A Cura Do Meu Coração escrita por Rafa SF


Capítulo 14
Capitulo 14




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Dois meses se passaram, mas essa era uma data importante e Sesshoumaru decidiu recolher-se mais cedo, como forma de promover um descanso para os generais após garantirem a vitória de hoje. Finalmente, havíamos conquistado um importante posto de observação do Norte e nossas perdas foram ínfimas! Os poucos feridos, estavam longe de perigo, notícias ótimas para a moral do exército. 

 Como estávamos num local teoricamente conhecido pelos nortenhos, Sesshoumaru decidiu que eu não deveria me expor por hoje, dispensando-me de meus afazeres. 

— Hoje haverá uma comemoração no salão principal._ Indicou, convidando-me a festejar com todos.

 Mas recusei categoricamente, para mim, era suficiente ter um quarto para descansar devidamente, fora um longo dia para mim, o primeiro o qual participei da batalha, servindo para ocultar os reforços de Sesshoumaru e assim prevenir que o Norte soubesse o tamanho de sua guarda. 

E no fim, acabei me juntando às tropas na luta.

Nunca me imaginei participando de algo tão grande e com certeza, os filmes que assisti nem se aproximavam de delimitar a realidade do campo de batalha. A ferocidade dos youkais era cruel e me embrulhava o estômago para relembrar de hoje cedo. 

— Então descanse. Kyou, leve-a até um quarto.

E foi assim que recebi esse cômodo temporariamente, ele era de um tamanho confortável, com suas paredes espessas de pedra pura servindo como um aquecedor natural. Perfeito para mim por ser tão friorenta. Ah e primeira coisa que fiz para aproveitar a solidão do meu novo dormitório foi banhar-me numa banheira de água quentinha. 

Após o banho, percebi que estava com fome, apesar da falta de coragem de procurar a cozinha desse lugar enorme. Ademais, podia ouvir que os soldados ainda comemoravam, apesar do tardar da noite, o que diminuiu a minha vontade de sair do quarto, se qualquer um me visse, iria me arrastar para a festa e assim eu perderia mais algumas horas.
Mesmo assim, era bom ter esse clima ameno, para variar, quase fazia-me esquecer que lá fora, hoje, muitos homens foram mortos. Lembraria de rezar por suas almas depois.

Algum tempo passou e já havia acabado de explorar o cômodo, na tentativa de ignorar meu corpo definhando em fome. De certo, talvez eu encontre algo com Sesshoumaru, o cozinheiro sempre mantém seu quarto abastecido com lanches, para que não necessite buscar nada. Kagome, como pôde só lembrar disso agora?

Mas surpreendentemente, as batidas na porta anunciam o ser que rondava meus pensamentos. 

—Entre, Sesshoumaru._ Avistei o albino novamente. 

Dessa vez, ele parecia calmo, relaxado ao ponto de não vestir a armadura, apesar de carregar bakusaiga pela cintura. 

— Pelo visto não conseguiu ficar longe de mim._ Brinquei com ele, tirando de si uma expressão contrariada. Pontuei!

— Se não quiser comer, eu saio. 

— Não, não, venha, pode entrar, Senhor Sessssss-houmaru-sama!_ Imitei Jaken, arrancando-lhe um meio sorriso. É, Kagome, se nada der certo, você tem um futuro como comediante.

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Estávamos no novo quarto de Sesshoumaru, que coincidentemente também era utilizado como escritório. O que me trouxe aqui foi a insônia, porque acabei dormindo durante todo o dia, após festejar com os rapazes na noite anterior. Como conquistamos um posto importante, defendê-lo era essencial para reduzir os suprimentos do inimigo e, como consequência, saqueá-los para nosso próprio uso, poupando nossa reserva.

Então, no meio da noite me dirigi para cá, louca para aproveitar da companhia do ser mais falante desse reino, mas também com o propósito de não passar outra noite no assustador quarto de pedra, principalmente acordada.

Bem, ele também não se importava comigo. Até me dava alguns afazeres próprios, organizar a lista de suprimentos, de armas, coisas do gênero. Então acabavamos ambos sentados ao redor da enorme mesa de madeira, como dois workaholics. 

