo a ousadia de continuá-la contando. Infelizmente, das inúmeras versões que ouvi, e considerando somente as informações coincidentes, eu teci hipóteses:

1- Kagome se ofereceu para ir na batalha.

2- Sesshoumaru não se negou a ter força extra.

3- Kagome se feriu.

4- Sesshoumaru a trouxe para tratamento. (aqui entram vários caminhos alternativos para a história, sobre o que levou o Lorde a se importar ou até mesmo fugir da linha de frente da guerra, mas todas têm esse fato em comum. Manterei assim na minha lista mental, pois eu mesmo presenciei esse tópico).

Entrei sem me anunciar, não é como se eu não fosse esperado aqui e encarei o ser de características similares às minhas, menos bonito e agradável, de fato. Porém, não pude deixar de comparar o mais velho com as pinturas de nosso pai, as quais ocupavam vários corredores desse lugar, eles eram parecidos. Sesshoumaru estava vestido como um Lorde e não como o guerreiro, costumeiro de si, reparando nesse momento que não o vi trajar a sua armadura em nenhum desses dias.

Ele carregava um semblante perdido, o olhar sério desfocado em algum ponto entre a mesa oval e o outro lado do território. Sentei na cabeceira da mesa oval, iniciando o ritual de silêncio até que todos estejam presentes. Ele nem se importava com meus olhares questionadores, decidido a ignorar as perguntas não feitas.

Keh! É por causa dessa atitude patética que me encontro nessa furada, você me paga, Sesshoumaru!

Para passar o tempo, relembrei novamente a versão “oficial” que recebi sobre os últimos acontecimentos, por intermédio do comandante Ryou, braço direito de Sesshoumaru e sua intimação ontem a tarde. 

Ele lamentou não poder me contar muito de como a situação se tornou assim, desde que não estava no campo principal, mas deu continuação aos fatos desde o fim de sua luta e pelo o que pôde presenciar. Num resumo: a guerra estava a todo vapor, ainda mais violenta, se fosse possível, desde que Sesshoumaru decapitou a 1° filha do Senhor do Norte, na mesma batalha a qual Kagome fora ferida. Após o 2° reforço inimigo chegar, Sesshoumaru começou uma chacina, diferenciando por pouco aqueles ao seu lado ou não, me confessou o 1° General, mas vencendo a Grande Luta, como chamamos o ocorrido. Esse foi um importante marco de conquista, dominamos, naquele embate, metade dos postos de distribuição inimigos, porém isso foi após Lorde Taisho nos deixar.

O General bebia seu chá como uma pausa, mas nada fiz. Esperei para ouvir, num ataque súbito de paciência. Miroku estaria orgulhoso de mim nesse momento. 

—Quando fui ao encontro do Lorde Taisho, ele estava despedaçando ainda mais o corpo já morto do inimigo, não o reconheci. Em tantos anos compartilhando o campo de batalha, nunca presenciei tamanho ímpeto de vingança, era como se nem mesmo a morte o acalmasse daquele estado.  

—...

— Todavia, o Lorde estava insatisfeito, sendo guiado pelo ódio, claramente dominado pela vontade de sua besta. Foi deveras complicado dissuadir Lorde Taisho a não invadir sozinho o castelo do Norte e findar aquela Guerra naquele momento. 

Deveria ter permitido que o maldito desse fim a tudo, me pouparia de tamanha dor de cabeça. Pensei encarando o comandante. Talvez transparecendo a minha indignação na face, nunca fui bom em esconder minhas expressões mesmo. Isso devido ao suspiro que o albino soltou, como se buscasse outras formas de explicar algo óbvio para si.

— Os resultados eram imprevisíveis, não podemos arriscar o Lorde por um impulso tomado no calor da situação._ Disse lentamente. Foi minha vez de tomar o chá, dessa vez para controlar a resposta nada educada que coçava na língua.

— Diante de minha falha tentativa, eu estava decidido a usar a força para impedi-lo, até que percebi o estado de Kagome-sama._ Estranhei a forma quase carinhosa a qual ele indicou a minha amiga, mas a curiosidade gritou mais.

Achei que nunca chegaríamos nessa parte. 

