Amor Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 4
Daniel Gonzales


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas do meu coração. Aqui está mais um capítulo que vai dar um impulso para o outro. Esse deu um pouco de trabalho para fazer. Eu sou tão bisonha que já escrevi o último e o penúltimo capítulo de Amor Sulista. Mas até chegar lá , tem muita coisa para acontecer.
Vou parar de falar.
Enjoy.



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Capítulo 4 – Daniel Gonzales

Estava afogado em papéis, enquanto eu e Luanne tentávamos nos organizar com a bagunça que sua antiga secretária nos deixou. Minha mãos trabalhavam mais do que minha mente, que parecia estar em outro lugar. Suspirei, jogando minha cabeça para trás e Luanne me deu um olhar compreensivo.

“Melhor você ir cuidar da parte da frente.”, ela disse. Colocou uma mão em meu ombro e me esperou. Assenti. “Você não está com cabeça para papéis hoje.”

Ela tinha razão. Tudo que a minha mente fazia era ir e voltar para Dinnie Ray. Eu a queria do meu lado. Eu queria pegá-la nos braços e dizer que ficaria tudo bem. Mas não pudia. E admitir isso a mim mesmo me deixava cada vez mais impotente. Mantive meu olhar preso a porta de vidro, esperando algum cliente estrar rápido o suficiente para ocupar a minha cabeça.

Dito e feito. Cinco minutos depois que eu pisei na recepção, uma mulher chegou carregando um cachorro cor de mel em seus braços. O sorriso perfeito apareceu no segundos que seus olhos verdes encontraram os meus. A estudei de modo profissional. Cabelos loiros ondulados, pele pálida e lisa. Olhos verdes claros e um liso sorriso.

Não sei se foi a beleza incomum ou o fato dela não respirar que me disse que ela era uma vampira. Seus olhos escorregaram dos meus para o meu pescoço e seu sorriso oscilou. Era a hora de colocar o meu no rosto. Com a mão livre, ela puxou o cabelo um pouco de lado, deixando a tatuagem de lobo aparente.

“Olá”, ela me cumprimentou.

“Bom dia. No que posso ajudar?”, perguntei, exatamente como Luanne havia me ensinado.

“Meu cachorro.”, ela olhou para o bicho em questão deitado de cabeça baixa em seus braços. Pelo seu tamanho, do cachorro, não o da garota, ele deveria ser mais pesado do que ela deixava aparentar. “Ele não come mais.”

Encarei os profundos olhos escuros e amáveis do cachorro e voltei a encarar a dona. Mesmo com seu rosto de porcelana, ela parecia ter 18 anos, no máximo. Uma criança quando foi transformada. O jeito que ela me olhava de volta, começou a me deixar desconfortável.

“Hey, Daniel, eu escutei...”, Luanne pausou sua declaração e veio correndo até onde nós estávamos. Sem nenhuma palavra, tomou o cachorro dos braços da dona e olhou no fundo dos olhos dele. O cachorro soltou um choramingo. “Tadinho.”, ela choramingou junto. Sem tirar os desviar os olhos do cachorro, ela começou a caminhar de volta para a sala.

“Eu acho que a Senhora deveria aguardar”, eu disse um pouco confuso com a cena que tinha acabado de acontecer. A mulher arrastou os olhos de onde Luanne havia saído com seu cachorro de volta para mim.

“Francesca Meyer.”, ela esticou a mão para mim, em um cumprimento. As unhas longas pintadas em um branco perfeito. Peguei-a e levei até minha boca , em um beijo rápido e educado.

“Daniel Gonzales.”

“Então, Daniel.”, ela caminhou até a cadeira mais perto e se sentou, cruzando as pernas. Mas, não sem antes puxar o seu curto vestido um pouco para cima. Um sorriso debochado apareceu em meus lábios. “Você é um Sulista, não é?”

“Sim.”, assenti. “E você é uma do Leste.”, afirmei.

Ela balançou a cabeça, concordando. Dinnie Ray me tinha feito decorar alguns dos principais animais vampíricos. O do Leste eu já conhecia por causa de Doug. Mesmo não gostando muito do jeito que ele a olhava, eu achava o achava um cara legal. Um bom comandante de seus vampiros.

“Eu nunca te vi antes. É novo?”, ela passou a mão pelos cabelos e sorriu.