Às vezes, um dos dois se levantava até a copa e trazia alguma bebida quente. Dessa vez, ele foi e então tive a sensação de dejavu ao vê-lo chegar com as duas xícaras fumegantes.

— Chá?_ Perguntei, já sabendo a resposta.

— Chá.

Esse era o momento de pausar o trabalho, algo que aprendi ser um hábito seu. 

— Oe, Sesshoumaru?_ Chamei, disposta a matar o tédio.

— Hm.

— Poderia explicar o porquê de não haverem santuários no Norte?_ Pedi, certa de que essa eu ainda não havia usado. 

— Agora?

—HAI!_ Respondo animada, para a infelicidade do mesmo, que suspirou teatralmente. Eu sabia que ele não se importava de me contar essas histórias e, por mais estranho que possa ser, eu gosto de ouví-lo. Afastei alguns papéis e velas que ali estavam e escorei-me na mesa, atenta para que começasse.

Pacientemente, Sesshoumaru abaixou sua xícara e recostou se na poltrona que estava. De frente para mim. 

— Há uma lenda, que data de aproximados mil anos, nessa época, o Norte já não mantinha relações com os seres sagrados, talvez o frio extremo os afastasse, pois acredite ou não, estamos no verão dessas terras. 

— Nani? Impossível!

— Não precisa acreditar em mim._ Disse em tom desafiador. Nah, eu acredito sim.

— Continua!

— Então, houve um dia que um monge decidiu que essas eram boas terras para montar um monastério, e de fato, o fez. Era um lugar de difícil acesso, com as montanhas como defesas naturais, levaram cem anos para serem descobertos pelo Senhor do Norte, na época, uma criança para nossos padrões. Desde então a lenda tem controvérsias, uma vertente alega que o Senhor havia sido ferido ao tentar aniquilar os habitantes do lugar e outras afirmam que ele se apaixonou por uma companheira do monge chefe e foi ferido ao tentar sequestrá-la. 

— Que escândalo!_ exclamei chocada.

— De toda forma, todos os seres usuários de reiki foram banidos do território, logo, há gerações que esses youkais não são expostos ao poder sagrado. Sabe o que isso significa, Kagome?

— Eles são sensíveis ao reiki.

— Exato. _ Ok, ele parecia orgulhoso. Eu sou uma boa aluna, cachorro, só faltei à escola porque estava sempre vindo para essa era!

— Foi por isso que me pediu para vir.

— Bem observado._ Concordou. Os braços cruzados numa típica postura de sensei. Não sei se era intencional, mas trazia uma leveza para o momento, mas eu sabia que essa “lenda”, era na verdade a forma que ele encontrou de me ensinar anos da história de seu clã. Refleti as suas palavras e as reuni com as informações que adquiri de sua biblioteca:  

— O Senhor do Norte pode ser antigo, mas parte de seu poder é baseado em usar o terreno ao seu favor. Nas últimas guerras, seus oponentes eram Youkais orgulhosos, assim, nunca foi considerado integrar o sacerdócio em suas forças. Além de existir uma rixa natural interespécies._ Ele concorda com meu pensamento e aguarda que eu continue:

— Isso me faz questionar os motivos do Grande Sesshoumaru pensar nessa ousada estratégia._ Ataquei, certa que de conseguiria arrancar alguma farpa ou duas dessa vez, o que não aconteceu. Pelo contrário, eu só serviu para divertí-lo ainda mais. 

— Há coisas maiores do que orgulho em jogo, Kagome. Um Lorde deve saber quando recuar as suas vontades. Por sorte, eu tenho uma Miko poderosa e disposta a fazer o seu melhor por mim. 

Eu sabia que Sesshoumaru tinha uma língua afiada, mas kami-sama!

— Ah, você poderia esquecer essas palavras? Já disse que não pensei direito no significado delas._ Não pude esconder o rubor que me surgiu, maldito, sempre lembrando desses momentos sórdidos. Sinto seus dedos delicadamente em meu queixo, forçando-me a fitar seus olhos, ardentes como o Sol.

— Você quem o disse. Não pode desfazer, Kagome.