— Você não deve saber, mas durante esse último ano, a sacerdotisa se tornou nossa companheira, vivenciou essa guerra como se pertencesse ao Oeste e fez dos soldados a sua própria família. Apesar de ter alguns mais resistentes com sua origem, ela não mediu seus esforços. Cuidou de nós, zelou por nós e mesmo assim, teve um final deplorável. Ninguém estava lá para impedir. 

— A moral do exército fora abalada por sua situação._ Completei, recebendo sua confirmação. Diante de toda a situação, sabia da capacidade da ex-amiga de burlar as barreiras interespécie, porém não deixava de se impressionar com sua habilidade. Voltei a atender o general que continuou narrando os acontecimentos. 

—Ao ouvir Kagome-sama, de alguma forma, a besta de Lorde Taisho se acalmou e o Lorde retornou ao controle, no entanto, seus atos continuaram enviesados. O vi recolher o corpo dela e ordenar o comando para mim antes de se retirar. Dias depois fui informado de que ele retornará ao castelo e vim assim que organizei a situação, o 8° Comandante continuou como meu substituto na linha de frente. 

Não podia acreditar no que ouvia com toda a descrição soando como a mais surreal história de criança. Infelizmente, diferente dos infantes, minha mente tinha limitações ao imaginar meu meio-irmão, conhecido pelo seu ódio implacável à raça humana, carregando o corpo da sacerdotisa, abandonando o campo de batalha e, logo mais, exigindo que fosse tratada para duas humanas e sacerdotisas. 

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Com um suspiro mental, volto a atenção para a reunião daquele dia. Que inferno! Me arrependo por ter tido inveja de Sesshoumaru ter herdado esse lugar, prefiro mil vezes estar na vila fazendo muitos nadas, com minha amada ao lado! 

A fala do outro General, o 7°, se não me engano com o nome que eu não fiz questão de lembrar, sobressaindo-se perante as outras.

—... Devemos enviar a cabeça da princesa, como forma de mostrar quem será o verdadeiro vencedor desta Guerra. O Norte deve pagar uma compensação merecida por todo o tempo que nos foi desperdiçado!

— Isso só inflamaria os ânimos dos nortenhos. Eles teriam mais um motivo para marchar ao Oeste, Gokuen._ Cortou o 2° comandante sentado no outro extremo da mesa, dando fim a mais uma opção dada pelos outros.

— Poderíamos exigir sua rendiç-

— O Senhor do Norte não aceitaria depois de perder um descendente._  Sesshoumaru cortou.

E assim continuou por tempo demais. Nada que fosse sugerido passava pelo filtro de Sesshoumaru e isso tornava a todos desgostosos. Dos 8 generais, 1 morreu em combate, 3 estavam mantendo os exércitos a postos no território inimigo e os outros 4 revezavam-se naquele embate verbal e em cuidar das próprias fronteiras. Somado a isso, as perdas nos números de soldados não permitiam que nenhuma atitude fosse considerada sem cuidado. O Senhor do Norte estava recuperando vários de seus postos capturados, virando lentamente a maré da Guerra ao seu favor. 

Estava cansado daquela repetição que não dava em nada, mais preocupado com o estado das mulheres. Havia passado meu tempo livre estudando a situação e me preparando para assumir o trabalho que o bastardo deveria estar fazendo, odiava toda essa responsabilidade incumbida a mim, mas também sentia a urgência de fazer algo já que parecia que ele mesmo não o fazia. Preso num estado lamentável de autopiedade. 

E para piorar o meu estado, desde que cheguei, raramente via minha amada Kikyou. Ela e sua irmã passavam os dias a fundo em busca de uma solução para tratar do estado crítico de Kagome, isso, quando não estavam elas mesmas agindo para tal.  Pelo que Kikyou falara, na última noite, umas das poucas que casos de termos um encontro no cômodo designado a nós, a situação era séria. Kagome havia esgotado sua energia espiritual enquanto lutava e fora gravemente ferida, sendo envenenada no processo, elas acham que foi o próprio youki inimigo e essa combinação fez com que seu corpo utilizasse toda a força que conseguia reunir para adiar seu fim. 

