Hermione estava arrumada, todo seu cabelo preso em um coque e tinha um pequeno topete, usava brincos de ouro rosa que combinavam com seu vestido de cetim salmão. Usava sapatos altos, porém o vestido os cobria. Estava com um pouco de receio quanto ao seu vestido que não cobria seus braços, ela tinha algumas cicatrizes que alcançavam seus cotovelos, não se importava com elas; mas era desconfortável ver as pessoas cochichando sobre ela.

A maioria das garotas já tinha ido para o Salão Principal, Hermione descia as escadas lentamente. Chegou ao salão e surpreendeu-se, as quatro grandes mesas haviam sido retiradas e substituídas por pequenas mesas de quatro lugares e havia um grande espaço para uma pista de dança; onde pessoas bebiam e algumas dançavam. A decoração era verde e ensolarada; o clima realmente estava mais quente lá, apesar de nevar do lado de fora. Flores rosas e delicadas pendiam em ramos do teto, eram frágeis. As paredes haviam assumido um tom de mogno e todo o ambiente era iluminado por velas que flutuavam perto das flores. Viu garotas lindas e impecáveis, com vestidos rodados e berrantes; algumas usavam tiaras que tinham formatos de coroas, mas a maioria usava cachos longos e redondinhos iguais aos de bebês. Os garotos usavam trajes a rigor muito parecidos, cinzas ou pretos.

Ela sentou-se ao fundo, longe de conversas animadas, em uma mesa sozinha. Ela ficou um grande tempo analisando o padrão da toalha de sua mesa. Observou os casais corajosos (que não eram muitos; seis no máximo) girando pelo salão. Não via a hora de aquilo acabar para ela fazer o dever de Feitiços...

- Olá, Hermione... – Diz uma voz friamente próxima à orelha de Hermione. Ela virou para encarar um Tom mais arrumado que de costume. O cabelo dele estava brilhoso e as leve ondas bem marcadas. O traje preto combinava com os olhos cinza e destacava a pele pálida.

- Olá, Tom... – Ela diz igualmente fria. – Não é você que não queria ser visto com uma sangue-ruim? – Ela pergunta sarcasticamente.

- Hm... Talvez... Mas daqui onde nós estamos ninguém irá nos enxergar... – Ele disse. Sentou-se na frente de Hermione. Encararam-se um pouco. Ele levantou-se e foi até ela. Ele deu uma risadinha curta com a expressão confusa que ficou no rosto dela. Ele esticou a mão e curvou um pouco a cintura.

“Hermione! Ele está lhe convidando para dançar! Aceita, garota! Aproxima-se dele! Você é uma ótima dançarina, não vai passar vergonha!” ela pensou.

- Você vai me deixar com cara de bobo, Srtª Granger? – Ele perguntou sério.

- Não... – Ela diz sorrindo, agarrando a mão dele e levantando-se. – Não que não seja divertido ver sua cara... – Ela finaliza enquanto eles andam de braços dados pelo salão.

Dirigiram-se ao centro da pista. Hermione viu os casais darem espaço para eles, escutou garotas falando sobre suas cicatrizes, sentiu um nó formar em sua garganta. Tom pegou a cintura dela, puxando-a para ele. Ela colocou as mãos nos ombros dele e começaram a valsar lentamente; no ritmo da musica instrumental.

- Não de sua atenção a elas... – Tom diz, vendo que ela controlava-se para não chorar.

- Não irei... – Ela diz com certeza.

- Você sabe dançar? – Ele pergunta educado.

- Sim... – Hermione, desde que se lembrava por gente, havia feito aulas de balé clássico durante as férias de verão. Sua mãe sempre dissera que ela era uma boa bailarina. Eles começaram a fazer alguns passos mais elaborados. Hermione correspondia igualmente à elegância dele, depois de alguns segundos ela fazia giros graciosos pelos braços de Tom. Ela sempre gostara da dança dos anos 40, passava certa tranquilidade e os violinos produziam uma melodia quase surreal. A música parou e outra se iniciou eles saíram da pista e para sua surpresa foram aplaudidos, ela corou e sorriu para Tom que sorriu para ela. Eles começaram a andar pela pista, mas pela grande quantidade de pessoas que estavam no recinto; acabaram saindo do Salão Principal. Estavam andando pelos corredores, longe um do outro. Ela começava a se perguntar porque ele a havia tirado para dançar...