Ou estava ficando maluco , ou ela estava flertando comigo. Movi meus olhos para os papéis a minha frente, pensando em um jeito de acabar com aquilo sem magoá-la. Em meio aquela papelada, vi algo que me fez parar. Uma das opções de convite para o aniversário de Ray. Eu nem acreditava que seria dali a duas semanas.

Quando cheguei de surpresa a casa de Luanne, noite passada, ela havia me contado sobre a ideia da festa. Dinnie Ray a mataria, mas ela nem parecia ligar. Já estava com quase tudo pronto. Dei um sorriso triste. Iria ser engraçado ver a cara de Ray quando chegasse ao quartel general e todos gritassem “Surpresa.”. Oh, ela rosnaria, com certeza.

Francesca limpou a garganta me tirando dos pensamentos. Ela queria uma resposta para poder dar continuidade a conversa. E eu sabia bem onde aquela conversa daria. Tentaria não ser rude ao negar seu convite de ir para a sua cama.

“Sim, sou novo.”, levantei meus olhos cinzas e a vi ampliando seu sorriso. “Fui transformado por minha namorada a um mês.”

“Hey, bastante sutil.”, ela observou e cruzou as pernas para o outro lado. “Entendi o recado e espero que entenda o meu. Também tenho namorado. Estamos tendo uns problemas, mas nada que me faça enfiar uma estaca nele.”

Se eu ainda corasse, seria desse jeito que eu estaria. Francesca soltou um riso e tirou uma mexa do cabelo loiro de seu rosto. Eu não poderia dizer que ela não havia chamado a minha atenção. Aquilo era óbvio. Mas, de algum jeito aquilo não me pareceu certo no momento. Do jeito que estava mexido por causa de Ray, poderia fazer algo que me arrependeria.

Luanne escolheu bem aquele momento para retornar. O cachorro, agora cheio de curativos, estava em seu colo e sua língua pendia para fora da boca, lambendo as mãos dela. Luanne entregou o cachorro a Francesca, que sorriu, então se virou para mim.

“Está na hora do seu almoço.”, me informou.

Já que ela não havia tirado o jaleco, conclui que ficaria aqui, terminando de organizar os papéis. Assenti e a vi retornando para a sala. Francesca se aproximou de mim, sorrindo.

“Quer almoçar comigo?”, ela convidou.

Entrei em pânico. Não seria a ideia mais inteligente do mundo almoçar na mesma área que minha suposta ex-namorada (e Senhora Sulista) almoçava. Era como levar Francesca para a sua morte. Interpretando errado a minha expressão assustada, ela disse:

“Não se sinta obrigado a ir. Deve estar apressado para ver a sua namorada.”, ela sorriu. Concordei, balançando a cabeça lentamente. “Vamos fazer o seguinte.”, com um equilíbrio que só os vampiros possuíam, ela conseguiu segurar o cachorro em um braço, pegar um papel e uma canta , anotando algo nele. “Esse é o meu número. Se precisar conversar, é só ligar.”

Olhei do número para ela, que esperava uma resposta, sorridente. Só pude assenti e a escutei rir enquanto andava com passos rebolativos até a porta. Antes de sair, ela se virou e piscou para mim. Fiquei ali, igual a um bobo, a acompanhando se afastar com os olhos. Quando percebi o que estava fazendo, balancei a cabeça, expulsando qualquer pensamento malicioso.

Respirei todo o ar possível, me sacudi e bati com a mão em minha testa. Estava dando um passo maior que a perna. Não conseguindo ficar mais ali, tirei o meu jaleco e saí para o almoço. Mas, não era era almoço que eu queria. Até porque, eu tinha bebido sangue na casa de Luanne hoje de manhã e aquilo me deixava cheio por um tempo. Eu queria alguém para conversar. Alguém que ouvisse a situação de fora.

Fiquei um pouco temoroso em ir a casa de meu avô. Afinal, ele era um caçador e eu um vampiro. Mesmo arriscando, ainda precisava de alguém para desabafar. Todo o meu temor se esvaiu quando, ao abrir a porta, meu avô me deu um abraço forte.

“Daniel”, ele sussurrou aliviado. Enquanto eu retribuía o abraço, co cuidado para não quebrar nada, nem machuca-lo, percebi o quanto sentia a sua falta. Os olhos cinzas familiares, me estudaram de cima a baixo. “Venha, entre.”, ele convidou, ainda eufórico.