—Oh Inu, ela foi empalada como um animal_ me confessou, com o horror tomando sua face e não pude permitir que continuasse descrevendo, ela também não conseguiu, seu choro tomava-lhe o fôlego necessário. 

Ao pensar na ex-amiga, no quanto a viu se dedicar aos treinamentos de Kaede, melhorando o controle de seu reiki, assumindo o papel de protetora da jóia… Não pude deixar de lamentar seu estado.  Apesar de não ser permitido nem mesmo entrar na mesma ala a qual a sacerdotisa repousava, pela imagem mental que criei a partir do relato de sua amada, eu não pude ficar tranquilo. 

Como você foi acabar assim, Kagome?

Miroku também compartilhou suas conclusões. Ele não foi impedido de ver Kagome, diferente de mim, e para ajudar, resolveu passar os dias pesquisando formas de burlar os youkis envenenados que a afetavam. No plural. Segundo ele, um deles estava corroendo seu corpo, e, se não fosse pelo restante de reiki que ela possuía, talvez não houvesse nem mesmo seus ossos para contar a história. O outro youki, apesar de sinistro, não tinha seu objetivo claro, mas parecia agir em sincronia com as outras energias e tornava tudo mais assustador para o monje.

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Foi no vigésimo dia que perdemos o último dos postos inimigos conquistados, ao receber a mensagem oficial, enquanto terminava o desjejum, senti a urgência dessa informação. 

Sem postos inimigos tomados, o próximo passo será a invasão do nosso território e precisávamos traçar alguma medida, eu não permitiria que nenhum inimigo pisasse no castelo que guarda a todos que me importam. E portanto, logo fui atrás de Sesshoumaru, se ele não fosse tomar partido, que enviasse alguém capaz para tal. Ou talvez, ele mesmo fosse e findasse esse mundo de sua desagradável presença e tomasse a dianteira. Duas boas opções, estou tomando jeito nisso.

Ao me aproximar de seu escritório, desacelerei os passos, tentando não chamar atenção. Não sei o que me surpreendeu mais: a falta dos outros comandantes perante a situação, a presença inesperada lá dentro ou a conversa reveladora que ouvi:

— Tão parecido com seu maldito pai, Sesshoumaru... Desde jovem, eu lhe preparei para assumir seu papel com perfeição, onde você se perdeu?... Que vergonha presenciar tamanha desonra para o nosso nome… Era sua obrigação aceitar a união com o Norte, sempre o foi, e eu até tive o trabalho de vir lhe indicar isso pessoalmente e mesmo assim, aqui estamos. Um tolo, tal qual Inu No. 

— Essa é a sua versão dos fatos.

— Minha versão? Essa é a versão do clã Inu! Você não é mais filhote para fazer tamanha malcriação, está na hora de garantir um herdeiro digno e essa era a sua única função, mas claro, você teve de envolver uma hum-

— Satori-Hime, cuide bem do que dirá a partir de agora. Como sabe, eu estou com um péssimo histórico recente em controlar minha ira.

— Uma ameaça, Sesshoumaru? Deveria perceber logo que nem todos estão sujeitos às suas palavras. 

— Este Sesshoumaru se recusa a servir como animal procriador. Você bem sabe que posso passar mais algumas centenas de anos dessa forma.

— Um herdeiro deve ter uma educação rigorosa. 350 anos seriam poucos para garantir a formação de um devido líder, por isso devemos começar cedo.

— Hahaue, do jeito que diz, acredita que eu mesmo não estarei liderando o Oeste em tal data.

— O futuro distante está além de nós. Todavia, você é capaz de alterar um futuro próximo, a oferta foi renovada, aceite, acabe a guerra e gere um herdeiro. O Senhor do Norte está bastante receptivo com a ideia apesar de alguns contratempos que você gerou para ele. 

— Tece suas palavras tão bem quanto se esforça para ofender-me.

— Sejamos coerentes, Sesshoumaru, simplesmente dê a criança para o Norte, o casamento real não precisa passar de um período de núpcias, sabe disso. O Lorde também exige que sua filha retorne ao lar, ela é a 1° General das terras e isso só iria lhe beneficiar no final das contas, foi assim antes, será assim com você. Pare de birra e trate de aceitar essa última oferta.

