Confusões De Uma Vida Perfeita escrita por Miaka


Capítulo 3
Surpresa


Notas iniciais do capítulo

Terceiro capítulo e quero agradecer muito aos reviews e a todos que estão acompanhando, sejam os antigos leitores pré-hiatus e os novos que descobriram a fic agora! ^__^



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Confusões de uma vida perfeita

Capítulo III: Surpresa

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(Ponto de Vista do Ichigo)

Assim que ouvi os gritos de meu filho, levantei-me do futon, alarmado. O que estava acontecendo?

Ginrei era um menino criado em Karakura e, apesar de saber sobre hollows e enxergarem espíritos, Rukia e eu optamos por cria-los não na Soul Society, exatamente para que eles mantivessem uma vida humana. Era normal que algo assim assustasse Ginrei.

Corri até o jardim interior com tudo que tinha, me surpreendendo com o que via:

– Papai! Papai!

Byakuya estava segurando Ginrei pela gola do kimono azul-piscina que ele usava, sacudindo-o de um lado para o outro. E nas mãos do meu pequeno monstrinho havia uma vara de pescar de brinquedo, e preso em um anzol que eu apostava que ele havia improvisado, uma das carpas de meu cunhado se debatia.

– Sua peste! – Byakuya, furioso, sacolejava o menino que não largava o anzol com a bendita carpa que dava seus últimos suspiros.

Aquela cena me irritou muito! Nós nunca havíamos sequer erguido uma mão para Ginrei. E talvez essa fosse a razão de ele ser tão levado... Mas isso não era relevante agora! Meu filho estava à beira do sufocamento enquanto seu tio louco o torturava por causa de um peixe idiota. É, um peixe idiota.

– Byakuya! – intervi, fechando o cenho. – Que pensa que está fazendo com Ginrei?

– Esse monstro está pescando minhas carpas! – bradou Byakuya, largando Ginrei que caiu sentado no gramado e armava o maior berreiro.

– Mas você não tem direito de maltratar meu filho assim! – retruquei furioso.

– Eu tenho direito de fazer o que quiser na minha casa! – a ênfase de Byakuya me incomodou.

– Ótimo, então eu estou pegando as minhas coisas e indo embora! – declarei, cruzando os braços.

– Ichigo?

Ao ouvir aquela voz rouca, virei para trás para contemplar minha bela esposa. Mas Rukia estava com uma cara péssima. Pálida e cambaleando, ela se apoiou a uma das vigas de madeira que suspendiam as telhas que cobriam a saída da varanda.

– Rukia? – pisquei preocupado, mas não era hora disso. Eu tinha que enfrentar Byakuya.

– É um grande alivio que vá embora. – respondeu Byakuya, altivo, quando pegou a carpa semimorta do chão. Ela ainda se debatia... mesmo que fosse pouco.

– O que está acontecendo! – a morena perguntou confusa e preocupada ao ver o clima tenso, e só então se deu conta do garoto que berrava no chão. – Ginrei?

– Mamãe! – nosso filho gritou enlouquecidamente.

Se a polícia batesse naquela casa, com certeza seriamos, porque o escândalo que ele fazia era proporcional a alguém que havia sofrido uma intensa tortura. Só me faltava mais um processo.

– Ginrei! – Rukia, mesmo com dificuldade, correu até ele, pegando-o em seus braços.

– Então estou indo! - Não permito ouvir mais ofensas! – mantive minha firmeza. – Vamos, Rukia!

– Que pensa que está fazendo? – Rukia franziu o cenho, contrastando com a expressão fragilizada com a qual ela havia chegado ali. Assustei-me.

– R-Rukia? – gaguejei.

– Ginrei está levado mesmo! – ela parecia penalizada enquanto afagava a cabeça do menino que estava apoiada em seu ombro. Quem via, parecia um anjinho. – O Nii-sama tem razão em repreendê-lo! Coisa que você, um pai, nunca fez!

Agora essa eu não esperava.

Não.

Eu realmente não esperava.

Rukia cobrava minhas obrigações como pai e marido, coisa que devíamos discutir entre quatro paredes, na frente de Byakuya. Ela agora havia conseguido o que queria, me tirou do sério.

– Quê! – exclamei, descrente no que ouvia.