- Sabe, você devia me agradecer por ter lhe tirado de lá... Já viram você dançar, agora você pode ir embora. Ainda é cedo, você tem tempo para fazer seu dever de Feitiços. – Ele disse. Ela o olhou confusa. - Você deixou um furo em sua oclumência no Salão.

Hermione ficou aliviada de só ter pensado isso.

- Você não perde uma oportunidade, Sr. Riddle... Mesmo assim, obrigado por me tirar daquele lugar... Porque será que as garotas daqui não podem estar solteiras quando terminam os estudos? Eu quero ser independente, não quero ter nada que me prenda há algum lugar, bem, eu quero ter uma família e filhos, mas quero me estabilizar profissionalmente antes disso... Estou falando muito, não? – Ela pergunta e ele assente, friamente. Ela encolhe-se um pouco.

Ela foi até seu dormitório e trocou de roupa, deviam ser oito horas da noite, e foi para a biblioteca adiantar seu dever. Não foi surpresa encontrar um Tom sentado na mesa, adiantando seu dever.  Começou a fazer o seu procurando alguns livros sobre o assunto nas prateleiras, ela retirou um livro enorme da estante, que para seu azar, caiu sobre seu pé.

- AHHHHHH!!!!!!!  - Ela gritou, com certeza havia quebrado o pé. Caiu sentada e apertou o joelho contra seu peito.

- Granger? O que aconteceu? – Tom estava perto dela, despreocupado, mas sua voz tinha uma leve tensão.

- Quebrei meu pé, eu acho... Pode me ajudar a ir até a enfermaria? – Ela pergunta docemente, vendo que não conseguiria levantar-se sozinha.

- Ponha seu braço aqui... – Ele diz, agachando-se ao lado de Hermione, ela colocou seu braço ao redor do ombro dele, apertou com força quando seu pé encostou-se ao chão – Ei! – Ele reclamou. – Isso vai ficar uma marca...

Foram até a enfermaria. Madame Hupofh conseguiu consertar em segundos depois de liberar Hermione que saiu andando normalmente. O que a deixou intrigada foi que Tom ficou todo o tempo parado na porta da enfermaria. Eles foram novamente até a biblioteca, ela não desistiu de pegar seu livro. Ela e Tom estavam no mesmo corredor; abaixou-se para pegar o livro que ainda estava caído no mesmo lugar. Ela o pegou e Tom fez o mesmo, fazendo suas mãos se tocarem. Ela arrepiou-se e eles olharam-se sérios e vazios.

Hermione levantou-se, sacudindo a cabeça, um pouco desorientada; queria sair daquele corredor, mas acabou trombando no Tom, já olhava para seus pés. Ela olhou para ele, que não saiu do lugar, ficou bloqueando a passagem dela. Ele se aproximou mais e encostou o corpo dele no dela.

- Por quê? Porque você faz isso comigo? – Ele perguntou abaixando o rosto até o dela. Hermione o olhava assustada. Não conseguia raciocinar, queria que Tom se afastasse.

Ela fechou os olhos e sentiu os lábios dele pressionarem os dela. A boca dele pediu passagem, carinhosamente e ela cedeu. Ele colocou as mãos na cintura dela, prendendo seu corpo no dela, possessivamente. Hermione prendeu os dedos no cabelo macio dele, permitindo escorregar pela nuca dele. Ele tocava as costas dela, ela sentiu os lábios dele começando a beijar o seu pescoço.

- Tom... – Ela sussurrou baixinho no ouvido dele. Viu o corpo dele estremecer um pouco.

Afastou-se dele. Olhando profundamente nos olhos de tempestade dele. Com um aperto no coração ela tenta tirar as mãos dele de sua cintura. Ele resiste.

- Tom, isso é errado... Não... Não posso... – Ela diz, virando o rosto.

- Eu sei, mas eu não aguento mais, Hermione, me deixe beijá-la... – Ele pede, tentando encontrar os lábios dela.

- Não... – Ela diz fracamente.

- Por quê? – Ele pergunta, apesar de já saber a resposta.

- Porque você é Voldemort. – Ela diz, não prestava atenção em nada, a não ser os olhos pidões e escuros de Tom.

Definitivamente, essa não era a resposta que ele esperava.