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Desde a última batalha, eu havia decidido ser mais ativa nos confrontos e não mais ficaria na retaguarda. Eu era poderosa, sabia disso, e convenceria qualquer um daqueles vira-latas na manhã seguinte. Essa decisão me fez vir ao pátio externo após o jantar e não percebi quando a noite passou, enquanto eu trabalhava a mira nos alvos de madeira ali postos.  Aquele lugar deveria servir de campo de treinamento, logo, era perfeito para mim e aproveitava da pseudo calmaria noturna para treinar um pouco. Sem esquecer, é claro, de guardar o local com uma barreira para evitar alarmar os soldados com a elevação repentina do reiki. 

Isso até ser interrompida pelo Youkai mais irritante da face da terra e ser provocada por ele. Que começou ultrapassando, sem demonstrar dificuldades a parede de energia nos limites do campo enquanto ostentava uma expressão divertida. 

—Achei que era mais forte._ comentou se referindo à kekkai. 

Ah querido, como eu detesto essa sua tolerância. Tente atravessar novamente para ver o que acontece. Calma, Kagome, não desça ao nível dele.

—Tal como você._ Não pude deixar de retrucar ao irritante ser. Ele riu diante minha resposta. 

Bufei, não iria dar-me o trabalho de continuar esse assunto, assim, ele eventualmente sumiria daqui. Peguei outra flecha da aljava e mirar num alvo escondido entre os arbustos, logo em seguida outro, próximo de uma árvore. E outro e mais outro. 

Sesshoumaru era um ser incrivelmente convencido, eu não duvidava disso, porém, vê-lo se meter no meu treinamento, e pegar cada flecha que eu lançava, energizada ou não, agia como substrato para inflamar meu ego a queimar cada parte desse cachorro.

—Oe, Sesshoumaru, até quando pretende buscar os gravetos? Eu deveria lhe dar um biscoito de compensação?_ Provoquei, tirando aquele brilho divertido e recebendo um olhar severo. Certo, com esse Sesshoumaru é mais fácil de lidar. Sem dar-lhe espaço para pensar, crio uma kekkai ao seu lado e nas suas costas, preparando uma armadilha. 

—Está tarde._ Ele quis recuar. Agora não tem volta, maldito.Eu vou te fazer engolir esse sorriso cretino!

—Então sentiu minha falta? Que adorável de sua parte. 

Primeiro, eu tiraria a sua calma. Lutar contra um inimigo concentrado é mais difícil. O observei erguer o braço esquerdo, indicando que iria usar suas garras. Eu o avaliava, tentando seguir cada movimento seu, eu sabia que o exército inimigo era composto de demônios como o mesmo. Até que Sesshoumaru seria útil como parceiro de treino.

—Atire, Miko._ Ordenou, atrapalhando meus pensamentos, e num ato, avançou contra mim. Desviei me jogando no chão, rolando pela relva e posicionando-me, atirei as suas costas. Mas não foi o suficiente para o youkai, ele desviou facilmente. Corri para ganhar distância enquanto o mesmo parecia me aguardar, ele nem parecia estar se esforçando. 

O maldito ainda ousava manter o sorriso. 

Atirei mais 3 flechas, como uma distração, enquanto conjurava uma kekkai acima do mesmo. Quando pulou para desviar das flechas, foi impedido de avançar pela kekkai, intransponível dessa vez, tive certeza. Ainda no ar, o vi retornando para meu ataque e usando o chicote venenoso para desviar o trajeto de duas das flechas, mesmo assim, sua perna esquerda foi atingida. Ponto para mim.

—Achei que era mais forte, Sesshoumaru._ Repeti suas próprias palavras como ácido, corroendo seu orgulho. O observei. 

Ele estava parado, encarando suas garras salientes como se decidisse seus próximos passos e mais rápido do que pude acompanhar, o albino estava a minha frente, com poucos metros de distância. Atirei-lhe, duas flechas, que foram facilmente desviadas e decidi que flechas comuns não seriam o suficiente e concentrei-me para lançar meu reiki. Eu sempre soube que ele possuía certa resistência ao poder sagrado, então ele não teria grandes problemas caso fosse atingido. Uma vantagem de possuir o arco do Monte Azusa era poder atirar com intenção ao invés de ter um alvo visível e isso seria bem útil diante da velocidade do Youkai. 