Entrei na casa que costumava ser minha e respirei fundo, sentindo os cheiros ao redor. Era incrível que o meu cheiro humano ainda tomasse conta de boa parte do ar. Olhei para a mesinha de centro, notado com um sorriso que havia interrompido meu avô bem na hora de seu chá. Velhos hábitos realmente nunca mudavam. Meu avô se sentou no sofá em frente a mesinha e sinalizou para que eu fizesse o mesmo.

“Então, está tudo bem com você, Daniel?”, Barão perguntou bebericando seu chá. “E como anda Dinnie Ray?”

“Nós terminamos, vô”

Olhava para as minhas pálidas mãos enquanto respondia. Escutei o barulho da xícara batendo com força excessiva na mesa e um rosnar vindo do meu avô. Sua frequência cardíaca aumentou. Tomei coragem e o encarei. Seu rosto estava vermelho e os olhos arregalados. O sangue começou a fluir mais rápido por suas veias. Tudo em questão de segundos.

“O quê?”, ele perguntou rude. “Por que?”

“Eu cansei, vô.”, passei a mãos por meus cabelos negros. “Simplesmente, cansei.”

“A imortalidade não é algo que possa cansar, Daniel.”, ele grunhiu para mim, então bufou. “Eu sabia que seria assim. Iam enjoar um do outro, você iria querer voltar para a sua antiga vida e tudo bem. Mas não é tão fácil assim, garoto. Você não pode se cansar de ter presas e arrancá-las, como uma fantasia. Essa é a sua nova vida.”

Levantei uma sobrancelha diante de ser sermão. Ele achava que eu estava falando de minha atual vida? Que havia cansado de Dinnie Ray? Ergui minhas mãos, em sinal de paz e me pus a explicar melhor.

“Eu não cansei do que sou, vô. Apenas...”, pausei, balançando minha cabeça e tentando colocar os pensamentos em ordem. Soltei um suspiro, cansado. “Ray está me escondendo alguma coisa.”

“E por isso vocês terminaram?”, ele perguntou como se fosse algo muito relevante. Até estúpido.

“Não é só isso”, disse, cansado. Comecei a olhar para as minhas mãos na borda de minha camiseta. “Isso que ela está guardado, a está definhando por dentro. Dinnie Ray não é a mesma. Eu não podia ficar parado, a vendo se destruir aos poucos, sem fazer nada.”

“E por isso fugiu?”, ele perguntou. Mas seu tom de voz estava acusador. Obviamente, Barão não aprovava a minha decisão.

“O que você queria que eu fizesse?”, exclamei.

Meu avô abriu a boca para responder, quando a campainha tocou. Eu estava tão afundado em minha própria culpa, que nem senti o cheiro doce de violeta entrando pele vão de porta. Quando o percebi, a porta já estava aberta e eu encarava os grandes olhos (momentaneamente violetas) que eu tanto amava. Desviei meus olhos dos dela para o chão. Minha mente trabalhando em disparada. O que ela estava fazendo aqui?

“Me desculpe.”, ela disse depois do silêncio incomodo que se instalou. “Não sabia que tinha companhia.”

“Não se preocupe”, me levantei do sofá. “Já estava de saída.”, forcei um sorriso e me obriguei a olhá-la.

Um grande erro. Se o meu coração ainda batesse, estaria a mil por hora. Ela me olhava de baixo e no fundo dos seus olhos havia dor. Ela mordeu o lábio inferior, talvez sem perceber e deu um passo para mais perto da porta. Meu avô, ainda parado com a porta aberta, limpou a garanta, chamando a nossa atenção. Quando o encarei, ele tinha uma sobrancelha grisalha levantada.

“Eu já vou, vô.”, disse com palavras arrastadas e dei um abraço em meu avô. Então parei, frente a frente com Dinnie Ray. Um tornado de emoções, nos engolia, apenas com um olhar. “Com licença.”, pedi.

Entendendo o meu pedido, ela me deu espaço para passar, mas não sem que nossos corpos se roçassem. Senti meus olhos se acendendo e tive que me contar para não agarrá-la ali mesmo. Levantei minha mão, com a intenção de tocar o seu rosto. A vi parada, apenas esperando. Contra os meus instintos, desviei minha mão do seu destino inicial e passei por meus cabelos. Decepção, tocou seu rosto. Finalmente, tomei coragem e me virei para ir embora. Antes do meu quinto passo , aporta se fechou atrás de mim.