– É isso mesmo, Ichigo! – Rukia parecia carregada de mágoas. – Quem sabe aqui o Ginrei consiga ter uma boa educação .Ele não Tem culpa de ser um garoto malcriado! – ela disse sem dó enquanto afagava os cabelos de Ginrei, tão laranjas quanto os meus. – Você nunca o deu atenção e sempre estava mais preocupado com seus pacientes!

– Mas é claro! – confirmei, mas ofendido com as palavras de minha esposa. – Eu preciso cuidar dos meus pacientes para ter dinheiro pra sustenta-lo! Ou vocês acham que eu chego ao supermercado e me dão comida? Eu chego à loja de brinquedos e eles me dão os videogames que o Ginrei quer? – foi com ironia que tive de me defender, mas eu ainda não podia acreditar que Rukia estava dizendo aquilo. Ela me achava um mau pai?

– Pai não é quem só dá brinquedos e faz as vontades do filho, Ichigo! É quem cuida e educa! – Rukia me repreendeu.

Eu contive meus punhos. Claro que não ia bater em Rukia, mas naquele maldito Byakuya... Desviei o olhar para ver ele, que tentava ignorar nossa discussão enquanto retornava algumas das carpas caídas sobre o gramado ao lago, mas toda vez que ele mergulhava uma, essa voltava a boiar. Confesso que me comovi em ver que Byakuya ainda acreditava que os peixinhos coitados, estivessem vivos ainda.

– Rukia, você está me julgando injustamente! – era melhor abrandar o nível dessa conversa para não ser mais humilhado.

Sabe quando você faz uma besteira, anoitece, você dorme e acorda pensando que está tudo bem? Foi assim que eu pensei que seria. Mas não. A briga do dia anterior, tudo, ainda existia lá. Será que era porque eu não havia dormido? Mentalmente eu estava me socando!

– Ichigo, eu quero pedir o divórcio! – foram as gélidas palavras que saíram dos lábios de Rukia, enquanto amargas lágrimas corriam por seu belo rosto.

– Quê! – ela estava doida? Esperávamos um terceiro filho, a amava com toda minha alma e... com que dinheiro pagaria pensão para três crianças?

– Não, Rukia, sério, o que você bebeu?

– Nii-sama conversou comigo ontem. Achamos melhor.

Mas ele não havia falado que me ajudaria? Olhei para Byakuya indignado, esse que observava e rapidamente tornou sua atenção ao lago novamente. Falso... Estalei a língua, chocado com toda aquela história.

– Rukia, você... você tem que se acalmar. – eu me aproximei, estendendo os braços para abraça-la, mas Rukia me repeliu sem dó. – Temos dois filhos, uma vida maravilhosa...

– Vida maravilhosa? – Rukia arqueou uma sobrancelha indignada. – Não temos nem casa! Nossos filhos são duas crianças sem educação! Você não me leva pra jantar!

– Rukia, temos uma vida ótima, você sabe! – eu tinha que apelar. – Quando fazemos amor...

Byakuya corou e pigarreou, interrompendo minha sentença. Ok, ele não precisava ouvir isso, mas ora, ele mesmo devia ter ouvido várias vezes em que, de fato, fizemos amor. Então não tinha problema, certo? Se eu era uma falha como marido, como pai, ao menos como homem eu podia satisfazê-la.

– Na segunda vez você já está dizendo que está cansado, Ichigo! – Rukia não poupou e foi minha vez de corar.

– Isso foi só... – me engasguei, tentando lembrar. - ...semana passada!

– E anteontem? E ontem? – Rukia lembrava, me fazendo espalmar minha face, estampada nela o constrangimento.

– Rukia... – eu chamei, e mesmo que ela protestasse, capturei suas mãozinhas que envolviam Ginrei que havia adormecido. – Sei que é uma fase difícil, você está nervosa... – sussurrei, não queria que Byakuya ouvisse. – mas você já passou por isso duas vezes e agora você vai superar mais essa! Eu sei como é. – e a abracei com carinho, deixando-a confusa. – Está se sentindo incapaz, gorda, não é? – beijei o topo dos fios negros dela. – É normal nessa fase, mas você está linda! – tentei usar minha psicologia, afinal, eu era médico e sabia o que se passava na cabeça de uma mulher, em especial da minha esposa, nesse momento.