—...

Minha mente fervia com tantas informações, Sesshoumaru noivo? A Guerra foi por causa de sua recusa? O que o fez recuar? Kagome teve haver com isso? Como assim? Casar com a irmã da pessoa que ele matou, essa mulher é louca. Perversa e louca! Porra, o que ele iria dizer?  Eu aguardava o desenrolar da história, mas o silêncio da resposta de Sesshoumaru reinou até ser quebrado pela rude voz feminina: 

— E agora você permite que o Hanyou interrompa nossa reunião. Um disparate para com essa princesa. Entre, bastardo, eu já disse tudo.

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No vigésimo terceiro dia, Ryou fora o escolhido para liderar as defesas no aguardo da invasão nortenha. As fronteiras eram protegidas, impenetráveis a qualquer um sem autorização prévia, e cercadas por soldados competentes. Ao menos isso. No Oeste, a habilidade era supervalorizada no exército e Sesshoumaru teve parte em fazer dessa forma, finalmente voltando a ser um pouco mais parecido com o odioso youkai que eu conhecia, assumindo todos os papéis que lhe convinham. Dando-me tempo de sobra para fazer qualquer coisa, até porque eu mesmo não tinha nenhum objetivo programado.  

Insuportável e estupidamente competente, não pude negar.

E eu até tentei buscar outras ocupações, porém, devido ao surto produtivo do Lorde local, nem precisei me esforçar para manter alguma dignidade na administração de quaisquer pendências do mesmo. Além do mais, quando tentei usar o pátio de treino, destruí alguns itens um tanto valiosos que estavam ali. Erro de quem pôs esculturas num salão de treino, enfim, fui proibido temporariamente de acessar o local e agora me encontro aqui.

Keh! Hoje seria um dia chato.

A falta do que fazer era tanta que decidi ter tempo para acompanhar meus amigos na busca por uma solução do caso de nossa ex-companheira. Era de comum conhecimento que, nos assuntos sagrados eu não ser de muita ajuda, mesmo eu tendo feito o esforço de ler um pouco sobre. Não tardei em deixar de fingir conseguir algum progresso e passei a simplesmente acompanhá-los, tamanho o tédio. 

Tratei de refletir novamente sobre o estado de Kagome. Ela estava forte demais para não sucumbir ao veneno e fraca demais para purificar os youkis em si. Kaede e Kikyou estavam encontrando dificuldades em purificar externamente a energia maligna sem causar danos à própria Kagome, pois parecia haver uma codependência entre as energias dentro de si e ainda não sabíamos como isso era possível. Por isso estamos pesquisando nos documentos do monastério do Oeste, cedidos após o pedido de Miroku, pelo visto ele era conhecido positivamente em alguns lugares. Enfim, eu poderia deduzir a gravidade da situação ao ver o quanto as duas irmãs e Miroku estavam se esforçando para pensar numa medida efetiva, cercados de pergaminhos e livros de páginas amareladas, gostaria de poder ajudar mais. 

Até que, num relance, um pensamento absurdo me passou pela cabeça. 

De acordo com a descrição dada, somente um inimigo lutou contra a sacerdotisa, e, baseado nos últimos comportamentos que presenciou, e do que ouviu também, seria impossível para Sesshoumaru permitir que outro youkai se aproximasse o suficiente para fazer qualquer coisa, principalmente com sua besta, extremamente territorialista, no comando. E isso me limita a um suspeito.

O gosto amargo surgiu ao constatar que talvez agora entendesse o porquê de seu irmão tomar tamanha atitude desesperada e o pior, de saber que isso poderia mesmo ter sido feito e ser em vão. Eram dois youkis, Miroku disse outro dia. Numa conversa rasa o suficiente para que eu não ligasse os pontos, até agora.

É isso que chamam de epifania. 

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Você enlouqueceu, Sesshoumaru!

Foi com esse pensamento que invadi o escritório na manhã seguinte. Sua imagem derrotada não foi mais do que um vislumbre antes da típica carranca imponente se fazer presente. Porém nem mesmo o olhar mortal que me direcionou o pouparia dessa conversa.