Sesshoumaru desviava do reiki que eu lançava, seja tirando seu corpo da frente ou a flecha de seu caminho, sem dificuldades em devolver-me o ataque. Eu não deixava de me assombrar com sua velocidade, hora estava a minha frente, ora atacava algum ponto em minhas costas, sem que eu sequer pudesse virar para acompanhá-lhe. Ele lançava-me ataques com seu chicote venenoso, inutilmente tentando quebrar minha kekkai. Ficamos assim por algum tempo até. 

—Então pretende se esconder no campo de batalha?_ Ele me perguntou ao arquear uma sobrancelha, sem pausar os ataques furiosos. 

— Eu farei mais do que isso!

— Estou esperando.

Eu sabia que era loucura desfazer a kekkai ao meu redor, porém pensei numa estratégia interessante. Então a desfiz, sem tirar os olhos de si e comecei a entoar um cântico, tecendo a energia sagrada daquele campo numa armadilha. Foi quando Sesshoumaru avançou sem aviso prévio, assustando-me, já que achei que ele permitiria que terminasse o encantamento antes de qualquer coisa.  No susto, conjurei uma kekkai ao meu redor um pouco antes dele próprio me atingir. Atingindo seu antebraço no percurso. 

O cheiro de carne queimada foi forte. 

Foi assustador ouvir o rosnado que saiu do maior. O observava em choque, não acreditando na visão de sua mão esquerda totalmente machucada, queimada por minha causa.

—Sesshou-maru… Oh kami-sama! Você está bem?_ Tentei me aproximar para lhe ajudar, mas o rosnado que soltou me fez voltar atrás. Vendo que sua mão não estava se curando de imediato, tentei novamente me aproximar, mas só o que ouvi foi sua voz ainda mais grave noutra ordem:

—Continue.

 Suas garras vinham sem cessar, prontas para devolver vezes mais a dor que lhe aflingi. Nessa hora, eu percebi que ele não deixaria barato o golpe anterior e assim o fez, laçando golpe após golpe, atacando-me com fúria, as garras da mão direita riscando a parede rósea entre nós. 

—Você enlouqueceu? Sesshoumaru, pare!_ Encarava preocupava o seu braço esquerdo, acompanhando aos poucos sua cura lentificada, sem me importar em retrucar seus ataques, até o momento o qual pude suspirar aliviada ao constatar que o mesmo já havia se curado. 

—A batalha entre youkais não permite empatia._ Ele diz, com o tom sério e assenti, indicando que ouvi seu conselho. 

Então, pude retornar ao treinamento. Fui proativa em mostrar-lhe vários truques que aprendi para burlar as diferenças entre nossas velocidades, a armadilha sagrada brilhando ao nosso redor o tornou cauteloso em seus movimentos. Graças a isso, pude ser mais livre ao atacar-lhe, enquanto a quantidade de flechas me permitia isso e quando acabaram, eu simplesmente comecei a usar flechas de reiki puro. O que o obrigou a sacar a tenseiga para defender, provavelmente cansado de se esforçar ele mesmo.

Mesmo assim, quanto mais o tempo passava, mais ele parecia se acostumar com o padrão da rede sagrada ao seu redor e, progressivamente tornou a se mover tão rápido quanto antes. Até o ponto que não pude apenas atirar para manter a distância e fui obrigada a desviar da espada. A partir daí, ele não permitiu que eu tomasse distância e me obrigou a me defender com o arco sagrado, usando-o como escudo. Eu desviava como podia e de resto, posicionava o arco como defesa. Então, subitamente embainhou tenseiga e retornou com os golpes manuais. O arco sendo o único a interpor o nosso contato. 

—Continue._ Ordenou novamente.

—É fácil falar!

Retruquei raivosa, não é como se pudesse achar aberturas na sua postura. Maldito. Eu recuava à medida que ele avançava, tentando criar a distância necessária para que pudesse fazer algo melhor do que usar as kekkais. Sua provocação de mais cedo me fizera entender que precisava de mais do que uma barreira para merecer estar no campo de batalha. Continuei retrocedendo até, num descuido momentâneo, ter as costas presas num tronco de árvore. Meu algoz à minha frente, aproximava-se a passos lentos, deliciando-se com meu desespero. 