– Gorda? – eu agradeci por Ginrei estar embalado nos braços de Rukia, porque a cara que ela fez quando me afastou... dizia que ela ia me matar. – Me acha gorda?

– Na-não, amor. Você está entendendo errado! – protestei, agitando as mãos. – Falo do seu atual estado, suas dúvidas, suas emoções... – e voltei a tentar capturar as mãozinhas, mas quando o fiz, recebi foi a palma de Rukia se chocar no meu rosto.

– Seu... seu... – ela gaguejava, chorosa.

– Rukia... – acariciei a vermelhidão do meu rosto, um pouco perplexo ao vê-la tão descontrolada.

– Saia da...! – e quando ela gritava furiosa, algo a interrompeu. Ela levou a mão aos lábios, empalidecendo. Eu sabia o que isso significava.

– Rukia? – Byakuya arqueou uma sobrancelha preocupado.

– Me dê o Ginrei aqui! – eu disse rápido, tomando o garoto do colo de Rukia que saiu correndo, deixando meu cunhado intrigado.

– O que a Rukia tem? – ele perguntou alarmado.

– Nada! – foi o que respondi de imediato, quase que como um robô. – Ela tá assim desde ontem. Come essas porcarias que a Inoue faz... Depois passa mal. – falei com naturalidade, esperando que ele não desconfiasse de nada.

– Espero mesmo. Ela me parece mais forte também... – o nobre apoiou uma mão ao queixo e parecia que nossa discussão havia evaporado como a vida das pobres carpas daquele lago. – Deve estar comendo muito desses lixos do mundo humano!

– Ah, sim, a Rukia tem engordado... – comentei quase perdendo a fala. – Sabe como é, lá tem fastfood, comida nada saudável. Já disse pra Rukia não comer isso! – disfarcei com o mais forçado sorriso.

– Hm. Cuide dela. Ainda mais por ser médico. – advertiu. – Vou para o esquadrão. Qualquer coisa, me avise.

– Sim. – assenti quando o vi dar meia volta, imponente como sempre, partindo. – Ah, Byakuya! – assim que o chamei, ele se voltou a mim.

– Sim?

– Eu e Rukia vamos passar mais tarde em Karakura. Temos que ver como anda o processo de retomada de posse... se vamos conseguir. – disse, desanimado.

– Entendo. – eu tinha que tomar coragem e falar.

– Vamos deixar as crianças! – afirmei, esperando o pior.

– O quê? – Byakuya arregalava os olhos negros quase me fuzilando.

– Por favor, cuide deles um pouquinho!

– Me nego. – foi tudo que ele me disse.

– Não podemos leva-los, Byakuya! No fórum não permitem e...

– Deixem com seus amigos ryokas.

Bem que era uma boa ideia, mas Ishida estava no hospital o dia inteiro, apesar de amar ficar com nossos filhos e até Ginrei gostava do tio quatro olhos, afinal, rico como era, levava os dois para passear, comprava presentes... tudo que uma criança – interesseira – como Ginrei queria. Mas ele estava trabalhando e Inoue, por sua vez, estava no final de sua gestação e não queria perturba-la. Ok, não é por isso. Eu que não vou ser doido de deixar a Inoue cuidando dessas duas pestinhas, né?

– Mas eu não posso, Byakuya! E eu sei que você hoje não trabalha de tarde.

– Ordens especiais. Terei uma reunião com o soutaichou. – nem eu acreditei em você, Byakuya.

– Tá, deixamos ele com seus empregados.

– Meus empregados têm ordens explicitas de não lavar uma só peça de roupa sua ou um prato que comer. Ah, quanto àquela bagunça na sala, ajeite. Eles não vão consertar as paredes que aquela menina – ele falava de Misaki – rabiscou com canetinhas.

Cerrei o punho. Onde estava meu cunhado que me deu tanto apoio e roupas – é, as roupas que ainda vestia naquela noite? E o que havia dito pra Rukia que a fez se convencer de que é melhor se separar de mim? Mas isso não vai acontecer mesmo! Vou conversar com ela assim que ela voltar. Mas atendendo meus pedidos, Rukia logo surgia e agora, com uma aparência ainda pior.

– Rukia! – chamei alarmado, indo até ela. – Está tudo bem?

– Sim... – ela respondeu, apoiando-se ao meu braço.

– Volte pra dentro, melhor se deitar. – aconselhei preocupado. – Não se esforce.