— Hanyou.

— Maldito, trate de explicar já essa palhaçada!

— Meça suas palavras, hanyou.

— Não me venha com essa! Sabe muito bem o que fez com ela!_ Como se considerasse minha acusação, Sesshoumaru ficou calado. Não é possível que ele tenha mesmo feito isso. Pensei abismado, sua expressão vencida trazendo um horror o qual nunca imaginei ter diante tal. 

— Humanos não suportam o compartilhamento. É fatal!_ Tratei de explicar o óbvio, torcendo por sua negativa. Não veio.

E foi assim que minha suposição foi confirmada, sendo a explícita prova da imprudência do youkai. Como Sesshoumaru foi tolo. Em todo esse tempo, eu não questionava sua decisão de trazer a mulher para o campo de batalha, acompanhou seus anos de treinamento e sabia mais do que ninguém o seu potencial. Porém era inconcebível arriscar a vida de Kagome dessa forma tão cruel. Havia um motivo do porquê não compartilharmos o sangue youkai com outras espécies.

Entre os  youkais é inerente o conhecimento de que o sangue é capaz de carregar a essência demoníaca do dono e, devido a isso, havia um ritual antigo utilizado para aumentar as habilidades de um youkai mais fraco ao jorrar um sangue de origem poderosa. Força, velocidade, cura, poder, todas as habilidades tendiam a reagir com a origem do líquido e buscar um equilíbrio. Entretanto, também é de conhecimento comum esse ritual ser fatal em seres inferiores, uma outra forma de dizer que é fatal em humanos.

— Ela sobreviveu uma vez._ Disse entredentes, ultrapassando todas as medidas de sensatez que algum dia eu julgara que possuísse.  

Esse foi o máximo para o meu auto-controle. 

— Você vai pagar por isso, maldito.

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Havia pouco que eu poderia fazer para Kagome nesse estado e talvez, ter atacado Sesshoumaru não fosse a melhor das decisões. Com minhas próprias garras, fiz questão de fazê-lo receber um pouco da dor que ela deveria estar sentindo por sua culpa. Sem energias, ela não poderia purificar a essência demoníaca em si e se o fizesse, a energia de Sesshoumaru, que provavelmente servia de empecilho para sua morte, seria purificada, correndo o risco de ter seus ferimentos retomados. 

Ele a havia condenado a permanecer num estado vegetante por tempo indeterminado, isso, se ela não falecesse por quaisquer outras causas.     

Depois de causar alguns ferimentos ao meu meio-irmão, que estranhamente não revidava meus golpes, somente defendia-se com seu chicote venenoso. Não havia percebido que, com o embate, Sesshoumaru e eu nos deslocamos até um grande Jardim.  

— Sesshoumaru-sama! Solte-me Shippou! _ Fomos interrompidos pelo grito da criança Rim sendo impedida de se aproximar pelo youkai raposa, um pouco mais alto que a mesma. Atrás dos pequenos, meu amigo miroku e sua esposa se aproximavam.

— O que significa isso?_ Miroku começou a se aproximar cauteloso, impedindo Sango de se aproximar. Perfeito, assim me poupava ter de repetir essa baboseira.

— Por que não conta a todos o que fez, Sesshoumaru?_ Disse recompondo a mim mesmo, sendo acompanhado do Daiyoukai impassível. 

Suas roupas manchadas e rasgadas em certos pontos eram a única prova de que fora ferido. Quem me dera Kagome fosse assim. Olhar para ele me irritava, esse ar de culpa era mil vezes mais detestável do que seu ódio. 

— …

— Não vai admitir? Kuso, desde quando se tornou um covarde que nem se atreve a admitir os próprios erros! 

— Inuyasha, do que está falando? _ questionou o monge, antes do brilho de compreensão invadir seus olhos, minha declaração servindo para lhe confirmar o que já deduziu:

— Está aí o dono do misterioso youki, Miroku.


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Notas finais do capítulo

Como prometido, ainda na quarta hahahha Espero que algumas dúvidas sejam respondidas com esse capítulo e que tenham gostado da leitura. Até a próxima
Bjs Bjs Bye



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