Para Sesshoumaru, que só conhece o dialeto da guerra, essa pode ter sido a forma de confirmar se posso me defender contra youkais. Um tanto ofensivo de sua parte, tendo em vista que eu não era uma miko por nada. Ainda assim, tentei argumentar com o mesmo. Acompanhei, com uma lentidão torturante, ele mover-se até estar a centímetros de mim, me fazendo erguer o rosto para encarar os olhos dourados.

—Sesshou-maru… Essa disputa já perdeu o sentido, nós dois sabem-

—Está nervosa?_ Fui interrompida quando o albino passou o braço ao lado do meu rosto, apoiando-se na árvore atrás de mim. Dessa forma, ele me prendia àquela posição estranha, presa entre o tronco e ele mesmo. Reparo que estávamos próximos o suficiente para eu reparar o quão grande ele era, se comparado a mim. Uns 25 centímetros mais alto, eu diria. Enquanto me observava, ele manteve um dos cantos do lábio elevados, num riso cretino, xinguei mentalmente.

—Não respondeu minha pergunta, Kagome._  Tentei organizar algo para dizer, mas diante das possibilidades, fiquei muda, enquanto o fitava, para saber seu próximo movimento. Eu não consegui ler a expressão que me lançava ou entender as palavras ditas nas sublinhas, somente aproveitei o calafrio gostoso subir pela minha espinha, num prazer desconhecido. Meu estômago revirando por qualquer que seja o motivo. Fome, com certeza era fome. 

O sol, que já dava sinais de vida, brincava de lançar seus raios contra seus olhos, fazendo os âmbares se tornarem o verdadeiro fogo, queimando cada parte minha que viam. Seus cílios brancos não serviam em nada para esconder a intensidade daquele olhar. Meu coração decidiu desistir, tentando sair através de meu peito, numa tentativa desesperada de continuar batendo. Não soube reagir, hipnotizada pela beleza do mesmo, acompanhando seus traços com atenção e cuidado. Seguindo suas marcas  naturais, num lento ritual, desde a lua roxo escura, que contrastava perfeitamente com a pele clara, o nariz afilado, longo acima de lábios convidativos, Me recusava a retornar para seus olhos, ciente de ser capaz de me perder em si. Prendi a respiração quando o vi aproximar seu rosto do meu, quase tocando a ponta de seu nariz em minha bochecha, me fazendo ter sensações ainda mais duvidosas. E nada me preparou para sentir seus lábios contra minha orelha: 

—Kagome_ Ele suplicou, com a voz rouca. 

O que deseja, Sesshoumaru? Diga-me. Me surpreendi com o pensamento, mordendo meus lábios em ansiedade e me recusando a dar voz a frase tão vergonhosa. O comichão em minha barriga dando o ar das graças novamente ao respirar profundamente e sentir o cheiro amadeirado tão próximo de mim. Tratei de procurar algum sinal sobre suas intenções, mas nada ultrapassa a barreira de seu mar de fogo. Estava tão próximo e não me tocava, não fisicamente, já que seu youki estava em frenesi em contato com meu reiki. Ambas as energias tecendo-se em união, diferente dos donos delas. 

Perdi a noção do tempo que permanecemos ali, sentindo a respiração um do outro, azuis contra dourado, água e fogo. Até que ele vira a cabeça o suficiente para me indicar que iria se afastar. E foi embora sem olhar para trás. Só isso, sem palavras, sem lançar um olhar significativo. Nada, somente o andar rítmico e silencioso. Acompanho seu caminhar até o perder de vista, com meu coração lutando para se acalmar. Espero alguns segundos para não ter sua tão agradável companhia e me ponho a caminhar lentamente pelo local, a fim de recolher as flechas de madeira que desperdicei com essa pífia demonstração de poder.  De maneira automática eu me vejo em meu quarto, banhando-me sem ao menos reparar. 

Os acontecimentos lutando para se conectarem entre si, mas eu sabia que deveria me acalmar, certa de que surgiria alguma explicação lógica para tudo.

De resto, foi só o fruto da sua imaginação, Kagome.


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Notas finais do capítulo

Postei e sai correndo.
E então, estão curtindo o desenvolvimento deles?
Bjs Bjus Bye



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