– Não, tudo bem. Já vi que está falando com o nii-sama sobre deixar as crianças. – e mesmo com dificuldades, Rukia se curvou. – Por favor, nii-sama. Eu adoraria que passasse um tempo com Ginrei e ensinasse bons modos a ele... e aproveitaria para aproxima-los.

– Bons modos? – argui. Tá, Ginrei tinha péssimos modos.

– Rukia, se quiser eu vou e você fica. Não está se sentindo bem também... – era a solução?

– Não. Não se preocupe. – ela negou com a cabeça. – Temos que ir. Eu também tenho que ir ao hospital falar com o Ishida. – uma veia saltou na minha testa. Ainda estavam de segredinhos?

– Bem, e então, Byakuya? – perguntei esperando a resposta daquela expressão gélida.

– Hm... Se for pra dar bons modos a essa criança...

– Lembre-se que ele sucederá seu clã! – foi a estratégia de Rukia.

Será que era a oportunidade de Byakuya transforma-lo em um verdadeiro líder para o futuro do clã? Mas quem sabe se ele não tinha planos pra pequena Misaki? Aproveitei para encarar a menina que brincava tranquilamente no canto do jardim.

– Bem, até as cinco eu não posso, então mandarei Renji. Quando eu chegar, cuido deles.

Foi o que ele disse gélido, mas de certa forma me confortou. Sorri aliviado.

– Obrigado, Byakuya!

– Não se preocupem. Só faço isso porque quero ter paz em casa novamente. – ele disse ríspido.

– Ótimo! Vamos nos arrumar, amor. – passei o braço em volta do ombro de Rukia, mas ela logo virou a cara e saiu pela lateral, me deixando com a mão abanando, literalmente. Ela ainda estava furiosa. – Bem, vou deixar Ginrei na cama e já vamos! – avisei para Byakuya que já partia.

Seria um longo dia...

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(Narrativa normal)

Não demorou muito para que Ichigo e Rukia já estivessem em Karakura. Dentro do único bem que lhes sobravam, ou melhor, que ainda tinham até a justiça descobrir e tirar do nome deles, seu carro, Ichigo se dirigia até a antiga clinica e casa da família após uma tensa discussão no tribunal. Enquanto ele estava no fórum, Rukia estava no hospital. E mesmo quando se encontraram, ele e Rukia não trocaram sequer uma palavra.

Ele dirigia em alta velocidade, nitidamente irritado e Rukia odiava quando ele fazia aquilo. Mas ela estava inexpressiva. Sentia vontade de chorar. Com os papéis de seus exames no colo, lamentava que Ichigo não havia perguntado nada, nem se interessado por seu filho.

O sinal ficou vermelho e Ichigo parou o carro, aproveitando para fitar a esposa que olhava para o lado de fora da janela fechada. O médico estalou a língua, irritado. Um calor insuportável fazia naquela tarde de verão onde os termômetros batiam a casa dos 40 graus.

– Rukia, não vou ligar o ar-condicionado. – avisou. – Vai gastar mais combustível. – ele comentou, afrouxando a gravada e desabotoando os primeiros fechos da blusa social azul-marinho. – Pode abrir a sua janela porque está um calor insuportável? – ríspido, Ichigo perguntou, mais provocativo que nunca.

Rukia nada fez. Permanecia a olhar por entre o vidro. Ichigo, por sua vez, decidiu abrir ainda mais a janela do seu lado e, quando o fez, uma bela garota de longos cabelos loiros até a altura da cintura exposta pelo top que só cobria parte dos seios e o short baixo que mal cobria suas nádegas se aproximou.

– Senhor! – ela chamou, entregando um panfleto ao rapaz.

Rukia sentiu a aproximação e fechou o cenho quando fitou de cima abaixo a mulher praticamente nua.

– Ah, obrigado. – e Ichigo o fez, esboçou o único sorriso que não conseguira dar a sua esposa aquela loira oferecida, segundo a concepção de Rukia.

As buzinas ressoaram, incomodando Rukia quando os motoristas que estavam atrás começaram a, enlouquecidos, se manifestar. O sinal havia aberto há mais de quinze segundos e nada de Ichigo sair com o carro.

– Droga! – Ichigo colocou a cabeça pra fora, já pronto pra ralhar com os motoristas furiosos. – Passem por cima se estão com pressa! – gritou.