Eu deveria ter continuado o meu caminho. Fiquei alguns segundos , ou talvez minutos, pesando a ideia de continuar. Olhei para o meu relógio, ainda tinha alguns minutos . Então, antes que eu percebesse, estava parado atrás da porta da casa do meu avô, escutando a sua conversa com Dinnie Ray.

A primeira coisa que eu escutei foi um fungar, logo depois outro. Eles estavam chorando? Ouvi o som de lamento de Ray e forcei mais a minha audição. O coração de meu avô estava batendo perigosamente rápido para a sua idade. O que diabos estava acontecendo?

“Eu não acredito nisso”, meu avô disse depois desses momentos em silêncio. A voz embargada. “Isso não pode ser real.”

“Me desculpe, Barão, mas é verdade.”, a voz de Ray tremeu e falhou. Ela fungou de novo. “Queria que fosse mentira, mas não é.”

“Tem certeza que é ele?”, meu avô perguntou.

Dinnie Ray suspirou cansada. Era como se ela já tivesse repetido aquilo várias vezes. Seus passos ecoaram até uma parede distante, então tremeu. Como se ela tivesse socado a parede. E talvez tivesse mesmo.

“Droga, Barão.”, ela rosnou. “Sou uma vampira, não louca. Sei o que vi.”

“E Daniel?”, ele perguntou prontamente.

“Não sabe.”, soltou o ar. “Não sei como ele reagiria quando contasse. Não é como eu pudesse chegar para ele e dizer: Hey, amor. O meu estado catatônico e minhas mudanças de humor do último mês são por causa de um homem. E não qualquer homem. Oh, não.”, sua voz se elevou na última parte e um riso amargo escapou dela.

Meu corpo paralisou. Um homem? Dinnie Ray estava me traindo esse tempo todo? Por isso que ela se sentia obrigada a me satisfazer? Porque ela já havia sido satisfeita. Raiva tomou conta de mim e meus músculos ficaram tensos. Antes que eu conseguisse me conter, um silvo escapou dos meus lábios. Um arfar soou lá de dentro. Os passos de Dinnie Ray foram decididos até a porta, mas a voz de Barão a impediu.

“Você vai contar a Daniel, não vai?”, sua voz soou suplicante. Isso fez Ray parar. Sotei o ar devagar. Tinha que me controlar mais.

“Eu amo Daniel, Barão.”, ela afirmou com veemência. Aquilo me aliviou. O desgraçado poderia ter o corpo dela, mas ainda tinha o coração. “Meu Deus, eu o amo tanto que chega a doer. Esconder isso está me matando, de dentro para fora, mas não posso contar agora. Eu estou confusa demais. Preciso estar focada para quando contar. Ele vai ficar bastante confuso. Não é todo dia que se recebe uma notícia dessas.”

Dei um passo para trás, realmente confuso. Tantas possibilidades rodavam por minha mente. Alguns menos prováveis do que outras. Mas, eu tive certeza de uma coisa. Tinha mais um homem nisso. E Dinnie Ray teria que me explicar aquilo direito quando chegasse em casa.

E eu a estaria esperando.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da Francesca? Se não gostaram, melhor se acostumarem. Ela ainda vai aparecer muito na história. Em falar na história, tem algumas coisas que eu queria dizer. Primeiro, sei que prometi qe postaria mais rápido, mas teve um problema.
Eu estou escrevendo três histórias ao mesmo tempo. Amor Sulista, Casa de fogo (que eu só estou passando para do papel para o computador) e Sociedade Carmim (que eu tenho escrita até o capítulo 14 e faltam mais 6 para terminar). Ai, eu fui me envolver em mais uma história. Acho que ninguém sabe,e então vou dizer. Estou escrevendo em parceria com o Fenix mais uma história e isso deve me tomar mais algum tempo. Mas não deixarei o Amor Sulista de lado.
O outro problema é que, eu não sei o que fazer no próximo capítulo, por isso quero a sugestão de você.
Vocês preferem que:
A- Dinnie Ray encontre logo com Daniel e conte a verdade.
B- Dinnie Ray encontre com Marco e Daniel veja, pensando que é o amante dela e eles briguem.
C-Dinnie Ray vê Daniel com Francesca e fica com ciúmes.
D- Dinnie Ray encontra com Daniel, não conta a verdade e ele vai embora.