– Se você não ficasse ciscando praquela loira peituda, não teria deixado de prestar a atenção no transito! – Rukia, indócil, cruzou os braços mordendo o lábio.

– Eu não tava olhando pra ninguém, Rukia! – Ichigo exclamou, encarando a mulher antes de sair em alta velocidade. – Você está louca!

– Louca, gorda, traída... Que eu sou mais?

E quando ouviu isso, Ichigo não se conteve. Parou o carro com uma freada escandalosa, que fez o corpo de Rukia ser projetado pra frente, sendo preso apenas pelo cinto-de-segurança. Estavam em um estacionamento coberto e deserto.

– Seu idiota! – Rukia xingou. – Quer me matar? E seu filho também? Sei que não dá a mínima pra ele, mas então me deixe sozinha – ela dizia enquanto tentava soltar o cinto para se libertar e sair do carro. – que eu vou...

– Rukia! – Ichigo segurou a mão que tentava soltar o cinto, encarando-a.

– Me solta! Eu vou embora daqui mesmo! – Rukia parecia irredutível.

– Rukia! – ele insistiu, capturando a mãozinha dela num aperto maior. – Me diz, como foi com o Ishida?

Ela se soltou e virou-se para frente. Não queria falar sobre isso, estava emburrada.

– Você não se interessou até agora. Não vou contar.

Ichigo suspirou, pegando os papéis que estavam pousados sobre o colo da pequena. Abriu o envelope que já estava deslacrado e, de lá, retirou os papéis, afagando o ventre saliente da morena no vestido amarelo com um coelhinho estampado.

– Já tem quatro meses, não é? – Ichigo sorriu animado, mas Rukia não se manifestou. – Temos que resolver isso tudo logo para que possamos comprar o enxoval. O berço, pelo menos já temos. Ainda bem que guardamos o da Misaki... – ele riu.

Então os orbes castanhos se arregalaram. Ele fitava o papel, realmente lamentando não ouvir da boca de sua esposa aquela noticia maravilhosa, assim como havia sido quando a descobriu grávida.

– Gêmeos? – ele exclamou, com um sorriso de orelha a orelha. – Que... maravilhoso, Rukia!

Ele passou para frente do banco do carona e a capturou em um abraço, surpreendendo-a. Rukia não correspondeu de inicio, mas assim que ele mordiscou a orelha dela com carinho e ternura, ela se rendeu.

– Pára, Ichigo! – Rukia reclamou. – É, temos despesa em dobro. Não vai reclamar?

– Claro que não idiota! Isso significa alegria em dobro. – suspirou. – Por que acha que sou tão insensível? – ele arqueou uma sobrancelha. – É, vamos ter é que nos mudar e comprar uma casa maior. Dois bebês... – Ichigo sorria feito um menino antes de beija-la.

Ela ficou sem ar. Fazia tempo que ele não capturava seus lábios com tanta paixão. Nem quando faziam amor, sendo que ultimamente eles haviam diminuído o ritmo, mas agora... havia sido diferente. O beijo dele tinha um sabor especial. Rukia se afastou um pouco e ele sorriu, encostando a fronte na dela e cerrando os olhos.

– Obrigada por me fazer o homem mais feliz do mundo, baixinha!

Rukia sorriu, timidamente.

– Não se preocupe. Você não está gorda... Você é a mais linda mulher que já vi! – ele revelou antes de dar um selinho. – E carregando um filho meu, aliás, dois, fica ainda mais linda!

Rukia sentia os braços fortes de seu marido a envolverem. Aquelas mãos quentes deslizando em seu rosto alvo.

– Me desculpa, eu sou uma droga mesmo! Vamos consertar isso! Vou dar mais atenção pra você, pro Ginrei... a Misaki também, coitada. Desde que ela nasceu, não dou atenção pra ela. E ela precisa tanto da gente... – Ichigo suspirou. – E você, meu amor. Preciso tanto de você!

Rukia se sentiu realizada com a declaração de Ichigo. Ele a enchia de beijos. Terno e carinhoso. Assim que o conhecera. Será que era melhor que vivessem longe de Karakura? Longe da vida moderna que tanto os maltratava? Será?

– Vamos lá pro banco de trás... – Ichigo sussurrou, as mãos lascivas correndo pela cintura e chegando abaixo do vestidinho amarelo que Rukia usava. – Vamos, hein? Igual quando éramos mais novos...

– Ichigo, não! – Rukia protestava, tentando com suas mãos combater as dele, mas que eram fortes demais e somada à onda de prazer delas e dos lábios dele que mordiscavam sua pele, a enfraqueciam. – Pa... ah... para, Ichigo! – ela gemia entre os protestos.

– Vamos, baka! – e sem pestanejar, Ichigo já tirava a pequena peça de renda vermelha que protegia a intimidade de Rukia. – Rápido. Tamos num estacionamento, tá escuro e...

Pronto. Ele soltara o cinto e baixara o zíper da calça preta social. Rukia, tímida, não sabia como agir. E se fossem pegos? Ishida havia lhe afirmado que ela devia tomar mais cuidado agora que sabia que teria gêmeos e será que podiam? Ok, eles podiam porque Ichigo já estava fazendo. Ichigo havia suspendido todo seu vestido, desamarrado seu sutiã e apalpava os seios bem moldados. Extremamente excitada, Rukia desabotoou a blusa social de mangas compridas, sentindo o tórax e o abdome bem definido de seu marido.

Aquela aventura adolescente os fez rir quando pararam com as carícias para se encarar. Deviam ser loucos. Mas aquela pausa foi bem breve. Logo ele estava baixando as roupas debaixo e, sim, não havia empecilho algum que bloqueasse a passagem para sua pequena quando...

Batidas no vidro lateral do carro chamaram a atenção do casal que, rapidamente, tentou se cobrir, mas a janela aberta de Ichigo, do outro lado, já havia sido o suficiente para o grupo que trazia lanternas e distintivos que erguiam com suas pistolas assistir ao show privê que eles haviam dado.

– Policia! – o da frente que colocava a cabeça para dentro da caminhonete anunciava.

– Ah! Ichigo! – Rukia se alarmou, tentando se recompor e baixando o vestido.

– Droga! – Ichigo resmungou enquanto fechava o zíper da calça e cobria o peito desnudo pelos dois lados da roupa. – Me desculpa, senhor, estávamos aqui e...

– Estão detidos por ato sexual público. – ele anunciou.

– Mas nós... – Rukia tentou argumentar, mais vermelha que um tomate. – Senhor, nós estávamos aqui, pensamos que ninguém veria e...

– Além disso, estão dirigindo um carro com placa fria. A policia rodoviária procura há tempos! – explicou.

– Placa fria? – Ichigo perguntou chocado. – Mas, senhor, meu pai me deu esse carro assim que me formei na faculdade e faz mais de 5 anos!

– É, tem razão. Há exatamente 5 anos que ele está sem pagamento! E sabemos que quem tem feito esses golpes é um casal. – o policial abriu a porta. – Pode ir saindo todo mundo!

Rukia, que colocava sua calcinha, teve a porta do lado aberta e outro policial armado veio, arrancando-lhe do carro e que a impediu de prosseguir.

– Me solta! – ela protestou quando foi prensada na lataria do carro.

– Rukia! – Ichigo gritou, ainda com as calças arriadas na altura dos joelhos quando os guardas o forçaram a deitar de bruços no chão do estacionamento.

– Quietinha! – exigiu a autoridade ao revista-la.

– Disseram que o golpista tem um cabelo punk assim também... Dizem que ele pinta de várias cores diferentes pra disfarçar. – o policial comentou com o outro.

– Eu nunca pintei meu cabelo! – Ichigo bradou irritado.

– Você vai dizer isso na cadeia! – o mais forte deles disse, erguendo Ichigo com violência. – Os dois, coloquem no camburão!

– Senhor, eu sou uma mãe de família! – Rukia tentava argumentar. – Meu marido é médico! Ele pode mostrar seus documentos e...

– É, meu CRM! Tá no bolso da minha calça! – ele não podia pegar, pois elas ainda estavam arriadas. O chefe o jogou dentro do carro ao lado de Rukia.

– Vão se explicar na cadeia! – foi tudo que o policial disse ao fechar a porta.

– Ichigo, e agora! – Rukia perguntou, olhando a janela cercada de grades.

– Estamos perdidos!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, pessoal!
Sugestões, críticas, comentários? Deixem reviews que prometo ler e responder todas! ^^



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